Por algum motivo, por sorte ou azar a gente nasce no dia D na hora H, em algum lugar desse mundão velho sem porteira.No meu caso, nasci no rigor do inverno da Boca do Monte. Passei muitos verões subindo e descendo o perau para chegar na sede campestre da Socepe, lugar da minha infância.Morei na Travessa Barão do Triunfo e estudei, assim como meus sete irmãos,na Escola Nossa Senhora de Fátima.Fiz o Ensino Médio no Colégio Cilon Rosa.Fui em muitas tertúlias, cantei nos bares, frequentei o DCE, fui assidua no Panacéia, entrei na UFSM como estudante e depois funcionária concursada.E cá estou,junto aos meus afetos, na cidade que amo em mais um 17 de maio, no meio do furacão!
Do livro “Perdas e danos” de Josephine Hart
“Existe uma paisagem interna, uma geografia da alma, cujos contornos buscamos durante toda a viada.Aqueles que têm sorte de encontrá-la correm tranquilos como água sobre a pedra, acomodando-se aos seus contornos fluidos e se sentem em casa.Alguns a encontram no lugar onde nasceram;outros podem abandonar uma cidade à beira-mar, sentindo-se ressequidos e sedentos, e se encontrar revigorados e saciados no deserto. Existem aqueles que nascem no sossego das colinas do campo e que só se sentem realmente à vontade na solidão intensa e agitada da grande cidade”