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CARNAVAL SEM ASSÉDIO por Renata Asato

“A intimidade constrange”
Bruna Trindade

Tentei postar uma foto dessas outro dia e o instagram me censurou, disseram-me que alguém deve ter denunciado. Foram três dias de #mamiloslivres e gostaria de relatar essa experiência do meu primeiro carnaval. No primeiro dia, fui inspirada pelas manas do Cordão do Boi Tolo. ♡ Estava tudo bem, até eu encontrar alguns homens conhecidos que pareceram intimidados. Depois disso escureceu, me senti constrangida e me vesti. Comentei com uma amiga, que disse: “A intimidade constrange”. Fiquei com essa frase na cabeça, da Bruna Trindade. No segundo dia, eu já fui mais preparada e glitterizada. Chegando no primeiro bloco, outra amiga liberou os peitos também. Impressionante como uma mulher empodera a outra! Nós duas juntas nos sentimos totalmente livres e recebemos a maior energia da galera, especialmente das mulheres!
Em outro bloco, eu estava de casal. Recebi muitos elogios e ele recebia também. Foi curioso perceber que, ao lado de um homem, muitas pessoas se sentiram mais à vontade para falar comigo e algumas até me pediram uma foto. Por que não me pediram quando eu estava sozinha? Será que ao lado de um homem eu fiquei mais acessível ou objetificada? Reclamei do preço da cerveja e o vendedor ambulante me ofereceu o desconto de 1 real se eu o deixasse tirar uma foto minha. “Não, obrigada, pode cobrar o valor normal.” Depois ele disse: “vou te dar o desconto pela atitude, parabéns”. Mas o mais lindo foram as mulheres. Outras duas liberaram os peitos quando me viram também, em momentos distintos. Uma delas falou: “Se você pode, eu também posso. Obrigada!”. Emprestei o meu glitter e ela saiu radiante. Não teve assédio direto, mas teve gente que tentou filmar/fotografar sem permissão.
Conclusão:

#mamiloslivres intimidam muitos homens, empoderam muitas mulheres e revelam o machismo nosso de cada dia dessa galera que tenta/pede pra tirar fotinho. A mesma coisa sobre quem se excita com fotinho de instagram. O meu post não é um convite. Mostrar os meus peitos não te dá o direito de me pedir um nude, muito menos de me mandar uma foto de pau duro. Hello! Por que tanto alvoroço com apenas peitos? Evoluam e, no mínimo, peçam desculpas (até agora nenhum pedido de desculpa, infelizmente).

Obrigada, manas. Gratidão às que me inspiraram, às que me deram um “salve” peitos, às que se encorajaram e às que apenas agradeceram. Juntas somos muito mais fortes.

P.S: Se for testar os #mamiloslivres pela primeira vez, recomendo às manas que levem um top para os momentos de trânsito entre os blocos, pois quando muda a energia, muda tudo.

Renata Asato é artista-pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da UNIRIO e especialista em Corpo: Dança, Teatro e Performance pela pós-graduação lato-sensu da Escola Superior de Artes Célia Helena. Atualmente se dedica à pesquisa das Artes do Corpo, com interesse especial por Filosofia e Artes Orientais. Estuda Teatro Nô desde 2014, além de ter realizado diversos cursos de dança butô e de teatro-dança no eixo Rio-SP-Campinas. É graduada em Teatro pela Escola Superior de Artes Célia Helena (2012) e também possui bacharelado em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM (2009). Trabalha como atriz, produtora e professora teatral em projetos diversos. É apaixonada por Astrologia e ama o forró pé-de-serra.

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