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Semana da Consciência Negra na UFSM. Foto: Dartanhan Baldez Figueiredo

O QUE É O MOVIMENTO “BLACK LIVES MATTER”?

por Gustavo Rocha (AfroGuga)

Na última semana, a expressão “Black Lives Matter” tomou conta das mídias digitais e telejornais.

E você, que não é ligado em campanhas ativistas antirracistas (deveria!) deve estar perdido, ainda mais em um contexto de pandemia de coronavírus. Calma, eu irei situá-lo ou situá-la! O movimento “Black Lives Matter – BLM” não é uma mutação do coronavírus, mas é um gigantesco movimento de combate à outro vírus, que vem exterminando as populações negras nas Américas: o racismo.

O racismo é uma construção social baseada na superioridade das raças alimentando-se de ideologias perversas e cientificamente ultrapassadas, que classificam a condição de quem é “mais humano” ou “menos humano”, pela cor da pele por exemplo. Sim, parece coisa de outro mundo, mas estamos falando desse planeta e pessoas negras em pleno ano de 2020 ainda sofrem negativamente, conseqüências de tristes períodos da humanidade.

Nesse sentido, as populações negras, indígenas, judias e até asiáticas, ainda são atingidas por ideologias de uma inexistente “supremacia branca” e em grande parte eurocentrista. Pulando páginas da história humana nesse planeta, passamos pelos tráficos negreiros, as escravizações de corpos negros nas Américas e as conseqüências (ainda latentes) para as gerações descendentes dessas populações escravizadas. Ok, e o “Black Lives Matter”?

Como havia citado, o BLM é grande movimento de combate as violências sofridas pelas populações negras, principalmente as violências policiais direcionadas para pessoas negras, denunciando o racismo como uma estrutura de poder e opressão racial.

O “Black Lives Matter”? É um movimento ativista internacional, criado nas comunidades afro-americanas, com o objetivo de protestar contra as violências policiais que atingem as pessoas negras. Traduzindo a expressão temos: “Vidas Negras Importam”, um verdadeiro Ato Político de resistência e denúncia do racismo institucional como lógica operacional nas policias norte-americanas e demais condições econômicas, sociais e políticas que oprimem os negros dos EUA.

O BLM foi criado em julho de 2013 por três ativistas negras: Alicia Garza, diretora da National Domestic Workers Alliance (Aliança nacional de trabalhadoras domésticas), Patrisse Cullors, diretora da Coalition to End Sheriff Violence in Los Angeles (Coligação contra a violência policial em Los Angeles) e Opal Tometi, ativista pelos direitos dos imigrantes. O Movimento surge na luta contra a violência policial e o assassinato dos jovens negros pelas mãos da polícia estadunidense, como foram os casos de Trayvon Martin, Erik Garner e Mike Brown, protagonizado pela liderança das mulheres negras, mães, irmãs, filhas, mulheres lutadoras. Leia e escute os nomes e sobrenomes, afinal são vidas!

Desde o último dia 25 de maio, as ruas norte americanas, as redes sociais e diversas partes do mundo, estão sendo tomados pela expressão “Black Lives Matter” , em protesto ao brutal assassinato de George Floyd, afro-americano de 46 anos, morto depois que o policial branco Derek Chauvin se ajoelhou no pescoço dele  por pelo menos sete minutos (torturantes sete minutos!!) enquanto Floyd estava algemado e deitado de bruços alegando que não conseguia respeirar – “Eu não consigo respeirar!…”. O assassinato ocorreu na cidade de Mineapolis, no estado de Minessota, na presença de outros policiais e civis, fazendo com que o agonizante vídeo de George algemado e deitado de bruços com o joelho do policial no pescoço (pare tudo e imagine a situação) viralizar rapidamente fazendo o “Black Lives Matter” literalmente entrar em erupção pelos EUA.

Infelizmente, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Sim, a cada 23 minutos! Isso é muito grave e exige posicionamentos não só da sociedade civil, mas do Estado brasileiro, historicamente ausente na garantia de direitos das populações negras nesse país.

Se por um lado as forças estatais são ausentes, por outro elas tem se mostrado brutalmente presentes, ativas e genocidas, pois assim como o BLM lá nos EUA, movimento Vidas negras Importam tem denunciado o genocídio da população negra e o racismo estrutural no Brasil.

Se você ainda não viu alguma notícia sobre vidas negras assassinadas, você está realmente em uma bolha, pois ser negro no Brasil é pertencer literalmente à um grupo de risco (e não falo de pandemia) e sim, de racismo estrutural. O movimento Vidas Negras Importam é um tapa na cara da sociedade racista brasileira, chamando atenção para a velha ferida social que o Brasil tem deixado apodrecer e já passou da hora de toda a sociedade enfrentá-la. VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

No próximo domingo (07 de junho), o Movimento Negro Unificado – MNU (na próxima coluna falei sobre ele) juntamente com outros Coletivos pretos e demais ativistas da negritude, irão fazer uma grande manifestação em valorização das Vidas Negras. O ATO: VIDAS PRETAS IMPORTAM, acontecerá às 15 horas na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria. Os organizadores e organizadoras do grande ATO ANTIRRACISTA estão cientes do delicado momento de pandemia que estamos atravessando, porém destacam a urgência desses corpos políticos e pretos (e demais aliados e aliadas) tomarem as ruas com muita parcimônia, consciência social e responsabilidade. Basta de omissão e hipocrisia social! Queremos nossos corpos vivos!

Para isso, estamos pensando em estratégias que garantam as medidas de prevenção e os protocolos de saúde, como o distanciamento, máscaras de proteção facial, álcool em gel e muita consciência coletiva. Fiquem ligdaxs em minhas redes sociais e aqui no Portal Rede Sina, para saber mais informações.

No dia 18 de junho, a Rede Sina também mostrará seu apoio a luta antirracista com um grande engajamento online, debates e protestos em suas plataformas digitais.

O evento “SINA PROTESTO ONLINE– DEBATE RACISMO ESTRUTURAL”, acontecerá dia 18 de junho, às 20 horas, nas mídias sociais da Rede Sina. Já vai organizando tuas indignações, familiarizando-se com os movimentos de combate ao racismo e borá somar nas lutas antirracistas. Antirracismo na prática, já! Axé!

AfroGuga. Foto: Dartanhan Baldez Figueiredo.

Gustavo Rocha o AfroGuga – Negro, ativista racial e social  em Santa Maria, militante do movimento negro e filiado ao partido PSOL, graduando em Ciências Sociais pela UFSM, bolsista de pesquisa nas temáticas étnico-raciais. Aterrissou novamente na cidade em 2018, depois de atuar como comissário de vôo, retornando ao engajamento e ativismo social. É idealizador do Projeto: “Nossas Carnes Negras Importam” – protestos e performances pelos espaços públicos do RS(e também digitais) denunciando através de manifestações artísticas, o Genocídio das populações Negras no Brasil.O santa-mariense AfroGuga, tem movimentado o interior gaúcho no combate ao racismo e promoção da Cultura Negra, destacando a importância da representatividade negra em todos os segmentos sociais e fortalecimento da negritude nos espaços decisórios de poder e liderança.

https://www.instagram.com/afro_guga/

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