Estamos todos navegando no mesmo barco
Enfrentando as mesmas tormentas
Apreciando as mesmas magníficas paisagens…
Estamos todos navegando no mesmo barco
Enfrentando as mesmas tormentas
Apreciando as mesmas magníficas paisagens
E movendo-nos para o mesmo natural destino
Mesmo assim, cada pessoa pensa que sua jornada é distinta e única
Como se ela fosse um pequeno barco no imenso oceano da existência
Um minúsculo e impotente pedaço de carne e ossos à deriva na imensidão da vida
Mas que mesmo assim, cheia de uma egocêntrica e impulsionadora vontade
Continua remando apesar das adversidades
Como se seus esforços fossem a única força no fluxo de sua jornada
Movendo-se encantada pela esperança de seus mais íntimos desejos
Enfrentando as gigantescas ondas com o inabalável propósito
De cruzar mais um obstáculo
Que, ao ser passado, trarão um novo cenário
Mas a próxima onda do mar da vida
Demonstra que as coisas não mudam muito
E que novos obstáculos sempre aparecem
Num contínuo e incessante ciclo
Até que um insuportável sentimento de impotência
De solidão e de abandono
Faz a pessoa baixar as velas do seu barco
E jogar os remos fora
E quando assim o faz
Não há mais nenhum esforço
E ela permanece lá no meio do oceano
Desamparada, desesperançada e desencorajada
E depois de algum tempo, ela também sente
Uma quietude, um silencio e uma calma nunca antes vivenciados
Enquanto o barco, junto com o oceano, continua movendo-se
Num ritmo natural
E numa invisível harmonia
Onde as ondas não mais estão tentando engolir o barco
Pois parece que ambos estão exuberantemente dançando
Numa uníssona integração
Onde a tormenta deixa de ser uma aterrorizante visão
E torna-se uma majestosa pintura
Pois naquele instante
Ela percebeu que tudo é uma magnífica interconexão
Que se sincroniza de uma maneira natural, sublime e bela
E assim, se a pessoa entende sua grandiosidade no esquema das coisas
E o fato de que ela não está separada do oceano
Nem o oceano está separado dela
Mas ambos são o ritmo e a rima do mesmo poema
Que ambos fazem parte da mesma história de integração
Daquilo que está aparentemente separado
Mas que nunca foi desconectado, nem distante, muito menos distinto
E sim que são um e o mesmo
Tanto ontem, quanto hoje e para todo o sempre.
Se a pessoa entende isso
E se é capaz de ver a totalidade nela
Nos remos, no barco, nas velas e no oceano
Uma nova jornada se inicia
Onde a partida, a viagem e o destino
Se fundem na unicidade de sua essência
Assim como o oceano e o céu
Quando observados no horizonte
Tornam-se uma indivisível, inseparável e esplêndida tela azul no horizonte das navegações vitais.
Cargnin dos Santos, Tadany. As Descobertas de uma Navegação.
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