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Da série OUTRO(S) DE MIM | Louise in concert | Liana Timm | arte digital | 2012

ARTEviva 02 | por Liana Timm

Prezados leitores!
Essa é a nossa segunda coluna sobre artes visuais para a REDEsina.
Aqui, na ARTEviva, vamos informar sobre este instigante universo que move a sensibilidade, a percepção, a reflexão e o sentido crítico, para uma maior compreensão da condição humana e seus meandros.
Selecionamos o seguinte assuntos para vocês:

SOBRE ARTE: O que diz Ferreira Gullar
CURIOSIDADES: Michelangelo e sua vida
MUSEUS DE ARTE DO BRASIL: Pinacoteca/SP e Museu de Belas Artes/RJ
MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAL: o Grand Palais / Paris
UM LIVRO BOM: Sobre Louise Bourgeois
UM PENSAMENTO DE André Breton

Então, vamos lá!

Espero que gostem e se tiverem algum assunto ao qual queiram que a coluna comente é só escrever para:

liana.timm@gmail.com

VOCÊ SABE O QUE É ARTE?

 

Ferreira Gullar

 

Ferreira Gullar, o grande autor do Poema sujo, era também crítico de artes visuais. Um polêmico crítico, diga-se de passagem. Ele dizia que não tinha cabimento uma arte feita só de ideias, por isso defendia a arte realizada até a década de 40.  Uma vez esteve em Paris e foi ao Museu de Arte Moderna onde estava uma exposição da Yoko Ono. Ao vê-la afirmou:

– Yoko só faz bobagem e é famosa porque se casou com o ex-beatle John Lennon. Prefiro ir ao Louvre e ao Museu Picasso.

Ninguém entende essa arte conceitual, dizia Gullar!  Tanto críticos quanto artista falam do vazio que ela instala pois tudo é uma besteirada. Conseguiram destruir a arte e as instituições. Penso nas ideias de Ferreira Gullar. Do quanto ele defendia a elaboração de uma linguagem e não valorizava a novidade vazia.

– Esse novo, buscado pela arte, está dentro de cada obra, afirmava.

Se remontarmos à época do renascimento vamos ver que os mestres eram figuras importantes e nenhum artista se aventurava a fazer qualquer coisa sem antes passar por um estágio no atelier do seu artista preferido. Hoje, essa valorização fica neutralizada pela crença de alguns, de que se pode fazer tudo sozinho. O verdadeiro artista busca, em seu caminho, aprimoramento e valorização do trabalho que executa. Um trabalho que vai além da expressão. Do grito expressivo, da ação expressiva, da atitude expressiva e chega na obra de arte. A arte existe porque a vida não basta, dizia Ferreira Gullar.

Através da arte inventamos uma outra realidade. Um desconhecido inexistente. Talvez Gullar não tenho entendido o novo panorama cultural que se desenhou após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O avanço da globalização, da cultura de massa e das novas tecnologias e mídias proporcionaram a inovação dos processos artísticos onde a ideia, o conceito, se tornaram prioridades. Refletir ao mesmo tempo que produzir arte é a condição dessa nova mentalidade. Os espaços se multiplicaram através da diversidade de estilos quando a era industrial dá lugar à tecnologia e à comunicação. E a cultura, como um todo, sofre grandes transformações. Diluem-se as fronteiras entre as linguagens artísticas. Surgem inúmeros movimento: a pop art, o minimalismo, a arte conceitual, a arte povera, o hiper-realismo, a land art, a street art, a body art, a performance, a instalação, e mais um número infinito de novas manifestações.

Será que todas estas correntes devem ser desprezadas?  Será que nada tem valor? Nunca a subjetividade e a liberdade artística habitaram seu lugar de maneira tão vigorosa! Nunca as experimentações ampliaram de maneira tão efetiva a abrangência da arte! Nunca a mescla de estilos proporcionou tantas novidades! Nunca a busca de diferentes materiais abriram tantas frentes de expressão! Nunca as novas pesquisas ampliaram a descoberta de novos suportes em comparação com os tradicionais! Nunca o espectador se viu convidado a interagir com a obra de arte como nesse nosso tempo!

O lugar para que a arte se mostre plena, seja de que tendência for, é aqui, nesse nosso tempo. Vamos pensar em conhecer melhor as manifestações artísticas? O que você gostaria de saber sobre o mundo das artes? Me escreva!

“COISA” DE ARTISTA

“COISA” DE ARTISTA é um livro de minha autoria que reúne curiosidades sobre a vida de artistas, escritores e músicos. Desde guria gostei de saber sobre as manias e idiossincrasias desses personagens. Quando encontrava algo curioso, anotava num caderninho, colecionando estes achados como joias raras. Um dia desses, arrumando algumas gavetas, qual a surpresa! Achei as anotações que nem acreditava existirem mais. Daí para querer complementar os achados e partilhá-los com vocês foi um segundo. E o livrinho começou a tomar corpo através de pesquisa em velhos almanaques, revistas antigas, internet, livros e outras leituras. Muita coisa pode ser folclore, outras verdadeiras, mas tenho certeza de que, vale a pena saber um pouco mais destes escritores, artistas visuais e músicos que selecionei para este primeiro livro. Agora estou preparando “COISA” DE ARTISTA 2. No mínimo muita diversão e surpresas estão vindo por aí.  Por enquanto trago a vocês algumas dessas curiosidades por aqui.

Michelangelo | Pietá | 1499 | Basílica de São Pedro, Vaticano.

Li não sei onde…

Que Michelangelo foi entregue aos cuidados de uma ama-de-leite, cujo marido era cortador de mármore, na aldeia de Settignano. O artista atribuía a este fato a sua vocação de escultor.

Li não sei onde

…que, ao terminar a estátua de Moisés, ficou perplexo com a beleza da escultura. Pegou um martelo e bateu na obra gritando: Fala! Fala!

…que Michelangelo matou um sujeito para estudar anatomia.

Nunca se casou, mas teve alguns romances na vida. Com mais de 70 anos, se apaixonou pelo nobre romano Tommaso Calalieri, trinta anos mais jovem que ele. Chamava-o lindo, adorado. Esse amor o descontrolava.

Dizia: Não sou o escultor, sou Michelangelo Buonarroti.

Era insatisfeito, arrogante, solitário e melancólico. Nem a bebida, nem a comida o agradavam.

Michelangelo | 1475/1564
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni  ( Caprese, 1475 | Roma, 1564), mais conhecido como Michelangelo foi um dos maiores criadores do Renascimento. Pintor, escultor, poeta, arquiteto. Trabalhava entre Florença e Roma e foi subvencionado pela família Medici. Sua arte tinha uma forte influência da Antiguidade Clássica, do Humanismo e do Neoplatonismo. Representava o nu masculino como ninguém basta vermos as esculturas Pietá, David e Moisés. Em termos de pintura nos deixou o teto da Capela Sistina e o Juízo Final. Foi considerado o maior artista de seu tempo. Um gênio na acepção da palavra. Chamado de o Divino, até hoje tem fama universal. Um artista que expressou o belo, a tragédia e a espiritualidade em duas obras.

 

Série MUSEUS de arte BRASILEIROS

Aqui estão dois museus que precisamos conhecer. Duas relíquias brasileiras com acervos espetaculares.

 

SÃO PAULO

Pinacoteca de São Paulo

Ir à São Paulo e não visitar a Pinacoteca de São Paulo é perder a viagem. A instituição reúne a maior produção de arte brasileira do século XIX até a contemporaneidade, como também obras de todo o mundo. Fundada em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, mostra constantemente a sua coleção e realiza exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. Elabora também projetos públicos multidisciplinares e programas educacionais.

Seu acervo conta com cerca de 11 mil peças. Possui dois edifícios com intensa programação:

a Pinacoteca Luz:  conhecida como Pina Luz, antiga sede do Liceu de Artes e Ofícios. Projetada no final do século XIX pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, foi reformada em1990 pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Abriga também um dos principais laboratórios de conservação e restauro do país.

e a Pinacoteca Estação: ou Pina Estação, inaugurada em 2004, antes armazéns e escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana. Seu edifício, também projetado por Ramos de Azevedo, foi reformado pelo arquiteto Haron Cohen. Recebe muitas exposições do acervo e temporárias do museu. No 1º andar está  o Centro de Documentação e Memória (Cedoc) e a Biblioteca Walter Wey, com publicações de artes visuais para consulta pública. No térreo e no 3º andar, está o Memorial da Resistência de São Paulo, no edifício sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP), entre os anos 1940 e 1983.

A agenda é muito qualificada, tanto na exposição de seu acervo quanto de exposições temporárias. Verifique no site http://pinacoteca.org.br/em-cartaz/

 

RIO DE JANEIRO

 

O MUSEU DE BELAS ARTES do Rio de Janeiro foi criado em 1937 e inaugurado em 1938. Mas sua história é bem mais antiga, faz parte da chegada da família real portuguesa no Rio em 1808. Dom João VI vem para cá com muitas obras de arte e estas foram a gênese da coleção brasileira.

Alguns anos depois de sua chegada, Dom João VI fundou, em 1826, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios que funcionava num prédio construído por Grandjean de Montigny, uns dos integrantes da Missão Francesa. Esta foi inaugurada pelo imperador Dom Pedro I e passou a se chamar Academia Imperial de belas Artes. Guardava uma importante pinacoteca e uma gliptoteca (coleção de esculturas em pedra) que com a República passou a ser chamada Escola Nacional de Belas Artes. Ficou neste edifício até a construção de sua sede atual, na Avenida Rio Branco.

O arquiteto espanhol Adolfo Morales de los Rios assina o projeto tomando como modelo o Louvre de Paris. Durante a construção o projeto sofreu a interferência do diretor da escola Rodolfo Bernardelli, seguindo-se muitas outras mudanças. O edifício então resultou com características ecléticas na fachada e em seu interior. A obra foi finalizada em 1908 e transferidas as instalações da Escola Nacional para lá.

No 3º pavimento ficou a pinacoteca, as esculturas no 2º e os ateliers, as aulas e a administração no 4º andar. E em 1931 a Escola Nacional foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro

Em 1937 a instituição se transforma em Museu Nacional de Belas Artes. Em 1950 a 1970 passa a se chamar Escola de Belas Artes e em 1975 parte da edificação foi ocupada pela Fundação Nacional de Artes.

Em 1980 foram realizadas muitas reformas, dado o estado precário do edifício.

Em 1909 a Fundação Nacional de Artes desocupou a alas em que estava alojada e o Museu pode dispor de toda a área do prédio que perfaz 6.733,84 m2 de área de exposição e 1.797,32m2 de reserva técnica.

Seu acervo contém a mais importante coleção de arte brasileira do século XIX e o mais afamado museu da América do Sul

Seu Departamento de Conservação e Restauração, é reconhecido como um dos melhores do Brasil.

A Biblioteca é especializada em artes plásticas do século XIX e XX

Atualmente o Museu está fechado e passa por restauro, sem previsão de abertura!

https://www.facebook.com/MNBARio/?ref=page_internal

 

INTERNACIONAL: PARIS

Paris muda parceria para a realização da feira de arte contemporânea. Troca a Fiac pela gigante internacional Art Basel. Os 50 anos de trabalho conjunto com a antiga parceira não valeu de nada. A diretoria da Reunião dos Museus Nacionais – Grand Palais (RMN–GP) assim decidiu, pois desta forma Paris volta a ser uma das principais rotas da arte contemporânea junto com Miami e Hong Kong, já coordenadas pela Art Basel.

Mas Paris terá um nome e uma política própria para que os preços não inviabilizem a iniciativa. A sede continua sendo o Grand Palais, prédio histórico situado às margens do rio Sena que está sendo restaurado com o apoio da Maison Chanel.

Enquanto o prédio não fica pronto a próxima feira, programada para 20 e 23 de outubro deste ano, será realizada dentro de uma estrutura construída, próxima à Torre Eiffel.

ARTEviva INDICA | LIVRO SOBRE ARTE

Louise Bourgeois | Destruição do pai, reconstrução do pai

Cosac & Naify | 2000

Louise Bourgeois

Hoje tirei da estante um livro sensacional. Reúne cartas, entrevistas, anotações, poemas, obras de arte e várias outras coisas de Louise Bourgeois, essas artista francesa (1911, Paris | 2010, New York) radicada em New York desde 1938 e que a partir dos anos 60 teve seu trabalho reconhecido na cena internacional da arte. Tornou-se, a partir daí, uma das maiores celebridades no cenário artístico internacional da arte contemporânea. Conhecida por sua escultura Maman, foi influenciada pelo surrealismo e pela escultura modernista.

Sua família tinha uma galeria de tapetes antigos e de restauro e, Louise preenchia os desenhos gastos dos tapetes em manutenção.

Estudou na Sorbonne, matemática e geometria. Dizia: “Eu tive paz de espírito, somente através do estudo de regras que ninguém podia mudar”.

Sua mãe morreu em 1932, e este acontecimento a inspirou ao estudo da arte.

E nesse aprendizado onheceu Fernand Léger que a considerou escultora e não pintora.

Bourgeois se formou na Sorbonne em 1935.

Na gráfica que abriu ao lado da galeria de tapeçaria do pai, conheceu o professor de arte da Universidade de New York, o americano Robert Goldwater e se casou com ele mudando-se para os Estados Unidos.

Nos anos 40 sua obra foi construída a partir de sucata e restos de madeira que ela usava para esculpir suas esculturas.

O trabalho de Bourgeois foi, quase sempre, criado a partir de seu próprio passado, sua infância e abuso que sofreu de seu pai. Sua produção recebeu pouca atenção do mundo desde a sua primeira exposição individual em 1945.  Trabalhava com o abstrato simbólico.

Em 1951, seu pai morreu e ela se tornou cidadã americana.

Os conflitos pessoais lhe mostraram o caminho de uma arte única e feminista, denominação que ela rejeitava. Depois, na década de 60, explorou a sexualidade e o impacto de sua conturbada infância.

Lecionou no Pratt Institute e em outros importantes institutos, nos anos 70. Também realizou encontros chamados “Sunday, bloody Sundays”, em sua casa em Chelsea, com jovens artistas e estudantes. Dava sua opinião sobre a produção dos artistas de maneira impiedosa mas com senso de humor.

Bourgeois inspirou muitos artistas a fazer arte feminista.  Mas Louise considerava seu próprio trabalho como “pré-gênero”.  Participou de um grupo feminino anti censura liderado por Anita Steckel que dizia, “Se o pênis ereto não é bom o suficiente para entrar em museus, ele não deve ser considerado bom o suficiente para entrar em mulheres”.

Bourgeois fez a sua primeira retrospectiva em 1982, no MOMA. Em uma entrevista ao Artforum, ela revelou que a imagem em suas esculturas era totalmente autobiográfica.

Em 2010, último ano de sua vida, Bourgeois, através da arte falou sobre a igualdade entre lésbicas, gays, bissexuais e transgênero. Bourgeois disse: “Todos deveriam ter o direito de se casar”. Assumir o compromisso de amar alguém para sempre é uma coisa linda”. Bourgeois tinha um histórico de ativismo em favor da igualdade LGBT.

A artista faleceu de insuficiência cardíaca em 31 de maio de 2010, em Manhattan. Ela continuou trabalhando até a semana anterior de sua morte. Seu marido já havia falecido em 1973 e s também antes dela, em 1990.

Da série OUTRO(S) DE MIM | Louise in concert | Liana Timm | arte digital | 2012

 

ÚLTIMA REFLEXÃO

ÚLTIMA REFLEXÃO

O surrealista André Breton afirma:

 “Não é o medo da loucura que nos forçará a largar a bandeira da imaginação.”

 

Da série OUTRO(S) DE MIM | Liana Timm |30x30cm | arte digital | 2009

 

 

foto: Luis Ventura
LIANA TIMM | Artista multimídia, arquiteta, poeta e designer. Vive em Porto Alegre com atelier em permanente ebulição. Sua produção mescla manualidade e tecnologia, conceito e materialidade, história e contemporaneidade. Transita pelas artes visuais, pela literatura, pelas artes cênicas e pela música. Professora da faculdade de Arquitetura e Urbanismo da universidade federal do rio grande do Sul (1976/96). Especialista em Arquitetura habitacional e Mestre em Educação pela UFRGS. Realizou 76 exposições individuais, sendo as mais importantes: Pinacoteca do Estado de São Paulo/SP/Brasil, Memorial da América Latina /SP/SP/Brasil, Centro Cultural Correios e Telégrafos/Rio de Janeiro/RJ/ Brasil, Museu Brasileiro da Escultura/São Paulo/SP/Brasil, Fundação Cultural do Distrito Federal/Brasília/DF, Museu da Gravura cidade de Curitiba/PR/Brasil, Museu de Arte do Rio Grande do Sul/Porto Alegre/RS/Brasil. 35 shows musicais na cidade de Porto Alegre e interior do Rio Grande do Sul/Brasil, em Montevideo/Uruguai, em Miami/EUA e em Toulx Sainte Croix/França. Publicou 64 livros, destes 18 são individuais de poesia sendo que o último reúne sua produção poética de 35 anos. Recebeu 17 prêmios nas diversas áreas de atuação. Desenvolve suas produções culturais e projetos editorias através da TERRITÓRIO DAS ARTES.
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