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Carlos Gerbase. Foto: Melina Guterres

APELO AO MINISTRO OSMAR TERRA por Carlos Gerbase

Caro Ministro da Cidadania do Brasil,

Não o conheço pessoalmente, apesar de sermos ambos gaúchos, mas tive algumas boas referências em relação à sua vida pública, mesmo como integrante de governos com quem não simpatizo. Assim, resta a esperança de que o senhor reflita profundamente sobre a proposta de retirar a ANCINE de seu Ministério, com o objetivo de transferi-la para a Secretaria de Comunicação. Nem vou considerar outra proposta que circula desde ontem, a extinção da ANCINE, pois esta, além de mais absurda, depende de trâmites no Congresso Nacional.

Peço que o senhor considere os muitos anos de luta da classe cinematográfica para construir a indústria audiovisual brasileira, que emprega milhares de pessoas e tem ganhos financeiros e simbólicos que enriquecem o País. Cinema é arte e cultura, e não meio de comunicação. Cinema é um dos mais poderosos mecanismos para que uma nação conquiste e mantenha sua identidade. As forças que pretendem colocar a ANCINE na Secretaria de Comunicação veem os cineastas como inimigos e distorcem as informações sobre a pluralidade da trajetória do cinema brasileiro. Não preste um desserviço à Pátria, não se deixe enganar pelos representantes das grandes empresas estrangeiras, que querem o máximo de lucro e pouco ligam para a nossa cultura.

Enfim, pense no futuro do Brasil e acredite: o cinema sempre teve – e sempre terá – um papel importante no nosso destino. Tentar matar o cinema – o verdadeiro objetivo dessa troca de posição administrativa da ANCINE – é como tentar ferir a alma da nação brasileira.

Confio na sua honestidade e no seu compromisso com o País.

 

CARLOS GERBASE

Carlos Gerbase (Porto Alegre, 1 de fevereirode 1959) é um cineasta brasileiro. Integrante por 24 anos da Casa de Cinema de Porto Alegre, deixa a produtora em 2011, juntamente com Luciana Tomasi, para criar a Prana Filmes.[1] É também professor de cinema na PUCRS e escritor. Na área da música, foi um dos membros fundadores (1984) da banda Replicantes, a princípio como baterista. Com a saída de Wander Wildner da banda (1989) assumiu os vocais, entregando novamente o posto a Wander em 2002. Em 2013, lançou o CD Destrua você mesmo, em que interpreta clássicos dos Replicantes em novas versões de músicos gaúchos. Como jornalista, atuou como repórter e sub-editor do jornal Folha da Tarde (Cia. Jornalística Caldas Jr), entre 1980 e 1981. Colaborou com o jornal Tchê (1980-1983) e com a revista Wonderfull (1988-1990). Colaborou com os sites ZAZ (roteirista, 1996-1997) e Terra (crítico de cinema, 2000-2001). Colabora com uma coluna quinzenal sobre cultura no jornal Zero Hora (2013-hoje). É filho do médico e ex-presidente do Grêmio, José Gerbase. Recebeu dois prêmios Kikito no 45 Festival de Gramado em 2017 pelo filme Bio, um deles como melhor longa segundo o público e outro pela direção de atores.

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