Meu antídoto da semana foi uma fita cinematográfica. O pessoal do tempo da película refere se assim ao rolo de fotogramas que a luz perpassa e ilumina a tela grande. Puig dizia que queria ser a luz que atravessa a fita e vira imagem. Adotei essas idéias.
A narrativa acontece numa ilha grega e acompanhamos um encontro de trabalho entre um escritor inglês, recém-chegado à Grécia de navio, e um nativo já com alguma idade, mas forte e ativo. O pano de fundo é a microcéfala vida dos habitantes deste mundo perdido em preconceitos, pobreza, raiva, e inveja. Com pavio trágico acesso a história vai explodindo casos em plots quase documentaristas. As cenas são realizadas com elenco excepcional e figuras locais antológicas e críveis. Não há nenhum verniz de métodos, tudo é realisticamente teatral para que não esqueçamos que o discurso cinematográfico é político.
A veia principal é a relação patrão-empregado ficando de lado e é na amizade entre o grego naif e louco e o escritor britânico e careta que encontra inspiração para sua vida até então dedicada apenas aos livros e de poucas aventuras.
Em um cena o naif grego pergunta ao escritor que respostas ele encontrou nos livros. Ele responde que encontrou apenas as angustias dos que fazem esta pergunta. O grego afirma que sem a loucura a vida não se revela, que ele pode arruinar a relação com ideias perturbadoras e incomuns. O inglês diz que topa. “repita isso”diz o grego e o inglês topa.
Esse é o antídoto que fará do retumbante fracasso, que acontece no trabalho, na cena magistral que cada vez que revejo renovo minhas células com o liquido das emoções. Os dois riem da falência e dançam juntos o Sirtaki na música fabulosa de M. Theodorakis.
Zorba, o Grego de 1964 é uma resposta humana e lúcida ao mundo tecnológico. Uma lição de vida e um convite a aproveitarmos cada minutos intensamente, como se não houvesse amanhã, de maneira simples, mas buscando a felicidade nas pequenas coisas da vida. Nenhum blackmirror me proporciona uma Aventura como esta. Vou ali ser o Antony Quinn e volto sexta que vem.
O filme foi dirigido por Michael Cacoyannis e o personagem-título foi interpretado por Anthony Quinn — que não era grego, mas mexicano. O elenco incluiu Alan Bates como um visitante britânico. O tema, “Sirtaki”, de Mikis Theodorakis, tornou-se famoso e popular como canção e dança (especialmente em festas).
O filme foi rodado na ilha grega de Creta. Lugares específicos incluem a cidade de Chania, a região de Apocórona, nomeadamente na península de Drápano, e a península de Acrotíri. A famosa cena onde o personagem interpretado por Quinn dança o Sirtaki foi rodada na praia do vilarejo de Stavros.
Mais sobre o filme em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-86795/
ANSELMO VASCONCELLOS