Então 2021 finda. E vem sem retrospectiva porque, de fato, são dois anos de impacto na vida das pessoas e parece impossível, ainda, dimensionar a totalidade de seus efeitos e profundidades. O ano de 2020 se estendeu a 2021 sem passagem, sem simbolismo capaz de nos libertar das angústias e renovar as esperanças. Dois anos sem aquele momento acalentador e finalizador do dezembro. Dureza pura, feito rapadura quebra-queixo. E sem doçura.
Ainda estamos em processo, lambendo as feridas e metabolizando as perdas. Reinventamos a capacidade de resistir, de sobreviver, de viver em meio ao caos onde coisas simples são fundamentais. Tudo que traga de volta o riso, o gozo, o acolhimento, a amizade, o afeto. De repente, acontece! É o telefonema inesperado, a fala carinhosa e saudosa do outro lado; os reencontros possibilitados pelas redes sociais; o abraço solidário que faz enfrentar com coragem as impossibilidade; términos e recomeços ganham outros sentidos. É preciso perceber que a vida pode ter delicadezas, mesmo em meio aos escombros. E ela, a vida, urge com radicalidade. Não há tempos para hesitações. Não há como errar duas vezes. É tempo de tomar posição, de dizer e agir.
Neste final/início de ano tivemos uma brecha para reunir os afetos, apesar da ameaça de que tenhamos um fevereiro e um março com outra onda de covid. Por enquanto, o ano é 2022, um número simpático. Aos pares parece que as coisas ficam mais equilibradas e fáceis.
E sempre o ano que começa, vem envolto em uma mística da qual não se sabe a aplicabilidade, mas está sempre a aguçar a curiosidade – aquela que se alimenta do pensamento mágico e acolhe nossas fantasias ou realidades inconscientes. E a cada um a escolha sobre o que vai lhe nutrir a alma.
A astrologia diz ser este um ano regido por mercúrio, isto é, ágil e facilitador das comunicações. A numerologia fala do número 6 – um ano marcado pelas interações e interrelações , o que fala também das escolhas necessárias presentes no arcano VI do Tarot – os enamorados (ou os amantes – aliás, o significado dessa palavra tem mais a ver com o amor do que com a conotação social que lhe é atribuída. Amantes são aqueles que se amam). As diferentes linhas das religiões afro-descendentes dizem ser o ano de Oxum, Oxumaré, Ibejis, todos complementares em se tratando da mitologia.
A energia de Ibeji é a representação dos gêmeos que caminham juntos. Representam Cosme e Damião, médicos, o que deve trazer muito avanço também na área científica. Já a energia de Oxumaré, simbolizado pelo arco-íris e pela cobra que morde o próprio rabo, simboliza um ciclo que se renova initerruptamente, cada vez mais colorido e perfeito. Oxumaré traz equilíbrio, dando continuidade à regência de Oxum, manifestação do amor divino. Oxumaré é o responsável por reestruturar o amor. E assim ele vem trazer a calmaria depois de um ano de tempestade.
Já para os budistas 2022 é o ano do Tigre de Água que trará um pouco mais de profundidade e transparência nas relações de todos os tipos.
Seja como for, cada um acreditando naquilo que lhe é mais caro, começamos! E que sejamos mais gentis, solidários, fraternos, conscientes, pacientes, amigos, comprometidos em fazer desse 2022, um ano melhor.