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“Ain’t Got No / I Got Life”  de NINA SIMONE

Eu Não Tenho / Eu Tenho Vida

Não tenho casa, não tenho sapatos
Não tenho dinheiro, não tenho classe
Não tenho saias, não tenho casacos
Não tenho perfume, não tenho amor
Não tenho fé

Não tenho cultura
Não tenho mãe, não tenho pai
Não tenho irmão, não tenho filhos
Não tenho tias, não tenho tios
Não tenho amor, não tenho ideia

Não tenho país, não tenho escolaridade
Não tenho amigos, não tenho nada
Não tenho água, não tenho ar
Não tenho cigarros, não tenho um franguinho
Eu não tenho

Não tenho água
Não tenho amor
Não tenho ar
Não tenho Deus
Não tenho vinho
Não tenho dinheiro
Não tenho fé
Não tenho Deus
Não tenho amor

Então o que eu tenho?
Por que mesmo eu estou viva?
Sim, inferno
O que eu tenho
Ninguém pode tomar

Tenho o meu cabelo, tenho minha cabeça
Tenho meu cérebro, tenho minhas orelhas
Tenho meus olhos, tenho meu nariz
Tenho minha boca
Eu tenho
Eu tenho a mim mesma

Tenho meus braços, minhas mãos
Tenho minhas orelhas, minhas pernas
Tenho meus pés, e meus dedos
Tenho meu fígado
Tenho meu sangue

Eu tenho uma vida
Eu tenho vidas!

Tenho dores de cabeça, e de dente
E tenho horas ruins, assim como você

Tenho o meu cabelo, tenho minha cabeça
Tenho meu cérebro, tenho minhas orelhas
Tenho meus olhos, tenho meu nariz
Tenho minha boca
Eu tenho o meu sorriso!

Eu tenho a minha língua, meu queixo
Meu pescoço e meus seios
Meu coração, minha alma
E minhas costas
Tenho meu sexo

Tenho meus braços, minhas mãos
Meus dedos, minhas pernas
Tenho meus pés, e meus dedos
Tenho meu fígado
Tenho o meu sangue

Eu tenho vida
Eu tenho minha liberdade
Ohhh
Eu tenho a vida!

   “É uma obrigação artística refletir o meu tempo”.

– Nina Simone –

E assim começamos essa semana, traduzindo a maravilhosa Nina Simone em sua música “Ain’t Got No / I Got Life” .

Eunice Kathleen Waymon mais conhecida como Nina Simone (Tryon, 21 de fevereiro de 1933 – Carry-le-Rouet, 21 de abril de 2003) foi uma pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos. É bastante conhecida nos meios musicais do jazz, mas trabalhou com diversos estilos musicais na vida, como música clássica, blues, folk, R&B, gospel e pop.
O nome artístico foi adotado aos 20 anos, para que pudesse cantar blues escondida de seus pais, que não aceitavam sua opção de ser cantora, enquanto treinava para tornar-se uma pianista clássica, em bares de Nova York, Filadélfia e Atlantic City. “Nina” veio do espanhol menina e “Simone” foi uma homenagem à atriz francesa da qual era fã, Simone Signoret. Foi a sexta de oito filhos, sendo sua mãe uma ministra metodista e seu pai um marceneiro. Quando jovem foi impedida de ingressar no Instituto de Música Curtis na Filadélfia, apesar de ter cursado piano clássico no Juilliard School, em Nova York. Também se destacou por posicionar-se contra o racismo na crescente onda que tomava os Estados Unidos na década de 1960. Devido ao seu envolvimento, cantou no enterro de Martin Luther King.
Depois de fracassar na tentativa de ser uma grande concertista através do conservatório, Nina permaneceu algum tempo em Nova York até ir para Atlantic City e, nessa cidade, trabalhando como pianista em um bar, cedia aos pedidos do dono para cantar enquanto tocava piano. Adotou o nome Nina Simone, que deu início a uma carreira bem-sucedida, com hits como Feeling Good, Don’t Let Me Be Misunderstood, Ain’t Got No – I Got Life, I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free e Here Comes The Sun, além de My Baby Just Cares For Me, que foi usado em uma propaganda televisiva para o perfume Chanel Nº 5 em 1986, que ocasionou em um relançamento da gravação e na volta de Simone às paradas musicais.
Em sua carreira, interpretou canções de diversos estilos, indo do gospel ao soul, e também compôs algumas canções. Foi uma das primeiras artistas negras a ingressar na renomada Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque. Sua canção Mississippi Goddamn tornou-se um hino ativista da causa negra. Fala sobre o assassinato de quatro crianças negras em uma igreja de Birmingham em 1963. Ao se apresentar em um evento militar em Forte Dix, Nova Jersey, em 1971, em plena Guerra do Vietnã, Nina Simone deu voz àqueles que eram contrários ao conflito, quando cantou um poema em que Deus é chamado de assassino, após 18 minutos de My Sweet Lord, de George Harrison.
Nina esteve duas vezes no Brasil, onde gravou “Pronta pra cantar (Ready to sing)” com Maria Bethânia em 1990. Seu último show ocorreu em 1997 no Metropolitan. A artista faleceu em sua residência, enquanto dormia, na cidade francesa de Carry-le-Rouet, em 2003, após lutar por muitos anos contra o câncer de mama.
A bipolaridade tornou a vida desta talentosa artista, inda mais complicada, cheia de altos e baixos, levando-a à abandonar os palco, algumas vezes. Isso levou a cantora a viver momentos de miséria, quando dependia da ajuda de amigos, para sobrevier. Sem contar o casamento violento, em que Nina era espancada pelo marido, um ex-policial, que gerencou sua carreira.
Esgotada pela violência, e conflitos, Nina Simone resolveu se afastar dos holofotes e deixou os Estados Unidos, em 1970. Foi viver em Barbados, depois passou um longo período na Libéria, Suíça, Holanda e França, onde acabou fixando residência.
Nina morreu enquanto dormia em Carry-le-Rouet, em 2003, após lutar por vários anos contra um câncer de mama. Mas, ainda hoje é lembrada, reconhecida, por suas lindas canções.
(fonte: wikipédia e Hebreu Negro)

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