Mais um troféu Rede Sina foi entregue ao Melhor Curta com Tema Social no Festival de Cinema e Vídeo de Santa Maria-SMVC. Veja como foi o anúncio feito pela Melina Guterres (Mel Inquieta), criadora da Rede Sina no vídeo:
https://www.facebook.com/1141843142685202/posts/1381377678731746/
Saiba mais sobre o curta:
SINOPSE:
Mulheres se conectam através de uma rede social tentando fugir à invisibilidade. Elas se encontraram, se conheceram, se reconheceram e criaram coragem para algo surpreendente.
ROTEIRO:
Um documentário não possui um texto a ser decorado, pois não existem atores. No entanto no curta Procuram-se Mulheres, todas são artistas. O roteiro foi pensado para ser rodado num espaço sagrado e tradicional de Madureira, o que não se viabilizou. Quis o destino que todo o filme fosse feito num local não menos sagrado, bastante respeitado, muito comentado e recheado de histórias de bons sambas e grandes sambistas. Um recanto feminino por essência e muito familiar por consequência.
HISTÓRIA:
Procuram-se Mulheres é um filme curta metragem com 17 minutos para se assistir e 1 segundo para se suspirar. Aborda a invisibilidade da presença feminina no samba, mostra um pouco, quase nada, do tanto de talento feminino desperdiçado nas rodas, palcos e batucadas. Extrapola porque não se fala de arte sem se falar de vida, não se fala de mulheres sem se chegar nas chagas do abuso, da arbitrariedade, do cerceamento, da violência e da atribuição de insignificância. As personagens foram selecionadas através do Facebook por Rozzi Brasil (diretora do filme) sem que se conhecessem anteriormente. Encontraram-se, conversaram, falaram de samba, aquele que Tia Ciata deu dignidade ao conceder espaço fora das ruas e das ameaças de prisão aos que o praticavam; aquele samba que Dona Ivone harmonizou, suavizou lalarizou e não assinou. Tocaram e cantaram sem ensaio – de primeira – com perfeição seus sambas, mostraram suas qualidades como cantoras compositoras e instrumentistas. Contaram suas histórias, seus dramas e suas propostas de solução para que esse muro invisível venha a baixo. O filme foi produzido pela Canto Produtora como finalização de curso do projeto Por Telas, uma oficina de audiovisual idealizada por Cecília Rabello, realizada na quadra da Portela de maio a agosto de 2018. Um show de Paulinho da Viola (pai de Cecília) e Marisa Monte viabilizou financeiramente a oficina, que sob o comando do cineasta André da Costa Pinto produziu 3 documentários que na avaliação de profissionais da área primam pela qualidade técnica. Procuram-se Mulheres foi rodado num endereço emblemático, registrado na história do samba carioca, Rua Araxá, no Grajaú, uma casa frequentada por Vinícius, Candeia e muitos outros nomes de “muito peso no pano”, casa onde cresceram alguns dos rebentos da família Ferreira de Martinho da Vila. A inscrição na oficina foi condicionada à apresentação de um argumento e que o candidato fosse morador de Madureira ou integrante da comunidade portelense, o que significa que não é um filme com a visão ou percepção das mulheres mas um exercício da fala própria, o lugar de fala.
Abaixo o argumento do filme Procuram-se Mulheres que ao ser inscrito tinha outras opções de título: Miwá ou De Dentro Pra Fora. O nome definitivo foi sugerido pela equipe após de filmagem.
ARGUMENTO:
A mulher é invisível no samba? Invisível, porém imprescindível.
O que mantém uma estrutura de pé quase sempre é invisível.
É preciso dar à luz o samba que nos desfiles de carnaval foi preterido em detrimento da plástica, da estética de um produto oferecido ao mundo que não necessariamente espelha a realidade. Aqui, na origem, a mulher surge nos segmentos sustentando as instituições mantenedoras das “raízes”. Ainda que o ambiente permaneça sequelado de machismo, elas conduzem alas de compositores, tocam firme na bateria, têm sucesso como carnavalescas; estão à frente de projetos de preservação do patrimônio imaterial das suas agremiações. Muitas estão inseridas em rodas de samba, atualmente o nicho onde o samba de raiz mais se expõe.
Gostaria de mostrar mulheres em atividades diversas no samba e trazer a pergunta: É questão de gênero ou questão de pessoa, a raridade de mulheres em posições decisórias nas escolas ou liderando rodas de samba?
Percebo as pessoas do “samba de raiz” tendo alguma resistência em valorizar os novos, com justiça, exaltam os antigos compositores, mas por que não, uma repaginada permitindo que se enxergasse dentre os novos talentos as várias mulheres nas alas de compositores das escolas?
Às mulheres, no samba, é permitido que participem e daí? Gostaria de um olhar mais apurado e carinhoso para essas mulheres do samba. As “minas” da bateria, as garotas que tocam em rodas e blocos, as compositoras das alas das escolas, as cantoras dos carros de som. As pretas cujas rodas são chamadas apenas de evento. Uma roda de samba será sempre uma roda de samba, não é um chá de panela.
É necessário um movimento de extrusão, para que venha à superfície o trabalho e a figura da mulher que deixou para trás a exclusividade da exibição do seu corpo no carnaval. Elas estão ocupando espaços, vagarosamente, tudo o que é de dentro pra fora é mais demorado.
LEIA ENTREVISTA COM A DIRETORA:
ENTREVISTA: ROZZI BRASIL – Diretora do curta “Procuram-se Mulheres” / Troféu Rede Sina – SMVC
ESCUTE O SAMBA DESSAS MULHERES!