Todo ano novo nos desperta para novos desafios, novas conquistas, novos planos, novas expectativas e novas fantasias. Como se o ano novo fosse mágico. Como se fosse capaz de realizar todos nossos desejos e sonhos mais secretos. Como se tudo fosse possível de acontecer no ano que vem.
Há algum tempo tenho colocado menos metas para o próximo ano. Não que eu não tenha mais sonhos. Mas acho que meus desejos não são mais tão urgentes. Acredito que, a cada ano que passa, realizamos tantas coisas que jamais pensamos que realizaríamos, justamente por não termos criado expectativas sobre elas.
Temos que nos dar a chance de saber quando a oportunidade bate a nossa porta. Conseguir perceber os sinais de que algo está prestes a acontecer. Se conseguirmos dar essa chance, poderemos aproveitar mais nosso futuro com suas mil e uma possibilidades.
Mas a lista de desejos, nem que seja mental, continua. Pequena, mas continua.
Não lembro quando comecei a fazer projetos para o ano seguinte. Mas acho que já era adulta. Lembro de uma vez, eu, minhas irmãs e primas nos juntamos na casa de uma tia para passarmos o ano novo. Saímos para fora de casa na virada da meia-noite e mostramos o bumbum para a lua (risos). Não conhece essa simpatia? É para arrumar namorado. Bizarrices permitidas somente como ritual de passagem de ano.
Deu certo? Comigo não, demorou dois anos para arrumar um namorado. Mas tive uma prima que casou naquele ano. E uma das minhas irmãs demorou cerca de cinco anos para encontrar um namorado. Pelo que fiquei sabendo, ela não mostrou mais o bumbum para a lua. Abandonou esse ritual e mudou para outro: escrever a inicial do nome do “cara” na sola do sapato direito e dar três pulinhos na virada do ano. Diz ela que deu certo!
Emagrecer. Desejo que consta em 10 de 10 listas. Como se alguém precisasse ser magro para ser feliz. No meu caso, preciso. Confesso envergonhada. Não sei viver com 5 kg a mais. Quando chego na frente do espelho, faço a pergunta tradicional: “espelho, espelho meu, há alguém mais magra do que eu?”.
Organizar as finanças é outro item fundamental e presente em todas as listas. Por que a gente gasta tanto? Uma vez, fiz um caderninho para anotar tudo, exatamente tudo que eu gastava em um mês. Abandonei a prática na primeira semana, quando percebi que estava me sabotando com a compra de uma bala e de uma meia soquete.
Ler mais. Verdade. Eu gosto muito de ler, mas, no meu caso, não é somente uma questão de querer, mas uma questão de tempo. Que baita desculpa dei agora. Estou me sentindo aquelas pessoas que culpam os outros por não fazerem as coisas. E acabei de fazer o mesmo. Promessa: vou ler mais ano que vem, sim. Eu podia fixar uma meta. Quantos livros você acha que uma pessoa que trabalha fora, tem marido, filhos e organiza a casa pode ler? Deixo essa responsabilidade para você – risos.
Ligar para minha mãe. E meu pai também. Mas digo ligar para a mãe, porque é com ela que falo mais. Meu pai atende e acaba passando o telefone para ela. Com o passar dos anos, percebi que nossos pais precisam que a gente ligue, que a gente os procure. Então, eu ligo e deixo minha mãe falar, falar, falar. Vou mudar o item para: ver mais meus pais. Estou precisando do contato físico deles. Já estão com uma idade avançada e nunca saberei quando não estarão mais comigo. Somente pai e mãe são capazes de nos dar aquele abraço que tanto precisamos, sem pedir nada em troca. E o dia que se forem, nunca mais teremos aquele abraço quentinho, macio e com cheirinho de amor.
Quando eu saí de casa, foi num ano que meu desejo era exatamente ficar em casa, sozinha, estudando. E fui surpreendida com uma paixão avassaladora. Em menos de três meses já estávamos morando juntos (percebe o que digo sobre a oportunidade bater a sua porta e deixá-la entrar?).
Ter mais tempo para não fazer nada. Ótimo. Adorei. Acho que é a melhor parte do meu dia. Tenho excesso de pensamentos. Preciso ficar sozinha e me organizar. Acho que é quando me torno a melhor parte de mim.
Percebi que, com a proximidade do o fim do ano, nossos corações e mentes ficam mais ansiosos. É quando fazemos um balanço do ano que passou e projetamos para o ano seguinte alguns objetivos. Também é a época que mais sonhamos, com a expectativa de que o ao seguinte será sempre melhor.
Apesar de sempre ouvirmos que tudo tem seu tempo, acredito que podemos ajudar o destino e nos esforçarmos para que nossos objetivos sejam alcançados.
Se não conseguirmos realizar todos nosso projetos no ano seguinte, não nos preocupemos. Sempre terão novos anos novos. E novos ou antigos projetos farão parte da nossa lista de desejos. Com a certeza que o dia que pararmos de sonhar, não precisaremos mais viver.
Feliz 2017 para todos.
Rossana Cantarelli Almeida
É gaúcha de Santa Maria. Advogada e Analista Jurídica da Procuradoria Geral do Estado. Casada com Marcelo há 9 anos. Mãe do Cassio, 5 anos; madrasta do Arthur, 15 anos.
Mesmo quando tudo parecia perfeito em sua vida, alguma coisa a angustiava. Sem saber direito o que era, e em confidências com seu marido, ele lhe disse uma noite: apaixone-se por você!
E foi então que Rossana começou a escrever. Sua história foi tomando forma; personagens, diálogos, dramas iam surgindo na sua mente. Até que nasceu “Apenas Respire – Rock e perfume: paixão no ar”, seu primeiro romance, publicado pela Editora Multifoco e lançado em junho de 2016. Já tem outros dois livros escritos, à espera de publicação.
Agora é colunista do site Rede Sina, com a coluna quinzenal “Contos dos Cantos”, onde escolherá uma música e escreverá um conto embalado por ela.
Encontre o livro da autora em:
http://www.livrariacultura.com.br/p/apenas-respire-46330213
http://editoramultifoco.com.
Também à venda na livraria Athena em Santa Maria.