À DERIVA
Eu só concilio o sono
Nos braços de algum amigo
Novo ou antigo
Novo ou antigo
E o sobressalto me acorda
É esse viver na borda
Que tanto me descompensa
De peito apertado peço
Aos amigos que me apertem
E entre os braços dos outros
Sufoco bem e ruim
E vem um sono sem sonhos
Em travesseiros sem fronha
E uma noite sem fim
Nos braços de algum amigo
Novo ou antigo
Novo ou antigo
Do, ainda inédito, “Do amor e outras brutalidades”
QUARTO EM DESUSO
Na curva perigosa dos quarenta
Glosei desamor. Que dor!
Que pisada bruta sobre a flor
Que não rompeu o tédio
o ódio
o nojo
Meu deus! Por que me abandonaste?
Se sabias que eu não era deusa
Se sabias que eu era frágil
O primeiro amor passou
O segundo amor passou
O terceiro amor,
O pão que o diabo amassou
Vamos, não chores
Guardaste um amor calado
Quase mudo
Que de natural silêncio já não há
Mas tens um cão
Amantes são meninos estragados
Pelo mimo de amar
E não percebem
Somente não percebem
Aquelas palavras duras,
E atos, te golpearam
Nunca, nunca cicatrizam
Mas virão outros
Ficaste gauche na vida
Espiando os homens
Que correm atrás de mulheres
Eu não devia te dizer
Porém meus olhos
Não perguntam nada
Em “Tudo que eu pensei mas não falei na noite passada”
ORIDES
O amor
Capenga de quatro patas
E única mão
Esse amor
Não
TANTA GENTE ME CHAMA
De musa
De deusa
De fusa
Mas não me ama
PUTA
Ninguém mais leva a sério
O seu vitupério
ABAIXO O GERÚNDIO
Lua crescente
Água corrente
O ser e o ente
TRACOX
Hemifumarato de quetiapina