Depois da tempestade
Quando a tempestade vem sem avisar
Ficamos , no instante , paralisadas
Normal ao sentir o vento forte, a chuva grossa e fria
Medo
Nós que estávamos acostumadas no início à brisa suave e perfumada
Depois ao caloriznho morno
Agora a tempestade
Mas uma certeza única
Verdadeira
Assim como a brisa suave passou a tempestade também passa
O que é perene
Em nossa existência
É a lucidez de ser feliz
Nós
Somos muitas
De todas as cores
De todos os pesos
De todos os credos
Credo!
Somos muitas
De tantos amores e desamores
De tinos e desatinos
Não Somos iguais
Mas Somos perfeitas
Na continuidade da luta
Que outras muito, muito antes de nós
Iniciaram a abrir caminho
Pra nossas vozes.
Pra nossos gritos
Por liberdade
Por Igualdade
Por respeito
Nós
Mulheres
Somos muitas
Nessa luta que às vezes parece infinita
Por vezes querem nos atropelar
Às vezes teimam em esquecer
Que Somos muitas
Somos fortes
Somos mães
Professoras
Donas de casa
Policiais
Arquitetas
Advogadas
Recicladoras
Lutadoras
Somos tantas
Somos Nós
Somos Mulheres
Perdas
Não se perde o que não se tem
Que perder é esse?
Eu não o tenho
Você não me tem
Vou deixar você me perder
Aliás, já perdeu,
Nos perdemos em momentos atrás
Agora não adianta mais
Quando se perde, perde-se
– Se perde sempre aos poucos –
Tão aos poucos que,
Muitas vezes não se percebe
Às vezes não se quer perceber
Mas o resultado é inevitável
Nos perdemos na ânsia de não perder
Na ânsia irracional de segurar
Não é Não
Lá vem o jardineiro que jnsiste em querer me regar
Eu já disse não
Estou bem assim
Desconfio que ele seja surdo
Não ouve meu NÃO
Lá vem o jardineiro querendo me regar
Desconfio que ele nunca escuta o que falo
Nem as outras que também disseram não
Sai fora Jardineiro não ouviste Não
Só me resta gritar mais alto
Mais e mais
Não, significa não
Simples assim
Advérbio de negação
Desinteresse
Não digo não por “charme”
Se quisesse dizia sim
Então abre bem os ouvidos
Jardineiro
NÃO
Voo
Não tente me prender
Vou escapar
Pelos vãos dos seus dedos
Não tente me prender
Sou pássaro livre
que gosta de voar
Nem gaiolas nem argolas
me seguram
tenho ânsia de voar
mas posso voltar
se você me libertar…
Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.
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