IN/SUFICIÊNCIA
quem sabe tudo
é bobo, marido
propenso a corno,
espia o celular
do par co’o curvo
bico de corvo:
não pode indagar
um ovo, morre
mudo a gritar
socorro, receia
um transtorno,
acha que não,
mas é o supertolo.
PERGUNTA
O sábio
que sabe
o que sabe
e sabe
o que não sabe,
sabe que sabe
o que sabe
e sabe
que não sabe
o que não sabe,
disse suposto
sábio, mas
visto o saber
e o não saber
excitarem
ainda
mais saber
e não saber,
entre suas
sabenças
saberia que
não se sabe
o que se sabe
antes de
exercer
na prática
a suposta
sabedoria,
nem se sabe
o que não
se sabe
antes da
tentativa
de fazer
o que não
se sabia,
ou tal sábio
não saberia
que o povo
do sabiá
bem sabe
que o sabiá
sabe assobiar
um baita
assovio
sem saber
que sabe
nem que
não sabe?
UM GIRO
Caro vate, então achas justo,
para seguir com a vil derrama,
que se derrube a raça humana
no estreito catre de Procusto?
Sidnei Schneider é poeta, ficcionista, tradutor e ensaísta. Publicou De rua e sangas, Andorinhas e outros enganos, Quichiligangues, Plano de Navegação, Versos Singelos-José Martí. 1º lugar em poesia, Concurso Talentos, UFSM, 1995. 1º lugar, Concurso de Contos Caio Fernando Abreu, UFRGS, 2003. Troféu Açorianos Divulgação Literária, Prefeitura Porto Alegre, 2008. Editor do projeto Ler para ver além, que distribui 10.000 livretos por edição, com debates nas escolas públicas, da UMESPA. Residiu seus primeiros 21 anos em Santa Maria, vive em Porto Alegre.