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3 poemas de Sidnei Schneider

 

IN/SUFICIÊNCIA

quem sabe tudo

é bobo, marido

propenso a corno,

espia o celular

do par co’o curvo

bico de corvo:

não pode indagar

um ovo, morre

mudo a gritar

socorro, receia

um transtorno,

acha que não,

mas é o supertolo.

 

PERGUNTA

O sábio

  que sabe

o que sabe

  e sabe

o que não sabe,

  sabe que sabe

o que sabe

  e sabe

que não sabe

  o que não sabe,

disse suposto

  sábio, mas

visto o saber

  e o não saber

excitarem

  ainda

mais saber

  e não saber,

entre suas

  sabenças

saberia que

  não se sabe

o que se sabe

  antes de

exercer

  na prática

a suposta

  sabedoria,

nem se sabe

  o que não

se sabe

  antes da

tentativa

  de fazer

o que não

  se sabia,

ou tal sábio

  não saberia

que o povo

  do sabiá

bem sabe

  que o sabiá

sabe assobiar

  um baita

assovio

  sem saber

que sabe

  nem que

não sabe?

UM GIRO

Caro vate, então achas justo,

para seguir com a vil derrama,

que se derrube a raça humana

no estreito catre de Procusto?

 

Sidnei Schneider é poeta, ficcionista, tradutor e ensaísta. Publicou De rua e sangas, Andorinhas e outros enganos, Quichiligangues, Plano de Navegação, Versos Singelos-José Martí. 1º lugar em poesia, Concurso Talentos, UFSM, 1995. 1º lugar, Concurso de Contos Caio Fernando Abreu, UFRGS, 2003. Troféu Açorianos Divulgação Literária, Prefeitura Porto Alegre, 2008. Editor do projeto Ler para ver além, que distribui 10.000 livretos por edição, com debates nas escolas públicas, da UMESPA. Residiu seus primeiros 21 anos em Santa Maria, vive em Porto Alegre.

 

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