Quando nascemos, o cenário da vida é amplo e imensurável.
Ele é, por essência, ilimitado, pois a não existência de conhecimentos prévios, transforma-se num caleidoscópio de infindas possibilidades, ou seja, ao nascer…
No início, não haviam portas
Quando nascemos, o cenário da vida é amplo e imensurável.
Ele é, por essência, ilimitado, pois a não existência de conhecimentos prévios, transforma-se num caleidoscópio de infindas possibilidades, ou seja, ao nascer, não existem portas a serem abertas ou fechadas, pois elas ainda não existem em nossas cognições.
No entanto, com o passar do tempo, o que antes era uma paisagem sem fronteiras, começa a ser estruturada por tradições culturais, dogmas religiosos, heranças sociais, modelos político-econômicos, arquétipos comportamentais, paradigmas sexuais, padrões emocionais, e tantas outras portas influenciam e definem a maneira como vivemos nossas vidas.
E, depois de apresentar toda a parafernália existente e embutir a mente inocente, curiosa e aberta das crianças e dos jovens, o sistema começa a parte mais nefasta de seu processo de padronização cerebral que é a criação de uma metodologia de julgamentos para cada uma das portas que eles fabularam, ou seja, se a porta estiver de acordo com o status quo, ela pode, ou melhor deve, ser aberta e adentrada, mas, por outro lado, se porta está no selo das proibidas ela deve ser evitada, deve ser ignorada e veementemente vilipendiada.
E, como resultado deste frequentemente restritivo modelo social, nascem os medos humanos, os receios coletivos, os complexos individuais e as confusões e distorções existenciais, os quais são tão intensos e sagazes que vão minguando o mundo de possibilidades pessoais desde o ilimitado inicial até um estreito, doloroso e, às vezes, perverso tubo de pouquíssimas opções de escolhas e de estilos de vida visto que esse mundinho é restrito por portas que são proibidas, são indecorosas e são infames.
Como consequência, portas que, para certas pessoas seriam a entrada para um novo mundo de criatividade, de aventuras, de originalidade, de amor, de expansão e de transformação jamais são abertas e, como consequência, a vida se torna um enfadonho anfiteatro de mágoas, de arrependimentos, de insatisfações e de rancores.
No entanto, no grande esquema da vida, é importante estar ciente de que as portas são invenções humanas, pois no cenário original elas não existiam.
Portanto, cabe a cada indivíduo o discernimento, a coragem e liberdade de reescrever a sua singular jornada desprovida de portas que não lhe servem, desnuda de portões que limitam o seu potencial e desatravancado de fachadas que confinam a plena manifestação dos sonhos, das emoções, dos sentimentos e da inteligência individuais.
PS: Para citar este Pensamento:
Cargnin dos Santos, Tadany. No Início, não haviam Portas.
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