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ENTREVISTA: RODRIGO RICORDI

Por Melina Guterres da REDE SINA

A minha sina é aprender. Não tem um dia na vida que eu não aprenda ou não busque aprender alguma coisa com alguém.

Rodrigo Ricordi, jornalista e fotógrafo de Santa Maria-RS, é o entrevistado de hoje. Por insistência de uma amiga que pediu para ser fotografada, nasceu uma forma de ver o corpo feminino que hoje tem nome: “Projeto Janelas”. Fotografar mulheres sem programas de edição que alterem a naturalidade do corpo é um dos seus objetivos.  “A beleza não é ditada por mim, e não deveria ser ditada por uma revista de mulher pelada, por uma propaganda de cerveja ou de lingerie.” diz Ricordi.

Nesta entrevista, ele conta do surgimento da fotografia na sua vida, os possíveis constrangimentos em relação à nudez, a colaboração da namorada nos ensaios, a percepção da melhora da autoestima das clientes com os ensaios, entre outros muitos aspectos. Inevitavelmente, acaba entrando em questões bem femininas como o questionamento e aceitação do próprio corpo.

“Eu retrato pessoas. Não consigo aceitar que, num passe de mágica, eu fotografe uma pessoa e entregue para ela uma foto que já não é mais ela. Sobre defeitos, a gente precisa parar e pensar e conversar: que defeito? Quem disse que é defeito?”, questiona ele que também se diz ansioso por  fotografar pessoas de diferentes gêneros.

Além de realizar ensaios sensuais, Ricordi já escreveu sobre cultura para jornais locais, é ativista na área cultural, gosta de fotografar show e peças de teatro. “Se um dia, daqui há alguns anos, falarem “lembra daquele show que teve na Concha Acústica?”, eu vou ter a foto. Isso é ótimo. É um documento da nossa geração e das nossas lutas.”, afirma.

Confira a entrevista:

REDE SINA: Quem é o Rodrigo Ricordi?

Rodrigo Ricordi. Foto by Walesca Timmen
Rodrigo Ricordi. Foto by Walesca Timmen

RODRIGO RICORDI: Falar sobre mim é um desafio imenso. Eu, uma vez, me defini como um cara que vive a vida tentando entender o que me rodeia. Mas enquanto não está tentando resolver essa equação, o Rodrigo é um cara amigo, uma pessoa interessada em ajudar os outros, uma pessoa interessada em contar histórias, em ler histórias. Tem uma parte desse Rodrigo que é sci-fi, que consome arte Pop, que lê quadrinhos e assiste desenhos de super-heróis. E, no meio disso tudo, ele ainda trabalha, namora e adora estar sempre rodeado de gente.

REDE SINA: Você começou muito a se interessar por fotografia? Como isso ocorreu?

Eu sempre gostei de fotografar. Desde pequeno. Não que eu tenha um acervo de 20 anos de fotografia, claro. Mas sempre gostei de levar uma câmera quando ia viajar. Depois o tempo foi passando e, eu aprendi teoria e técnica no início da faculdade de jornalismo. Ganhei uma câmera Canon analógica de presente de um tio que trabalhou com fotografia. Nessa época eu era bastante envolvido na cena cultural da cidade e comecei a fotografar shows e manifestações na rua. Depois eu conheci a Carolina (minha namorada, em 2010), que tinha uma câmera e já tinha trabalhado com fotografia. Aí eu comecei a me aventurar mais, e as pessoas começaram a gostar do que eu fazia.

fernandaAí a gente começou a fazer uns ensaios de amigas. Funcionou. Tanto que a gente abriu uma empresa (a Casarão 758), junto com a Walesca Timmen. Vendemos muitos ensaios. Mas não eram necessariamente sensuais, fazíamos famílias, crianças, aniversários, formaturas, foto de
empresas. Nos mantivemos de fotografia durante quase um ano. Aí a gente acabou parando de fazer, resolvemos seguir outros caminhos. E parei um bom tempo. No início de 2016 uma amiga, a Fernanda Rorato, praticamente me obrigou (brincadeira) a fotografá-la. Fiz as fotos e o resultado ficou muito bom. Desde então eu resolvi fazer ensaios naquele formato que surgiu durante as fotos da Fernanda. As fotos renderam, daí convidei outra amiga e outra e outra, e o retorno foi ótimo. Recebi muitos elogios. Aí estou até hoje fotografando esse “projeto” que eu chamo de “Projeto Janelas”.

 

REDE SINA: Quais suas influências? Como elas de inspiram e influenciam no teu 12755229_10208674408199712_1444301318_otrabalho?

Falar em influência na fotografia é difícil, porque tem tanta coisa. Hoje a gente não sabe nem quem se inspira em quem. A facilidade da tecnologia proporcionou isso. E eu também não vou citar os medalhões (Cartier-Bresson, Sebastião Salgado etc) porque eu não me enquadro no ramo deles. Eu sou um fotógrafo autodidata, praticamente.

Mas tem uns caras que eu gosto muito como o Henrique Cesar e o João Guedes. São dois fotógrafos que acompanho. Eles mandam muito bem na luz e nas composições das fotos deles. E eles tem um trabalho mais voltado para o que eu desenvolvo também.

Tem a Camila Cornelsen que tem o projeto “X Real”, que é uma maravilha. O jeito que ela vê a fotografia feminina. Eu acho o trabalho dela o melhor do Brasil nesse estilo. É um grande exemplo pra mim.

 

REDE SINA: Quando e como iniciaram as suas primeiras experiências profissionais? Por que fotografar as mulheres? Por que o ensaio sensual?13383352_10209593786863604_1786335504_o

No início eu não tinha um propósito definido para dizer que queria fotografar mulheres. Eu não tenho, na real. Eu fotografo mulheres porque eu achei que a minha ideia poderia ajudar alguma mulher que estivesse se sentindo mal com o corpo dela. Depois de muitas conversas com amigas, com mulheres que fotografei, consegui entender para mim e explicar para os outros que esse trabalho não é só sobre mulheres. Eu não tenho a pretensão de fotografar só mulheres (de verdade). Eu quero fotografar pessoas. E por meio da conversa, por meio da sessão de fotos e por meio do resultado, trazer a essa pessoa, a esse ser humano, um olhar diferente sobre ela. Eu estou muito ansioso para que alguém de outra identificação de gênero me procure e/ou aceite um convite para uma sessão.

O “sensual” é uma característica que acabou ficando. Porque eu pensava, e ainda penso, em retratar as pessoas da forma mais íntima possível. Na própria casa e com a roupa que ela escolher. O ensaio sensual é uma forma de abrir um pouco a cabeça. A gente vive num mundo muito careta. É um desafio para quem está na frente da câmera, mas também é algo libertador. A gente não gosta que nos digam o que não podemos fazer. Só o fato de uma pessoa ficar praticamente sem roupa na frente de um fotógrafo já vale toda a história. A nudez é tabu. A nudez é padrão. Eu quero ajudar a quebrar, pelo menos tirar uma lasca desse tabu.

O público que “consome” as minhas fotos é na maior parte feminino. A última vez que vi, 73% de curtidas no meu Facebook era de mulheres. Eu trabalho com a ideia de que faço foto para a pessoa, para que mulheres vejam e se inspirem, se libertem de estigmas e padrões. Se o “sensual” objetifica a mulher? Depende do freguês. Os homens são criados em meio a uma indústria pornográfica que invade a mente deles, que objetifica a mulher, que diminui a mulher. Eu quero mostrar mulheres fortes e poderosas nas minhas fotos. Mulheres que olham de cima, do mesmo nível e, não de baixo.

REDE SINA: Você não usa algum programa de edição para corrigir os defeitos delas? Caso não é por uma causa, propósito? Qual? O que é beleza? Como você busca a beleza na fotografia?12952846_10209128420309731_1578467267_o

Eu retrato pessoas. Não consigo aceitar que, num passe de mágica, eu fotografe uma pessoa e entregue para ela uma foto que já não é mais ela. Sobre defeitos, a gente precisa parar e pensar e conversar: que defeito? Quem disse que é defeito? Tem um monte de gente com um ótimo trabalho de edição, retoque e tudo mais. Tem gente que fica rico com isso. Eu respeito. Mas a minha ideia de foto e o que fazer com esse trabalho não é convencer que as pessoas são o que elas não são. Eu quero mostrar para ela que ela é linda, do jeito dela, com o sorriso dela, com a pose dela, com a postura dela. E é isso que é beleza e como eu busco a beleza na fotografia. A beleza não é ditada por mim, e não deveria ser ditada por uma revista de mulher pelada, por uma propaganda de cerveja ou de lingerie. A beleza da pessoa está dentro dela, na atitude. E, principalmente, no fato de ela ver a si mesma com olhos mais amorosos.  A minha foto boa é a foto em que a pessoa está mais completa, de corpo e alma dentro do quadro. Fora o tratamento de cor que faço nas minhas fotos, que é uma coisa que eu faço mesmo.

REDE SINA: Acha que as mulheres se sentem à vontade com o próprio corpo? Acredita que a fotografia é um instrumento para que se sintam? Como se dá esse diálogo?268582_584807941686874_7044561083217599647_n

É difícil generalizar. Proibido, na verdade. Cada ser humano tem uma vaidade diferente. Eu costumo sempre conversar e tentar explicar que a gente é bonito, mesmo que haja um outdoor na esquina dizendo o que a gente deve achar bonito. A melhor ea  pior invenção do homem foi o espelho. A gente olha no espelho procurando aquele padrão estabelecido pela TV e pela publicidade. A gente olha no espelho para arrumar o que a gente acha que tá feio, se a roupa tá bonita, de o cabelo está ok, se a maquiagem está ok. Na foto, as pessoas se olham de uma forma diferente. Por isso eu prefiro fazer foto quase sem maquiagem. Mas nada é obrigatório. Quanto mais à vontade a pessoa estiver, melhor o resultado fica.

E eu tenho tido um retorno fantástico sobre melhora da autoestima, sobre se gostarem mais, tipo “poxa eu sou bonita mesmo, hein”.

REDE SINA: O que fotografia, poesia e música possuem em comum? Quando você faz um ensaio é em silêncio ou com música?14191471_10210362046709620_1348005238_o

Uma foto pode ser poética, assim como uma poesia vira música. A poesia nada mais é do que espessar um sentimento, um momento em forma escrita. Uma foto faz isso. Acho que algumas vezes um retrato pode ser visto como uma poesia sobre uma pessoa. Foto tem muito sentimento além de técnica. Eu experimento fazer fotos com e sem música. Depende muito do clima. Mas não costumo escolher músicas ambientais para ensaios. A não ser que a pessoa ache necessário. Como eu costumo fotografar pessoas que não conheço ou conheço muito pouco, o silêncio pode ser constrangedor às vezes. Mas varia de pessoa para pessoa.

REDE SINA: E quanto ao resultado dos ensaios, como são as reações? Trabalha sozinho ou com equipe?ko

Eu costumo fotografar sozinho. Eu e a pessoa. Faz parte da metodologia. Tem pessoas que se sentem mais tranquilas com outras pessoas junto. A questão do assédio sexual é bem perigosa. Tem mulheres que preferem outra mulher junto ou alguém de confiança delas. Eu jamais me oporia. A Carolina, minha namorada, vai junto às vezes. Ela também me ajuda muito nessa questão de como lidar. Me ajuda a selecionar fotos, me ajuda a entender esse universo feminino. Eu acho ótimo, porque ela é uma ótima fotógrafa, uma mulher bem decidida e empoderada. Acaba acrescentando muito para todos.

 

REDE SINA: Quais projetos futuros? Pensa em ensaios masculinos?12787061_10208702453300822_928035583_o

Eu ainda não trabalho somente com fotografia. É um mercado difícil de encaixar, de se manter. Mas pretendo daqui uns anos tentar dar esse passo. Ainda não tenho essa segurança. Sobre fotografar homens, estou querendo o desafio. É um outro olhar, eu acho. Outro tabu, tem preconceito e tudo mais. Acho que é uma questão de alguém topar. Mas nunca não esteve nos meus planos.

 

REDE SINA: Você também fotografa o cotidiano, eventos. O que mais lhe chama atenção?

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Eu adoro fotografar shows e peças de teatro. É outra pegada, é mais dinâmico, tem que ter a sensibilidade do momento certo, da luz, da cena. E eu gosto de ver um monte de gente junto num mesmo lugar. Registrar esses momentos, ainda mais aqui em Santa Maria, no espaço público, em função da arte. É um momento de lazer, mas que eu levo a câmera. Se um dia, daqui uns anos, falarem “lembra daquele show que teve na Concha Acústica?”, eu vou ter a foto. Isso é ótimo. É um documento da nossa geração e das nossas lutas.

REDE SINA: E o jornalismo? Atua? Gosta? Que influência ele tem na construção do teu olhar?

Eu trabalho com jornalismo também. Trabalhei como repórter de cultura nos dois jornais da cidade. Hoje estou num novo desafio que é assessoria de imprensa. Sou jornalista da Comunicação da prefeitura. É um trabalho que eu ainda não tinha feito profissionalmente e apareceu a oportunidade.

O jornalismo de qualquer forma é contar histórias. Tu precisa desenvolver a tua maneira de ver o mundo, de forma mais detalhada, entrar e entender o que se passa no micro e no macro. Acho que a fotografia também é assim.

REDE SINA: Fotografar é…

Apertar o botão de disparo (brincadeira). Fotografar é quase um momento metafísico. Um clique dura menos de um segundo e pode mudar uma vida, uma história. Fotografar é guardar um pedacinho da história do mundo num quadro.

REDE SINA: Qual é a sua sina?

A minha sina é aprender. Não tem um dia na vida que eu não aprenda ou não busque aprender alguma coisa com alguém.

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Contato com Rodrigo Ricordi:
Fone: (55)91594537
E-mail: rodrigoricordi@gmail.com
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