Arquivos racismo - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/racismo/ Comunicação fora do padrão Tue, 24 Oct 2023 19:56:33 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos racismo - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/racismo/ 32 32 25/10 – QUA – 18H30 | LANÇAMENTO DO LIVRO ENGASGOS DE MEL INQUIETA https://redesina.com.br/25-10-qua-18h30-lancamento-do-livro-engasgos-de-mel-inquieta/ https://redesina.com.br/25-10-qua-18h30-lancamento-do-livro-engasgos-de-mel-inquieta/#respond Sun, 22 Oct 2023 07:58:15 +0000 https://redesina.com.br/?p=120185 Na próxima quarta, dia 25, a partir das 18h30 no Mojju Gastro Pub (R. Duque de Caxias 927, entre Venâncio e Andradas) será lançado o livro de poemas “Engasgos” da Mel Inquieta (Melina Guterres), jornalista e fundadora da Rede Sina. O livro chamado pela autora de “Manifestos” traz versos/protestos.  O lançamento conta com mostra de …

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Na próxima quarta, dia 25, a partir das 18h30 no Mojju Gastro Pub (R. Duque de Caxias 927, entre Venâncio e Andradas) será lançado o livro de poemas “Engasgos” da Mel Inquieta (Melina Guterres), jornalista e fundadora da Rede Sina. O livro chamado pela autora de “Manifestos” traz versos/protestos.  O lançamento conta com mostra de arte, leituras dos poemas e show de Paola Mattos e Erick Côrrea. O restaurante ainda vai oferecer em seu cardápio uma nova opção o “Caldinho de Feijão da Mel Inquieta”, em homenagem a autora que gosta muito de caldos. As reservas podem ser feitas pelo whats 55991319422. A entrada gratuita até às 21h, após, couvert de R$ 8,00.

Engasgos é o sexto livro publicado através da parceria da Rede Sina com a editora Bestiário. Tem apresentação da Taiasmin Ohnmacht. “Mel parece nos dizer que, para alcançar um final tranquilo, é preciso ser inquieta, pois há muita luta para quem tem por horizonte a igualdade e a justiça social. Engasgo traz um convite: sejamos flores, mas de aço”, diz.  Na orelha feita pela Mária Rita Py ela lembra “no poema que dá nome à obra, a autora transborda indignação e empatia.(…). Nas dores de afro-brasileiras, de prostitutas, trans ou gays, exercita sabedoria”.

No pósfácio do João do Corujão, “Ouso dizer que Melina, tão afetuosa nas suas relações interpessoais, exercita o fazer poético com a mesma força de Conceição, Elisa Lucinda ou outras manas que fazem das suas palavras as potentes ferramentas para criar outros mundos possíveis, sem permitir que esqueçamos os horrores que clamam por justiça e mudanças de atitudes.”, afirma João.  E a Rozzi Brasil que assina a contra-capa conclui. “Engasgos é um grito contra os preconceitos que aprisionam.

Mel conta que estava com outro livro quase pronto, quando decidiu que seu primeiro livro individual deveria trazer mais a voz das suas indignações.

“Parecia um erro começar de outra forma que não essa. Tem poemas de 2005 à 2023, quando consegui decidir que o foco estava mais nos prostestos que propriamente nos versos, nasceu o livro”.

Sobre assinar com o nome artístico, ela diz que o nome nasceu em um momento de muita indignação, “então nada mais próprio que usar ele neste livro.”. Melina também publica seus poemas na sua conta no instagram @poesiacommel . Outras atividades e escritos dela podem ser encontrados em: https://redesina.com.br/melinquieta/ 

Engasgos teve pré-lançamento na 12ª Sina Poética no dia 5/10 e ttambém deve ser lançado em novembro em Porto Alegre e participar de uma série de circuitos (confira abaixo).

Para compras online basta acessar o site da editora Bestiário clicando aqui. 

25/10 – QUARTA-FEIRA – LANÇAMENTO EM SANTA MARIA

18h30 às 20h – Sessão de autógrafos
20h – Fala da autora. Espaço aberto: leituras dos poemas e comentários
21h às 23h – Show Paola Mattos e Erick Corrêa
No bar e restaurante Mojju Gastro Pub (R. Duque de Caxias 927, entre Venâncio e Andradas)
Entrada free até às 21h, após couvert R$ 8,00.

 

 

CIRCUITO ENGASGOS E OUTROS LIVROS DA PARCERIA REDE SINA/BESTIÁRIO:

Em Porto Alegre:
04/11 – 19h – 13ª SINA POÉTICA | TABLADO ANDALUZ (sarau e banca) | Av. Venâncio Aires 556ª. Cidade Baixa
10/11 – 14h – Instituto Caldeira.

Em Santa Maria:
24/11 – 14ª Sina Poética Orgulho Negro | Boteco da Maré | Visconde de Pelotas, 984
08/12 – sexta -19h – Atêlie da Gare | GARE
12/12 – terça – 19h – 15ª SINA POÉTICA | especial autores Sina/Bestiário com leitura dramáticas | Mojju Gastro Pub | Duque de Caxias, 927 |
18/12 – seg – 19h – Confraria Gastro beer | Bozzano, 695 |
22/12 – sex – 199 – Easy Going | R. Duque de Caxias, 984

DEPOIMENTOS COMPLETOS SOBRE O LIVRO EM:

LIVRO: ENGASGOS DE MEL INQUIETA

 

 

 

COMPRAS ONLINE EM:

https://bestiario.com.br/livros/engasgos.html

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O Racismo Ambiental e a sua interface diária com o Racismo Estrutural por João Heitor Silva Macedo https://redesina.com.br/o-racismo-ambiental-e-a-sua-interface-diaria-com-o-racismo-estrutural-de-todo-dia-por-joao-heitor-macedo/ https://redesina.com.br/o-racismo-ambiental-e-a-sua-interface-diaria-com-o-racismo-estrutural-de-todo-dia-por-joao-heitor-macedo/#respond Tue, 11 Jul 2023 16:48:04 +0000 https://redesina.com.br/?p=47706 Poucos sabem o que é Racismo Ambiental, mas muitos sentem seu efeito diariamente e são os mesmos que dia após dia sofrem com as mazelas do Racismo Estrutural. São duas facetas de um mesmo problema estruturado há séculos em nossa sociedade e que a cada dia ganha contornos extremos de violência e desumanização ou degradam …

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Poucos sabem o que é Racismo Ambiental, mas muitos sentem seu efeito diariamente e são os mesmos que dia após dia sofrem com as mazelas do Racismo Estrutural. São duas facetas de um mesmo problema estruturado há séculos em nossa sociedade e que a cada dia ganha contornos extremos de violência e desumanização ou degradam o meio ambiente e, por consequência, a vida humana.

O Racismo Ambiental, termo que tem se tornado cada vez mais comum nas rodas de debate entre ambientalistas, acadêmicos e gestores públicos, é um problema que precisa de um olhar atento, pois o Racismo Ambiental é o termo utilizado para identificar  a degradação ambiental sofrida por Comunidades Quilombolas, Comunidades Indígenas e comunidades periféricas por se enquadrarem em um setor da sociedade que recebe esses danos  causados pela poluição ambiental, pela falta de saneamento básico e descarte irregular de resíduos.

Cunhado na década de 80 pelo afro-ativista Benjamin Franklin Chavis Jr, um dos lideres na luta pelos direitos civis nos anos 60 junto com Martin Luther King, o termo surge em meio à própria luta do Movimento negro estadunidense e ganha contornos mundiais a medida que o século XXI aprofunda as desigualdades e os danos ambientais, impactando diretamente as populações vulneráveis.  Em meio a esse cenário, ainda no início dos anos 80,  um fato desencadeia uma ação protagonizada pelo Movimento Negro na Carolina do Norte quando um levante foi organizado como reação à implantação de um aterro de resíduos tóxicos. Deste contexto emerge uma realidade que se encontra com o estruturalismo do racismo.

Silvio Almeida, atual Ministro dos Direitos Humanos escreveu em 2017 uma obra fundamental para entender a sociedade brasileira. Seu livro “Racismo Estrutural” descortina problemas fundamentais de um país que se sedimentou em elementos de uma herança colonial que consolidou em nossa realidade pilares que vão da economia a política deixando em nossa história da educação as mazelas de uma violência estrutural baseada nas relações escravistas de outrora. O Racismo estrutural no Brasil tem um DNA fundamentado em uma história secular de exploração econômica e consolidação de estruturas que desde o século XX recebem contornos de um abismo social com enormidades fatais.

Neste contexto, estabelecendo uma relação estrutural entre as origens dos dois conceitos, é importante perceber que a crise ambiental não atinge a todos de forma igualitária, pois as populações em maior situação de vulnerabilidade são aquelas que tem menor acesso a políticas públicas de saneamento e estão em regiões gravemente atingidas pela degradação ambiental causada pelo descarte de resíduos em regiões urbanas precarizadas.  Os dados não por acaso demonstram que as populações negras são diretamente mais afetadas pelos efeitos do Racismo Ambiental, populações essas herdeiras das estruturas seculares do racismo.

A relação direta entre a poluição e os problemas estruturais denunciados por Silvio Almeida desde 2017 se materializam em altos índices de poluição em Comunidades Quilombolas e Indígenas que sofrem pelo uso de agrotóxicos nas lavouras  e pelo assoreamento dos rios ou, ainda, em comunidades periféricas que vivem em meio à insalubridade das periferias urbanas que recebem os dejetos da industrialização. Essas realidades refletem a injustiça ambiental elemento determinante para o Racismo ambiental, onde as camadas menos favorecidas sofrem diretamente com os danos ambientais.

Durante a pandemia de Coronavírus estudos realizados por pesquisadores da Unipampa, Campus São Borja, revelaram que a pandemia atingiria de maneira fatal prioritariamente a população negra e as causas eram relacionadas a questão do saneamento básico e, consequentemente, ao Racismo Ambiental. Tal relação criou um debate que encontrou eco na tese do filósofo africano Achille Mbembe sobre Necropolítica que fala justamente da questão da injustiça social e a relação com a morte da população negra.

Essa equação que envolve os problemas estruturais herdados de nossa tradição moderno-colonizadora é um efeito nefasto da evolução desenfreada de mecanismos de controle, exploração e devastação do meio ambiente para suprir a necessidade materialista de produção de bens de consumo no sistema econômico.

Na mesma esfera do Racismo Estrutural o Racismo Ambiental deve ser combatido, pois há uma equação que não fecha, pois nossos bens naturais são finitos, como a vida humana. Ailton Krenak o mais importante intelectual indígena da atualidade vem denunciando o Racismo Ambiental desde a assemblei Constituinte de 1988, quando já naquele momento denunciava os danos ambientais causados pela invasão das terras indígenas por madeireiros, mineradores e caçadores causavam efeitos determinantes para o extermino dos Povos Indígenas.

Krenak, denuncia um padrão humano que se tornou hegemônico em que viver nas cidades industrializados nega a necessidade de preservar o meio ambiente, o mundo do mercado passou a ser o padrão, mas exercitar essa lógica potencializa uma desigualdade social que reflete em um dano ambiental irreversível. Combater o racimo ambiental é também combater a extinção da humanidade em sua essência ancestral.

Esse debate protagonizado por várias lideranças, intelectuais, acadêmicos e o próprio movimento social tenciona para o protagonismo de uma nova lógica que entenda a questão ambiental como um todo que emana de nossa própria existência. Pensar o meio ambiente é pensar nossa ancestralidade, pois é nela que se alicerça os princípios de uma humanidade que é, pisa, circula, bebe e vive o planeta e entender que nós somos o planeta e fazer parte de uma lógica circular ancestral dá sentido a nossa existência desde sempre.

 

Foto: Reprodução/ redes sociais
João Heitor Silva Macedo
Possui Doutorado em História pelo PPGH da UFSM (2018) e Mestrado em História, área de concentração Arqueologia , pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999). Possui graduação em História pela Universidade Federal de Santa Maria (1996) . Foi professor do Magistério público estadual do Rio Grande do Sul, foi professor substituto na UNIPAMPA – São Borja, atuando nos cursos de Ciências Humanas, Ciência Política e Direito. Atuou como Coordenador Pedagógico na 4ª CRE em Caxias do Sul, participou do Núcleo de Educação Indígena da SEDUC/RS, foi professor da Faculdade da Serra Gaúcha em Caxias do Sul, atuando nos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito. Atuou também como professor em pós graduações. Foi Coordenador do Núcleo de Produção Científico Digital da Faculdade da Serra Gaúcha. É Diretor do Museu Comunitário Treze de Maio em Santa Maria, o qual também é co-fundador. Foi Presidente do Conselho Municipal de Cultura de Santa Maria, foi Coordenador do Sistema Municipal de Museus e membro do Conselho de Cultura de Caxias do Sul. Tem trabalhos publicados nas áreas de arqueologia, história, direito, administração, patrimônio e educação.

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O RACISMO REVERSO E O DESAPARECIMENTO DE DOIS HOMENS BRANCOS NO CALÇADÃO DE URUGUAIANA por ROGER BAIGORRA MACHADO https://redesina.com.br/o-estranho-caso-do-sumico-de-dois-senhores-no-calcadao-por-roger-baigorra-machado/ https://redesina.com.br/o-estranho-caso-do-sumico-de-dois-senhores-no-calcadao-por-roger-baigorra-machado/#respond Fri, 24 Mar 2023 21:31:28 +0000 https://redesina.com.br/?p=20423 Esse texto é sobre o desaparecimento de dois homens brancos, evento que ocorreu hoje, no calçadão de Uruguaiana. Mas para falar sobre isso, preciso antes, mudar de país e de época. Tudo começa em Doddsville, cidade estadunidense erguida sobre o delta do Mississipi, na região do Condado de Sunflower. Era um dia de domingo como …

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Esse texto é sobre o desaparecimento de dois homens brancos, evento que ocorreu hoje, no calçadão de Uruguaiana. Mas para falar sobre isso, preciso antes, mudar de país e de época. Tudo começa em Doddsville, cidade estadunidense erguida sobre o delta do Mississipi, na região do Condado de Sunflower. Era um dia de domingo como qualquer outro, com o sol iluminando as plantações de algodão e cana, as lavouras repletas de trabalhadores. Cães e galinhas perambulando na praça central. Charretes indo e vindo. Nas ruas, centenas de pessoas esperavam ansiosas por algum tipo de espetáculo. O ano era 1904.

Mas essa história não começa no domingo, ela inicia quatro dias antes. Vamos voltar um pouco.

Luther Holbert era um homem afro americano que trabalhava numa das tantas plantações de algodão que se multiplicavam ao redor de Doddsville. Num belo dia, o jovem Luther se apaixonou por uma mulher chamada Mary, e que também trabalhava na mesma lavoura que ele. Depois de um tempo, apaixonados, ambos resolveram se casar e foram viver juntos no pequeno casebre de madeira em que Luther vivia. Queriam filhos e, quem sabe, partir da lavoura para outro lugar. O problema é que Mary era ex-esposa de um outro trabalhador da lavoura, seu nome era Albert Carr.

Albert, irritado com a situação, resolveu pedir para que o dono da plantação, James Eastland, intercedesse e acabasse com o casamento de Luther e Mary. Eastland aceitou o chamado, ele era um homem branco, filho de uma família rica e proeminente de Doddsville. Além disso, e essa sim, talvez, a grande motivação de Eastland, parece que Luther Holbert também andava incitando outros trabalhadores à fugirem da lavoura de  James Eastland. Acontece que naquela época a maioria das pessoas trabalhavam por baixos salários, além disso, tinham de comprar comida e pagar hospedagem para o dono da fazenda.  Na maioria dos casos, os trabalhadores da lavoura tinham jornadas extenuantes, sem folga, e sequer recebiam salário, pois tudo ficava como ressarcimento daquilo que consumiam durante o mês. Eles estavam sempre devendo. E se resolvessem ir embora sem pagar o que deviam, seriam impedidos e punidos.

E assim, numa terça-feira de noite, James Eastland e Albert Carr, ambos armados, foram até a casa de Luther e Mari.

Eles queriam dar uma lição em Luther, coisa que ele nunca mais esquecesse. Depois de uma discussão entre os três, uma briga dentro do pequeno casebre se iniciou e eis que começou uma troca de tiros, no fim, apenas o silêncio. No chão da casa, restou apenas os corpos de James Eastland e Albert Carr.

Doddsville ficou em polvorosa, no breu das ruas, pelas esquinas e becos, as pessoas comentavam que, cerca de 3km da cidade, um homem branco havia sido morto por um homem negro. O motivo? Isso não importava. Bastava saber que um homem negro tinha matado um homem branco.  E o pior, era um homem branco, conhecido e rico. Rapidamente um grupo de aproximadamente 200 homens brancos se reuniram e foram até a casa de Luther, chegando lá, não encontraram nem ele e nem Mary. Alguns trabalhadores da fazenda foram torturados, mas ninguém sabia para onde o casal tinham ido.

É que o tanto Mary quanto Luther sabiam o que acontecia com as pessoas negras que eram acusadas de crimes em Doddsville. E assim, os dois saíram num jornada sem trégua pelo Mississipi. Tão logo Eastland e Carr caíram mortos, os dois partiram à pé pela escuridão da noite, andando descalços por pântanos e canaviais. Cruzaram lavouras de algodão, esconderam-se por debaixo de pontes.

A fuga era a única chance que eles tinham.

A notícia da morte de Eastland se espalhou como pólvora pelo condado de Sunflower. Nas cidades vizinhas, Greenville, Ittaben e Cleveland, diversos grupos se formaram para encontrar Mary e Luther. Uma caçada sem precedentes tinha iniciado por quadro condados do Mississipi.

As plantações, os campos e os pântanos, as beiras de rios, tudo tinha sido ocupado por grupos de homens brancos e suas tochas. Os grupos andavam armados, usando cavalos e cães de caça farejadores. E já haviam se passado três dias desde a morte de Eastland e nenhum sinal parecia indicar que Luther e Mary seriam encontrados.

Então, no sábado de manhã, há cerca de 160 quilômetros de distância de Doddsville, aconteceu o que muitos já desacreditavam. Mary e seu marido foram encontrados por um grupo de perseguidores. Os dois estavam exaustos e famintos, dormiam abraçados num pesado sono, deitados sobre uma pilha de madeira recém cortada.

Chegaram em Doddsville no sábado mesmo. A cidade toda estava ansiosa pela chegada de Luther e sua esposa. Será que teriam um julgamento? Ficariam presos? E então amanheceu o domingo. A igreja abriu suas portas, veio a missa, o sermão. As pessoas conversando nas ruas. Era um belo domingo em Doddsville.

No centro da cidade, uma multidão de cerca de 600 pessoas se espremia para ver Mary e Luther. Eles estavam presos por cordas em duas árvores e apresentavam sinais de agressões diversas. Diante dos dois, um grupo de homens empilhava lenhas e gravetos, era a preparação da barbárie. Ao redor do casal, crianças caminhavam comendo ovos cozidos. Mulheres serviam limonada e uísque. Tudo parecia um grande piquenique. As pessoas conversavam e riam.

Num dado momento, Mary e Luther foram obrigados a levantar os braços, de maneira que todos pudessem ver o que aconteceria. Suas mãos foram erguidas e espalmadas, depois, um a um, tiveram os dedos arrancados. Cada vez que um dedo era cortado, o mesmo era distribuído para a população, como uma espécie de suvenir. Mary observou cada dedo de Luther ser arrancado, o mesmo aconteceu com ele.

Um jornal da época, o Vicksburg Evening Post, noticiou com detalhes tudo o que foi feito com o casal Mary e Luther. Depois de terem os dedos cortados, para delírio da turba branca que acompanhava tudo, iniciou uma sessão de espancamento, em especial, de Luther. Ele teve os braços quebrados pelas pauladas, Mary viu tudo. Um dos agressores bateu na cabeça de Luther com tanta força que um de seus olhos foi expulso para fora da órbita. Pendurado, o olho de Luther virou objeto de desejo e foi retirado por um homem com um galho de madeira. Ainda consciente, Luther foi obrigado a assistir sua esposa Mary ser espancada. Luther e Mary tiveram as orelhas arrancadas e jogadas para a multidão. Quando tudo parecia ter terminado, a fogueira foi acessa

Antes, porém, o ritual racista seguiu sua barbárie. Um homem trouxe um grande saca rolhas. Sua ponta foi cravada nas pernas e braços de Mary e Luther, o metal entrava na carne girando lentamente, sob aplausos da platéia e os gritos do casal. E quando o saca rolhas era retirado, ostentava grandes nacos de carne trêmula. Somente então, depois das mais terríveis torturas é que ambos foram desamarrados das árvores. Luther ainda foi obrigado a assistir sua amada ser queimada viva. Os jornais dizem que Luther sequer gritou quando foi jogado na fogueira. A cidade toda estava em festa. Era os Estados Unidos da América em 1904. Estima-se que entre 1880 e 1948, mais de 4.700 americanos negros foram linchados e mortos por brancos nos Estados Unidos.

É que hoje de manhã eu presenciei uma discussão no calçadão de Uruguaiana. Dois senhores, na casa dos 65/70 anos de idade, parados ao meu lado, defendiam a tese do racismo reverso. Falavam que os negros eram mais racistas que os brancos e blá, blá, blá… Como eu estava esperando uma loja abrir as portas para comprar um tapete (meu filho precisava de um tapete para a uma atividade de leitura na escola), rapidamente me coloquei na conversa. Falei uma besteira qualquer, um deles deu risada, e aí eu disse que iria contar uma história para eles sobre racismo. É que sempre que vejo alguém ameaçando um “racismo reverso” numa discussão, eu faço questão de participar do papo e contar essa história, e faço exatamente como fiz no texto, conto detalhadamente. No fim, os dois senhores pareciam meio chocados. Falei para eles que havia muitas imagens e fotografias de pessoas negras mortas nos EUA por linchamento, bastava pesquisar na internet.  Dezenas de imagens de pessoas negras enforcadas, pelo simples fato de serem negras – E sabe o que mais me impressiona? Perguntei. Não são as pessoas sem vidas, penduradas em forcas. O que me deixa impressionado são os rostos tranquilos das pessoas brancas ao redor, homens, mulheres e crianças. Muitas destas pessoas parecem satisfeitas, sorridentes. “Mas isso é uma barbaridade!”, disse-me um dos senhores. – E vocês sabem quem eram os torturadores? Perguntei, novamente. Eles não eram seres do mal, demônios sem alma. Eram “pessoas de bem”, o xerife, o fazendeiro, o padeiro, o pai de família, o bom cristão…

Então, num desafio, pedi para que eles me apresentassem um caso semelhante ao de Mary e Luther, algo que tenha acontecido com um casal de pessoas brancas. Afinal, se o racismo é reverso, como eles diziam, certamente os dois deveriam ter muitos exemplos iguais do “outro lado”: Seja, pessoas brancas, caçadas, presas, linchadas e mortas por pessoas negras. Até hoje ninguém conseguiu me apresentar um exemplo e os dois senhores só engrossaram as estatísticas. Vendo que a porta da loja já estava aberta há um bom tempo, arrematei: O racismo é via de mão única. Não existe “racismo reverso”. O que existe é gente racista e gente ignorante. Para o primeiro caso, resolve-se com cadeia. Para o segundo, com conhecimento. E deixo aqui uma pergunta para vocês mastigarem enquanto eu vou ali pegar o tapete: Quem defende o racismo reverso é racista ou é ignorante?

Acho que a loja já tinha aberto as portas há uns cinco minutos e eu fui correndo pegar o tapete. Não demorei mais do que dois minutos entre entrar e sair do estabelecimento. Estava ansioso para saber se os dois tinham a resposta. Mas os dois senhores, bem, eles já não estavam mais lá, nem eles e nem o “racismo reverso” deles. Como sempre, só restou a história de Mary e Luther.

 

Roger Baigorra Machado é formado em História e com Mestrado em Integração Latino-Americana pela UFSM. Foi Coordenador Administrativo da Unipampa por dois mandatos, de 2010 a 2017. Atualmente trabalha com Ações Afirmativas e políticas de inclusão e acessibilidade no Campus da Unipampa em Uruguaiana. É membro do Conselho Municipal de Educação, do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico do Município de Uruguaiana e é conselheiro da Fundação Maurício Grabois. Em 2020 passou a compor o Centro de Operação de Emergência em Saúde para a Educação, no âmbito do município de Uruguaiana/RS. No resto do tempo é pai do Gabo, da Alice e feliz ao lado de sua esposa Andreia

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Moïse Mugenyi Kabagambe: um Refugiado | por Maria Rita Py Dutra https://redesina.com.br/moise-mugenyi-kabagambe-um-refugiado-por-maria-rita-py-dutra/ https://redesina.com.br/moise-mugenyi-kabagambe-um-refugiado-por-maria-rita-py-dutra/#respond Tue, 08 Mar 2022 15:56:46 +0000 https://redesina.com.br/?p=17727 Maria Rita Py Dutra No Brasil, o ingresso de estrangeiros na condição de refugiados vindos de qualquer parte do mundo foi regulamentado pela primeira vez em dezembro de 1989. Desde então, refugiados passaram a ter o direito de organizarem-se em associações e ingressarem no mundo do trabalho. O aumento da chegada de refugiados no Brasil …

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Maria Rita Py Dutra

No Brasil, o ingresso de estrangeiros na condição de refugiados vindos de qualquer parte do mundo foi regulamentado pela primeira vez em dezembro de 1989. Desde então, refugiados passaram a ter o direito de organizarem-se em associações e ingressarem no mundo do trabalho.

O aumento da chegada de refugiados no Brasil ocorreu após o acirramento da guerra civil em Angola. Vinham em busca de proteção, em virtude de perseguições por questões de “raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados” em seus locais de origem.  Entende-se como refugiado o indivíduo que é obrigado a abandonar sua terra natal, para buscar refúgio em outro Pais em virtude de eminente perseguição e violação de direitos humanos.

Os refugiados contam com o apoio do Acnur, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados que tem por missão proteger os direitos humanos e garantir a sobrevivência, atendendo as necessidades básicas, desde alimentação, saúde, moradia, educação, como até água potável. No Brasil temos também o Conare – Comitê Nacional para Refugiados, um órgão constituído por representantes do Governo Federal e da Cáritas Brasileira, organização ligada à Igreja Católica e à Cáritas Internacional que acolhe migrantes, refugiados e apátridas.

Pois foi neste cenário que Moïse e família voaram da República Democrática do Congo e desembarcam em solo verde e amarelo, orientados pelas mãos protetoras do Acnur, fugindo de massacres e perseguições.   Na bagagem, a certeza de terem ancorado na terra prometida onde mana segurança, liberdade e progresso.  O menino congolês estava com 14 anos, sonhava cursar arquitetura, trabalhar, ajudar a mãe, ser feliz e usufruir do País do Carnaval, da música e do futebol. A imagem que Moïse idealizara do Brasil era aquela ofertada ao mundo, pelo turismo e pela mídia, em especial durante o Carnaval ou campeonatos de futebol: um povo alegre, que canta, torce e dança, aparentemente vivendo em perfeita harmonia. Logo, logo, o tempo se encarregaria de corrigir esta distorção e mostrar a Moïse que para alguns brasileiros, ele sequer gozava da condição humana. É frequente cidadãos negros serem chamados de “macaco” ou  apenas “Negro ou Negra”. E ser NEGRO no Brasil é arriscado! A qualquer momento você poderá levar um tiro, por ser confundido com bandido, assaltante ou traficante.

A sociedade brasileira fecha os olhos e ouvidos às desigualdades sociais e opressões raciais e, com o argumento de “guerra às drogas”, a violência contra negros está normalizada. O crescimento dos índices de mortes, em especial aquele decorrente de “bala perdida”, que atinge nossas crianças, vem ao encontro da política de extermínio a que estão submetidas famílias afro-brasileiras. O linchamento de Moïse, testemunhado por pessoas que nada fizeram para impedi-lo, inclusive se negando a socorrê-lo aciona o sinal de alerta, de que a barbárie institucionaliza-se na terra da promissão.

Em dias tão sombrios, acolher refugiados deveria ser função do Estado e da sociedade nacional, que em 2020 recebeu cerca de 29.000 pedidos de refúgio de pessoas vindas de 113 países. O refugiado chega aqui para ser reassentado e fixar residência.  Quem chega, vem com a esperança de se sentir acolhido, pensa estar ganhando um novo lar, devido ao espirito de humanidade e solidariedade dos brasileiros, como bem falou Chadrac Kembilu Nkusu, primo de Moïse, “o Brasil é uma mãe, o Brasil é a nossa segunda casa, como vai matar um irmão que estava trabalhando?”

 

 

Maria Rita Py Dutra

Ariana, nascida em Santa Maria/RS, filha de Albertino Py e de Lucília de Lima Py. Viúva, mãe da Paty, da Taty Py e avó do Júnior. Professora aposentada, alfabetizadora, pedagoga, escritora e poeta, Mestra em Ciências Sociais dissertou sobre “A Relação entre Capital Cultural e a Consciência Racial de Professoras Negras, atuantes na rede de Ensino de Santa Maria”. Doutora em Educação pesquisou “cotistas negros egressos da UFSM e o mundo do trabalho”. Atualmente faz Pós-Doutorado, pesquisando “Cotistas da
UFSM e a Justiça Social”. Elegeu como objetivo de vida lutar contra o racismo, a discriminação e qualquer forma de opressão. Militante do Movimento Social Negro problematiza o racismo à brasileira, através de histórias infantis, publicando narrativas contendo situações envolvendo preconceito, discriminação e racismo vivenciados pela população afro-brasileira. Atuou no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), no Conselho de Assistência Social (CMAS), em que foi vice-presidente e presidente. Implantou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil no município; foi voluntária no Projeto “O Negro e a Educação” da SEduc/RS; integrou a Equipe Técnica do Museu Treze de Maio, em que coordenou o Núcleo de Ação Cultural Educativa, desenvolvendo o Projeto Construindo a Igualdade Racial através da Literatura. Atualmente atua no GT Negros ligado ao Núcleo de Estudos Contemporâneos do Curso de Ciências Sociais da UFSM e no Grupo de Pesquisa
Memória e Educação- Clio, do Centro de Educação.

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Conexão Social: Racismo e Empoderamento Negro (17/07 – Sáb – 18h) https://redesina.com.br/conexao-social-racismo-e-empoderamento-negro-17-07-sab-18h/ https://redesina.com.br/conexao-social-racismo-e-empoderamento-negro-17-07-sab-18h/#respond Wed, 14 Jul 2021 22:07:49 +0000 https://redesina.com.br/?p=15352 17/07 – Sáb – 18h00 Conexão Social: Racismo e Empoderamento Negro Programa mensal – Edição n° 01 Apresentação de João Vitor Lima Convidados: Maria Rita Py Dutra, Deborá Evangelista, Sérgio Marques e Anaya Yemisi Transmissão em: https://www.facebook.com/redesina https://www.youtube.com/redesina e nesta publicação   Neste sábado, dia 17, às 18h, João Vitor Lima estreia na Rede Sina …

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17/07 – Sáb – 18h00
Conexão Social: Racismo e Empoderamento Negro
Programa mensal – Edição n° 01
Apresentação de João Vitor Lima
Convidados: Maria Rita Py Dutra, Deborá Evangelista, Sérgio Marques e Anaya Yemisi
Transmissão em:
https://www.facebook.com/redesina
https://www.youtube.com/redesina
e nesta publicação

 

Neste sábado, dia 17, às 18h, João Vitor Lima estreia na Rede Sina o programa Conexão Social! Irá conversar com grandes referências da negritude santa-mariense sobre racismo e empoderamento negro.

Com os convidados:

Maria Rita Py Dutra

Escritora, poeta e doutora em educação. Suas obras possuem grande enfoque em empoderar crianças negras, e são baseadas em histórias que ela presenciou e vivenciou ao longo de sua vida. Uma grande ativista do movimento negro, Maria Rita foi uma das responsáveis pela implantação da política de cotas raciais na UFSM. Sétima candidata com mais votos no pleito de 2020, com 2.051 eleitores. Ela trocou de lugar com o colega de partido, o médico Werner Rempel. A dinâmica observa a um mandato compartilhado acordado pelo PC do B. Maria Rita esteve no Parlamento durante o mês de maio e, depois, retornará para mais um mês neste segundo semestre, que ainda não está definido.

Deborá Evangelista

Graduada em Direito pela UNIJUI; Mestre em Direito, Cidadania e Desenvolvimento pela UNIJUI (2005). Especialista em Direito pela IESA Santo Ângelo (1999). Proprietária de Escritório de Advocacia com atuação em todas as áreas do Direito voltado a demandas de minorias sociais. Professora universitária, de pós-graduação e cursos preparatório para concursos públicos e exame de ordem; Coach com enfase na definição, redefinição e alinhamento de carreira. Criadora do Método Afrocoahing para desenvolvimento pessoa e profissional da população Negra; Palestrante motivacional de equipes e lideranças com foco na atuação profissional. Sólida experiência na administração acadêmica, coordenação pessoas e Curso de Direito. Experiência no Magistério Superior nas disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Empresarial, Ambiental e Resolução de Conflitos.

Sérgio Marques

Formado em Relações Públicas pela UFSM, Mestre em Patrimônio Cultural, Assessor de Comunicação do Theatro Treze de Maio e Produtor Cultural. Também escreve para a revista Societá Magazine e produz a live “Afirmações Negras” em seu Instagram.

Anaya Yemisi  (Participação Especial)

Criança Negra Empoderada e Estudante do 4° ano do Ensino Fundamental, Militante do Movimento Negro, Declamadora de Poesias.

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Sobre BBB e Racismo por Maria Rita Py Dutra https://redesina.com.br/sobre-bbb-e-racismo-por-maria-rita-py-dutra/ https://redesina.com.br/sobre-bbb-e-racismo-por-maria-rita-py-dutra/#respond Fri, 09 Apr 2021 01:06:48 +0000 https://redesina.com.br/?p=13943 O episódio protagonizado por João Luiz Pedrosa e o cantor sertanejo Rodolffo Matthaus da Silva Rios, participantes do BBB 21 provocou debates interessantes, permitindo que as pessoas identificassem que Rodolffo teve uma atitude racista, ao comparar o cabelo de João com o do homem da caverna. Subjetivamente o sertanejo poderia estar pensando em “cabelo feio”, …

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O episódio protagonizado por João Luiz Pedrosa e o cantor sertanejo Rodolffo Matthaus da Silva Rios, participantes do BBB 21 provocou debates interessantes, permitindo que as pessoas identificassem que Rodolffo teve uma atitude racista, ao comparar o cabelo de João com o do homem da caverna.

Subjetivamente o sertanejo poderia estar pensando em “cabelo feio”, a partir de um padrão de beleza branco ou “homem da caverna”, evocando o processo de desumanização a que pessoas negras foram submetidas. Basta lembrar os zoológicos humanos, que foram atração na Europa e na América do Norte nos séculos XIX e XX, onde negros, aborígenes e esquimós eram exibidos como peças exóticas, vistos como selvagens ou incivilizados, recebendo centenas de visitantes, inclusive com cartazes nas jaulas proibindo jogar alimentos.

A literatura foi um campo fértil em que personagens pretos ou pardos vivenciam esta desumanização, como a personagem Rita Baiana, em O Cortiço (1979), romance de Aluísio de Azevedo: “Naquela Mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: […] ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viçosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos”…(1979. p. 110-111). O autor se refere à personagem empregando termos do campo da zoologia, como se ela fosse um animal. Outra expressão usada para ofender pessoas negras, em especial em jogos de futebol, é “macaco”. Ao chamar um jogador de futebol de macaco, nega-se a ele a condição humana, reduzindo-o a irracional.

No tocante ao cabelo, crianças negras  quando ingressam na escola são chamadas “cabelo de Bombril”, “cabelo ruim”, “cabelo duro”, “ninho de guacho”, “nega do cabelo duro”, etc., apelidos que fazem parte do cotidiano dos alunos negros. Desde os primeiros dias de escola, o corpo negro é uma fonte de estranhamento: o cabelo, os lábios, o nariz, a cor da pele. São apelidos que machucam, que envergonham, que causam trauma.

O brother João passou por essa experiência de dor, por isso não conseguiu reagir, quando Rodolffo comparou seu cabelo ao do homem da caverna. A reação dos colegas de confinamento, nas redes sociais e a fala de Tiago Leifert reprovando a atitude de Rodolffo, evidenciaram que hoje é inaceitável o discurso racista.  O cabelo black power é um rompimento com os padrões estéticos eurocêntricos, é parte da estética negra como símbolo de beleza, identidade e autoafirmação.

Todas e todos sabemos que “não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Que ações antirracistas você se compromete realizar, a partir do caso João X Rodolffo?

Maria Rita Py Dutra  
Escritora e poeta, por quinze anos foi membro da Casa do Poeta de Santa Maria, CAPOSM, onde participou com poesias e crônicas em todas as antologias da CAPOSM.  Integrou a Equipe Técnica do MTM, onde coordenou o Núcleo de Ação Cultural Educativa (NACE), desenvolvendo o Projeto “Construindo a Igualdade Racial através da Literatura”. Foi “Patrona da Feira do Livro Infantil” de Santa Maria, em 2005 e em 2006, foi  “Patrona da Feira do Livro Infantil” da cidade Agudo e da Feira do Livro da Escola Nossa Senhor das Graças, de Cacequi. Na Universidade Federal de Santa Maria está ligada aos grupos de pesquisa: Núcleo de Estudos Contemporâneos (Necon) e ao  Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Infância, juventude e Famílias (GEPIJUF). Juntamente com o colega de mestrado Cristiano Barrero, foi uma das idealizadoras do GT Negros/NECON/Povo de Clio, do qual é coordenadora.

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Nubank, reconhece erro e amplia ações a favor da diversidade https://redesina.com.br/nubank-econhece-rro-e-mplia-acoes-a-favor-da-diversidade/ https://redesina.com.br/nubank-econhece-rro-e-mplia-acoes-a-favor-da-diversidade/#respond Mon, 26 Oct 2020 05:18:30 +0000 https://redesina.com.br/?p=11373 Não tem como ser inovador reproduzindo a velha cultura incapaz de reconhecer o racismo estrutural. Diante do erro, empresa inicia reparação histórica. A cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira do Nubank, em entrevista ao Roda Viva usou a expressão “não podemos nivelar por baixo” ao se referir a falta de pessoas negras no mercado de trabalho …

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Não tem como ser inovador reproduzindo a velha cultura incapaz de reconhecer o racismo estrutural. Diante do erro, empresa inicia reparação histórica.

A cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira do Nubank, em entrevista ao Roda Viva usou a expressão “não podemos nivelar por baixo” ao se referir a falta de pessoas negras no mercado de trabalho e dentro da própria empresa. A repercussão negativa provocou, reconhecimento do erro, pedido de desculpas e novas ações. “Nosso compromisso agora é desafiar de novo o status quo – desta vez, no campo da diversidade e inclusão racial no Brasil”, disse a empresa em carta oficial.

Confira:

Em entrevista ao programa Roda Viva, na segunda-feira (19), a cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, afirmou que tem dificuldade de encontrar candidatos negros adequados para as exigências das vagas na empresa. 

A jornalista Angelica Mari, da Forbes Brasil, então questiona se esse “alto grau de exigência” não pode ser uma barreira para minorias. A executiva então responde:

“Não dá para também nivelarmos por baixo. Por isso que queremos fazer investimento em formação…”

 

 

Confira a nota oficial da empresas e suas novas ações em favor da diversidade:

“Nosso compromisso agora é desafiar de novo o status quo – desta vez, no campo da diversidade e inclusão”

O Nubank errou

Nosso compromisso agora é desafiar de novo o status quo – desta vez, no campo da diversidade e inclusão racial no Brasil e na América Latina. Veja carta dos cofundadores.

Há sete anos, quando fundamos o Nubank, nosso maior desejo era ter uma cultura com valores muito sólidos.Entre nossos valores mais admirados está Construímos Times Fortes e Diversos. A diversidade foi sempre, sim, parte da nossa cultura.O equívoco foi achar que ter o valor por si só bastava.O erro foi achar que as coisas vão se resolvendo sozinhas, pela própria comunidade de Nubankers, organicamente, sem esforços contínuos e investimentos da liderança.

Ficamos acomodados com o progresso que tivemos nos nossos primeiros anos de vida que se refletia em algumas estatísticas relativas à igualdade de gênero e LGBTQIA+, por exemplo, que, repetidas, mascaravam a necessidade urgente de posicionamento ativo também na pauta antirracista.

Deixamos de nos questionar. Ignoramos o grande caminho que ainda tínhamos pela frente.

Com isso, perdemos a humildade, que sempre foi a característica que nos ajudou a entender velhos problemas com novas soluções e uma mentalidade inovadora.

Erramos.

A diversidade étnico-racial é um desafio muito maior e mais complexo do que imaginávamos.

Passamos os últimos dias em conversas com a comunidade negra de Nubankers, com ativistas negros de fora do Nubank e também com nossos clientes.

Nessas conversas, vimos o quanto precisamos avançar, dentro e fora de casa, com uma agenda de reparação histórica e de combate ao racismo estrutural.

O Brasil tem excelentes profissionais negros em diferentes carreiras.

No Nubank, temos um enorme orgulho da nossa comunidade e pedimos desculpas aos Nubankers negros, ao movimento negro e aos grupos sub-representados por não termos feito mais.

O Nubank precisa ouvir para se transformar. Precisamos de muito mais ações concretas. Queremos aprender sobre raça para liderar nossos times nesta transformação.

Como fundadores, nos comprometemos a ouvir mais e a agir mais. 

Já tínhamos iniciativas focadas em recrutamento e inclusão, mas sabemos que é pouco.

Somos inconformados por natureza, questionamos tudo inclusive nós mesmos. Vamos usar essa característica para recomeçar uma jornada de inclusão racial.

Mas não temos e nem queremos soluções simplistas. 

Por isso, estamos desenhando uma agenda real com ações concretas e ambiciosas de transformação na área de diversidade racial, a qual dividiremos ainda em Novembro com os números do nosso compromisso.

Para criá-la, estamos trabalhando com nossos Nubankers, representantes da comunidade negra, especialistas em diversidade racial, consultores e ONGs.

Para já, acabamos de firmar uma parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) como primeiro passo nessa jornada de aprendizado e transformação. O objetivo é ampliar nosso entendimento sobre o tema, firmar nosso engajamento público e contínuo e acelerar a promoção da igualdade racial no Nubank.

O ID_BR confere às empresas que estão neste caminho o Selo “Sim à Igualdade Racial” no nível “Compromisso”, e o Nubank já está incluso nesse processo. Existe uma agenda a ser realizada e o instituto irá nos acompanhar nessa jornada para darmos sequência no planejamento estratégico voltado à temática racial.

Decidimos também dobrar o tamanho do time interno dedicado a recrutar profissionais de grupos sub-representados em todas as posições e níveis da empresa e reforçar a busca por lideranças negras para nos ajudar nesse processo.

Temos certeza que esse trabalho trará benefícios para o Nubank e para a sociedade.

Esperamos que bancos, fintechs e demais agentes do sistema financeiro entrem nesse movimento conosco para ajudar a mudar a realidade à nossa volta.

Nosso compromisso agora é desafiar de novo o status quo — desta vez, no campo da diversidade e inclusão racial no Brasil e na América Latina.

David Vélez, fundador e CEO do Nubank.
Cristina Junqueira, co-fundadora.
Edward Wible, co-fundador.

São Paulo, 25 de Outubro de 2020

 

https://blog.nubank.com.br/nubank-erramos/?fbclid=IwAR2LYGD2-clT1yy_O_0REGSFs7sjZPELvsLK5EniurmxUF6z5CPveotA8uI

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Falando sobre Racismo e Antirracismo por Maria Rita Py Dutra https://redesina.com.br/falando-sobre-racismo-e-antirracismo-por-maria-rita-py-dutra/ https://redesina.com.br/falando-sobre-racismo-e-antirracismo-por-maria-rita-py-dutra/#respond Sun, 26 Jul 2020 04:00:20 +0000 https://redesina.com.br/?p=9883 Para falar sobre o tema, parto do pressuposto que racismo é um problema do branco. Quem criou o racismo foi o colonizador, que se definiu a ele e a seu grupo étnico como a norma – o normal. Pessoas que não se enquadravam na norma eram vistas como hierarquicamente inferiores, possuidoras de possíveis patologias sociais …

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Para falar sobre o tema, parto do pressuposto que racismo é um problema do branco.

Quem criou o racismo foi o colonizador, que se definiu a ele e a seu grupo étnico como a norma – o normal. Pessoas que não se enquadravam na norma eram vistas como hierarquicamente inferiores, possuidoras de possíveis patologias sociais ou morais, facilmente descartáveis; seriam a exceção. Seriam os racializados. Ao perceber a sociedade desta maneira, o indivíduo é capaz de contabilizar a morte de jovens negros pela polícia nas comunidades, o encarceramento em massa de mulheres negras ou o número de óbitos pela Covid-19, nas regiões periféricas, sem se perguntar o porquê isto acontece.
Outro exemplo ilustrativo seria pensar no seu espaço de trabalho e observar quem são seus colegas. Quem senta à mesa ao lado da sua? É uma pessoa branca? Na sua empresa ou no lugar em que você trabalha, quantos funcionários têm? Quantos são brancos? Quantos são negros? Que funções desempenham os funcionários pretos ou pardos?
Provavelmente, você foi informado que 56,10% da população brasileira, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), se declara negra (preta ou parda), contudo você não encontra representação de negros no Supremo Tribunal Federal, no Congresso Nacional, entre CEO de grandes empresas ou entre professores universitários. A sociedade brasileira não denuncia, não reclama desta falta de representatividade negra. É uma ausência que não causa estranheza, porque ser branco por aqui, é regra. Isto é o racismo (estrutural)! Suponha que na empresa em que você trabalha abriu três vagas e seu chefe pediu-lhe que indicasse prováveis candidatos. Onde você buscará tais candidatos? Provavelmente entre pessoas de sua relação, favorecendo seus companheiros – este comportamento é o que chamamos de racismo cotidiano.
No trato de questões raciais, emprego o termo racismo e a expressão “discurso racista”, como sinônimos, uma vez que o racismo tem a conotação de comportamento, de atitude de ódio ou desprezo contra outro, em virtude de sua origem ou de suas características físicas.
Racismo refere-se também a uma ideologia, isto é, uma doutrina que acredita existir uma raça superior às demais – neste caso, emprego a expressão “discurso racista”. O discurso racista manifesta-se através de expressões da fala (“a coisa tá preta”); de gestos racistas (“imitar o gesto de um macaco coçando o corpo ou cabeça”) ou de sinais (como o sinal de dedos “OK”, apropriado por supremacistas brancos, nos EUA.
Para Adilson Moreira o racismo é “uma série de estratégias de dominação utilizadas pelos membros do grupo racial dominante para manter o status privilegiado dos membros desse grupo à oportunidades profissionais e educacionais, e para manter os grupos minoritários em situação subalterna”. O privilégio branco diz respeito às vantagens que pessoas brancas detêm pela cor de sua pele, que pode ser desde se reconhecer na história oficial reproduzida na escola, se identificar com imagens de livros didáticos ou de estátuas em praças públicas: sempre retratando gente branca. Andar tranquilamente por um supermercado, sem ser importunada por seguranças, ou à noite, caminhar pelas ruas sem passar por abordagem ostensiva da polícia militar, como suspeita de qualquer delito: são exemplos de privilégio branco.
Concordo com Angela Davis quando afirma que “numa sociedade racista, não basta não ser racista é preciso ser antirracista”. Entendo que o antirracismo passa por ações de superação da exclusão de negros e pelo enfrentamento do privilégio branco. Proponho algumas questões para pensarmos:
Na nossa cidade, quantos bancários há? Quantos bancários negros trabalham no banco, no qual você é gerente? Quantas comerciárias/os negras/os têm em nossa cidade? Quantas professoras/es negras/os atuam na rede de ensino que dirijo? Na sua empresa, quantas pessoas negras exercem cargo de chefia? Outra situação que convido a refletir, diz respeito à violação de direitos por parte da polícia, da fiscalização ou de qualquer outro agente público: ao presenciar uma situação de abuso de autoridade, de que forma reajo?
“Construir pontes que aproximem as realidades de brancos e negros no Brasil é um desafio monumental de engenharia social e econômica” (Cristina Charão). Uma tarefa para Todas e Todos nós.

Maria Rita Py Dutra  Escritora e poeta, por quinze anos foi membro da Casa do Poeta de Santa Maria, CAPOSM, onde participou com poesias e crônicas em todas as antologias da CAPOSM.  Integrou a Equipe Técnica do MTM, onde coordenou o Núcleo de Ação Cultural Educativa (NACE), desenvolvendo o Projeto “Construindo a Igualdade Racial através da Literatura”. Foi “Patrona da Feira do Livro Infantil” de Santa Maria, em 2005 e em 2006, foi  “Patrona da Feira do Livro Infantil” da cidade Agudo e da Feira do Livro da Escola Nossa Senhor das Graças, de Cacequi. Na Universidade Federal de Santa Maria está ligada aos grupos de pesquisa: Núcleo de Estudos Contemporâneos (Necon) e ao  Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Infância, juventude e Famílias (GEPIJUF). Juntamente com o colega de mestrado Cristiano Barrero, foi uma das idealizadoras do GT Negros/NECON/Povo de Clio, do qual é coordenadora.

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DEBATE/LIVE: RACISMO ESTRUTURAL https://redesina.com.br/debate-live-racismo-estrutural/ https://redesina.com.br/debate-live-racismo-estrutural/#respond Wed, 17 Jun 2020 13:34:05 +0000 https://redesina.com.br/?p=9357 DEBATE/LIVE: RACISMO ESTRUTURAL QUINTA/ 18/06 – 20H Em: www.facebook.com/redesina Apresentação: Melina Guterres (Mel Inquieta) Convidados: Davi Pereira Júnior: quilombola do território de Itamatatiua-Alcântara. Historiador e Antropólogo. Assessor voluntario do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara- MABE. PhD candidate em Latin American Studies and Africa and African Diaspora/ LLILASBENSON at The University of Texas …

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DEBATE/LIVE: RACISMO ESTRUTURAL

QUINTA/ 18/06 – 20H

Em: www.facebook.com/redesina

Apresentação: Melina Guterres (Mel Inquieta)

Convidados:

Davi Pereira Júnior: quilombola do território de Itamatatiua-Alcântara. Historiador e Antropólogo. Assessor voluntario do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara- MABE. PhD candidate em Latin American Studies and Africa and African Diaspora/ LLILASBENSON at The University of Texas at Austin.
Autor de Os quilombolas de Alcântara: Território e Conflitos

Débora Almeida: Atriz, escritora, diretora teatral, professora e pesquisadora em Teatro Negro. Mestre em Letras- Linguagem e Identidade. Formada em Interpretação Teatral. Pesquisa e atua com teatro e performance negra desde 2001. Entre 2001 e 2010 integrou a Cia dos Comuns, realizando os trabalhos: “Bakulo-Os Bem Lembrados”(2006), “Candaces- A Reconstrução do Fogo(2003/2004), “A Roda do Mundo”(2001/2003), ambos dirigidos por Marcio Meireles, e “Silêncio”(2007/2008/), dirigido por Hilton Cobra. Em todos os espetáculos atuou como atriz, pesquisadora e colaboradora dramatúrgica. Atua como atriz, assina o texto, a pesquisa e a direção do espetáculo Sete Ventos, em cartaz desde 2009 e que virou livro, editado no Brasil e Espanha.  Como escritora participou de Cadernos Negros 32, A escritora afro- brasileira- arte e ativismo; Pretumel de Chama e Gozo e Panorama da Literatura Negra Ibero- Americana.
Em cinema fez a preparação de elenco do filme “Mauani- O Silêncio de Maria” (2017), roteiro de direção de Sílvio Margarido. Trabalhou como atriz nos filmes: “Campo Grande” (2015), de Sandra Kougut; “O Vendedor de Passados”, de Lula Buarque de Hollanda (2007); “Gisella”, de Felipe Sholl (2011),“Freheit-Crimes de Ódio”(2008), de Patrícia Freitas; “Jogo de Cena” (2007), de Eduardo Coutinho; “Alma Suburbana” (2007), direção de Luiz Cláudio Lima e Leonardo Oliveira; “Bairro Feliz”(2000), direção de Ricardo Prego e Leonardo Copello Pirovano.

Gustavo Rocha o AfroGuga – Negro, ativista racial e social  em Santa Maria, militante do movimento negro e filiado ao partido PSOL, graduando em Ciências Sociais pela UFSM, bolsista de pesquisa nas temáticas étnico-raciais. Aterrissou novamente na cidade em 2018, depois de atuar como comissário de vôo, retornando ao engajamento e ativismo social. É idealizador do Projeto: “Nossas Carnes Negras Importam” – protestos e performances pelos espaços públicos do RS(e também digitais) denunciando através de manifestações artísticas, o Genocídio das populações Negras no Brasil.O santa-mariense AfroGuga, tem movimentado o interior gaúcho no combate ao racismo e promoção da Cultura Negra, destacando a importância da representatividade negra em todos os segmentos sociais e fortalecimento da negritude nos espaços decisórios de poder e liderança.

João Luiz de Souza, o João do Corujão, é animador cultural, produtor cultural, professor de literatura e criador e curador executivo do Corujão da Poesia, que há 14 anos e oito meses, é a única vigília semanal de poesia e libertação dos livros do continente americano. Trabalhou com Darcy Ribeiro no programa dos CIEPs. Nasceu e cresceu em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente mora em Niterói e se dedica a uma série de projetos de incentivo à formação do prazer da leitura.

Rozzi Brasil

Carioca. Escreve desde os 9 anos de idade. Produtora cultural, diretora e roteirista do curta #Procuram-se Mulheres (PrêmiosCine PE e SMVC 2019). Fotógrafa, sambista, designer, social media, compositora, escritora. No rádio co-produziu “Elas São Mulheres”, na web criou “Web & Sexo” e a “Rádio TV Brasil”. Em 2009 fundou a ong Casa da Vida para desenvolver trabalhos voltados para a mulher e criança soropositivos, por esses trabalhos comunitários, em 2012 recebeu Moção da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

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O QUE É O MOVIMENTO “BLACK LIVES MATTER”? https://redesina.com.br/blacklivesmatter/ https://redesina.com.br/blacklivesmatter/#respond Thu, 04 Jun 2020 04:40:21 +0000 https://redesina.com.br/?p=9201 por Gustavo Rocha (AfroGuga) Na última semana, a expressão “Black Lives Matter” tomou conta das mídias digitais e telejornais. E você, que não é ligado em campanhas ativistas antirracistas (deveria!) deve estar perdido, ainda mais em um contexto de pandemia de coronavírus. Calma, eu irei situá-lo ou situá-la! O movimento “Black Lives Matter – BLM” …

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por Gustavo Rocha (AfroGuga)

Na última semana, a expressão “Black Lives Matter” tomou conta das mídias digitais e telejornais.

E você, que não é ligado em campanhas ativistas antirracistas (deveria!) deve estar perdido, ainda mais em um contexto de pandemia de coronavírus. Calma, eu irei situá-lo ou situá-la! O movimento “Black Lives Matter – BLM” não é uma mutação do coronavírus, mas é um gigantesco movimento de combate à outro vírus, que vem exterminando as populações negras nas Américas: o racismo.

O racismo é uma construção social baseada na superioridade das raças alimentando-se de ideologias perversas e cientificamente ultrapassadas, que classificam a condição de quem é “mais humano” ou “menos humano”, pela cor da pele por exemplo. Sim, parece coisa de outro mundo, mas estamos falando desse planeta e pessoas negras em pleno ano de 2020 ainda sofrem negativamente, conseqüências de tristes períodos da humanidade.

Nesse sentido, as populações negras, indígenas, judias e até asiáticas, ainda são atingidas por ideologias de uma inexistente “supremacia branca” e em grande parte eurocentrista. Pulando páginas da história humana nesse planeta, passamos pelos tráficos negreiros, as escravizações de corpos negros nas Américas e as conseqüências (ainda latentes) para as gerações descendentes dessas populações escravizadas. Ok, e o “Black Lives Matter”?

Como havia citado, o BLM é grande movimento de combate as violências sofridas pelas populações negras, principalmente as violências policiais direcionadas para pessoas negras, denunciando o racismo como uma estrutura de poder e opressão racial.

O “Black Lives Matter”? É um movimento ativista internacional, criado nas comunidades afro-americanas, com o objetivo de protestar contra as violências policiais que atingem as pessoas negras. Traduzindo a expressão temos: “Vidas Negras Importam”, um verdadeiro Ato Político de resistência e denúncia do racismo institucional como lógica operacional nas policias norte-americanas e demais condições econômicas, sociais e políticas que oprimem os negros dos EUA.

O BLM foi criado em julho de 2013 por três ativistas negras: Alicia Garza, diretora da National Domestic Workers Alliance (Aliança nacional de trabalhadoras domésticas), Patrisse Cullors, diretora da Coalition to End Sheriff Violence in Los Angeles (Coligação contra a violência policial em Los Angeles) e Opal Tometi, ativista pelos direitos dos imigrantes. O Movimento surge na luta contra a violência policial e o assassinato dos jovens negros pelas mãos da polícia estadunidense, como foram os casos de Trayvon Martin, Erik Garner e Mike Brown, protagonizado pela liderança das mulheres negras, mães, irmãs, filhas, mulheres lutadoras. Leia e escute os nomes e sobrenomes, afinal são vidas!

Desde o último dia 25 de maio, as ruas norte americanas, as redes sociais e diversas partes do mundo, estão sendo tomados pela expressão “Black Lives Matter” , em protesto ao brutal assassinato de George Floyd, afro-americano de 46 anos, morto depois que o policial branco Derek Chauvin se ajoelhou no pescoço dele  por pelo menos sete minutos (torturantes sete minutos!!) enquanto Floyd estava algemado e deitado de bruços alegando que não conseguia respeirar – “Eu não consigo respeirar!…”. O assassinato ocorreu na cidade de Mineapolis, no estado de Minessota, na presença de outros policiais e civis, fazendo com que o agonizante vídeo de George algemado e deitado de bruços com o joelho do policial no pescoço (pare tudo e imagine a situação) viralizar rapidamente fazendo o “Black Lives Matter” literalmente entrar em erupção pelos EUA.

Infelizmente, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Sim, a cada 23 minutos! Isso é muito grave e exige posicionamentos não só da sociedade civil, mas do Estado brasileiro, historicamente ausente na garantia de direitos das populações negras nesse país.

Se por um lado as forças estatais são ausentes, por outro elas tem se mostrado brutalmente presentes, ativas e genocidas, pois assim como o BLM lá nos EUA, movimento Vidas negras Importam tem denunciado o genocídio da população negra e o racismo estrutural no Brasil.

Se você ainda não viu alguma notícia sobre vidas negras assassinadas, você está realmente em uma bolha, pois ser negro no Brasil é pertencer literalmente à um grupo de risco (e não falo de pandemia) e sim, de racismo estrutural. O movimento Vidas Negras Importam é um tapa na cara da sociedade racista brasileira, chamando atenção para a velha ferida social que o Brasil tem deixado apodrecer e já passou da hora de toda a sociedade enfrentá-la. VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

No próximo domingo (07 de junho), o Movimento Negro Unificado – MNU (na próxima coluna falei sobre ele) juntamente com outros Coletivos pretos e demais ativistas da negritude, irão fazer uma grande manifestação em valorização das Vidas Negras. O ATO: VIDAS PRETAS IMPORTAM, acontecerá às 15 horas na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria. Os organizadores e organizadoras do grande ATO ANTIRRACISTA estão cientes do delicado momento de pandemia que estamos atravessando, porém destacam a urgência desses corpos políticos e pretos (e demais aliados e aliadas) tomarem as ruas com muita parcimônia, consciência social e responsabilidade. Basta de omissão e hipocrisia social! Queremos nossos corpos vivos!

Para isso, estamos pensando em estratégias que garantam as medidas de prevenção e os protocolos de saúde, como o distanciamento, máscaras de proteção facial, álcool em gel e muita consciência coletiva. Fiquem ligdaxs em minhas redes sociais e aqui no Portal Rede Sina, para saber mais informações.

No dia 18 de junho, a Rede Sina também mostrará seu apoio a luta antirracista com um grande engajamento online, debates e protestos em suas plataformas digitais.

O evento “SINA PROTESTO ONLINE– DEBATE RACISMO ESTRUTURAL”, acontecerá dia 18 de junho, às 20 horas, nas mídias sociais da Rede Sina. Já vai organizando tuas indignações, familiarizando-se com os movimentos de combate ao racismo e borá somar nas lutas antirracistas. Antirracismo na prática, já! Axé!

AfroGuga. Foto: Dartanhan Baldez Figueiredo.

Gustavo Rocha o AfroGuga – Negro, ativista racial e social  em Santa Maria, militante do movimento negro e filiado ao partido PSOL, graduando em Ciências Sociais pela UFSM, bolsista de pesquisa nas temáticas étnico-raciais. Aterrissou novamente na cidade em 2018, depois de atuar como comissário de vôo, retornando ao engajamento e ativismo social. É idealizador do Projeto: “Nossas Carnes Negras Importam” – protestos e performances pelos espaços públicos do RS(e também digitais) denunciando através de manifestações artísticas, o Genocídio das populações Negras no Brasil.O santa-mariense AfroGuga, tem movimentado o interior gaúcho no combate ao racismo e promoção da Cultura Negra, destacando a importância da representatividade negra em todos os segmentos sociais e fortalecimento da negritude nos espaços decisórios de poder e liderança.

https://www.instagram.com/afro_guga/

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