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José Renato. Foto: divulgação

Homem providencial por José Renato Silveira

Naquele país respirava-se um clima de reivindicações confusas, ambíguas, contraditórias e praticamente imponderáveis.

Havia um clima de desconfiança e incerteza.

A crise reinava em muitas esferas e parecia longe de um desfecho positivo.

Havia setores da sociedade não comprometidos com a estabilidade democrática.

Desejavam um líder autoritário capaz de mudar e transformar tudo.

Havia uma impaciência com a multiplicidade de partidos e as infindáveis negociações por cargos e verbas.

As críticas eram as mesmas de sempre: “todos os partidos são iguais”; “todos os políticos são corruptos”; “ninguém presta” e etc.

Não há dúvida que tempos de desespero atraem oportunistas e demagogos patéticos.

O discurso sedutor de um carismático líder é um feitiço inescapável.

De repente, apareceu este “grande líder” que prometia pão ao faminto, teto ao que dormia ao relento, justiça ao miserável, riqueza ao pobre, grandeza ao humilhado e espezinhado, vingança ao derrotado.

Megalomaníaco, populista e sedento por poder, a sua personalidade fascinava as massas.

“Ele era o Rosseau, o Mirabeau, o Robespierre, o Napoleão de sua Revolução, o Marx, o Lênin, o Trotsky, o Stalin”.

O dia de seu aprisionamento foi, sem dúvida, o ponto de mudança na sua carreira política.

Ele dizia ser o ano especial em sua vida. Desde então, os fanáticos o seguiam numa “alegria de bêbados”.

O povo era fascinado por seu magnetismo, pela magia de sua oratória, por sua falta de propostas concretas, por sua simplicidade.

Até hoje, seus princípios e técnicas de propaganda são aproveitados pelos “homens providenciais” que surgem nos países em crise.

É evidente que eu me refiro a Adolf Hitler, uma das diversas personalidades que abalaram – tragicamente – o século XX.

 

Prof. Dr. José  Renato Ferraz da Silveirajosé

Professor Associado III do Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) . Líder do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP). Editor-chefe da Revista Interação (ISSN 2357-7975). Articulista do Diário de Santa Maria . Colaborador do Blog Obvious
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