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Um Carnaval que deu nome aos bois por TATIANA PY DUTRA

Nesta quarta-feira, o Brasil conhecerá o resultado do Carnaval carioca – e, havia anos, uma apuração não despertava tanta curiosidade.

Telespectadores à direita e à esquerda dos polos políticos querem saber se a afrontosa escola de samba Paraíso do Tuiuti será premiada ou punida pela ousadia de relacionar o vergonhoso capítulo da escravidão, “encerrado” há 130 anos, com o esforço neoliberal de manter os pobres sempre pobres por meio de alterações na legislação trabalhista e previdenciária e reduções de direitos sociais.

E a Tuiuti fez mais. Elegeu e nomeou culpados. Se Michel Temer era um alvo fácil, menos simples era responsabilizar uma classe média escravizada pela mídia: os “paneleiros”.

A escola de São Cristóvão não inventou a roda. A crítica social sempre fez parte do Carnaval, está no DNA da festa. E, ainda que, nos últimos anos, as grandes escolas de samba do Rio de Janeiro tenham se dedicado muito à monetização de seus enredos, o tópico sempre volta à Avenida (e, consequentemente, à boca do povo, por seu didatismo). Em 2018, voltou como uma bordoada numa nação apática. Acorda pra cuspir, Brasil!

Mangueira, Tuiuti e Beija Flor apresentaram algumas das facetas mais revoltantes da nossa história e atualidade. Mas é preciso destacar a contundência do julgamento da segunda.

Surpreendendo pelo destemor, a escola uniu carteiras de trabalho a “manifestoches”: manifestantes vestindo camisetas canarinho, boias de pato e com panelas em mãos, sendo manipulados por mãos gigantescas da mídia e dos grandes poderes financeiros.

O deboche final foi aproveitar uma piada corrente sobre o presidente – que subiu ao poder após o ainda questionado impedimento de sua antecessora – e transformá-lo num vampiro.

As retaliações começaram ainda na transmissão ao vivo do desfile. A crítica política foi parcamente comentada durante o desfile ao vivo; deletada na exibição do compacto, na tarde seguinte; e desmerecida na reportagem sobre a primeira noite de desfiles no principal telejornal da casa. Só não suprimiram a passagem da Tuiuti porque seria ainda mais vergonhoso que dar a ela metade do tempo de exibição das demais.

Isso faz com que muitos telespectadores (não sem razão) temam novas represálias contra a Tuiuti. Ainda que a escola não tenha apresentado erros capazes de rebaixá-la – pelo contrário, está entre as favoritas, graças à competente digressão histórica sobre o racismo – paira no ar a possibilidade. Um rebaixamento como punição.

Se isso se confirmasse, seria uma injustiça capaz de ressuscitar feitores e capitães do mato para sangrar nossas feridas e calar a voz dos oprimidos.

Preocupada, parte da senzala espera por respostas. A outra parte segue dormindo.

TATIANA PY DUTRA

Jornalista formada pela UFSM, especialista em Comunicação e Projetos de Mídia pela Unifra. Com 20 anos de profissão, atuou em rádio, TV e jornal. Atualmente, escreve mo blogdatatipy.com

 

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