Tudo de novo não por Giulia Pegna

Eu achei nos meus guardados um poema que eu fiz para minha filha quando ela fez um ano. Ela nasceu em 84. Lutamos sonhamos e hoje é mesmo outro dia. Você faz um ano nessa data que nós comemoramos muito mais que isso. Estamos entregando com sangue um país sem ditadura. Não houveram as diretas que Dante tanto conclamou nós já temos uma abertura uma luz não é o presidente sonhado, nem sei se Tancredo seria, mas te entregamos um país livre. Sabemos o quanto custou tanto sangue derramado tantas famílias destruídas tantos companheiros perdidos em várias escuras e nunca recuperados. Mas amanhã chegou querido Chico e hoje é outro dia. Feliz aniversário amor da minha vida. Relendo um filme de terror passa pela minha cabeça e olhando para ela hoje e para meu filho nas ruas, clamando liberdade, me perguntou se minha luta valeu a pena, respondo sim toda luta vale a pena quando se trata de um povo quando se trata de liberdade de um povo quando se trata de democracia. Não merecemos passar por tudo de novo não permitiremos passar por tudo de novo. Censurar propaganda não é democracia. Abolir aulas de humanas nas universidades não é democracia! O que está acontecendo no nosso país é grave, muito grave.

Enquanto houver forças eu estarei lutando. Viva a liberdade de expressão! Sempre viva a democracia!

Giulia Pegna

Nasceu em Alexandria, no Egito. Chegou no Brasil com seus pais, em São Paulo, aos 3 anos de idade. Formada em jornalismo pela Casper Líbero, trabalhou no “O Estado de São Paulo” em SP e no “O Globo” no Rio. Escreveu textos para a revista Visão juntamente com Wlado Herzog. Especializada como professora de francês em Sèvres, França e Auditora da Qualidade. Trabalhou durante 10 anos na Floresta Amazônica, como Coordenadora da Qualidade e em 2014 até maio de 2015, no México. Atualmente reside em Lençóis na Chapada Diamantina-BA onde a energia do lugar é a inspiração.