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FAZER UM MOVIMENTO SEPARATISTA por SALOMÃO SOUSA

Fazer um movimento separatista
eu gostaria de me separar de minha chatice
de minha desumanidade
do meu desamor
das acusações que passam
pelas janelas do dia
Aí eu sei de minha acolhida
em qualquer vagão/voaria
em qualquer espaço aéreo
dos instantes integrados de Norte a Sul

Fazer um movimento separatista
Separar-me de minha segregação
do cancro de minha intolerância
da minha ganância fora dos contratos
de minhas gelosias do obscuro
Aí eu sei que por mim
e por outros das várzeas
e por outros dos varjões
tenho de dar meu trabalho
minha paz por um Peloponeso

Não é um egresso de uma cela
do DOI-CODI
e saberia o cheiro de um choque
e ele inventa histórias!
pois nada do que vivemos nunca
terá sangue ou dores
e ele inventa!
pois nada do que vivemos
jamais terá sangue num café
terá a identidade falsa
e ele inventa histórias!
no Araguaia não roçou
o ombro num rosto
não terá a bala perdida
na mãe de uma criança ao colo
ele inventa histórias
de uma criança colhendo espigas
no fundo do quintal
pois nada do que vivemos
nunca terá o rápido instante
do encanto de uma cobra
do rosto nos joelhos
de uma tribo de onde viemos
sem histórias
e ele inventa!
todos com ciúme
a frase de Stevenson
repetida por Borges
e ele inventa histórias!
não havia finais
adoção de alguém da tribo
— nada que se ouça
ou nada que se move

Aonde vou
vou filmando
com minhas maneiras de ver
O urubu na praia
O cachorro e o urubu
na praia de Boa Viagem
entre crianças
e preservativos
Disputam a cabeça
cheia de serrilhas
Seguia para mais distante
para fugir das ratazanas no quintal
E as ratazanas passeiam
no caminho das crianças em viagem
O varal a oriente do Palácio da Justiça.
Aguardam nus, ao lado da equipagem,
as roupas secarem ao sol,
os técnicos da filmagem
Moscas verdes lambem as merdas
O sol fede sobre o mijo

Vamos nos descobrir fora
Estar num círculo é ainda estar aprisionado
Seja de amizade ou família/colar definitivo
para agrupar os ossos no desenho
de trabalho/roldanas que retornam
com as deixas dos frutos agrupados
/ondas graves que rondam apenas na direção
de nosso gesto

Seja do quinino de quebrar a quieta
paisagem circular na íris
Onde se revoltarão os ventos
os fios que arregimentarão a força
de desmembrar as turbinas que circulam
fixas na traquinagem do metal
Chegar a futilidade de nos aprisionarmos
em outro gesto que não se harmoniza
com o abraço

Descobrirmos-nos descolados da mandala
Restos de arrecife que não servirão
de molde para a repetição
Ficar num círculo ainda é ser prisioneiro
Seja de tinta de arrancadas peças do molde
corais de um fígado/o gesto que se incorpora
ainda que nas riscas entre
duas estrelas soletradas

SALOMÃO SOUSA
Natural da zona rural de Silvânia (G), cidade em que completou seus estudos primário e ginasial. Chegou a Brasília em 1971, onde graduou em Jornalismo pelo UNICEUB. É funcionário público do Ministério da Fazenda. Exerceu as funções de assessor parlamentar nos extintos Ministérios do Trabalho e do Bem-Estar Social. Participou como convidado, em 2014, do VI Festival las Lenguas de América/Carlos Montemayor, do Centro Cultural Universitário, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e, ainda, do IX Encuentro Internacional e XIV Nacional de poetas ”José Alberto López Coronado”, em 2016, em Chota, no Peru. Bibliografia: A moenda dos dias, 1979, DF; A moenda dos dias/O susto de viver, Ed. Civilização Brasileira 1980; Falo, 1986, DF; Criação de lodo, 1993, DF; Caderno de desapontamentos, 1994, DF; Estoque de relâmpagos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, 2002, DF; Ruínas ao sol, Prêmio Goyaz de Poesia, Ed. 7Letras, 2006; Safra quebrada, FAC, 2007. Publicou em 2008, com recursos do FAC/DF, o livro Momento Crítico, de textos críticos, crônicas e aforismos; Vagem de vidro, poesia, Brasília: Thesaurus Editora, 2013; Descolagem, antologia de poesia, Goiânia: Kelps, 2016, e Despegues y ressonancias, plaquete de poesia, Peru, Lima: Maribelina, Casa do Poeta Peruano, organização e apresentação de José Guillermo Vargas; Desmanche I e Poética e Andorinhas (textos críticos), em 2018; Desmanche I e Poética e Andorinhas, 2018, Brasília-DF. A UBE (GO) concedeu-lhe em 2011 o Troféu Tiokô. Membro da Academia de Letras, Artes e História de Silvânia e da Associação Nacional de Escritores (DF), da qual integra a diretoria.

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