Arquivos OPINIÃO - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/opiniao/ Comunicação fora do padrão Tue, 17 Jan 2023 16:53:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos OPINIÃO - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/opiniao/ 32 32 Douceur de vivre | por José Renato Ferraz da Silveira https://redesina.com.br/douceur-de-vivre-por-jose-renato-ferraz-da-silveira/ https://redesina.com.br/douceur-de-vivre-por-jose-renato-ferraz-da-silveira/#respond Tue, 17 Jan 2023 16:49:12 +0000 https://redesina.com.br/?p=19937 “Doucer de vivre” foram as palavras proferidas por Talleyrand durante o Congresso de Viena. Talleyrand era um sujeito camaleão. Foi ministro de Negócios Estrangeiros da França em quatro distintas situações. Ele manteve seu recorde de ter servido a todos governantes franceses desde antes da revolução. Teve a façanha de ser Ministro de Napoleão e de …

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“Doucer de vivre” foram as palavras proferidas por Talleyrand durante o Congresso de Viena. Talleyrand era um sujeito camaleão. Foi ministro de Negócios Estrangeiros da França em quatro distintas situações.

Ele manteve seu recorde de ter servido a todos governantes franceses desde antes da revolução. Teve a façanha de ser Ministro de Napoleão e de Luís XVIII. Um diplomata hábil e negociador que soube vestir a máscara adequada para cada ocasião.
A expressão “doucer de vivre” significava o sonho de voltar a Europa antes de 1789. O filósofo e poeta americano Peter Viereck nos ajuda a entender um pouco dessa ideia. No breve e delicioso Conservatism (1956), Viereck relembra a história do antigo rei do Piemonte-Sardenha, que perambulava pelas ruas do reino murmurando demencialmente a palavra ottantott. Para o infeliz monarca, tudo seria perfeito – ou, pelo menos, mais perfeito – se o mundo pudesse voltar a 1788, às vésperas da Revolução Francesa. Ottantott, expressão em italiano dialetal do Piemonte que significa “oitenta e oito”, era a utopia do rei destroçado.
O sonho de voltar a antes de 1789 acabou fracassando, pois, pouco a pouco, apesar da derrota temporária nas revoluções de 1830 e 1848, as duas ideias-forças da revolução – o liberalismo e o nacionalismo – se tornaram a nova ortodoxia.

É válido ressaltar que no período jacobino, quem quer que resistisse à correnteza do rio – a premissa de que o rio do tempo flui em uma única direção e inverter a corrente é impossível – ou mostrasse entusiasmo insuficiente a respeito da chegada ao destino era considerado “reacionário”. A palavra ganhou a conotação moral negativa que ainda hoje tem.

Ao longo do século XIX, no entanto, ficou evidente que nem todos os críticos da Revolução eram reacionários no sentindo estrito. Temos liberais reformistas como Benjamin Constant, Madame de Staël e Tocqueville que consideravam o colapso do antigo regime como um processo inevitável, mas não o Terror que se seguiu. Conservadores como Edmund Burke rejeitavam o radicalismo da Revolução e principalmente o mito histórico que posteriormente se desenvolveu em torno dela. Burke não concebia a ideia de história como uma força impessoal que nos conduz a destinos fixos. Para ele, isso poderia ser usado para justificar crimes em nome do futuro. Burke via a história como uma força que se desdobra lenta e inconscientemente ao longo do tempo, com resultados que ninguém pode prever.
Ou seja, se o tempo for um rio, será como o delta do Nilo, com centenas de tributários se espraiando em todas as direções possíveis e imagináveis.
Como diz Mark Lilla: “o problema começa quando governantes ou partidos no poder julgam-se capazes de prever em que direção a história já se encaminha. Isto foi demonstrado pela própria Revolução Francesa, que, em vez de acabar com o despotismo europeu, teve como involuntárias consequências imediatas levar um general corso ao trono imperial e dar origem ao moderno nacionalismo – resultados que nenhum jacobino previu”.
Para muitos, as esperanças podem ser desiludidas. Para outros, a nostalgia é irrefutável. Depois da Revolução Francesa, a nostalgia baixou como uma nuvem sobre o pensamento ocidental e nunca mais se afastou totalmente. Que o diga o século XX repleto de pensadores políticos e movimentos ideológicos que viveram da nostalgia política.

Referências
COUTINHO, João Pereira. As ideias conservadoras explicadas a revolucionários e reacionários. São Paulo: Três Estrelas, 2017.
KISSINGER, A Diplomacia das Grandes Potências. 2 ed. Trad. Saul S. Gefter e Ann Mary Fighiera Perpétuo. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1999.
LILLA, Mark. A mente naufragada: sobre o espírito reacionário. Trad. Clóvis Marques. 1 ed. Rio de Janeiro: Record, 2018.
RICUPERO, Rubens. O ponto ótimo da crise. Rio de Janeiro: Revan, 1998.

 

Prof. Dr. José  Renato Ferraz da Silveira

Professor Associado III do Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) . Líder do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP). Editor-chefe da Revista Interação (ISSN 2357-7975). Articulista do Diário de Santa Maria . Colaborador do Blog Obvious

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Insultos gaudérios por Atílio Alencar https://redesina.com.br/insultos-gauderios-por-atilio-alencar/ https://redesina.com.br/insultos-gauderios-por-atilio-alencar/#respond Mon, 05 Apr 2021 21:48:07 +0000 https://redesina.com.br/?p=13834 Semana passada, em mais um de seus arroubos típicos de um caudilho de república de bananas, o atual presidente do Brasil mobilizou o aparato de Estado para ameaçar artistas, jornalistas e figuras da política nacional que fazem oposição ao governo. Baseado na Lei de Segurança Nacional e no argumento da “defesa da honra”, Jair Bolsonaro …

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Semana passada, em mais um de seus arroubos típicos de um caudilho de república de bananas, o atual presidente do Brasil mobilizou o aparato de Estado para ameaçar artistas, jornalistas e figuras da política nacional que fazem oposição ao governo.

Baseado na Lei de Segurança Nacional e no argumento da “defesa da honra”, Jair Bolsonaro acionou instituições públicas e dispositivos legais em benefício próprio, contrariado pela pecha de “genocida” que vem se popularizando durante a pandemia que já tirou a vida de quase 300 mil brasileiros e brasileiras, ante a ineficácia governamental em salvar vidas e auxiliar a economia.
Em protesto contra a perseguição às vozes que denunciam a negligência do presidente e seus ministros, pipocaram iniciativas em defesa da liberdade de expressão e de repúdio ao presidente. Entre elas, uma em especial causou celeuma nas redes sociais, provocando a ira não só do alvo verbal, como entre opositores e opositoras do governo. Trata-se da coluna assinada pela jornalista Mariliz Pereira Jorge na Folha de São Paulo, em que ela desfila uma coletânea de impropérios extraídos da cultura popular e do cânone literário para concluir que, além de genocida, Jair Bolsonaro merece também as injúrias de “carniceiro”, “beócio” e “pequi roído”, entre outras alcunhas pouco elogiosas. Acontece que Ruy Castro, articulista no mesmo periódico, já havia publicado há poucas semanas um libelo de igual teor, o que levantou a suspeita de plágio contra a famigerada coluna de Mariliz.

Pois bem. Eu, que nem sempre na vida tenho sido original, e que acredito na partilha democrática da fortuna cultural que a humanidade acumula ao longo da história, fiz uma breve consulta entre meus convivas no site Twitter, para descobrir quais os adjetivos que deveriam constar numa versão gaudéria dos manifestos paulistanos.

Eis o que angariei durante o rebuliço:
Alcaide. Maleva. Chambão. Matungo. Taipa. Abostado. Ladrão de vaca. Calaveira. Caborteiro. Teta de mula. Carniça. Lacaio. Jaguara. Chinelão. Maula. Guaipeca. Guampudo. Bostica de galinha. Diabo das taquaras. Filho duma ronca e fuça. Bagaceiro. Guampa seca. Churrio. Papa ranho. Cu de flecha. Rastaquera. Fiasquento. Coió. Bôco Môco. Varzeano. Despachante. Fuleiro. Lasqueado. Bicheira. Teatino. Bunda-mole. Lacaio. Tabacudo. Maloqueiro. Arigó. Mocorongo. Rebostiado. Lambe-saco. Cagalhão. Catrefa. Biltre. Cabeça de porongo. Imundíce. Mate azedo. Balaqueiro. Bocamol. Picareta. Candango. Mongolão. Berne. Nó nas tripa. Tramposo. Sarna. Esterco. Traíra. Pôca bosta. Arregão. Cueca suja. Verminose.
Agradeço a colaboração espontânea de tantos e tantas entusiastas desse nosso léxico regional tão singular, e, mais do que nunca, útil para charlar de políticos desalmados.

 

Atílio Alencar, 

Produtor cultural em Santa Maria-RS

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TEM A VER COM VOCÊ – ROZZI BRASIL https://redesina.com.br/tem-a-ver-com-voce-rozzi-brasil/ https://redesina.com.br/tem-a-ver-com-voce-rozzi-brasil/#respond Mon, 29 Jun 2020 22:54:25 +0000 https://redesina.com.br/?p=9492 Hoje amanheci pensando como as pessoas são criadas. E isso tem muito a ver com o que entregamos para as crianças. A Educação é um pacote que passamos a vida a desembrulhar. A maioria das pessoas não são educadas, são apenas direcionadas. Não somos criadas para sermos nós mesmas, mas para atuarmos numa linha de …

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Hoje amanheci pensando como as pessoas são criadas. E isso tem muito a ver com o que entregamos para as crianças. A Educação é um pacote que passamos a vida a desembrulhar. A maioria das pessoas não são educadas, são apenas direcionadas. Não somos criadas para sermos nós mesmas, mas para atuarmos numa linha de aceitação e isso nos tira mais do que nos dá. Nós mulheres arcamos com a parte dolorida de dar vida ao mundo e não temos direito a nenhuma nuance da vida.

É muito profundo porque em vez de nos desenvolvermos dentro das nossas capacidades e limitações – a Educação é justamente isso, flexibilizar o imite através do conhecimento e exclusão da ignorância – nos enredamos, nos confundimos com o que somos e só nós podemos saber o que somos nós, ninguém mais. Acabamos por passar longos períodos exercendo várias personalidades inquilinas e isso vai do segredo mais escondido à aparência que precisamos mostrar. E se somos pretas, não há como disfarçar.
A nossa sociedade é toda controle. Controle de corpos para o encarceramento da mente e manipulação do juízo e o crime faz parte disso. A estrutura social civilizada tem toda sua origem na força e na violência, por uma questão meramente de poder e esse poder tem a ver com dinheiro ou o equivalente a ele. As demandas sociais que nos imputam desde a mais nova idade, um dia não nos dará tempo para pensarmos sobre quem somos nós, no que podemos ser, o que podemos fazer sendo quem somos. Assim, nos tornamos outras pessoas. A personalidade inquilina passa a usufruir cada vez mais do nosso espaço enquanto nos vemos obrigadas a nos ausentar para nos dedicar ao enquadramento, no atendimento das exigências sociais.

Um dia você acorda pensando diferente, é porque sua personalidade inquilina e muito folgada dormiu até mais tarde.
Um dia você não se entende, é porque o que disseram que você teria que ser (aquela inquilina) -não está ali pra sustentar a distopia que te deram dizendo que era educação. Passamos longo tempo, talvez uma vida inteira nos adequando ao que não concordamos sem necessariamente nos dar conta disso. Como disse o Lulu Santos: – “Às vezes eu me sinto uma mola encolhida”.

É Lulu, imagina nós…
Mulheres pretas, sem dinheiro, sem espaço, às vezes com sobrepeso, às vezes além da idade definida permitida, sempre com “cabelo duro” e “nariz chato”, sempre fora da estética estabelecida, quase sempre sendo vistas como um pedaço de carne, mão-de-obra animalizada gratuita à disposição e nada mais.

Hoje o mundo está diante de um impasse e a decisão seria muito menos traumática para cada indivíduo e por consequência para o mundo, se não estivéssemos feito cracas grudadas nesses rochedos inventados de uma segurança social que sabemos inexistente. Falimos. O processo civilizatório é um embuste, os padrões são armadilhas. O “novo normal” causa apreensão e quem tem olhos para ver, enxerga mais cisão, mais exclusão. “Pro” rico solução, “pro” pobre obrigação, legislação e quem lhe dá condição?

Os patrões que comemoram retirada de antigas conquistas trabalhistas, não se verão obrigados a arcar com os custos do agora “democrático” “home office”. Os patrões que contratavam mão-de-obra aposentada para fugir aos encargos trabalhistas, irão realmente se entender com os custos do trabalho em casa dos seus colaboradores? E a mulher que tinha que “ganhar menos do que o homem porque engravida” vai finalmente ter reconhecido que nunca trabalhou menos apenas por permanecer em casa?

Quando invadiram “novas terras” nas grandes conquistas da humanidade o que tivemos?

Homens que se diziam civilizados, extirpando a civilização e civilidade de todo um povo. Saqueando o que era valioso, desprezando seus valores – vale lembrar que isso incluía estupros e assassinatos – Ditando normas, de como o mundo deveria ser para que eles tivessem supremacia e para que prevalecesse a supremacia dentro de um processo dito civilizatório de povos ditos civilizados e religiosos. Era preciso negar a humanidade dos submetidos conquistados. E isso tem muito a ver com os dias de hoje.

O que é civilizado?
Civilização, qual delas e pra quem?
Não à toa, a palavra “marginal” em algum momento virou sinônimo de bandidagem. Ainda que incluídos na sociedade haja tantos bandidos e excluídos dela haja tanta gente de bem, sem direito a ter bens.
Em várias ocasiões para prevalecer a verdade de que alguns povos eram humanos e outros não eram, podendo assim serem escravizados, valia inclusive, fazer-se de divindade. Não eram todos filhos de Deus, logo não poderiam povos de hábitos diferentes, sobre tudo de cor de pele diferentes, serem filhos do mesmo Deus. Uma grande incoerência, daqueles que evangelizavam para levar almas para Jesus.

E isso tem tudo a ver hoje em dia, com aqueles que fazem pessoas abrirem mão do que são, do que acreditam, para estarem mais próximas desse suposto deus dos que se preocupam bem mais com o que essas almas podem render para os seus cofres do que quantas alma poderão ir ao Criador. E isso só tem a ver com poder e dinheiro para poder mais ter mais poder. Vemos a mesma estratégia em prática com pretensas justificativas nada menos nefastas. Operação policial nas favelas, desapropriação de terras, remoção, “gentrificação” com pífias indenizações ou nenhum ressarcimento ou reconhecimento.

A desumanização dos pretos e das pretas, a generalização de que nas favelas só têm bandidos e quando vociferam que “bandido bom é bandido morto”, isso tem muito menos a ver com bandidagem do que com cor de pele e classe social, pois que não se vê a mesma ênfase em assassinatos ou prisões de ricos brancos ainda que estejam em delinquência. O que de pior poderia acontecer, aconteceu: Acostumamos com isso, como se tivéssemos realmente o “perfil de suspeito”, nos acostumamos a arcar com o ônus da falta de justiça. Com a Justiça de olhos abertos a separar por cores os seres que devem ser corrigidos.

Submeter-se é uma tática de sobrevivência. Pegamos os restos, as migalhas que caíram do banquete do poder e fizemos alimento com elas. Não havia outra alternativa a não ser o clichê “o que não me mata, me fortalece”. Curamos as feridas das chibatas e dos cassetetes da polícia. Aceitamos o serviço militar obrigatório como emprego e os cargos políticos também. Empregos para homens, empregos para brancos engravatados. Emprego para capitães-do-mato – pretos como nós, só que homens com pele preta e pensamento de brancos delatores, desumanos, ambiciosos, egoístas. E lá se foi a representatividade da qual só se fala em época de eleições com brinde de para laranjas. Quando um representante da representatividade séria se ergue se não é morto é ameaçado e ridicularizado todo o tempo, até que desista. Forma covarde de nos calar.

A Arte é a forma de resistência possível, ela educa, ela transmite valores, ela é vento que nenhum branco supremacista – supermachista ou seus odiosos capitães-do-mato podem impedir ou prender. Então se prendiam artistas, talentos da ciência, professores imputando-lhes a acusação de feitiçaria. Hoje, nem precisa tanto, vale ateísmo ou pecado da ideologia, ideologia de gênero (?!) inclusive.
Mas por que precisamos de uma representatividade religiosa que nunca foi perseguida, num país laico, onde a religião perseguida não tem bancada apesar de ter detratores, sofrer preconceito e depreciação física?
A Educação responderia essa questão, porque somente com algum tipo d e Educação “marginal” pode-se achar tão importante questionar isso quanto buscar resposta pra isso, quanto encontrar solução pra tudo isso.

Como parar essa multidão que é maioria de gente preta e pobre que se sente gente num momento em que não se pode mais negar que são humanos?
Resposta: Matando… E aproveitando todas as oportunidades que possam levá-los à morte. O policial que mata uma criança preta prestou um serviço, não tem porque ser julgado. O Estado observa passivamente seus homens-d- lei bandearem-se para as milícias que extorquem o pobre, o favelado, o traficante. Não tem problema, é uma questão econômica, policiais são mal remunerados, por isso muitos não vêm nada demais em um parlamentar que condecora milicianos pelo grande feito de serem mão-de-obra de escritórios genocidas.
A corrupção é válida desde que favoreça o lado “certo”. O apagamento de personagens históricas pretas não foi o suficiente para que a população preta se submetesse pacificamente. Olha eles aí querendo morar bem, querendo conforto, educação e saúde como se fossem gente. O Estado brasileiro nunca viu a população preta e pobre como gente. O presidente não se abala pelas mortes da #covid19 porque essa gente toda que está morrendo em maioria, não são humanas – na visão dele. Ele é só mais um tosco que conseguiu dinheiro suficiente e poder para se iludir que é benquisto no mundo e que o Brasil é o seu playground, pensamento que todo rico tem, principalmente os de mal caráter.

Hoje quando se fala de esquerda ou direita, não está se evocando pensamentos comunistas ou socialistas lá do tempo do barbudo Marx, está se falando sobre quem aceita pacificamente as injustiças e os absurdos da desumanização das pessoas, da negação dos seus direitos e daqueles que estão satisfeitos com o conforto que possuem e não se abalam pela carnificina, eugenia praticado pelo Estado.
Poucos pensam que não é uma questão de competição, O Estado que nega aposentadoria e benefícios aos trabalhadores é o mesmo que cumula de mordomias e cartões corporativos aqueles que deveriam trabalhar por um Estado mais justo, com menos miséria, menos sofrimento. É o estado que perdoa as dívidas astronômicas de tributos das grandes companhias quase sempre parceiras que financiam campanhas políticas, que se exime de taxar as grandes fortunas, que permite que qualquer miserável pague mais de impostos do que do bem ou mercadoria que consomem. Um Estado cheio de juízo de valor sem nenhum valor, que é capaz de proibir propaganda de cigarro, mas não proíbe a sua fabricação para não interromper a arrecadação. Que reprime o uso de droga mas nada faz com helicópteros que levam meia tonelada de drogas, pousando suavemente em aeroporto particular construído com verba pública. A verba da educação, saúde, saneamento. Um governo que não reconhece como droga, o álcool, mesmo tendo em suas cadeiras dezenas de representantes que vociferam por valores de tradição, família, propriedade e religião que proíbe o álcool, o divórcio, a transfusão de sangue, o adultério, o aborto. Parlamentares que usam a religião e o poder para controlar corpos e quanto mais femininos e pretos maior a tenacidade, o ataque desse controle.

O que não ensinaram pra gente na escola e deveriam é que as empresas estatais não existem para dar lucro, elas existem para minimizar o abismo criado pelo próprio Estado que permitiu alguns tão ricos e outros sem oportunidades para conquistarem uma vida digna, uma ida ao dentista, tratamento médico, escola para que se adequem à sociedade, para que contribuam com a sociedade sem precisar ter sua Cultura e criações apropriadas e sua existência apagada como num latrocínio social e cultural, para que não sejam problemas sociais.
Tirar a Educação de um povo, enquanto se elimina por estelionato sua cultura e por apagamento sua simples existência, é retornar à barbárie. É tirar sua capacidade crítica, seu raciocínio propositada e calculadamente porque qualquer um que pense, não tem como concordar com o que estamos vendo acontecer.
Sim, é esquerda ou direita, em cima do muro só tem um centrão que se beneficia com os ataques dos políticos à população. Ganham favores para favorecer o que nos mata. E isso tem a ver com necropolítica. Informe-se. É o tipo de verbete que não tem definição em meme de whatsapp ou rede social. FIM!

Fique atenta! Fique forte! Aproveite a quarentena para desenvolver tudo o que sempre te impediram. Foi assim que seres truculentos e anabolizados estão dominando o cenário, mas cenário se muda quando se acende a luz.
Participe da #ondanegra do #vidasnegrasimportam da onda #antifascista #antimachista #antiracista. Pensa que a Primavera de Praga se organizou pela internet.
Entre em contato com quem escreve coisas com as quais você se identifica ou gostaria de entender melhor.

 

Rozzi Brasil é mais uma preta mestiça que a palheta de cores ignorou e o desemprego por preconceito fortaleceu. Graduada em Pedagogia, pós graduada em responsabilidade social, é cineasta – # Procuram-se Mulheres, 2019, Prêmios Rede Sina, melhor temática social no Santa Maria Vídeo e Cinema e Troféu Calunga, melhor edição de som no 23º CINE PE Festival do Audiovisual Mostra Nacional de Curta-Metragens, são alguns dos prêmios ganhos por seu primeiro filme.
Cronista, escreve desde os 9 anos de idade, publicou 2 livros solo nos anos 80/90, está num projeto coletivo a ser lançado em novembro. Sobrevive como designer, web-design, redatora, social mídia, gestora de projetos artísticos e também sociais. Fundou a Associação Casa da Vida com atividades voltadas para portadores de doenças graves – principalmente HIV – crianças em vulnerabilidade social e mulheres vítimas de violência doméstica.
É carioca, compositora na Parceria Samba das Guerreiras, no GRES Portela.
É conselheira da Universidade das Quebradas, projeto do PACC – Programa de Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ coordenado por Heloisa Buarque de Hollanda.
É colaboradora do Canal Fórum M, mix de mídia on line e comunicação feminista.
É idealizadora, produtora e apresentadora da série ao vivo Pandemônicas na Pandemia que abre espaço para as vozes ativistas e/ou artísticas das periferias e favelas do Rio de Janeiro, com mediação de Heloisa Buarque, toda segunda-feira, às 18 horas no Canal Fórum M no Youtube.

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O menino que carregava água na peneira – PASCOAL SOTO https://redesina.com.br/o-menino-que-carregava-agua-na-peneira-pascoal-soto/ https://redesina.com.br/o-menino-que-carregava-agua-na-peneira-pascoal-soto/#respond Fri, 07 Jun 2019 03:21:25 +0000 https://redesina.com.br/?p=6637 O Poeta Lembro-me como se fosse hoje daquele longínquo 17 de novembro de 1994. Estava no escritório da Editora Moderna quando me foi entregue uma carta de Manoel de Barros, o poeta que aprendi a amar desde muito cedo. Tremendo como vara verde, segurei a carta junto ao peito. “Seria então a resposta do poeta …

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O Poeta

Lembro-me como se fosse hoje daquele longínquo 17 de novembro de 1994. Estava no escritório da Editora Moderna quando me foi entregue uma carta de Manoel de Barros, o poeta que aprendi a amar desde muito cedo. Tremendo como vara verde, segurei a carta junto ao peito. “Seria então a resposta do poeta ao convite que lhe fizera uma semana antes? Manoel de Barros, o autor de ‘Gramática expositiva do chão’, o dono da poesia a que Guimarães Rosa comparava a um doce de coco, teria considerado a ideia de escrever um livro para crianças?” — eram as perguntas que assaltavam a minha cabeça.
Abri o envelope como quem abre uma caixinha de música ou um pacotinho de suspiros recém-feitos, aquele doce que as mães antigas faziam para o deleite dos meninos. Encontrei um bilhetinho, escrito em letras mínimas, em que o poeta dizia, depois de recusar, com muita delicadeza, o meu convite: “Agradeço as referências elogiosas à minha poesia. É o que me alimenta e me faz reverdecer um pouco. Estou comovido com o seu convite. Um dia, quem sabe, haveremos de nos encontrar. Com o abraço e a amizade do Manoel de Barros”.
Depois daquele bilhete, que guardo até hoje como um troféu, perdi a conta das cartas que trocamos. Tornamo-nos amigos e durante um bom tempo esqueci-me do convite que fizera ao poeta. Tinha a sua amizade e isso sempre me bastou.
Qual nada… Em 1998, depois de tantas e tantas cartas trocadas, eis que o poeta me presenteia com um poema chamado “O menino que carregava água na peneira”. No bilhetinho que acompanhava o poema, Manoel, hesitante, diz: “Vê se presta.” Ato contínuo, liguei para o poeta: “‘Vê se presta’, Manoel? Você enlouqueceu?” — disse-lhe ao telefone, logo após ler o poema pela primeira vez. Sabia que ele não gostava dos telefones, mas eu não podia esperar. Tinha o coração a saltar. Rimos muito enquanto conversávamos, mas percebi que Manoel se mostrava verdadeiramente hesitante quanto à adequação do poema. Quando a questão já parecia superada, ocorreu-me lhe pedir um poema para uma menina. Sabia que estava a cometer uma heresia, mas a ideia não desagradou ao poeta. Tanto que, uma semana depois, eis que Manoel me manda “A menina avoada”.

No bilhetinho que acompanhava o novo poema, Manoel diz que o livro se chamaria “Exercícios de ser criança” e que já não tinha medo de escrever para crianças.

Citando Fernando Pessoa, Manoel diz: “Nenhum livro para crianças deve ser escrito para crianças.”
Aos poemas de Manoel de Barros juntei os mágicos bordados da família Dumont. “Exercícios de ser criança” foi lançado em 1999 e rendeu, entre outros, o Prêmio ABL de Literatura Infantil, que o poeta recebeu pessoalmente. Não afeito a aparições públicas, Manoel decidiu receber o prêmio pessoalmente, mas não sem antes, num boteco próximo ao prédio da ABL, tomar uma bela dose de uísque. Tomamos juntos (Manoel não gostava de chá).
Esse foi apenas o primeiro. Outros tantos livros vieram depois. Outras histórias…
Saudade que dói.
Viva, Manoel de Barros!!!!

 

PASCOAL SOTO

Foi diretor editorial nas editoras Planeta e LeYa. Criador e editor do selo Estação Brasil, Sextante

 

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Ideia interrompida por Salomão Sousa https://redesina.com.br/ideia-interrompida-por-salomao-sousa/ https://redesina.com.br/ideia-interrompida-por-salomao-sousa/#respond Fri, 03 May 2019 14:00:29 +0000 http://redesina.com.br/?p=6229 Muitas vezes fui uma ideia que Quando minha ideia opina outra ideia não decidirá por mim mas decidirá por si A minha ideia me deixa livre para desocupar uma cena Me leva livre pelo caminho de Bonfim Quando minha ideia não contamina um talo vai se erguer com a flor a se interromper sobre o …

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Muitas vezes fui uma ideia que

Quando minha ideia opina
outra ideia não decidirá por mim
mas decidirá por si
A minha ideia me deixa livre
para desocupar uma cena

Me leva livre pelo caminho de Bonfim
Quando minha ideia não contamina
um talo vai se erguer com a flor
a se interromper sobre o capim

Se sou vencido no que penso
minha ideia vai se romper
humo seco sob os trevos

Não me agrada a ideia de uma laranja
com o incompreensível gomo
que se deixou corromper por fungos

Se não se elimina o fungo
será contaminada a próxima laranja
Outras vezes fui a ideia que poderia ser se

 

SALOMÃO SOUSA
Natural da zona rural de Silvânia (G), cidade em que completou seus estudos primário e ginasial. Chegou a Brasília em 1971, onde graduou em Jornalismo pelo UNICEUB. É funcionário público do Ministério da Fazenda. Exerceu as funções de assessor parlamentar nos extintos Ministérios do Trabalho e do Bem-Estar Social. Participou como convidado, em 2014, do VI Festival las Lenguas de América/Carlos Montemayor, do Centro Cultural Universitário, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e, ainda, do IX Encuentro Internacional e XIV Nacional de poetas ”José Alberto López Coronado”, em 2016, em Chota, no Peru. Bibliografia: A moenda dos dias, 1979, DF; A moenda dos dias/O susto de viver, Ed. Civilização Brasileira 1980; Falo, 1986, DF; Criação de lodo, 1993, DF; Caderno de desapontamentos, 1994, DF; Estoque de relâmpagos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, 2002, DF; Ruínas ao sol, Prêmio Goyaz de Poesia, Ed. 7Letras, 2006; Safra quebrada, FAC, 2007. Publicou em 2008, com recursos do FAC/DF, o livro Momento Crítico, de textos críticos, crônicas e aforismos; Vagem de vidro, poesia, Brasília: Thesaurus Editora, 2013; Descolagem, antologia de poesia, Goiânia: Kelps, 2016, e Despegues y ressonancias, plaquete de poesia, Peru, Lima: Maribelina, Casa do Poeta Peruano, organização e apresentação de José Guillermo Vargas; Desmanche I e Poética e Andorinhas (textos críticos), em 2018; Desmanche I e Poética e Andorinhas, 2018, Brasília-DF. A UBE (GO) concedeu-lhe em 2011 o Troféu Tiokô. Membro da Academia de Letras, Artes e História de Silvânia e da Associação Nacional de Escritores (DF), da qual integra a diretoria.

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QUEM FALA COM SENTE por DINAH KLEVE https://redesina.com.br/quem-fala-com-sente-por-dinah-kleve/ https://redesina.com.br/quem-fala-com-sente-por-dinah-kleve/#respond Sun, 28 Apr 2019 08:11:21 +0000 http://redesina.com.br/?p=6397 Nós que temos bailado entre a angústia e o forjar de novas esperanças, procurando a nota certa que não ensurdeça os ouvidos diante do que é preciso escutar, mas que também não os embale como se nada houvesse a temer; nós que temos procurado avidamente por parceiros cujo olhar nos reafirme que não enlouquecemos e …

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Nós que temos bailado entre a angústia e o forjar de novas esperanças,

procurando a nota certa que não ensurdeça os ouvidos diante do que é preciso escutar, mas que também não os embale como se nada houvesse a temer; nós que temos procurado avidamente por parceiros cujo olhar nos reafirme que não enlouquecemos e que sim, são outros os valores a serem cultivados, nós sabemos o quanto necessitamos da Arte.
Nós e aqueles que a têm tentado estrangular, justamente por conhecerem sua potência, descumprindo editais, interrompendo patrocínios, difamando profissionais.
Nós e aqueles que defendem como sendo liberdade de expressão o riso que reafirma a posição do opressor sobre o oprimido, que dizem acreditar ser justiça o extermínio de quem não serve a seus interesses e que professam a fé num Deus que dizem estar acima de tudo, sem, no entanto, revelar a quem assim estão designando.
Nós que precisamos, mais que nunca, que haja aqueles capazes de dizer o indizível, de evidenciar os seres de linguagem que somos, nós precisamos também lutar por sua viabilidade.
É nossa tarefa, enquanto respeitável público, impedir que tratem como supérfluo aquilo que nos é vital.

DINAH KLEVE atua na Saúde Mental desde 2002, quando, a partir de sua experiência como atriz e diretora, com Bacharelado em Artes Cênicas, pela UniRio, coordenou o “Teatro Cabeça”, junto aos pacientes do Hospital Dia do Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro, função que exerceu por seis anos. Movida por esta experiência, deu inicio à sua formação em Psicanálise, área em que trabalha desde então. Atualmente, integra a equipe do Centro de Atenção Psicossocial ad III Paulo da Portela, voltado para o tratamento de pacientes com questões relacionadas a álcool e outras drogas, faz parte do Ambulatório Bambina que oferece atendimento psicanalítico a preço diferenciado para uma camada da população que por questões sócio-econômicas, normalmente não tem acesso a este tipo de tratamento e atende em consultório particular.

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A VERACIDADE por SALOMÃO SOUSA https://redesina.com.br/a-veracidade-por-salomao-sousa/ https://redesina.com.br/a-veracidade-por-salomao-sousa/#respond Fri, 26 Apr 2019 14:00:18 +0000 http://redesina.com.br/?p=6227 onde não haja escuro, espero onde não haja entrevero talvez veracidade talvez o lado desnecessário do escudo tenha o que se possa ver possa encher uma tina o sol possa crescer uma folha o filho encher um berço o que possa encher uma poça alguém pode querer encher uma balsa uma casa de caracol suja …

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onde não haja escuro, espero
onde não haja entrevero
talvez veracidade
talvez o lado desnecessário do escudo
tenha o que se possa ver
possa encher uma tina
o sol possa crescer uma folha
o filho encher um berço
o que possa encher uma poça
alguém pode querer encher uma balsa
uma casa de caracol suja
onde as garatujas de uma gravura
onde surja o caracol com sua casa
o quero-quero que espera
a lambuja de um grilo
pois a veracidade é ser livre

SALOMÃO SOUSA
Natural da zona rural de Silvânia (G), cidade em que completou seus estudos primário e ginasial. Chegou a Brasília em 1971, onde graduou em Jornalismo pelo UNICEUB. É funcionário público do Ministério da Fazenda. Exerceu as funções de assessor parlamentar nos extintos Ministérios do Trabalho e do Bem-Estar Social. Participou como convidado, em 2014, do VI Festival las Lenguas de América/Carlos Montemayor, do Centro Cultural Universitário, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e, ainda, do IX Encuentro Internacional e XIV Nacional de poetas ”José Alberto López Coronado”, em 2016, em Chota, no Peru. Bibliografia: A moenda dos dias, 1979, DF; A moenda dos dias/O susto de viver, Ed. Civilização Brasileira 1980; Falo, 1986, DF; Criação de lodo, 1993, DF; Caderno de desapontamentos, 1994, DF; Estoque de relâmpagos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, 2002, DF; Ruínas ao sol, Prêmio Goyaz de Poesia, Ed. 7Letras, 2006; Safra quebrada, FAC, 2007. Publicou em 2008, com recursos do FAC/DF, o livro Momento Crítico, de textos críticos, crônicas e aforismos; Vagem de vidro, poesia, Brasília: Thesaurus Editora, 2013; Descolagem, antologia de poesia, Goiânia: Kelps, 2016, e Despegues y ressonancias, plaquete de poesia, Peru, Lima: Maribelina, Casa do Poeta Peruano, organização e apresentação de José Guillermo Vargas; Desmanche I e Poética e Andorinhas (textos críticos), em 2018; Desmanche I e Poética e Andorinhas, 2018, Brasília-DF. A UBE (GO) concedeu-lhe em 2011 o Troféu Tiokô. Membro da Academia de Letras, Artes e História de Silvânia e da Associação Nacional de Escritores (DF), da qual integra a diretoria.

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FRASES PARA SEREM ABOLIDAS por POLIANA PAIVA https://redesina.com.br/frases-para-serem-abolidas-por-polianapaiva/ https://redesina.com.br/frases-para-serem-abolidas-por-polianapaiva/#respond Mon, 15 Apr 2019 15:00:21 +0000 http://redesina.com.br/?p=6222 Não existe amizade entre homem e mulher você precisa engordar homem não gosta de osso você precisa emagrecer homem não gosta de bujão você precisa sentar de perna fechada você não poder sair com esse decote você precisa parar de levar aquela sua amiga pra todo canto tá pegando mal você podia pegar essa energia …

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Não existe amizade entre homem e mulher você precisa engordar homem não gosta de osso você precisa emagrecer homem não gosta de bujão você precisa sentar de perna fechada você não poder sair com esse decote você precisa parar de levar aquela sua amiga pra todo canto tá pegando mal você podia pegar essa energia e focar na busca por um marido você já passou dos 35 devia congelar os óvulos você tinha tanto potencial gasta tudo com essa coisa de feminismo você não disse que queria que eu lavasse a louça eu não sou adivinho você devia ter vergonha você não devia falar palavrão homem não gosta disso com quem você deixou seus filhos vai chegar em casa bêbada e se as crianças acordarem você dá pro cara no primeiro encontro ele nunca mais vai querer saber de você sua vida só se completa de verdade se você é mãe depois dos 40 você não consegue mais nada sério depois dos 50 os caras não olham mais pra você na rua esconde esse teu vibrador porque se algum homem se depara com isso fica chocado se o cara bateu nela alguma coisa ela fez se sabia que o namorado era violento por que não se livrou dele homem é assim mesmo se você se fizer de desentendida vai acabar se acostumando se você se você se você se você se você se você…

Poliana Paiva

Poliana Paiva é roteirista, escritora, atriz e mestranda em Artes da Cena (Eco/Ufrj), com um projeto de comicidade política. Escreve pra TV e web, já atuou em esquetes do Porta dos Fundos e Parafernalha e mantém o Instagram @romanticuzinhos, com aforismos, micropoemas, tirinhas e vídeos. Participa de batalhas poéticas como o Slam das Minas e Haicai Combat. No momento escreve a série Mulhas, com a qual foi contemplada no edital de desenvolvimento de roteiros Prodav 05. Fora isso, dirigiu 4 curtas, entre eles, Muito além do chuveiro (Prêmio Aquisição Canal Brasil).

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Quem se preocupa? por SALOMÃO SOUSA https://redesina.com.br/quem-se-preocupa-por-salomaosousa/ https://redesina.com.br/quem-se-preocupa-por-salomaosousa/#respond Fri, 12 Apr 2019 14:00:48 +0000 http://redesina.com.br/?p=6219 Só tem o grande ditador porque tem a legião dos pequenos ditadores. Os pequenos ditadores pedem arma e o grande ditador providencia o arsenal. Os pequenos ditadores exigem uma única estrada e o grande ditador providencia uma legião de pequenos ditadores para cercar todas as demais estradas. Os pequenos ditadores querem todos rumo à mesma …

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Só tem o grande ditador porque tem a legião
dos pequenos ditadores.
Os pequenos ditadores pedem arma
e o grande ditador providencia o arsenal.
Os pequenos ditadores exigem uma única estrada
e o grande ditador providencia
uma legião de pequenos ditadores
para cercar todas as demais estradas.
Os pequenos ditadores querem
todos rumo à mesma catedral,
querem todos mostrando um só olho,
e o grande ditador define grandes campos
para aprisionar a criança que tem dois olhos,
a mãe que tinha a velha e limpa catedral,
quem podia calçar um sapato amarelo,
usar uma fita adesiva e dançar.
E os pequenos ditadores começam
a grande denúncia. – Separa aqui
os filhos dos pais, – organiza aqui a fila
– atira aqui no que arrasta sua miséria,
porque os pequenos ditadores
denunciam, e quando um pequeno ditador
quiser cortar um pedaço de sua manga
também será arrastado para o aprisionamento.
O grande ditador começa a ter medo
pois já matou dez, já aprisionou mil,
e passa a andar no meio de um exército de cem,
depois com um exército de dez mil,
e depois faz seus pronunciamentos
para um exército de milhares
que só podem ouvir um único canal
que repete o mesmo pronunciamento.
O grande ditador para se defender de um precisa de cem;
para se defender de cem,
precisa de um exército de dez mil.
E temos o grande medo e a grande desconfiança.
E temos as pequenas cartelas
para enfrentar as filas das pequenas rações.
E passam os anos e os pequenos ditadores
que não foram chamados para ser
assalariados na guarda do ditador
tem de começar todo um trabalho
para derrubar o ditador.
E começam a morrer os pequenos guardas ditadores
e os pequenos ditadores famintos, se não
morreram de fome, serão mortos no fuzilamento,
irão definhar com o rosto na cerca de arame.
Quem já guardou um pedaço de fita
para enfeitar o seio,
que guardou um olho para usar dois olhos?
Quem se preocupa com a mãe e o filho?
Quem se preocupa?
Se agora está sendo dependurado um gancho
por aquele que não se preocupa,
quem não se preocupa poderá um dia
estar dependurado num gancho.
Quem não se preocupa já perdeu um dos olhos.
Quem zela do segundo olho tem dois olhos.

 

SALOMÃO SOUSA
Natural da zona rural de Silvânia (G), cidade em que completou seus estudos primário e ginasial. Chegou a Brasília em 1971, onde graduou em Jornalismo pelo UNICEUB. É funcionário público do Ministério da Fazenda. Exerceu as funções de assessor parlamentar nos extintos Ministérios do Trabalho e do Bem-Estar Social. Participou como convidado, em 2014, do VI Festival las Lenguas de América/Carlos Montemayor, do Centro Cultural Universitário, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e, ainda, do IX Encuentro Internacional e XIV Nacional de poetas ”José Alberto López Coronado”, em 2016, em Chota, no Peru. Bibliografia: A moenda dos dias, 1979, DF; A moenda dos dias/O susto de viver, Ed. Civilização Brasileira 1980; Falo, 1986, DF; Criação de lodo, 1993, DF; Caderno de desapontamentos, 1994, DF; Estoque de relâmpagos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária, 2002, DF; Ruínas ao sol, Prêmio Goyaz de Poesia, Ed. 7Letras, 2006; Safra quebrada, FAC, 2007. Publicou em 2008, com recursos do FAC/DF, o livro Momento Crítico, de textos críticos, crônicas e aforismos; Vagem de vidro, poesia, Brasília: Thesaurus Editora, 2013; Descolagem, antologia de poesia, Goiânia: Kelps, 2016, e Despegues y ressonancias, plaquete de poesia, Peru, Lima: Maribelina, Casa do Poeta Peruano, organização e apresentação de José Guillermo Vargas; Desmanche I e Poética e Andorinhas (textos críticos), em 2018; Desmanche I e Poética e Andorinhas, 2018, Brasília-DF. A UBE (GO) concedeu-lhe em 2011 o Troféu Tiokô. Membro da Academia de Letras, Artes e História de Silvânia e da Associação Nacional de Escritores (DF), da qual integra a diretoria.

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Uma vez atirei com uma metralhadora AK 47 por PAULO CABRAL https://redesina.com.br/uma-vez-atirei-com-uma-metralhadora-ak-47-por-paulo-cabral/ https://redesina.com.br/uma-vez-atirei-com-uma-metralhadora-ak-47-por-paulo-cabral/#respond Mon, 28 Jan 2019 18:03:40 +0000 http://redesina.com.br/?p=5742 “O que mais recordo e me incomoda até hoje é a lembrança da sensação de poder que me deu ter uma metralhadora na mão…” Foi no Camboja, em 2002. Levou meia hora na garupa de um moto-taxi do centro da capital, Phnon Penh, até um tal ‘shooting range’, em que um rapaz (meio que) vestido …

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“O que mais recordo e me incomoda até hoje é a lembrança da sensação de poder que me deu ter uma metralhadora na mão…”

Foi no Camboja, em 2002.

Levou meia hora na garupa de um moto-taxi do centro da capital, Phnon Penh, até um tal ‘shooting range’, em que um rapaz (meio que) vestido de militar me recebeu com 2 cardápios: coca-cola, cerveja, petiscos em um; no outro, AK-47 (30 tiros por 20 dólares), pistola (15 tiros por 10 dólares) e bazuca (100 dólares o tiro) eram exemplos.
Por mais US$ 15 o cliente tinha opção de comprar um pato pra estraçalhar com a metralhadora ou podia pagar US$ 100 para explodir uma vaca com a bazuca. Foi esta última a opção de um grupo de americanos bobos-alegres-doentios que encontrei de noite no hostel, gargalhando com o vídeo feito para eternizar a experiência.
Optei pela “soviética” AK 47 – a arma símbolo dos guerrilheiros esquerdistas ao redor do mundo – e por um alvo de papel. A arma estava apoiada num suporte sobre uma bancada e lá adiante – uns 20 metros, talvez? – o alvo em forma de dorso humanos Pressionei o gatilho e saiu uma rajada de balas pela frente e um coice (relativamente forte) no meu ombro. Experimentei mais um pouco com algumas rajadas mas em menos de um minuto meus 30 tiros e U$ 20 tinham terminado. Se não me engano, acertei uns 10 tiros no alvo (nenhum na mosca).

O que mais recordo e me incomoda até hoje é a lembrança da sensação de poder que me deu ter uma metralhadora na mão. O sorriso de orelha a orelha que nasceu quando terminei de dar os tiros (vi depois num vídeo) ainda me assombra. Me considero um pacifista: não vejo violência como solução; não tenho e não pretendo ter arma; e acredito que sociedades com poucas armas são (geralmente) mais saudáveis do que as bem armadas.
Acho que a busca por essa sensação – que identifiquei no meu lado sombra – é uma das motivações comuns de quem quer ter uma arma na mão. Trata-se de sentir o poder, por exemplo, de buscar se defender de uma agressão (a racionalização mais comum) ou de fazer valer uma posição (o que com frequência ocorre quando o armado perde a razão).

Considero a discussão sobre o direito à posse de armas complexa e com mais de uma faceta, o que não me impede de uma preferência clara: prefiro a sociedade desarmada e sou a favor de leis que nos levem nesse caminho.
Mas minha raiz libertária/anarquista me faz levar a sério os argumento que defendem reduzir o poder de o Estado determinar quem pode ou não pode ter uma arma. É o argumento da liberdade individual, inclusive de defesa contra a agressão dos pares ou a tirania das autoridades. Para o anarquismo e libertarismo clássicos, o Estado proíbe os cidadãos de terem armas porque precisa de meios efetivos de controle sobre o eles, através do monopólio da força.

Por isso uma sociedade como a Suíça – em que o Estado não teme seus cidadãos e estes confiam nas suas instituições – se sente confortável em armar as pessoas: o país não tem um exército regular e os cidadãos que prestam serviço militar recebem um fuzil pra guardar em casa e usar apenas em caso de um chamado oficial. E todas estas armas não fazem da Suíça um lugar perigoso nem dos suíços um povo dado à violência.
No Estados Unidos o princípio libertário e de auto-determinação também está na raiz do direito constitucional à posse de armas. Mas em que pese a força do princípio, mesmo por lá – a terra dos tiroteios em escolas – cada vez mais gente percebe que, na prática, facilitar o acesso às armas numa sociedade já violenta essencialmente alimenta mais violência.

Tristemente, me parece que é o caminho americano que estamos trilhando aqui. Na minha utopia mais distante, armas seriam absolutamente desnecessárias – acabaria a violência entre seres humanos e mesmo animais não teriam que ser caçados – mas isso está muito além do horizonte. No fim das contas, caio na obviedade de que o problema não são as armas mas os humanos e suas sociedades. Chega-se ao ponto do paradoxo: as sociedades mais maduras para que todos possam ter armas – Suíça, por exemplo – acabam sendo as que menos precisam delas.
Mas o Brasil está ainda muito distante disso. Me parece claro que facilitar o acesso a armas por aqui só vai piorar nossa crise, seja através de poderosos utilizando este recurso pra fazer valer suas posições; seja pelos oprimidos – como todos nós, submetidos à violência diária do crime – tentando, em geral sem sucesso, se defender.

Nossos espíritos já estão armados até os dentes e não precisam de mais armas na mão.

 

PAULO CABRAL, é jornalista há 20 anos com grande experiência na cobertura internacional. Atualmente é correspondente no Brasil da CCTV News, o canal internacional de notícias em inglês da TV chinesa. Já foi correspondente da BBC News no Brasil e da BBC World Service em Washington DC (EUA) e no Cairo (Egito) além de apresentador, em Londres, dos programas em português de rádio da emissora britânica. Também foi âncora na Rádio Band News FM e repórter do jornal O Estado de São Paulo e da Agência Folha.

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