SINA EM PAUTA: A LITERATURA FANTÁSTICA E O ATIVISMO FEMINISTA DA NIKELEN WITTER
Apresentação: Mel Inquieta / Melina Guterres
Convidada: Nikelen Witter
Nesta segunda, às 19h, no Sina em Pauta, apresentado pela Mel Inquieta, vai rolar um bate-papo com a escritora e ativista feminista Nikelen Witter. Ela que historiadora e professora universitária. Autora de “Viajantes do Abismo” (finalista do Prêmio Jabuti 2020); do romance infanto-juvenil “Territórios Invisíveis” (finalista do Prêmio Argos 2013); e da coletânea de contos góticos “Dezessete Mortos”. É também co-autora de Guanabara Real e a Alcova da Morte (Prêmio Le Blanc e Prêmio AGES, 2018). Publicou também a obra “Dizem que foi Feitiço”, sobre a história das práticas de cura no Brasil. Desde 2016, é agenciada pela Increasy Consultoria Literária.
“Viajantes do Abismo”
Esta é a história de desertos que avançam cobrindo cidades. A história de um mundo à beira da destruição. Da gente desse mundo, de sua alienação e da violenta guerra em que se perdeu. Esta é a história de uma mulher que fazia curas e de sua amiga que dirigia um bordel. E de como elas enfrentaram tudo isso. Também é a história do tigre e da menina. Mas para conhecer todas elas, você terá de aceitar o chamado para olhar o futuro. E mergulhar no abismo.
que, fechada e quieta, o torvelinho passaria ao largo dela e todos sairiam ilesos.
Antes que a noite chegasse, as autoridades já haviam imposto um toque de recolher à população amedrontada. Não houve contestações. Todos sabiam que, sendo o principal entroncamento ferroviário do Sul da Tríplice República, os governistas fariam de tudo para garantir que Alva Drão não caísse nas mãos dos revoltosos.
E o medo seria sua principal arma. Contudo, este foi somente o primeiro movimento no tabuleiro.
Nos três dias que se seguiram, o crescente número de desalojados que se acumulava nas ruas foi recolhido pela governança municipal. Saíram das calçadas, onde ficavam mendigando por comida ou trocados, e foram transferidos para um terreno rigorosamente vigiado nas cercanias da cidade. A rádio falava de proteção aos cidadãos desamparados. Mas não era o que a população acreditava. Aos sussurros, era possível perceber o pânico rondando o ar, como a poeira quente vinda dos desertos.
Na madrugada de domingo, os saques começaram.”