Arquivos NATÁLIA PARREIRAS - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/natalia-parreiras/ Comunicação fora do padrão Wed, 02 Aug 2023 02:11:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos NATÁLIA PARREIRAS - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/natalia-parreiras/ 32 32 A catarse traz maleabilidade ao conflito e ânimo para catalisar a solução por Natália Parreiras https://redesina.com.br/a-catarse-traz-maleabilidade-ao-conflito-e-animo-para-catalisar-a-solucao-por-natalia-parreiras/ https://redesina.com.br/a-catarse-traz-maleabilidade-ao-conflito-e-animo-para-catalisar-a-solucao-por-natalia-parreiras/#respond Mon, 31 Jul 2023 22:08:09 +0000 https://redesina.com.br/?p=67867 “Omolu nos ensina sobre a importância de ouvir o que está debaixo de suas palhas” – especialmente em tempos em que todos só querem “ver” – ou são induzidos “a se mostrarem” para serem hipoteticamente validados por likes e popularidade virtual. Cada sentido traz uma percepção mais propícia à condução para determinados centros gravitacionais – …

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“Omolu nos ensina sobre a importância de ouvir o que está debaixo de suas palhas” – especialmente em tempos em que todos só querem “ver” – ou são induzidos “a se mostrarem” para serem hipoteticamente validados por likes e popularidade virtual.

Cada sentido traz uma percepção mais propícia à condução para determinados centros gravitacionais – estes sim indutores de decisão; a escuta exige uma mediação de entendimento mais profundo do metabolismo nosso que co-cria a realidade: não há “saber” antes de se tentar compreender com reserva de amparo ao desconhecido – e apenas esse exercício já nos demanda um esforço mais prudente e humano – portanto mais seguro e exequível.

Sim, força e iniciativa pressupõem um grande respeito pela arte da prudência e uma familiaridade arrojada com a magnética do impulso – como em uma regência de forças dissonantes e invisíveis – mas que se conduzidas com pureza de propósito (“Mas só pode entrar na gongada/ Quem tem a cabeça feita/ Um espiritual pacificador/ E no coração/ Carinho e muito amor”) harmonizam frequências para a transposição de paredes e a transcendência de conflitos, especialmente na pragmática do interesse “nosso” natural e imprescindível.

Entender-se como transmutador da potência intrínseca e vibracional que contém sem que se possa conter – a palavra – é antes de tudo, um compromisso cósmico de responsabilidade. Ainda mais quando se está no âmbito de sala de aula – não à toa ensinar se assemelha a um sacerdócio – sem o advento dos argumentos sacros ou profanos, trata-se de propósito e disposição sobre-humanos.

Mas independente disso, ensinamos e aprendemos o tempo todo dentro das dinâmicas sociais – e perdemo-nos de nós de mesmos quando passamos a simplesmente imitar – e na maioria das vezes acabamos expostos – frágeis – pelas nossas dores convertidas em perversão.

É preciso entender que a força motriz do movimento não pode ser forjada – é etérea, impalpável, experenciada e intransferível – mesmo na era do vírus sem matéria – é elemento alquímico, como a energia que se cria a partir da água, e acende das máquinas, à força de propulsão dos rios.


Podera-se-a obter lucro, vantagem, riqueza, alívio temporário diante da negação do que de fato exige esforço para que se siga o próprio percurso evolutivo – mas nunca será AUTÊNTICO. A autenticidade bebe da inspiração, das referências, dos afetos, mas perpassa por mutação não intencional que verte em neogênese própria e sem pré-definição de intento, muito menos de vantagem.

Tudo o que é replicado e bradado ao mundo – ainda que com retorno de investimento monetário e financeiro, com atribuição de validade ou esforço para legitimar a autoria mas vazio da força molecular da experenciação – é prejuízo de tempo – perda do próprio, para si mesmo.

Nada que induza ao distanciamento dessa nossa instância mais primordial trará potencialidade de criação – esta jamais será meramente figurativa.

A vida é uma ventura sagrada, complexa e linda demais para nos permitirmos “gastar” tempo com o que não integra de modo genuíno nosso metabolismo e processos de vivência, que não lega caminhos de aprendizado, intransferíveis.

Podemos tentar enganar e até conseguir – a quem quer que seja – mas não há como simular o abraço do vento, nem o beijo do rio – mesmo que no aparente vazio do cosmos. Essa sintonia, esse encontro entre estados naturais inordenáveis – guarda em si uma territorialidade abstrata escondida no contra-fluxo que nada nem ninguém prevê ou propicia. Ela acontece e ao acontecer, se enuncia. 

Natália Parreiras (9/07/1984) é gaúcha, filha de mineiro, criada em Pernambuco, que em 1992 mudou-se para o Recife, onde viveu até seus 23 anos. Formou-se em Letras pela UFPE e encontrou a sua maior vocação ao iniciar – ainda como estagiária – a carreira de professora, lecionando para jovens entre 12 e 19 anos.
Publicou Inverno versos (2002), Épura prosa amorosa – Em 9 atos e 3 dimensões (2008), Ócio criativo: Uma poética dirigida em poemas ao acaso (2008) , O livro que não escrevi (2014) e Legítimas em defesa – Poesia e mais vozes de sobrevivência (2021).
Entre 2008 e 2020, morou no Rio de Janeiro, onde concluiu sua pós-graduação em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo pela PUC-Rio, especializando-se na obra de Jorge Ben Jor e em seu diálogo com o legado de São Tomás de Aquino, precursor da Escolástica, e com os conceitos de Ato e Potência desenvolvidos por teóricos da atualidade, como Giorgio Agamben.
Em 2014, por meio do aplicativo americano Lettrs, coorganizou o livro Poetguese: A utopia por um mundo de palavras (2014), em edição bilíngue, em inglês e português, que reuniu poemas de 84 jovens, de 16 estados brasileiros, impresso em Nova York e distribuído gratuitamente no Brasil.
No início do lockdown em 2020, na tentativa de amenizar os efeitos do isolamento, reuniu-se virtualmente com alguns de seus ex-alunos para revisitarem suas produções do ano letivo anterior. Desse encontro, surgiu a Sociedade dos Poetas Novos – SPN, coletivo que hoje reúne cerca de 100 corações e tem, como princípio, estimular, de maneira afetiva e espontânea, a busca subjetiva como prática contínua para acessar as próprias emoções, propiciando autoconhecimento e, portanto, uma maior amplitude de percepção de si e do outro através das próprias criações, para melhor conviver e assimilar a urgência de práticas individuais que reflitam em uma sociedade mais justa e inclusiva.
A maré púrpura reúne toda a sua produção poética publicada ao longo de 20 anos, e a incorpora à sua nova era como poeta, mulher e utopista, que celebra e acredita na natureza transcendental da palavra e do afeto, na prática, sobretudo, quando evocada em verso.
PARA A POETA NATÁLIA
A graça e a serenidade
Ou um presente de Natal
Pela arte e pela dinâmica do outono
Pela elegância e a alegria
Dos dias curtos do inverno
Singelo e perfumado
Como a florida primavera
Esplendoroso como o céu azul
A chuva cristalina
A lua prata
E o sol ouro de verão.
JORGE BEN JOR
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Há muito a ser dito por NATÁLIA PARREIRAS https://redesina.com.br/ha-muito-a-ser-dito-por-natalia-parreiras/ https://redesina.com.br/ha-muito-a-ser-dito-por-natalia-parreiras/#respond Mon, 18 Dec 2017 04:27:30 +0000 http://redesina.com.br/?p=3458 Celebramos os 11 anos de criação da lei Maria da Penha. E sim, há muito a ser dito. Não estou me dirigindo aos que cometem tais crimes, alertando-os sobre a necessidade de buscarem tratamento especializado, de imergirem na descoberta dos fatores que desencadeiam seu comportamento violento. Isso pressupõe aceitação de sua condição, empatia para com …

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Celebramos os 11 anos de criação da lei Maria da Penha. E sim, há muito a ser dito.

Não estou me dirigindo aos que cometem tais crimes, alertando-os sobre a necessidade de buscarem tratamento especializado, de imergirem na descoberta dos fatores que desencadeiam seu comportamento violento. Isso pressupõe aceitação de sua condição, empatia para com o que causam às suas vítimas, responsabilização pelos seus atos. E é também por este motivo, que a justiça entra como única intervenção possível para coibir seu comportamento e para a imposição de um limite REAL, termos inexistentes na mente de tais indivíduos, que não raramente subestimam suas parceiras e acreditam estar acima de tudo, inclusive da lei.

Me dirijo às mulheres, todas, de corpo ou de alma:

Sim, é preciso interromper o ciclo de violência e a forma mais próxima de isso ser eficaz e definitivo, é tornando a questão um assunto extra-doméstico, dando ao fato o tratamento de instância criminosa e inaceitável.

É impossível se libertar da teia do abuso sem o braço da lei, já que a violência em todas as suas formas, demonstra a supressão de limites, amparada pela premissa de privacidade e cumplicidade, em uma sociedade em que a mulher ainda é vista como extensão do perdão e da indulgencia maternas ou como “responsável por manter a harmonia do lar e a continuidade do casamento” pelo “bem da família”.

Quero falar sobre um tipo muito comum de agressor e comumente o que mais sai impune de suas consecutivas práticas de violência: O sociopata narcisista.

Carismático, charmoso e articulado, ele surge com uma oferta de amor sempre “incondicional”, com uma iniciativa e capacidade de assumir compromisso que irá te deixar com a sensação de que ele é o “cara”, que homens de verdade são assim firmes, vigorosos e decididos.

Em pouco tempo, ele irá querer te dar o mundo: Você será a mulher mais incrível, a mais linda, digna de qualquer sacrifício e de dedicação irrestrita, será mimada e conquistada como jamais foi.

Tudo o que for importante pra você, será um alvo e objeto de conquista para ele: Sua família, seus amigos, seus interesses pessoais.

Aos poucos, surgirão “condições” para que você tenha essa relacionamento especial e super diferenciado: Você passará a acreditar que para ter algo assim, precisará fazer “pequenas” concessões: Passará a existir um controle sobre o que você fala, o que posta nas redes sociais, como interage em público. De repente haverá uma tensão crítica sobre tudo o que fizer: Suas roupas já não te deixarão tão bonita, ou algo será até capaz de te deixar “feia”, mas tudo será dito para o “seu bem” , “com a franqueza que só esse amor tão raro pode trazer”.

Sem perceber, você passará a fazer cada escolha sob o imperativo de uma voz outra, como se uma figura de autoridade agora te protegesse e merecesse esse “respeito: O seu parceiro se tornará, não uma referência, mas um divisor de águas no que você entende como “ideal de comprometimento”.

Até aí, tudo se parecerá muito com a rotina de um relacionamento normal, mas só parecerá:

À medida em que o compromisso for se tornando mais sério e assumido socialmente, o ímpeto de dominação irá extrapolando limites: Seus horários passarão a ser supervisionados, suas atividades questionadas, ele irá tentar manter contato diário praticamente ininterrupto com você. Se estiver no trabalho, usará o chat, se for viajar, videoconferência: sempre fornecerá de forma muito detalhada cada passo dele: Isso a fará se sentir segura e irá induzi-la a querer agir da mesma forma, reportando a ele, tudo ao seu redor.

Subitamente o seu celular ou o seu computador passarão a ser vasculhados, seja com a desculpa de usá-los para fazer algo rápido pedindo as suas senhas de acesso, ou simplesmente invadindo os seus dispositivos enquanto você estiver fora e tiver deixado algo logado.

Qualquer comportamento seu que demonstre que de alguma forma você ainda tem iniciativa própria, será um sinal grave de alerta para ele: A princípio as reclamações virão em episódios que revelarão um homem “frágil e decepcionado”, em seguida, com rompantes de raiva simples, com grosserias e alguma virulência verbal, mas sempre seguidos de desculpas e de um aparente grande arrependimento.

O estabelecimento de uma atitude psicologicamente abusiva será fundamental para que o agressor vá comprometendo sua integridade emocional e por consequência, sua capacidade de reagir ou indignar-se. É uma prática gradual que começará bastante diluída nas interações cotidianas do casal: Culminará no momento em que, após “querer saber tudo ao seu respeito” de forma muito acolhedora e empática, ele começar a usar o que você confidenciou contra você, desvendando suas maiores vulnerabilidades e identificando seus pontos de atenção: O que é mais importante pra você? O que te faria se sacrificar para evitar um confrontamento?

Assim como na pratica do abuso emocional, o ciclo de violência física se apresenta de forma gradual: Pode começar com um copo d’Água no rosto, um soco na parede atrás de você, uma puxada pelo braço em um lugar público, seguido de um arrependimento extremo e desesperado.

Sem se dar conta, você irá se acostumando à uma personalidade “dócil” eventualmente explosiva, uma ou outra humilhação pública (sempre mais comum diante de desconhecidos e pessoas com quem tenham pouca ou nenhuma convivência, pois para a maior parte das pessoas, ele precisa mostrar-se como um exemplo de parceiro/namorado/marido, o que será muito útil em um momento mais à frente) até que algo mais grave aconteça: Um tapa, um empurrão, algo atirado em você, uma surra, uma tentativa de estrangulamento. Não importa qual seja o tipo de ataque físico, se você não sair imediatamente para tomar providências LEGAIS, acredite, será muito mais difícil retomar o controle da sua vida a partir daí.

Você irá querer sair fora, irá se revoltar, ameaçará denunciar: Ele implorará por clemência e perdão, prometerá se tratar, fazer terapia, te contará a respeito de sua infância traumática, dirá que agiu desta forma porque nunca amou ninguém assim e simplesmente não soube lidar com isso.

Se você o evitar, ele a cercará por todos os lados, apelará para todos que forem capaz de influencia-lá, porque naturalmente ele sabe que a vergonha e o choque te farão incapaz de contar a verdade para quem quer que seja: Afinal você estaria falando do cara incrível que todo mundo passou a amar e o principal: Estaria desconstruindo o homem que você ama.

Neste ponto, o ciclo se completa e após convencê-la a lhe dar uma chance, o abuso recomeça com episódios de aparente menor gravidade, sempre evoluindo da intimidação, para violência psicológica e eventualmente física. E irá se repetir, repetir, repetir.

Quanto mais inteligente e articulado for o agressor, mais sofisticadas se tornarão suas práticas abusivas: Agredir fisicamente nem sempre será o mais comum: Isso gera evidências detectáveis e passíveis de comprovação. Ele será surpreendentemente “inventivo” para não deixar rastros: Cuspirá no seu rosto, puxará suas pernas enquanto você dorme até bater a sua cabeça no chão, acordará você aos berros a poucos centímetros do seu rosto, destruirá seus pertences pessoais, controlará como gasta o seu dinheiro, quem frequenta sua casa, criticará fortemente a forma como você cuida das tarefas domésticas e exigirá práticas sexuais que não te agradam.

Você nem terá percebido, mas passará a buscar isolamento, falará cada vez menos com pessoas de fora e evitará tudo e todos que possam aborrecê-lo ou desencadear qualquer estresse.

Contatá-lo quando ele estiver fora de casa, só será possível quando ele quiser. Agora ele estará sempre muito ocupado e você atrapalhando sua vida, seus afazeres, seu trabalho.

Sempre que quiser fazer qualquer atividade que não traga algum benefício direto a ele, primeiro haverá chantagem emocional, depois ameaças (“quando voltar, você vai me pagar”, “se for, não precisa mais voltar”!) até que você comece a desistir de fazer qualquer atividade que ele não considere fundamental.

Se você passar a questionar os comportamentos dele, irá chamá-la de louca e encerrará o assunto de forma intimidadora e feroz, sem deixar qualquer espaço para que você exponha um problema ou desenvolva um tema que o desagrade.

À esta altura, ele passará a “confidenciar” aos amigos próximos e colegas de trabalho o quanto a sua personalidade “é complexa”, o quanto você é sensível e exagerada: Aos poucos ele irá desconstruir toda e qualquer referência positiva que exista a seu respeito a fim de descredibilizá-la diante de uma eventual tentativa sua de pedir ajuda ou de desmascará-lo.

Sempre que houver a oportunidade de ter contato com seus familiares, ele fará queixas disfarçadas, apontará suas “pequenas” imperfeições, seu gênio forte e a inesgotável paciência e determinação que ele tem como bom parceiro/namorado/marido.

Quando ele trouxer as próprias visitas ou diante de pessoas que ele julgue importante impressionar, você momentaneamente irá ter esperança de que ele possa melhorar ao vê-lo lhe tratando bem e com uma aparente tranquilidade no modo de agir e se comportar. Acreditar nessa sobrevida do relacionamento pode ser fatal.

Se você ousar contar para alguém e ele for confrontado, irá negar veementemente, ou diante de alguma evidência física, tentará distorcer os fatos ou minimizar os seus atos: Dirá que foi só um tapa, uma vez só, que se arrepende, que você está usando isso contra ele, sim, agora ele é sua vítima!

Então ele passará a ameaçar a sua vida abertamente e a de seus familiares. Se tentar falar sobre terminar tudo, você correrá sério risco de morte. Você estará literalmente dormindo com o inimigo e será questão de tempo até algo trágico acontecer.

Um narcisista jamais aceitará ser confrontado, rejeitado, abandonado. Não sem o advento da lei. Ele jamais assumirá qualquer responsabilidade ou admitirá seu comportamento perverso e abusivo, sempre terá desculpas para tudo e seguirá manipulando todos a sua volta.

Para deter comportamentos como estes, só nos resta a lei.

Sim, uma lei falha, de um sistema falho, que ainda deixa muito a desejar na assistência e no atendimento, mas que também conta com pessoas incríveis que lutam diariamente contra realidades como essa e não hesitarão em ajudar, esclarecer, orientar.

Se você identificou algum desses traços em alguém que conhece ou convive, por favor, não se cale, não se omita, não adie.

Resista às pressões, aos julgamentos,
Aguente firme.
Você não está sozinha e você vai conseguir!

Foto: Ingrid Trindade

Natália Parreiras nasceu em Carazinho, Rio Grande do Sul e mudou-se ainda criança para o Recife. Formou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco e por cinco anos lecionou Redação Argumentativa na capital pernambucana. Publicou “Inverno versos” (2002), “Épura prosa amorosa – em 9 atos e 3 dimensões” (2008), “Ócio criativo: uma poética dirigida em poemas ao acaso” (2008) e “O livro que não escrevi” (2014). No Rio de Janeiro, nos últimos oito anos assinou a produção executiva do “Corujão da Poesia”, a única vigília semanal de literatura e arte da América Latina, comandada por João Luiz de Souza e Jorge Ben Jor.  É idealizadora do “Flagrante Poético”, que estimula jovens a compartilhar poesia através da imagem via twitter. Fundou o “Brazil Poets Society – organização de jovens brasileiros que tem por objetivo a difusão da escrita e da leitura por intermédio de cartas virtuais pelo aplicativo americano Lettrs, a partir do qual co-organizou o livro Poetguese: A utopia por um mundo de palavras, em edição bilíngue – inglês/português, publicada em Nova Iorque –, que reúne poemas de 84 jovens de 16 estados brasileiros. Atualmente, conclui sua Especialização em Literatura, Arte e Pensamento contemporâneo pela PUC-Rio e prepara seu próximo livro, “Quinta Estação – Poemas e Paragens”.

 

NOTA SINA:

Confira o clipe da semana que trata de relacionamento abusivo: ‘Without The Lights’ de Elliot Moss

Without The Lights de Elliot Moss

 

*

COLABORE:

Já passou por alguma situação de abuso, assédio? Quer contar sua história? Pode ser de forma anônima. Nós queremos saber e ao contar tentar evitar muitas outras. Se tiver disposição em colaborar envie e-mail para sinarede@gmail.com ou nos ache em nossas redes sociais, Rede Sina ou As Mulheres que Dizem Não 

 

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A Imaterialidade e o Estofo Filosófico Aquiniano na Obra de Jorge Ben Jor* por NATÁLIA PARREIRAS https://redesina.com.br/aimaterialidade-e-o-estofo-filosofico-aquiniano-na-obra-de-jorge-ben-jor-por-natalia-parreiras/ https://redesina.com.br/aimaterialidade-e-o-estofo-filosofico-aquiniano-na-obra-de-jorge-ben-jor-por-natalia-parreiras/#respond Sat, 21 Jan 2017 07:06:23 +0000 http://redesina.com.br/?p=2785 Da natureza deste recorte Seria um paradoxo não fosse um traço tão característico: Em um país de tamanha miscigenação, seu identitário repercute de modo singular na produção cultural de seu povo, em sua elaboração de sentidos. Somos a massa híbrida de liga generosa, e que reveste o drama de eterna esperança, posto que se crê …

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Da natureza deste recorte

Seria um paradoxo não fosse um traço tão característico: Em um país de tamanha miscigenação, seu identitário repercute de modo singular na produção cultural de seu povo, em sua elaboração de sentidos.

Somos a massa híbrida de liga generosa, e que reveste o drama de eterna esperança, posto que se crê na possibilidade contínua desde o berço da mãe gentil. Mas – e há que se dizer – somos muito além desse gracejo tropical e contundente de curvas e crenças, da já emblemática malemolência de quadris: Somos enredo swingado, mas o samba no pé é apenas mais uma das tantas metáforas de ser e sobreviver do brasileiro.

E é sendo brasileiro, latino-americano, criatura de fé e ser humano, que Jorge Ben Jor abranda a mitificação do homem-farelo, e dá um basta às migalhas porque as incorpora como pedaços legítimos, íntegros, insubstituíveis, de si e do mundo que o habita.

Enquanto artista, sua consciência primordial prescinde a suposta objetividade de suas marcas de autoria: Seus passos remontam a sinuosidade de um percurso próprio que, uma vez tocado de trato universal, então é aclamado popular.

Mas como não erradicar de sua própria essência os contornos que conferem a ele o status pop, sem que a obsessão tediosa – e tantas vezes injusta – dos puristas diminua sua obra a um mero retrato de uma país tropical? Será a nossa necessidade de classificar tudo um recurso criado para a otimização do fluxo de informações e confluências, ou, muitas vezes, uma tentativa de des-caracterizar o que não corresponde à forma tida como normativa e aceitável? A forma define o poder de propagação do fazer artístico? Pode o erudito ser um uso do popular e vice e versa?

Em “Assim falou Santo Tomaz de Aquino” (1975) canção gravada no mesmo disco que lançou o clássico de fé Benjoriano e universal “Jorge da Capadócia, o artista já apontava com clareza para uma máxima que se repete ao longo de toda sua obra: “Deus não é uma medida proporcionada ou medido/ Por isso não é necessário que esteja contido/ No mesmo gênero da criatura”.

Foi da latência de questões como essas que se talhou a reflexão acerca do objeto de estudo deste trabalho: A obra de Jorge Ben Jor aclamada há décadas no Brasil e no mundo, e a intersecção geratriz da base filosófica do artista: A obra do filósofo São Tomás de Aquino.

O Encontro do Som com a Potência

Razão e Prudência: Os dois pilares da obra de São Tomas de Aquino, célebre discípulo do pensador Alberto Magno, se tornariam a base ideográfica do ex-seminarista Jorge Duílio de Menezes, carioca nascido em Madureira e que desde os tempos de coroinha encontrara na enunciação da palavra, a ordem e a liberdade que seriam fundamentais para criar o estilo de música que faria tremer a levada tida como nossa: Agora o Samba, de esquema novo, era dele.

A seguir serão apresentados trechos de suas produções artísticas de diferentes décadas em consonância com os ideais filosóficos Aquinianos.

Intersecções

Muito se fala sobre a presença dos elementos místicos da Alquimia na obra de JBJ: Flamel e Paracelso são enunciados em canções como “O namorado da viúva” e “O homem da gravata florida”, respectivamente, ou notadamente no clássico “Os Alquimistas estão chegando”, todos os sucessos do emblemático LP Tábua de Esmeralda, gravado em 1974.

Entretanto, as conexões entre as criações Benjorianas e o universo metafísico começam muito antes dos séculos XIV e XV, mais precisamente com as escrituras do século XIII e a elaboração da Aurora Consurgens, de São Tomás de Aquino que, ainda que não trate diretamente a respeito da Alquimia, enumera postulados ligados a este conceito, uma vez que valoriza a Matéria.

Mas o interesse de Ben Jor pelo legado do religioso italiano extrapola os estudos que serviriam de base para alquimistas das mais variadas gerações. Ele versa, sobretudo, acerca do estofo filosófico das máximas Aquinianas: Do princípio de equidade entre todas as criaturas perante a Deus ou ao Ato Puro, sejam elas seres humanos, animais ou plantas – até a noção da ausência de uma forma DEFINIDA para o que se entende como FORCA CRIADORA DE TUDO.

A máxima de São Tomás prevê estas duas ressonâncias distintas no universo: O ato, forma variável de tudo o que tem potência posto que existe; e a potência, referencial do intangível que paradoxalmente guia a busca espiritual de todos os seres aventurados de existência.

Não seria leviano, portanto, apreender que, tal como a Escolástica inaugurou um modelo de ensino ao propor que os alunos fossem incitados à elaboração de conceitos pertinentes ao seu repertório e percepção próprios de mundo, ao invés da mera repetição do que lhes era dito pelos padres em salas de aula; que a veia central da obra do artista seja o que se pode chamar de Não-Ode ao Determinismo: A forma assumida por uma criatura, seu ato, não define seu potencial, apenas repercute o diálogo entre as suas múltiplas instâncias no campo da matéria presente, a salvo seu caráter intrínseco de superação, que dialoga tão somente com o que lhe separa da potência.

Se para São Tomás de Aquino “A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria”, para Jorge Ben Jor é o primeiro drible da jogada brilhante de “Fio Maravilha” (1972) “que só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol”.

Em “Negro é Lindo”, canção homônima ao LP lançado em 1971, demarca-se claramente a evocação à própria potência e ao Ato Puro – Deus – que surge ladeado nos versos de um ser consciente de sua existência ou ato em forma de criatura, exercendo sua inteligência sensível, consciente de sua limitação e prezando por máximas cristãs como a compaixão: “Eu só quero que Deus me ajude/ A ver meu filho/ Nascer e crescer/ E ser um campeão/ Sem prejudicar/ Ninguém.”.

A mesma súplica aparece em “Domenica”, quando o Poeta novamente evoca a potência para agir na transformação de seu ato, enquanto criatura que tanto deseja, mas não possui a musa e amada: “Pois, eu tenho fé que quando Deus ouvir/ Meu hino de amor/ Eu vou fazer da Domenica/ Meu anjo da guarda e minha mulher”.

A resignação do eu-lírico do autor, no entanto, não sucumbe a obstáculos, tão pouco se acomoda no status quo típico da estagnação: Ciente da contínua metamorfose de tudo o que o universo conjuga ato e, portanto da suscetibilidade das circunstâncias à própria “potência espiritual”, evoca em voz alta seu desejo e assim seu poder, em “Eu vou torcer” (1974): “Eu vou torcer pela paz/ Pela alegria, pelo amor/ Pelas moças bonitas/ Eu vou torcer, eu vou”.

Para ele, apenas sua amada e seu amor estão à altura do Ato-Puro, mas, em suas próprias palavras, se “assim mesmo/ lá em casa todos meus amigos/ meus camaradinhas me respeitam” (País Tropical, 1976), vale o apelo sempre íntimo e respeitoso ao “Divino” em “Chove Chuva/ Chove sem parar/ Pois eu vou fazer uma prece/ Pra Deus, nosso Senhor/ Pra chuva parar/ De molhar o meu divino amor/.”.

Nesse trecho, Ben Jor parece estabelecer uma relação de verossimilhança ao dizer que irá queixar-se ao “Nosso Senhor”, da “Chuva” que molha seu “Divino Amor”: como um filho pede ao Pai providências por algo feito por um irmão, apontando mais uma vez para seu entendimento da equidade entre todas as criaturas, impressão reforçada pelos versos que se seguem: “Que é muito lindo/ É mais que o infinito/ É puro e belo/ Inocente como a flor”.       

        Em Reactivus Amor Est registro de 2004, é a canção “Turba Philosophorum” [Convenção dos Filósofos] que remonta essa mesma perspectiva, mas de modo mais expositivo: “O que está no alto/ É como que está em baixo/ Precisamos salvar os velhos/ Precisamos salvar as flores/ Precisamos salvar as criancinhas e os cachorros”.

E como não poderia deixar de ser, a “Razão e a Prudência” marcam presença em outras representações análogas da linguagem Benjoriana, a exemplo de “W/Brasil” (1992): “Alô, Alô tia Léia/ Se tiver ventando muito/ Não venha de helicóptero” ou “Alô telefonista/ Me desperte às 7:15, por favor/ Rádio táxi nove e meia/ Senão o bicho pega”; ou a célebre evocação à suposta lei, ainda que em abordagem irônica e bem-humorada: “Eu vou chamar o síndico/ Tim Maia! Tim Maia!”.

A manifestação de sua percepção lógica e prudente acerca dos fatos da vida também aparece em “Porque é proibido pisar na grama” (1971): “Preciso de uma casa para minha velhice/ Porém preciso de dinheiro pra fazer investimentos/ Preciso às vezes ser durão/ Pois eu sou muito sentimental, meu amor” ou ainda no tocante à noção de ato e potência, “Preciso ter fé em Deus/ E me cuidar e olhar minha família”.

Considerações Finais:

Ainda que, nas próprias palavras do poeta, Jorge Ben Jor não possa fazer flores e estrelas, percebemos neste breve passeio por dimensões de sua obra a vista privilegiada de constelações e jardins irradiados da mais singela e absoluta genialidade: O significado da vida é estar vivo.

Mas gênio que é gênio pressente o privilégio de perceber o mundo, as criaturas e sua capacidade de representá-las: Pouco fala sobre si mesmo além do que o aproxima das questões mais humanas e universais. Jorge é a parabólica atenta e generosa sempre disposta a partilhar de infinito cada sinal de poeira cósmica magnetizada, seja através da filosofia erudita de seu mestre maior, São Tomás de Aquino, seja na referência ao dia-a-dia de seu povo, em cada estação de desembarque, da Central passando pela Mangueira, dando uma volta na Pavuna, e chegando em Madureira.

Nem Deuses, nem astronautas: Para o Poeta, a beleza está na boca do povo que legitima sua história com a alegria dos que têm a potência como inspiração natural e a forma como dádiva de infinitas possibilidades.

Mas que nada

Sai da minha frente eu quero passar

O samba está animado

E o que eu quero é sambar

E esse samba que é misto de maracatu

É samba de preto velho

Samba de preto tu

Mas que nada

Um samba como esse tão legal

Você não vai querer que eu chegue no final

by Daniel Gnattalli

Sim, e com a licença do Mestre, este é apenas o começo.

* Texto integrante dos estudos preliminares da autora sobre o tema de sua monografia de Pós-graduação em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo, pela PUC-Rio.

Referências Bibliográficas 

ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria. Da alquimia à química. São Paulo: Editora Landy, 2001.

AQUINO, Tomás de. Verdade e Conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2011

SAINT GERMAIN. A alquimia de Saint Germain. Transcrito por Mark L. Prophet e Elizabeth Clare Prophet; Tradução de Terezinha Batista dos Santos. Rio de Janeiro: Record, 1996.

 

 

Foto: Ingrid Trindade

Natália Parreiras nasceu em Carazinho, Rio Grande do Sul e mudou-se ainda criança para o Recife. Formou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco e por cinco anos lecionou Redação Argumentativa na capital pernambucana. Publicou “Inverno versos” (2002), “Épura prosa amorosa – em 9 atos e 3 dimensões” (2008), “Ócio criativo: uma poética dirigida em poemas ao acaso” (2008) e “O livro que não escrevi” (2014). No Rio de Janeiro, nos últimos oito anos assinou a produção executiva do “Corujão da Poesia”, a única vigília semanal de literatura e arte da América Latina, comandada por João Luiz de Souza e Jorge Ben Jor.  É idealizadora do “Flagrante Poético”, que estimula jovens a compartilhar poesia através da imagem via twitter. Fundou o “Brazil Poets Society – organização de jovens brasileiros que tem por objetivo a difusão da escrita e da leitura por intermédio de cartas virtuais pelo aplicativo americano Lettrs, a partir do qual co-organizou o livro Poetguese: A utopia por um mundo de palavras, em edição bilíngue – inglês/português, publicada em Nova Iorque –, que reúne poemas de 84 jovens de 16 estados brasileiros. Atualmente, conclui sua Especialização em Literatura, Arte e Pensamento contemporâneo pela PUC-Rio e prepara seu próximo livro, “Quinta Estação – Poemas e Paragens”.

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O post A Imaterialidade e o Estofo Filosófico Aquiniano na Obra de Jorge Ben Jor* por NATÁLIA PARREIRAS apareceu primeiro em Rede Sina.

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