{"id":3308,"date":"2017-09-21T18:05:05","date_gmt":"2017-09-21T21:05:05","guid":{"rendered":"http:\/\/redesina.com.br\/?p=3308"},"modified":"2021-06-29T16:45:50","modified_gmt":"2021-06-29T19:45:50","slug":"entrevista-carolina-berger-performer","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/redesina.com.br\/entrevista-carolina-berger-performer\/","title":{"rendered":"ENTREVISTA: CAROLINA BERGER (performer)"},"content":{"rendered":"

Performance, na minha concep\u00e7\u00e3o \u00e9 quando usamos o corpo e suas potencialidades expressivas para criar uma po\u00e9tica a partir de limites que impomos a nossa presen\u00e7a, ao vivo, sempre compartilhando a ess\u00eancia da obra com o p\u00fablico.<\/i><\/p><\/blockquote>\n

Carolina Berger \u00e9 artista multim\u00eddia e performer com carreira em pesquisa e doc\u00eancia \u2013 Doutora em Meios e Processos Audiovisuais,\u00a0na ECA-USP, mestre em Document\u00e1rio Cinematogr\u00e1fico na Universidad del Cine \u2013 Buenos Aires (AR) e graduada em jornalismo pela UFSM. Com pr\u00eamios nacionais e internacionais para suas obras audiovisuais documentais (Heran\u00e7a<\/em>\u00a0e\u00a0Paragem do Tempo<\/em>), a artista realizou est\u00e1gio de\u00a0pesquisa e estreia internacional\u00a0#LiveLivingPerformanceProject<\/em>\u00a0|\u00a0Awakening Performance<\/em>\u00a0em Singapura, em 2015, orientada pelo ator e diretor\u00a0Steve Dixon, reitor da LASALLE College of the Arts.<\/p>\n

No doutorado, Carolina Berger criou\u00a0#LiveLivingPerformanceProject,<\/em>\u00a0obra de literatura e performance multim\u00eddia, na qual interpreta\u00a0uma tr\u00edade\u00a0feminina C.B. (Performer), Madame C. B\u00e9camier (heter\u00f4nimo liter\u00e1rio) e L\u00edcia D. B. (personagem alterego), criando uma mitologia pessoal,\u00a0conceitualmente fundamentada por uma extensa carreira de pesquisa. O projeto discute temas como liberdade consciente, padroniza\u00e7\u00e3o dos modos de\u00a0vida e do corpo feminino na atualidade.<\/p>\n

Como diretora, dirigiu o document\u00e1rio Heran\u00e7a (2007, 25min, DVCAM ), curta-metragem cujo argumento foi premiado no Concurso NUFF Global Change (Nordic\u00a0Youth Film Festival), pr\u00eamio internacional para financiamento de projetos sobre mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.\u00a0Heran\u00e7a<\/em>\u00a0recebe premia\u00e7\u00e3o de Melhor V\u00eddeoDocument\u00e1rio Independente no Gramado Cine V\u00eddeo, e Melhor Document\u00e1rio Nacional no Santa Maria V\u00eddeo e Cinema, entre outros. Heran\u00e7a foi tamb\u00e9m\u00a0selecionado para fazer parte de v\u00e1rios festivais internacionais, tendo sido exibido em pa\u00edses como Espanha, Rep\u00fablica Tcheca e Indon\u00e9sia. Em 2008 vence, no Rio Grande do Sul, o concurso DOCTV IV e realiza o document\u00e1rio\u00a0Paragem do tempo<\/em>,\u00a0produzido para a s\u00e9rie DOCTV Brasil.<\/p>\n

Atualmente vive em S\u00e3o Paulo onde leciona em universidades e organiza oficinas de performances. Confira a entrevista:<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Quando come\u00e7ou o seu interesse por cinema? Como foi vivenciar essas experi\u00eancias?<\/strong><\/p>\n

CAROLINA BERGER<\/strong> – Come\u00e7a com o interesse em fotografia e literatura, ainda na faculdade. E acontece na pr\u00e1tica, quando nosso querido diretor S\u00e9rgio de Assis Brasil convida um grupo de alunos para participar de seu projeto do Manh\u00e3 Transfigurada. De a\u00ed para frente participo em muitas produ\u00e7\u00f5es audiovisuais, sempre em equipe de dire\u00e7\u00e3o. Aprendo e realizo muito. O cinema para mim foi a porta de entrada para a arte coletiva, do di\u00e1logo, da cria\u00e7\u00e3o com respeito a cada um e ao detalhe. O valor \u00e9 inestim\u00e1vel: imaginar e criar um universo a partir de uma for\u00e7a coletiva. Tudo tem um caminho, uma solu\u00e7\u00e3o, uma via po\u00e9tica.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> O que \u00e9 performance e como voc\u00ea trabalha?<\/strong><\/p>\n

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Foto: Camila Fontenell<\/figcaption><\/figure>\n

Performance, na minha concep\u00e7\u00e3o \u00e9 quando usamos o corpo e suas potencialidades expressivas para criar uma po\u00e9tica a partir de limites que impomos a nossa presen\u00e7a, ao vivo, e muitas vezes em tempo real. \u00c9 uma quest\u00e3o ampla, mas que acredito que abre espa\u00e7o para dialogarmos sobre este territ\u00f3rio sem fronteiras, onde manifesta-se a hibridez nas artes. No meu caso, desenvolvo trabalhos de performance interm\u00eddia. S\u00e3o obras que incorporam linguagem do audiovisual em trabalhos de corpo, ao vivo, com a presen\u00e7a do p\u00fablico. \u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o de troca, de estar COM e ENTRE. Hoje estou trabalhando no conceito e na pr\u00e1tica de alterperformance<\/em>, cuja ess\u00eancia relaciona-se com in\u00fameros trabalhos nos quais a po\u00e9tica inclui p\u00fablico na obra, m\u00eddia corpo e m\u00eddia digital.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> O que considera poesia e como ela transita no seu trabalho?<\/strong><\/p>\n

O tudo e o nada. A ess\u00eancia! Ela transita em todos os poros e movimentos de meu trabalho. Desde a po\u00e9tica, passando pela t\u00e9cnica e pelos recursos expressivos que uso.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Quando e como foi o tr\u00e2nsito para performance?<\/strong><\/p>\n

Quando come\u00e7o a pesquisar audiovisual ao vivo. E a partir do momento que percebo, na obra de performers\u00a0como N\u00e1stio Mosquito (Angola) uma conex\u00e3o poss\u00edvel entre presen\u00e7a no espa\u00e7o perform\u00e1tico e na tela. Foi a partir da performance interm\u00eddia que consegui perceber minhas origens na arte da performance, quando declamava poemas de Vin\u00edcius de Moraes e composi\u00e7\u00f5es de Caetano Veloso, ainda no ensino m\u00e9dio. Minha po\u00e9tica, na verdade come\u00e7a l\u00e1, quando uno artes do corpo \u00e0s artes das imagens em movimento.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> E o jornalismo? Ainda pensa em voltar a fazer document\u00e1rios?<\/strong><\/p>\n

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Foto: Camila Fontenell<\/figcaption><\/figure>\n

Nem todo document\u00e1rio \u00e9 jornal\u00edstico. Existem in\u00fameros estilos de document\u00e1rio. S\u00f3 fiz document\u00e1rios mais jornal\u00edsticos muito no in\u00edcio de minhas pr\u00e1ticas. Por hora, a minha fase como realizadoras de document\u00e1rios est\u00e1 decantando. Talvez volte, n\u00e3o sei. Sou artista e meu trabalhos s\u00e3o criados de acordo com minhas experimenta\u00e7\u00f5es ou pesquisas em po\u00e9tica.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> O que pretende passar ao p\u00fablico na suas performances?<\/strong><\/p>\n

Uni\u00e3o, interdepend\u00eancia entre tudo e todos. Paz. Leveza e for\u00e7a. Tudo o que comp\u00f5e os princ\u00edpios da arte que harmonize as rela\u00e7\u00f5es, as dificuldades da condi\u00e7\u00e3o humana. No fundo, minha maior inspira\u00e7\u00e3o sempre foi a natureza, o tanto que ela tem a nos ensinar pelo conv\u00edvio comum e pela diversidade cultural.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Qual a diferen\u00e7a de um ator a de um performance?<\/strong><\/p>\n

Em ess\u00eancia, no sentido do que mobilizam em sua mente corporificada, pode ser a mes<\/p>\n

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Foto: Rafael Avancini<\/figcaption><\/figure>\n

ma arte. Lembrando que arte \u00e9 t\u00e9cnica, ou seja, artefatos, ferramentas e meios que escolhemos para expressar um conceito, uma hist\u00f3ria, uma premissa que queremos compartilhar com o p\u00fablico.<\/p>\n

Interpretar um outro, criado por outro \u00e9 a ess\u00eancia do trabalho do ator. Interpretar a si mesmo, a partir de certos limites que s\u00e3o por si mesmo ou por algu\u00e9m que compartilha do mesmo conceito, \u00e9 uma chave para o trabalho do performer. De qualquer forma, em muitas culturas (em pa\u00edses asi\u00e1ticos, por exemplo), quem usa o corpo em seu trabalho \u00e9 performer, podendo ser tanto interprete quando aquele que coloca em a\u00e7\u00e3o um princ\u00edpio.<\/p>\n

\u00c9 um tema controverso, mas que acredito ter muitas formas de pensar, pois h\u00e1 tantas vertentes em performance, assim como h\u00e1 muitas formas de artes dram\u00e1ticas. Minha opini\u00e3o parte de minha pesquisa e experi\u00eancia, e poder\u00e1 mudar ao longo de minha jornada.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Voc\u00ea tamb\u00e9m atua?<\/strong><\/p>\n

Depende da forma como isso \u00e9 pensado. Fiz curtas-metragens, mas n\u00e3o tenho DRT de atriz nem me considero \u201catriz\u201d. Sou performer.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Como \u00e9 se auto-dirigir?<\/strong><\/p>\n

\u00c9 buscar os limites e respeitar os espa\u00e7os de nossa express\u00e3o. \u00c9 ir na ess\u00eancia de uma po\u00e9tica e repetir, repetir, sempre transformando-se pelo que recebe, troca, sente e dialoga com o p\u00fablico. Sempre vou colocar o p\u00fablico em primeiro lugar. Com a t\u00e9cnica tomo consci\u00eancia do corpo-m\u00eddia. Com o p\u00fablico, recebo as verdades que minha a arte produz.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Quais s\u00e3o seus planos futuros?<\/strong><\/p>\n

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Foto: Camila Fontenell<\/figcaption><\/figure>\n

Seguir com projetos de performance interm\u00eddia e compartilhar meus conhecimentos com pessoas interessadas. Parto do princ\u00edpio de que a arte \u00e9 uni\u00e3o. Fa\u00e7o arte COM artistas e COM o p\u00fablico. Neste sentido criei o #DigitalSelfMediaLab, laborat\u00f3rio de po\u00e9ticas em performance interm\u00eddia. E \u00e9 focada nesta tend\u00eancia da performance contempor\u00e2nea que sigo criando projetos.<\/p>\n

REDE SINA:<\/span> Qual sua sina?<\/strong><\/p>\n

Promover uma cultura de di\u00e1logo, uni\u00e3o, paz e respeito a todas as formas de vida atrav\u00e9s da arte. E sempre avante, com leveza!<\/p>\n

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