{"id":1914,"date":"2016-08-28T13:46:28","date_gmt":"2016-08-28T16:46:28","guid":{"rendered":"http:\/\/redesina.com.br\/?p=1914"},"modified":"2020-11-12T01:51:47","modified_gmt":"2020-11-12T04:51:47","slug":"elisfilme","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/redesina.com.br\/elisfilme\/","title":{"rendered":"Elis \u2013 o desbravar do feminino por MELINA GUTERRES"},"content":{"rendered":"
publicado em 28\/08\/2016, \u00a0atualizado em 20\/10\/2016<\/em><\/p>\n Divulgado nesta quarta-feira, 19, o trailer do filme “Elis”. A cinebiografia da cantora Elis Regina tem estreia marcada para o dia 24 de novembro. O longa\u00a0ganhou tr\u00eas pr\u00eamios no Festival de Gramado, de melhor filme pelo j\u00fari popular, melhor atriz para Andr\u00e9ia Horta e melhor montagem para Tiago Feliciano.<\/strong><\/p>\n Um roteiro que \u201cflui\u201d, \u00a0dire\u00e7\u00e3o que conduz com leveza e uma montagem impactante fazem sentir os diferentes tons da personalidade de Elis Regina, interpretada por Andr\u00e9ia Horta no filme Elis, de Hugo Prata, exibido no s\u00e1bado, 27 durante o Festival de Cinema de Gramado.<\/p>\n N\u00e3o foi \u00e0 toa que o p\u00fablico levantou para aplaudir em p\u00e9, por v\u00e1rios minutos, o filme que al\u00e9m da musicalidade, traz dramas pessoais.\u00a0Do cotidiano, da rotina, do desgaste das rela\u00e7\u00f5es pessoais, dos casamentos e trai\u00e7\u00f5es. A rela\u00e7\u00e3o com a m\u00fasica e os homens.<\/p><\/blockquote>\n Um pai que administrava uma carreira e tinha dificuldade de demonstrar afeto, a rela\u00e7\u00e3o com o primeiro marido (Ronaldo Bosc\u00f4li interpretado do Gustavo Machado) cercada de trai\u00e7\u00f5es, o div\u00f3rcio, a rela\u00e7\u00e3o com o segundo marido (C\u00e9sar Mariano interpretado por Caco Ciocler), separa\u00e7\u00e3o, depress\u00e3o. Elis aparece cercada de homens que n\u00e3o consegue agradar, sejam nas rela\u00e7\u00f5es pessoais ou, at\u00e9 mesmo, com os militares que a amea\u00e7aram, al\u00e9m da cr\u00edtica bem colocada na rela\u00e7\u00e3o com o cartunista Henfil.<\/p>\n A sensa\u00e7\u00e3o transmitida \u00e9 a de que ela parece perdida num mundo masculino, tentando se encaixar. O drama de saber o que se quer e quem se \u00e9, \u00a0est\u00e3o presentes e bem recordados nos di\u00e1logos com estes homens ou a imprensa. \u201cSou uma artista. Artistas mudam de opini\u00e3o. Ainda bem\u201d, um dos recortes das falas de Elis \u00a0sobre a inclus\u00e3o da guitarra el\u00e9trica, antes t\u00e3o criticada pela cantora.<\/p>\n O machismo que a fere fica bem claro na rela\u00e7\u00e3o com o primeiro ex-marido que n\u00e3o participa na educa\u00e7\u00e3o do filho, assim como com os militares que questionam sua imagem de mulher divorciada, sozinha com um filho, e a amea\u00e7am se ela n\u00e3o cantar em um dos seus eventos.<\/p>\n O grande crescimento da artista Elis aparece na sua fase mais solit\u00e1ria, quando desiste de agradar e passa gravar as can\u00e7\u00f5es que gosta, sem se preocupar com a censura ou produtores. \u201cEssa sou eu\u201d, na cena em que mostra a grava\u00e7\u00e3o de uma composi\u00e7\u00e3o a Henfil, de modo contradit\u00f3rio ou n\u00e3o, pedindo uma aprova\u00e7\u00e3o ali e, ent\u00e3o, conquistada pelo cr\u00edtico. E traz novamente a pergunta: essa \u00e9 mesmo a Elis ou estar\u00e1 ela tentando agradar? \u00a0E essa instabilidade da artista, Prata e sua equipe conseguem tornar sens\u00edvel e t\u00e3o humana no cinema.<\/p>\n \u00c9 poss\u00edvel questionar ao universo masculino da \u00e9poca, o ser artista, popular, mulher, m\u00e3e, ter desejos, car\u00eancias, desequil\u00edbrios e equil\u00edbrios. A necessidade constante de precisar estar se colocando, brigando por se fazer respeitar nas rela\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas, um universo bem conhecido pelas mulheres. E naquele contexto, a voz de Elis soa como um grito, daqueles que ningu\u00e9m pode abafar, sen\u00e3o ela mesma.<\/p>\n O final do filme inquieta por deixar exposta ent\u00e3o a fraqueza, a dor dos homens que<\/p>\n