{"id":15725,"date":"2021-08-20T11:00:12","date_gmt":"2021-08-20T14:00:12","guid":{"rendered":"https:\/\/redesina.com.br\/?p=15725"},"modified":"2021-08-21T07:11:52","modified_gmt":"2021-08-21T10:11:52","slug":"a-vida-e-morte-de-diacui-por-roger-baigorra-machado","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/redesina.com.br\/a-vida-e-morte-de-diacui-por-roger-baigorra-machado\/","title":{"rendered":"A VIDA E MORTE DE DIACU\u00cd por ROGER BAIGORRA MACHADO"},"content":{"rendered":"

Uma cr\u00f4nica de Roger Baigorra Machado<\/em><\/p>\n

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(…) \u00e0s vezes, as hist\u00f3rias vivem num meio caminho, numa esp\u00e9cie de d\u00edvida, sempre entre aquilo que a mem\u00f3ria deixa para tr\u00e1s e as coisas que a imagina\u00e7\u00e3o joga para a frente.<\/p>\n<\/blockquote>\n

A hist\u00f3ria de Diacu\u00ed Kalapalo e Ayres C\u00e2mara Cunha \u00e9 destas coisas que fazem parte da mem\u00f3ria e do imagin\u00e1rio uruguaianense. A hist\u00f3ria dos dois tamb\u00e9m \u00e9 parte do imagin\u00e1rio nacional, mas n\u00e3o ocupa espa\u00e7o na sua mem\u00f3ria. E como sabemos, \u00e0s vezes, as hist\u00f3rias vivem num meio caminho, numa esp\u00e9cie de d\u00edvida, sempre entre aquilo que a mem\u00f3ria deixa para tr\u00e1s e as coisas que a imagina\u00e7\u00e3o joga para a frente. Este texto est\u00e1 assim, plantado nesse lugar, vivendo entre a mem\u00f3ria e a imagina\u00e7\u00e3o de uma cidade.<\/p>\n

Acho que uma das primeira vezes em que ouvi o nome de Diacu\u00ed e Ayres foi pela boca de minha av\u00f3, tomando mate de leite com erva doce debaixo de um cinamomo. Minha m\u00e3e tamb\u00e9m j\u00e1 me falou deles. Ouvi sobre eles na escola. Aqui, ainda hoje, tem gente que acha que Diacu\u00ed morou em Uruguaiana e que viveu at\u00e9 a morte num casamento feliz com o Ayres C\u00e2mara Cunha: \u201cE tem at\u00e9 a morada da \u00edndia Diacu\u00ed!\u201d, afirmam os desavisados nas conversas de esquina. Diacu\u00ed revive assim, entre a mem\u00f3ria e a imagina\u00e7\u00e3o de uma cidade, nas esquinas e debaixo dos cinamomos.<\/p>\n

Diacu\u00ed tinha uns 22 anos quando conheceu Ayres, ela morava bem longe de Uruguaiana, sua casa ficava numa aldeia no Alto Xing\u00fa. A tribo de Diacu\u00ed pertencia aos Kalapalos, um dos 14 povos que comp\u00f5e o Xing\u00fa. Um dos tantos povos que teve sua cultura invadida pelas expedi\u00e7\u00f5es dos homens brancos.<\/p>\n

Ayres Cunha era um desbravador, um ga\u00facho nascido no extremo do Estado, em Uruguaiana. Desde jovem, Ayres tinha paix\u00e3o pelo desconhecido, assim, viajava pelo Brasil desde o fim da d\u00e9cada de 1930, um sertanista desbravando o Oeste e o Norte do Brasil e que j\u00e1 tinha participado de expedi\u00e7\u00f5es com os irm\u00e3os Villas Boas.<\/p>\n

Esse pr\u00f3logo eu nunca soube, a hist\u00f3ria que me contavam quando crian\u00e7a era mais simples: Um uruguaianense (homem branco) se apaixona por uma mulher (\u00edndia) e luta para casar com ela, no fim, depois de um casamento de conto de fadas, a hist\u00f3ria se bifurca, de um lado a mem\u00f3ria conta que uma trag\u00e9dia shakespeariana acabou com tudo, de outro lado, a imagina\u00e7\u00e3o conta que foram felizes para sempre.<\/p>\n

Da vida de Ayres e Diacu\u00ed eu fui saber tempos depois, bem depois dos mates com erva doce l\u00e1 da minha inf\u00e2ncia. Foi numa tarde quente de ver\u00e3o em Santa Maria, garimpando as prateleiras do \u201cSebo do Bin Laden\u201d – como era carinhosamente chamado o sebo de livros que tinha na General Neto, pouco antes da Pinheiro Machado -, num tempo em que eu ainda estava no in\u00edcio da gradua\u00e7\u00e3o em Hist\u00f3ria pela UFSM. E foi l\u00e1 que eu me vi com um livro nas m\u00e3os, escrito por ele: Ayres C\u00e2mara Cunha. Era \u201cA hist\u00f3ria da \u00edndia Diacu\u00ed: seu casamento e sua morte\u201d.<\/p>\n

O livro tinha a capa em p\u00e9ssimas condi\u00e7\u00f5es, mas as p\u00e1ginas estavam boas. Os cinco reais que paguei pelo livro n\u00e3o diminu\u00edram os anos de apagamento hist\u00f3rico de Diacu\u00ed, mas apagou com as falsas imagens que em Uruguaiana constru\u00edmos sobre ela e sobre Ayres.<\/p>\n

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O livro eu n\u00e3o tenho mais, emprestei para um conhecido. E livro para \u201cconhecidos\u201d jamais devem ser emprestados. O livro de Ayres C\u00e2mara Cunha nunca mais voltou, mas a hist\u00f3ria de Diacu\u00ed ficou para sempre.<\/p>\n<\/blockquote>\n

Lembro das impress\u00f5es que tive quando da leitura, lembro da necessidade de Ayres contar suas mem\u00f3rias como forma de construir a sua vers\u00e3o da hist\u00f3ria, uma hist\u00f3ria para al\u00e9m do imagin\u00e1rio.<\/p>\n

Aos 22 anos, Diacu\u00ed (Flor do Campo na sua l\u00edngua nativa) era uma mulher bonita, ela tinha os tra\u00e7os fortes, marca dos ind\u00edgenas do Xingu, a baixa estatura alongava os cabelos pretos. E com esse combo, ela n\u00e3o deve ter tido dificuldades em chamar a aten\u00e7\u00e3o de Ayres C\u00e2mara Cunha.<\/p>\n

A regi\u00e3o onde estava a aldeia de Diacu\u00ed era atendida pela Funda\u00e7\u00e3o Brasil Central (FBC), \u00f3rg\u00e3o p\u00fablico criado em 1943 e onde Ayres trabalhava. A FBC tinha como objetivo planejar e implantar pol\u00edticas de ocupa\u00e7\u00e3o e expans\u00e3o territorial. Suas atividades se mantiveram at\u00e9 1979, quando foi extinta, dando lugar Superintend\u00eancia do Desenvolvimento da Regi\u00e3o Centro-Oeste, no entanto, seguindo com pol\u00edticas voltadas para a desconstitucionaliza\u00e7\u00e3o dos direitos ind\u00edgenas, assim como, uma desterritorializa\u00e7\u00e3o constante das aldeias e a busca pela assimila\u00e7\u00e3o dos ind\u00edgenas nos valores culturais e capitalistas da sociedade brasileira. <\/span><\/p>\n

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Hoje, os tra\u00e7os desta pol\u00edtica devastadora para os povos ind\u00edgenas, ainda podem ser vistas em \u00f3rg\u00e3os do governo federal, nas porteiras abertas da expans\u00e3o das atividades madeireiras, no desmatamento de \u00e1reas de reserva para cria\u00e7\u00e3o de gado, nas atividades de extra\u00e7\u00e3o de min\u00e9rios, nas grilagens e numa concep\u00e7\u00e3o de que o \u00edndio n\u00e3o quer ser \u00edndio, mas uma esp\u00e9cie de homem branco \u00e0s avessas.<\/span><\/p>\n<\/blockquote>\n

Mas voltando ao casal, o primeiro contato de Ayres C\u00e2mara Cunha com os \u00edndios Kalapalos, ocorreu em outubro de 1946, ainda no in\u00edcio das atividades da FBC. Embora a aura criada em torno de Diacu\u00ed e Ayres trouxesse a ideia de que a vida de ambos fosse um conto de fadas, essa aura nunca existiu. A vers\u00e3o de Ayres d\u00e1 conta que ele e Diacu\u00ed n\u00e3o tiveram um \u201camor \u00e0 primeira vista\u201d, Diacu\u00ed tinha muito medo de Ayres e de qualquer homem branco que se aproximasse. Ayres relatou que eles tinham a vida normal dos humanos, tanto que, na aldeia, eles j\u00e1 moravam juntos muito antes do casamento no Rio de Janeiro. Tinham sua pr\u00f3pria cabana e suas rotinas.<\/p>\n

Quando Ayres resolveu se casar com Diacu\u00ed, a FBC e seus gestores n\u00e3o acharam uma boa ideia, pois um homem branco e uma mulher ind\u00edgena n\u00e3o seriam bem vistos pela sociedade brasileira da \u00e9poca, com isso, amea\u00e7aram Ayres com a demiss\u00e3o se ele continuasse com a ind\u00edgena. Na vers\u00e3o oficial, quando soube que seria demitido em fun\u00e7\u00e3o de sua rela\u00e7\u00e3o com Diacu\u00ed, Ayres inventou o casamento como forma de minimizar a pena. E para n\u00e3o ser demitido, Ayres apelou para a imprensa. Qual delas \u00e9 a verdadeira? Sinceramente, n\u00e3o me interessa. Gosto de acreditar apenas no amor que havia entre os dois.<\/p>\n

Em 1952, a not\u00edcia de que um homem branco queria se casar com uma mulher ind\u00edgena foi um prato cheio para a imprensa nacional. A imagem de uma mulher ind\u00edgena nua, ao lado de um homem branco sorridente, chamou a aten\u00e7\u00e3o e alimentou o fetiche colonial dos homens brancos do Iapoque ao Chu\u00ed, do Rio de Janeiro \u00e0 Uruguaiana.<\/p>\n

No Rio de Janeiro, a hist\u00f3ria de Diacu\u00ed e Ayres foi contada aos quatro cantos pelo rico e famoso Assis Chateaubriand. Uma de suas revistas, a Cruzeiro, fez in\u00fameras mat\u00e9rias vendendo a hist\u00f3ria do casal, cada nova hist\u00f3ria sobre Diacu\u00ed vendia muitas revistas. Quando da negativa do pedido de casamento pelo Servi\u00e7o de Prote\u00e7\u00e3o aos \u00cdndios (SPI), Assis Chateaubriand usou de sua influ\u00eancia e conseguiu com que o Minist\u00e9rio da Agricultura, onde o SPI era subordinado, autorizasse o matrim\u00f4nio. E fez o mesmo para conseguir uma igreja para o casamento. A hist\u00f3ria vendia e o empres\u00e1rio Assis Chateaubriand lucrava bastante com isso.<\/p>\n

As fotos do casal tinham na erotiza\u00e7\u00e3o da mulher ind\u00edgena o foco. Essa era e \u00e9 uma estrat\u00e9gia hist\u00f3rica de destrui\u00e7\u00e3o da mulher ind\u00edgena, uma via machista de etnoc\u00eddio, afinal, nos mesmos jornais onde a hist\u00f3ria de Diacu\u00ed, quase sempre nua, era vendida, os homens da tribo dela nunca apareciam igualmente nus. Nas paginas da Revista Cruzeiro surgiam sempre as mulheres, sempre despidas e erotizadas. Para boa parte da sociedade brasileira que acompanhava a hist\u00f3ria do casal, a imagem de Diacu\u00ed e seus seios, contrastava com a de Ayres, o conquistador deles.<\/p>\n

O casamento foi um dos maiores acontecimentos do Rio. A Igreja da Candel\u00e1ria ficou cheia. Ricos. Famosos. Curiosos. Assis Chateaubriand entrando com Diacu\u00ed pelo bra\u00e7o e a levando at\u00e9 o altar, as fotos, flashes, os jornalistas, um casamento de desenho da Disney. Depois de casada, Diacu\u00ed nunca veio em Uruguaiana, ao menos que eu saiba. Nunca morou em nenhum peda\u00e7o de terra no Rio Grande do Sul. A \u00fanica coisa que retornaria, seria um homem enlutado com uma filha nos bra\u00e7os.<\/p>\n

Um ano depois, em 1953, j\u00e1 gr\u00e1vida, Diacu\u00ed estava sozinha na aldeia enquanto Ayres havia viajado a trabalho, deixando ela \u00e0s v\u00e9speras do parto. Na aldeia n\u00e3o havia m\u00e9dicos, nem parteiras, nem rem\u00e9dios, n\u00e3o havia nada. Durante o parto, Diacu\u00ed morreria, sangrando. Mas deixaria uma filha, batizada com o mesmo nome da m\u00e3e.<\/p>\n

Ayres, antes tratado como um her\u00f3i, transformou-se num vil\u00e3o, nas p\u00e1ginas dos mesmos jornais e revistas que tanto venderam sua vida e de Diacu\u00ed. Agora ele era tido como o respons\u00e1vel pela sua morte. Sua vers\u00e3o nunca foi publicada, sua voz nunca foi ouvida. Para Chateaubriand a l\u00f3gica seguia a mesma, assim como com as \u00edndias nuas, os vil\u00f5es tamb\u00e9m vendiam muitos jornais e revistas. Assis Chateaubriand lucrou de novo…<\/p>\n

H\u00e1 uns cinco ou seis anos, lembro de assistir uma mat\u00e9ria no Jornal do Almo\u00e7o daqui de Uruguaiana, onde aparecia ela, a filha de Diacu\u00ed, j\u00e1 uma senhora de idade, moradora de Uruguaiana e que estava imbu\u00edda de uma expedi\u00e7\u00e3o ao Xingu, tal qual o pai.<\/p>\n

Na mat\u00e9ria, ela relatou que veio para Uruguaiana com alguns dias de vida e que por aqui viveu, ao lado de Ayres C\u00e2mara Cunha, at\u00e9 sua morte. No Jornal do Almo\u00e7o, a filha de Diacu\u00ed contou que estava retornando para a aldeia da m\u00e3e, queria conhecer essa parte da sua vida, da vida de uma m\u00e3e que tanto ouviu falar, mas que ela nunca conheceu.<\/p>\n

No governo FHC, Ayres foi homenageado e recebeu a \u201cpomposa\u201d quantia de R$600,00, como forma de recompensa por seus servi\u00e7os de sertanista. Em Uruguaiana, a filha deve ser confundida com a m\u00e3e at\u00e9 os dias de hoje, pois tanto ela, quanto a m\u00e3e, vivem nesse espa\u00e7o entre a mem\u00f3ria e a imagina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A hist\u00f3ria da \u201c\u00edndia Diacu\u00ed\u201d n\u00e3o foi uma hist\u00f3ria de amor com final feliz, como ainda hoje algumas pessoas contam em Uruguaiana. Diacu\u00ed foi a personagem\/v\u00edtima de uma hist\u00f3ria j\u00e1 conhecida, sobre como no Brasil os brancos tratam os \u00edndios, sobre como vendem suas vidas e destroem suas culturas e invadem suas terras.<\/p>\n

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Diacu\u00ed deve ser uma mem\u00f3ria viva em nossas comunidades, dita como tema de aula, lembrada como pux\u00e3o de orelha e sentida como soco no est\u00f4mago.<\/p>\n<\/blockquote>\n

Depois de conhecer a hist\u00f3ria de Diacu\u00ed, ap\u00f3s ler a vers\u00e3o das mem\u00f3rias de Ayres, depois de estudar a hist\u00f3ria das Redu\u00e7\u00f5es Jesu\u00edticas, ler sobre os Bandeirantes, depois de saber dos oito mil ind\u00edgenas mortos pelos governos militares e suas pol\u00edticas de etnoc\u00eddio sobre as centenas de aldeias destru\u00eddas pela fara\u00f4nica Transamaz\u00f4nica, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel calar. N\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel deixar que a hist\u00f3ria de Diacu\u00ed viva na imagina\u00e7\u00e3o de Uruguaiana como se ela fosse um conto de fadas. Ela \u00e9 tudo, menos um conto de fadas. Diacu\u00ed deve ter uma cadeira cativa na hist\u00f3ria, pois lembrar da forma como tratamos nossos povos origin\u00e1rios \u00e9 o que nos far\u00e1 ter mem\u00f3ria enquanto pa\u00eds.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Roger Baigorra Machado \u00e9 formado em Hist\u00f3ria e com Mestrado em Integra\u00e7\u00e3o Latino-Americana pela UFSM. Foi Coordenador Administrativo da Unipampa por dois mandatos, de 2010 a 2017. Atualmente trabalha com A\u00e7\u00f5es Afirmativas e pol\u00edticas de inclus\u00e3o e acessibilidade no Campus da Unipampa em Uruguaiana.\u00c9 membro do Conselho Municipal de Educa\u00e7\u00e3o, do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econ\u00f4mico do Munic\u00edpio de Uruguaiana e \u00e9 conselheiro da Funda\u00e7\u00e3o Maur\u00edcio Grabois. Em 2020 passou a compor o Centro de Opera\u00e7\u00e3o de Emerg\u00eancia em Sa\u00fade para a Educa\u00e7\u00e3o, no \u00e2mbito do munic\u00edpio de Uruguaiana\/RS. No resto do tempo \u00e9 pai do Gabo, da Alice e feliz ao lado de sua esposa Andreia.<\/h5>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma cr\u00f4nica de Roger Baigorra Machado (…) \u00e0s vezes, as hist\u00f3rias vivem num meio caminho, numa esp\u00e9cie de d\u00edvida, sempre entre aquilo que a mem\u00f3ria deixa para tr\u00e1s e as coisas que a imagina\u00e7\u00e3o joga para a frente. 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