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O carioca Tavynho Bonfá possui mais de cem composições gravadas. Como ele mesmo diz, “participei de diversas formas em 75 Lps no século passado, e uns 20 CDs neste”. Mas apesar dos 50 anos de trabalho com a música, Tavynho segue super atualizado, dispondo suas composições inclusive no Itunes. Seu disco preferido é o “Aproximação”(85) masterizado recentemente.
Entre suas principais composições estão o “Clarear” gravado com o Roupa Nova; “Direto no Coração” com a Nana Caymmi; “Recreio” com Zizi Possi; “Vida Maré” com Emílio Santiago; “Por Quase Nada” com Elizeth Cardoso;”Moça do Mar” com Fafá de Belém; “Ficaram Nús” com Burnier & Cartier; “Cumplicidade” gravado solo e depois regravado por Fafá de Belém; “Don João” com Paul Mauriat; “You or Not To Be” com Luiz Bonfá, entre outras.
Tavynho além da convivência com tio Luiz Bonfá que o influenciou a ser músico, também estudou Teoria e Solfejo com a Maestrina Aída Gnattali – irmã do Maestro Radamés Gnattali -, técnicas de Violão e Harmonia com o Maestro Luiz Cláudio Ramos; Harmonia e Arranjo no CC-Berklee College of Music (USA); fez técnicas Vocais com o Tenor Eládio Perez Gonzalez e concluiu Orquestração e Regência com o Maestro Alberto Arantes do Nascimento. Esta é a bagagem que Tavynho Bonfá sintetiza em sua música incidental, popular, e em gravações e apresentações artísticas.
Tavynho Bonfá é um músico solista com a ousadia de inovar sempre, com a coragem de renascer em um mercado plenamente saturado, e após a erudição da inigualável dupla Burnier & Cartier. Como solista ou em outra formação musical, a música especial de Tavynho Bonfá pode ser demonstrada e apreciada. Virtuosismo não é somente uma questão de técnica, mas de alma. Tavynho Bonfá é acompanhado por músicos de grande experiência e qualidade, também virtuosos em seus instrumentos.
Como foi seu primeiro contato com a música?
Sei que é uma sensação, mas foi desde feto. Minha mãe estudou piano com o maestro Severino Filho, fundador de “Os Cariocas” e pai daquela atriz bonita que gosta de cavalos… (putz, esqueci o nome!), enquanto estava grávida. Desde cedo meu tio Luiz Bonfá visitava, tocava e ensaiava lá em casa porque tinha um piano de cauda… Lembro de estar debaixo do piano enquanto o Luiz e o João Donato ensaiavam. O maestro o enchia de acordes incríveis acima e eu balançava lá embaixo. Meu pai e eu ouvíamos muito o Metais em Brasa (Moacyr Santos?)… Oficialmente balizo minha entrada na música aos 7/8 anos, pois já tocava bem o violão.
Quando decidiu que seria músico? Já teve banda? Sempre trabalhou sozinho? Fez turnê no Brasil e exterior? Como foi?
Decidi depois de um tal sonho que tive e lembrei, solando com uma orquestra, mais ou menos pelos 7/8 anos. O trio vocal com minhas irmãs na infância não durou muito, mas foi um ótimo aprendizado. Minha irmã mais velha, Laura, ficava com dor-de-cabeça depois dos ensaios. Oxigenava muito e a expansão doía. Nela era insuportável.
Sempre solava estudando…Mas no tempo de colégio tive três conjuntos: o “Ramsés III e suas maravilhas mumificadas”; depois rompemos e ganhou outros adeptos virando o “Castro Alves e seus Rondons”. Mais tarde ainda mudou de membros e virou “Terceira Guerra”. Por fim acabou, deixando gravadas algumas experiências e ensaios.
Enquanto adolescente conheci em Teresópolis (região serrana do RIO) a cantora (ainda não era atriz) Lucinha Lins. Fiquei doido! Ela era linda e cantava como um passarinho. Lá mesmo em Terê conheci o Ivan Lins, que como nós tinha casa de campo alí. Apresentei os dois e começaram a namorar. Sabe como é, ele tocou piano pra ela, ela cantou pra ele e eu, mesmo com o violão, dancei. Me contentei com o título de cupido.
Mais tarde compusemos as primeiras músicas em parceria e o Ivan me apresentou às reuniões do M.A.U. (Movimento Artístico Universitário). Eu não era universitário, tinha 15/16 anos e fugia de casa para participar.
Alí conheci o Aldir Blanc, Gonzaguinha, Cesar Costa Filho, Panicalli, Sidney Mattos, Claudio Cartier, Rolando Faria, e outros grandes e incríveis talentos. Mais tarde fiz minha primeira gravação sob a produção de Roberto Menescal e Nonato Buzar para a Som Livre -veio depois o primeiro contrato com o João Araújo. Logo depois ingressei no grupo “Brasil Aquarius” e assinamos contrato para dois anos na Espanha. Tocamos, estudei, gravei e fizemos duas turnês alí. Umas boas histórias como desdobramento. Na volta convidei o Claudio Cartier e formamos um dúo de dois violões e vozes. “Burnier e Cartier”, que durou cinco anos aproximadamente. Excursionamos e gravamos álbum duplo(Lps) ao vivo na Austrália. Fomos convidados pelo “Roberto Carlos do Jazz australiano” Sir Don Burrows. Os concertos foram no Sydney Opera House e em outros grandes teatros em cinco Estados. Uma experiência incrível ao lado do quinteto de Don Burrows, e o Sydney String Quartet.
Como nascem as composições para você?
De diversas formas. A melodia antes da harmonia e vice-versa. Mais recentemente numa célula musical ou palavras.
Clarear gravada por Roupa Nova fez grande sucesso, como foi para você na época?
Foi uma experiência incrível. São grandes músicos o “Roupa Nova”. Uma vez abri um show deles na PUC no RIO.
Como era sua relação com seu tio?
Luiz Bonfá era um bom amigo. Gostava de conversar sobre os pássaros, os índios, a natureza. Não dava aulas formalmente, mas quando tocava fazia isto. Um manancial de conhecimento musical enorme. Técnica perfeita, exaustão nos detalhes, incrível. Um verdadeiro gênio sul americano, como foi denominado nos Estados Unidos. Me ensinou sobre os direitos autorais, a amar, e respeitar meus colegas.
O que significa música para você?
Música é o que dá sentido à vida na Terra. É um dos caminhos para a compreensão de tudo. Claro, há de se aprofundar para perceber isto.
Uma composição famosa de Tavinho foi gravada pelo grupo Roupa Nova. Será que você recorda?
Entrevista em RP Canal: https://youtu.be/DsgZi6eXjzk
Escute Tavinho no iTunes
Contato para shows:
(21) 3490-5779 / (21) 97125-1298 / (11) 96828-8248
