Arquivos cronicas - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/cronicas/ Comunicação fora do padrão Tue, 25 Jul 2023 15:29:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos cronicas - Rede Sina https://redesina.com.br/tag/cronicas/ 32 32 ENTREPAPO por JOÃO VITOR LIMA | Você valoriza ou já valorizou a ancestralidade e luta de uma mulher negra? https://redesina.com.br/entrepapo-por-joao-vitor-lima-voce-valoriza-ou-ja-valorizou-a-ancestralidade-e-luta-de-uma-mulher-negra/ https://redesina.com.br/entrepapo-por-joao-vitor-lima-voce-valoriza-ou-ja-valorizou-a-ancestralidade-e-luta-de-uma-mulher-negra/#respond Tue, 25 Jul 2023 15:29:26 +0000 https://redesina.com.br/?p=61923 Hoje, dia 25 de julho, celebramos o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, que aqui no Brasil se celebra especificamente como Dia de Tereza de Bengela e da Mulher Negra, evidenciando ainda mais figura e ancestralidade desta mulher que diante da sua luta e travessia, faz com que outras mulheres e a negritude …

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Hoje, dia 25 de julho, celebramos o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, que aqui no Brasil se celebra especificamente como Dia de Tereza de Bengela e da Mulher Negra, evidenciando ainda mais figura e ancestralidade desta mulher que diante da sua luta e travessia, faz com que outras mulheres e a negritude em geral, se espelhe e continue a combater o preconceito racial nas suas mais diversas formas.

Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que deu visibilidade ao papel da mulher negra na história brasileira. Ela liderou por 20 anos, a resistência contra o governo escravista, na época, e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Tereza se tornou a rainha do quilombo após a morte do companheiro, José Piolho, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído e a população foi morta ou aprisionada.

Ao longo da história em que vivemos, a mulher negra passou e ainda passa por diversas discriminações e opressões que, sempre de maneira direta ou indireta, tentaram diminuir a sua devida relevância que até hoje, nunca estave instalada de forma digna em nossa sociedade.

Celebrar não só acima de tudo a luta, mas, celebrar a esperança de dias melhores no respeito a ancestralidade, o reconhecimento e valorização da história em geral, na sociedade, instituições e nas escolas.

Honrar a memória dessas figuras que tem suas histórias conhecidas publicamente, mas também as várias não conhecidas que muitas outras mulheres passaram, é valiosíssimo! Manter viva a chama da luta contra a escravização, as opressões colonialistas, das que “modelaram nossas culturas e tradições”, que ainda é infligida. Que neste dia possamos celebrar a resistência dessas mulheres, suas vivências e conquistas, para que tudo isso seja uma luz de expectativas positivas num breu tão doloroso de incoerência e Intolerância que atualmente temos.

Feliz Dia, Mulheres!

 

 JOÃO VITOR LIMA

Comunicador, estudante e produtor de conteúdo. Desde 2018 tem um canal no YouTube direcionado à entrevistas, receitas e dicas. Desde 2020 a 2022 apresentou a live/programa `João Entrevista’, onde promoveu de forma remota entrevistas ao vivo em sua página no Instagram, com personalidades da arte, cultura, política e televisão. A cantora já falecida Deborah Rosa, a diretora do Theatro Treze de Maio – Ruth Pereyron, a judoca Maria Portela, o cantor Agostta, a cantora nativista Oristela Alves e atriz global Nívea Maria e muitos outros já foram entrevistados por ele. Também, em 2021 apresentou o programa `Radar Social’, veiculado mensalmente pela plataforma Rede Sina, onde discute várias pautas políticas-sociais com diferentes convidados e debatedores. No ano de 2022, ganhou o Prêmio Destaques da Cultura, do Diário de Santa Maria e Revista Mix, como “Revelação do Ano” referente à 2021, no júri popular e especializado. Também recebeu o certificado “Amigo da Diversidade” no Troféu Triângulo Rosa, em homenagem feita pela Ong Igualdade.

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EntrePapo por João Vitor Lima | A importância das ligações e do afeto nos dias de hoje! https://redesina.com.br/entrepapo-por-joao-vitor-lima-a-importancia-das-ligacoes-e-do-afeto-nos-dias-de-hoje/ https://redesina.com.br/entrepapo-por-joao-vitor-lima-a-importancia-das-ligacoes-e-do-afeto-nos-dias-de-hoje/#respond Fri, 21 Jul 2023 00:10:58 +0000 https://redesina.com.br/?p=56688 Nesta quinta-feira (20), é comemorado o Dia do Amigo. A data, que é comemorada diversas vezes ao longo do ano, tem sua data oficial como 20 de julho, com a proposta de valorizar e celebrar a amizade entre as pessoas. A importância da amizade e cumplicidade entre pessoas, vai muito além de algo comum, mas …

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Nesta quinta-feira (20), é comemorado o Dia do Amigo. A data, que é comemorada diversas vezes ao longo do ano, tem sua data oficial como 20 de julho, com a proposta de valorizar e celebrar a amizade entre as pessoas.

A importância da amizade e cumplicidade entre pessoas, vai muito além de algo comum, mas sim, algo contínuo e primordial em nossas vidas. Não só cultivar simples amizades mas “as boas amizades”, aquelas que não tem dia e hora marcada, que vai do riso às lágrimas, e às vezes das grandes festas e velórios!

A história por trás dessa comemoração vem de um episódio que ocorreu na Argentina, em 1969. Conforme o site ES 360, o argentino Enrique Ernesto Febbraro assistiu ao histórico evento da chegada do homem à Lua e, em meio a essa euforia, percebeu que esse feito só foi realizado por conta da cooperação e amizade entre as pessoas.

Tomado pelo momento de inspiração e comoção marcante em que Neil Armstrong disse a marcante frase “Esse é um pequeno passo para o homem, mas um salto imenso para a humanidade”, Febbraro propôs que a data também fosse marcada pela comemoração da união e amizade, que seria o Dia do Amigo.

Para conseguir um maior número de adeptos à data, Febbraro escreveu centenas de cartas aos amigos, o que fez a ideia ganhar força e ser difundida. O primeiro Dia do Amigo foi comemorado em 1970 na Argentina, mas só foi oficializado nove anos depois, em 1979, quando a data já havia se popularizado entre os argentinos.

Ao longo das décadas seguintes, a data se espalhou por outros países como o Uruguai nos anos 1970, Peru e México em 1980, e Brasil que adotou a ideia, quando ganhou grande força na década de 1990.

Existem várias datas que celebram a amizade, e isso acaba, geralmente, confundindo as pessoas. Além do dia 20 de julho, também é comemorada a amizade nos dias 18 de abril e 30 de julho.

O dia 18 de abril é conhecido como o Dia Nacional do Amigo. Embora não seja uma data oficial estabelecida por lei, é muito popular no Brasil para celebrar a amizade. Entretanto, a data vem perdendo força pela influência de outros países com o dia 20 de julho.

Já o dia 30 de julho marca o Dia Internacional da Amizade. Essa data foi proclamada pela ONU em 2011 com o intuito de inspirar a amizade entre os povos e fortalecer os laços de compreensão e cooperação entre diferentes culturas ao redor do mundo. É uma ocasião especial para celebrar e valorizar a importância da amizade em nossas vidas.

E independente dos dias propostos ou não para se celebrar isso que torna o mundo constante e mais leve, que comemoremos dia após dia, nos minutos e segundos possíveis, esse sentimento nutrido tão ímpar e necessário, viva aos amigos!

* Imagem / colaborador / Shutterstock

JOÃO VITOR LIMA

Comunicador, estudante e produtor de conteúdo. Desde 2018 tem um canal no YouTube direcionado a entrevistas, receitas e dicas. Desde 2020 à 2022 apresentou a live/programa `João Entrevista’, onde promovou de forma remota entrevistas ao vivo em sua página no Instagram, com personalidades da arte, cultura, política e televisão. A cantora já falecida Deborah Rosa, a diretora do Theatro Treze de Maio – Ruth Pereyron, a judoca Maria Portela, o cantor Agostta, a cantora nativista Oristela Alves e atriz global Nívea Maria e muitos outros já foram entrevistados por ele. Também, em 2021 apresentou o programa `Radar Social’, veículo mensalmente pela plataforma Rede Sina, onde discute várias pautas políticas-sociais com diferentes convidados e debatedores. No ano de 2022, ganhou o Prêmio Destaques da Cultura, do Diário de Santa Maria e Revista Mix, como “Revelação do Ano” referente à 2021, no júri popular e especializado. Também recebeu o certificado “Amigo da Diversidade” no Troféu Triângulo Rosa, em homenagem feita pela Ong Igualdade.

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A Criação do Patriarcado por DANIELA NASCIMENTO https://redesina.com.br/a-criacao-do-patriarcado-por-daniela-nascimento/ https://redesina.com.br/a-criacao-do-patriarcado-por-daniela-nascimento/#respond Sat, 30 Apr 2022 11:25:53 +0000 https://redesina.com.br/?p=18286 A Criação do Patriarcado – História da Opressão das Mulheres pelos Homens Por que as relações são como são? Por que homens e mulheres perpetuam o machismo em diversos povos, ao longo da História? Quando a desigualdade entre homens e mulheres começou? Guiada por um desejo de desvendar a história das mulheres, a historiadora, escritora …

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A Criação do Patriarcado – História da Opressão das Mulheres pelos Homens

Por que as relações são como são? Por que homens e mulheres perpetuam o machismo em diversos povos, ao longo da História? Quando a desigualdade entre homens e mulheres começou? Guiada por um desejo de desvendar a história das mulheres, a historiadora, escritora e professora austríaca Gerda Lerner iniciou uma extensa pesquisa sobre A Criação do Patriarcado.
Gerda Lerner voltou muito na linha do tempo. Além de tentar diagnosticar no presente, ela vai até as mais antigas civilizações: assírios, egípcios, gregos, mesopotâmios, romanos, judeus. Foi preciso entender qual era o papel das mulheres nessas sociedades, para compreender o impacto que o legado delas causa no nosso dia a dia.

Ainda que seja muito complicado ter um marco zero preciso que diga “o patriarcado e o machismo começam aqui”, as pesquisas de Lerner apontam que há um processo de apagamento das mulheres pelas diversas sociedades. Portanto, é possível dizer que sim, o patriarcado é um processo histórico que teve um começo e que, logo, pode ter um fim.

O fortalecimento do patriarcado se dá por meio das instituições que têm alguma vantagem no apagamento das mulheres na História: a família, a religião e o Estado. É interessante notar que Lerner defende que o histórico de dominação das mulheres acontece como uma espécie de ponto de partida para a dominação (subjulgação e escravização) de outros povos/raças.

Para construir o seu argumento, Gerda Lerner articulou diversas áreas do conhecimento. Desde especialistas em assiriologia e literatura a historiadores, antropólogos, psicólogos. Sem dúvida, este diálogo que ela nos apresenta é o que enriquece a pesquisa nos seus diversos pontos de vista.
Apesar da densidade do assunto, a linguagem e as explicações antes da pesquisa propriamente dita facilitam muito o entendimento da obra. A edição brasileira, publicada pela Cultrix, traz uma nota sobre as definições, uma nota sobre a cronologia e metodologia escolhidas por Gerda Lerner, um prefácio assinado por Lola Aronovich (do site Escreva Lola Escreva) e uma introdução. No final do volume ainda há um apêndice com as definições de termos importantes para compreensão do livro, notas explicativas, a bibliografia da pesquisa e índice remissivo. Ou seja, não tem como os leitores se perderem com o conteúdo acadêmico. Nesse sentido, A criação do patriarcado é um ótimo livro para quem deseja entender a importância do feminismo e busca um caminho para mudar a realidade tão opressora em que vivemos.

 

Daniela Grieco Nascimento e Silva

Doutora em Educação (Linha de Pesquisa: Educação e Artes – PPGE/UFSM). Licenciada em Pedagogia – Mestre em Educação. Diretora da ONG Royale Escola de Dança e Integração Social. Integrante do GEEDAC (Grupo de Estudos em Educação, Dança e Cultura).

 

 

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Dois jacus depenados por Emir Rossoni | COLUNA DE ESTREIA https://redesina.com.br/dois-jacus-depenados-por-emir-rossoni-coluna-de-estreia/ https://redesina.com.br/dois-jacus-depenados-por-emir-rossoni-coluna-de-estreia/#respond Fri, 19 Nov 2021 01:23:30 +0000 https://redesina.com.br/?p=16689 Uma crônica de Emir Rossoni Coluna de estreia / publicações mensais A história é sempre a mesma. Inicialmente reúnem-se dois, três, quatro homens de bem. Depois colocam as armas, três ou quatro espingardas, cinco cachorros treinados, redes pesca num carro grande ou camionete. Depois dizem que não sabem que horas voltarão. A lógica mostra que …

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Uma crônica de Emir Rossoni

Coluna de estreia / publicações mensais

A história é sempre a mesma. Inicialmente reúnem-se dois, três, quatro homens de bem. Depois colocam as armas, três ou quatro espingardas, cinco cachorros treinados, redes pesca num carro grande ou camionete. Depois dizem que não sabem que horas voltarão.

A lógica mostra que sempre voltam. Dois, três, quatro homens de bem. Três ou quatro espingardas, cinco cachorros treinados que depois de velhos serão abandonados na mata, redes de pesca. Um tatu com algumas formigas a entrar e sair pela boca. Uma lebre com marca de tiro no pescoço e sem parte da cabeça. Outra lebre sem a parte traseira com sinal de mordidas de cães. Um veado. Sim, um veado já esquartejado e acondicionado em uma caixa de plástico. Treze traíras, nove bagres machos, quatro bagres cheios de ovas, um ratão do banhado. Dois jacus depenados.

E nenhum fiscal do IBAMA.

E nenhuma barreira nas estradas.

A história é sempre a mesma. Repete-se na maioria das rodovias vicinais. Inicialmente, ninguém tem porte de arma, nenhuma arma tem registro. E nenhum envolvido é notificado.

É só perguntar nas calçadas. Todos terão boas histórias de caçador pra contar. É só bater nas portas. Todos terão uma, ou duas, ou mais armas e munições. É só abrir o freezer. O estoque de animais silvestres é superior ao das matas vizinhas.

E nenhum fiscal do IBAMA.

A história é sempre a mesma. Onde há falta de consciência, deveria haver excesso de fiscalização. Mas parece que por aqui todos andam de mãos dadas. Menos os tatus, as lebres, os veados, as seriemas, os jacus, os bagres cujo único destino é o freezer de quem apenas quer se divertir nos finais de semana dando uns tiros em tatus, lebres, veados, seriemas, jacus e tudo que se mover em frente. Espero que nem eu e nem você se mexa enquanto esses partifórios estejam andando por aí. Talvez seja melhor parar de frequentar locais ao ar livre, ou deixar de aproveitar a natureza. Primeiro, porque em breve não haverá animal nenhum para observar. Segundo, porque poderemos ser o alvo da vez. Quiçá devamos ficar em casa. Ou, então, passar a denunciar.

 

Emir Rossoni

É autor de “Caixa de Guardar Vontades” (vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura e do Prêmio Guarulhos de Literatura de Livro do Ano em 2019), “Domanda Nísio” (vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura em 2018 e do Prêmio Bunkyo em 2020), e “Erros, Errantes e Afins” (Prêmio CEPE de Literatura 2020). Ministra desde 2016 a oficina literária “As duas histórias do conto” e o curso “Escrevendo sem Inspiração”.

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JORGE E A CIDADE DE LONA https://redesina.com.br/jorge-e-a-cidade-de-lona/ https://redesina.com.br/jorge-e-a-cidade-de-lona/#respond Thu, 05 Aug 2021 03:02:51 +0000 https://redesina.com.br/?p=15671 A Califórnia da Canção Nativa é uma marca da cultura e do nativismo gaúcho, um festival musical que lançou algumas das mais icônicas melodias de nosso cancioneiro. Começou em 1971 em Uruguaiana e teve nos anos 80 e meados dos 90 a sua época de ouro. Durante a Califórnia, milhares de pessoas se acomodavam sob …

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A Califórnia da Canção Nativa é uma marca da cultura e do nativismo gaúcho, um festival musical que lançou algumas das mais icônicas melodias de nosso cancioneiro.

Começou em 1971 em Uruguaiana e teve nos anos 80 e meados dos 90 a sua época de ouro. Durante a Califórnia, milhares de pessoas se acomodavam sob a fumaça de churrascos, em centenas de barracas, construções passageiras que eram erguidas no Parque Agrícola e Pastoril, lado a lado, como casas, formavam uma verdadeira cidade. A Cidade de Lona.

E era em meio a fumaça de churrasco, garrafas de cerveja e canha, que as pessoas acampavam para ouvir música nativista, fosse nas barracas, nos palcos ou nas tertúlias. Juntavam-se debaixo das lonas para tocar, e também, para ouvir rock and roll, MPB e Blues. Tudo podia. A Califórnia era mais que um festival nativista, era um encontro das diferenças, um encontro das artes e das vidas.

A classe artística caminhava entre as barracas e se fundia na classe média, a classe média se acreditava também parte da elite rural e se aventurava em tertúlias com agropecuaristas que churrasqueavam lado a lado com o trabalhador da construção civil, com o taxista ou com o peão de estância. As classes sociais estavam todas lá, com suas diferenças econômicas e, ao mesmo tempo, não estavam.

A Cidade de Lona era a arte cumprindo seu papel, o de aproximar os espíritos e, mesmo que momentaneamente, horizontalizar questões de classe e as diferenças sociais em função de um mesmo objetivo: a música.

Diante da arte as pessoas esqueciam suas diferenças, desarmavam-se ao som de uma milonga e, entre um sapucai e outro grito qualquer, trastejavam as cordas bêbadas dos violões.

Na Cidade de Lona todos eram humanos ao redor do fogo, todos estavam humanos, sentados diante da arte. Hoje, muitas vezes, sequer conseguimos nos aproximar de maneira não virtual, quem dirá conversar sem que ofensas sejam a regra, sem que a confusão ou o extremismo seja o norte.

Em 2019, quando eu estava indo para o trabalho, fiz a foto que emoldura esse texto. Nos anos 80, quando a Califórnia estava no seu auge, Jorge Dias Soares, esse senhor envelhecido que aparece na fotografia, então aos 52 anos, estava na adolescência. Jorge nasceu e viveu sempre em Uruguaiana. Quando ainda era um guri, foi escoteiro do grupo Adventista Os Desbravadores. Foi quando ele viu a Cidade de Lona pela primeira vez. A música, as pessoas, a alegria dos sorrisos, tudo era como uma miragem, destas de deserto, que a arte pintou nas retinas rasas de Jorge. As barracas eram o presente e o intangível. A Cidade de Lona ficou no Jorge, no seu imaginário.

Jorge me disse que o mais perto que chegou da Califórnia e de suas lonas foi quando frequentava o Parque Agrícola e Pastoril para fazer exercícios físicos junto com os demais escoteiros. A miragem estava lá, centenas de barracas de lona, coloridas, pessoas indo e vindo, mas Jorge nunca conseguiu entrar numa, sequer as tocou. Contou-me emocionado, que por duas vezes caminhou até a entrada do Parque, ouviu a música trazida pelo vento, disse-me convicto de que era a voz de Mercedes Sosa, falou que  sentiu o cheiro da fumaça dos churrascos, mas não teve dinheiro para entrar. É que as classes sociais estavam lá, sempre estiveram, e o Jorge sabia, mesmo que lá dentro, isso fosse esquecido.

Não quis pular a tela, achava errado, ficou ao lado do caminho. A Cidade de Lona de Jorge era outra coisa, nela não tinha bebidas, nem blues, era uma construção da sua imaginação em uma pequena utopia de aceitação, não ser invisível diante dos outros. Sentir-se parte de algo.

Jorge nunca ouviu uma tertúlia, disse-me ele que sonhava em “ir na Cidade de Lona para ouvir Pedro Ortaça e César Passarinho”. Jorge, fisicamente, nunca entrou na Cidade de Lona, mas deve ter estado nela diversas vezes, em cada olhar marejado que me deu. Na vida, Jorge foi vendedor ambulante, foi trabalhador rural, foi alcoólatra, perdeu os pais, brigou com os irmãos e na pobreza hereditária da sua vida, desempregado, virou morador de rua.

Naquele dia de 2019, quando voltava do trabalho, foi que eu vi pela primeira vez o Jorge. As lonas pretas, amarradas, estavam ali há meses, mas só depois de uma olhada mais demorada foi que percebi o que havia vida debaixo delas. No Trevo que dá acesso para a Unipampa, vi um senhor e seus cães, brincando no vento frio do meio dia.

Parei o carro, desci. Nem havia me apresentado e o Jorge já me jogava um sorriso de boas vindas. Nos olhamos por alguns segundos, não sei o que ele viu. Eu, bem, vi um outro ser humano, olhei para uma pessoa amarrada miseravelmente na invisibilidade de sua lona preta. Um homem escondido na cegueira dos olhos de uma sociedade que não se importa com as lonas pretas destas cidades que crescem dentro das nossas cidades. Cidades de lonas debaixo de marquises, nas sombras das pontes e viadutos, nas vilas, em esquinas e nas praças.

  • “Onde fica o palco da tertúlia?”, perguntei enquanto me aproximava.
  • “Bah! Tu é do tempo da Califórnia! Pior que isso aqui, parece a Cidade de Lona mesmo!”, respondeu-me, antes de soltar uma gargalhada.

O Jorge, que nunca foi numa Califórnia, agora tinha sua barraca. Ele morava numa barraca de lona, lona preta, rasgada pelo vento e amarrada entre dois eucaliptos que se moviam como se fossem cair a qualquer momento. Era nesse lugar que Jorge vivia, todo ano ele voltava e ficava ali uns meses, dormindo no chão frio do inverno, sobre pedaços de cartão e folhas encharcadas da chuva, ali ele se se alimentava dos alimentos deixados em oferendas religiosas postas no Trevo ou daquilo que conseguia comprar com o dinheiro da venda dos materiais recicláveis que catava. O crack era quase um amigo, a cachaça uma aliada.

De uma carcaça de micro-ondas improvisou um fogão. Da vida solitária fez seus melhores amigos em quatro cães. Diferente da Cidade de Lona da Califórnia, sem arte e sem milongas como mediadores, nossa conversa teve a vida como fundo musical e a cidade de lona do Jorge foi tocando  a canção da realidade.

Afinal, é na Cidade de Lona onde precisamos lembrar que somos iguais, mesmo estando tão diferentes. A Cidade de Lona do Jorge não era diferente.

Da vida do Jorge eu nada sei, sei apenas o que conversamos naquele dia, em pouco mais de vinte minutos. Não sei dos seus acertos, nem dos seus erros, dos seus vícios, dos seus heroísmos ou de suas covardias, só sei da sua humanidade. Sei que a vida dele é igual a minha, precisa de ar, calor, comida e dignidade. Sei que ele é um ser humano vivendo como um ser humano jamais deveria estar vivendo. E como ele ainda existem tantos. Vidas e mais vidas sobrevivendo no frio da invisibilidade das cidades de lonas pretas. A miséria, a fome e a pobreza se fortaleceram com o Mito.

No ano seguinte o Jorge não apareceu entre os dois eucaliptos, nunca mais soube dele. Se ainda vive, se sobrevive, se em vida ainda morre, se morreu, se viveu de fato. Não sei. Sei que a lona onde ele morava ficou ali por mais de um ano, até que o vento levou para longe dos olhos, fazendo dela não menos invisível. Na semana passada, enquanto cruzava pelo trevo em direção à universidade, eu lembrei do Jorge, pois no rádio tocava “Negro de 35”, de César Passarinho:  “Porque o amor não tem cor, sem cor é a fraternidade”. Tomara que o Jorge, pensei em voz alta, longe das lonas invisíveis, também esteja ouvindo. Nesse dias de tanto frio, precisamos de menos barracas de lona e mais fraternidade, muita fraternidade.

 

Roger Baigorra Machado 

é formado em História e com Mestrado em Integração Latino-Americana pela UFSM. Foi Coordenador Administrativo da Unipampa por dois mandatos, de 2010 a 2017. Atualmente trabalha com Ações Afirmativas e políticas de inclusão e acessibilidade no Campus da Unipampa em Uruguaiana. É membro do Conselho Municipal de Educação, do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico do Município de Uruguaiana e é conselheiro da Fundação Maurício Grabois. Em 2020 passou a compor o Centro de Operação de Emergência em Saúde para a Educação, no âmbito do município de Uruguaiana/RS. No resto do tempo é pai do Gabo, da Alice e feliz ao lado de sua esposa Andreia.

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“NÃO SABE SE CASA OU COMPRA UM GUARDA-CHUVA? ” por Saíle Barreto https://redesina.com.br/nao-sabe-se-casa-ou-compra-um-guarda-chuva-por-saile-barreto/ https://redesina.com.br/nao-sabe-se-casa-ou-compra-um-guarda-chuva-por-saile-barreto/#respond Mon, 02 Aug 2021 07:29:55 +0000 https://redesina.com.br/?p=15592 Dia desses uma amiga estava me contando que iria viajar e que uma pessoa próxima lhe disse para não gastar com isso e fazer uma plástica no rosto, porque ela estava precisando. Eu achei um horror, mas disse que gente assim existe aos montes e que não devemos nos deixar abater. Para consolá-la comentei que …

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Dia desses uma amiga estava me contando que iria viajar e que uma pessoa próxima lhe disse para não gastar com isso e fazer uma plástica no rosto, porque ela estava precisando. Eu achei um horror, mas disse que gente assim existe aos montes e que não devemos nos deixar abater.

Para consolá-la comentei que tenho uma conhecida que cada vez que sabe que estou arrumando as malas sugere: “Vai viajar de novo? Por que não fazes uma lipoaspiração em vez de viajar tanto?” E outra que sempre diz que acha melhor investir na troca de um carro, pois o meu é simples demais para uma advogada.

Pois bem. Não acredito que as pessoas façam este tipo de comentário por maldade, ou por inveja. Não é nada disso. Boa parte das pessoas com as quais convivemos realmente priorizam investir no que consideram palpável e não em experiências. Só que eu não sou assim, nem todo mundo é. Quanto ao carro, por exemplo, faz muito tempo vi um economista falando na televisão que se seu carro equivale a mais de 15% do valor de seu patrimônio, você é um péssimo investidor. E realmente, concordo com ele. Fora o arrependimento, né? Nunca vi ninguém dizer “nossa, como me arrependi de ter feito aquele cruzeiro pela Grécia”, mas o número de pessoas que ouço dizendo: “maldita hora que comprei aquele carro” já cansei de contar…

É claro que a gente deve investir o dinheiro em coisas úteis sim. É importante ter uma reserva para o futuro, um plano de aposentadora, casa própria e etc., mas quando tenho que optar entre viajar ou comprar o que quer que seja, sempre acabo optando pela viagem. Se tiver também que optar entre continuar as aulas de francês ou comprar aquele casaco maravilhoso da vitrine, não vou pensar duas vezes antes de renovar a matrícula. Dia desses olhei para o estado do meu sofá velho, lembrei que seria bom mandar encapar, mas tenho que renovar a matrícula da academia.

Ah, o sofá vai ficar para depois. E, puxa vida, estou morando tão longe do trabalho. Quero muito comprar um apartamento com uma localização melhor, estou guardando uma graninha para trocar o meu, mas sempre surge outra coisa que acaba desviando o meu foco. Agora é uma oportunidade de mestrado fora do Brasil e estou achando (na verdade já tenho quase certeza) que minha reserva “vai acabar” mudando de rumo.

O que quero dizer é que nunca me arrependo do investimento nas experiências, mas já comprei tanta tranqueira que não me serviu para nada. Por exemplo, tenho em cima do armário da área de serviço uma enorme escultura de barro que trouxe de Natal/RN. Ela não combina com absolutamente nada que tenho dentro do meu apartamento. Acho que vou doá-la para uma feira que ajuda cãezinhos de rua, assim paro de esbarrar com ela cada vez que vou lavar roupa. E não esbarrando esqueço que teria sido mais negócio ter feito um último passeio pelas praias, porque do dinheiro que gastei conhecendo as praias de lá, ahhh mas não me arrependi nem um pouco! Ô graninha bem empregada, viu?

Para fechar, que quero dizer é o seguinte: o investimento vivendo as experiências nunca é perdido, nunca. Mesmo que ela não tenha sido bem como a gente imaginava, foi vivida. Alguma coisa a gente acabou aprendendo, por isso, se estiver em dúvida entre casar ou comprar um guarda-chuva, case. O casamento é uma experiência. Pode dar certo, pode dar errado. E, se der errado ninguém vai te impedir de voltar atrás. Você tentou e a tentativa valeu. Já ficar sem um guarda-chuva só vai te molhar um pouco. E, vou te contar, um bom banho de chuva é uma experiência para lá de agradável!

 

Saíle Bárbara Barreto é Advogada e contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.

Instagram: @saile_barbara_barreto | @advogadaestressada

Facebook: Diário de uma advogada estressada

 

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07/08 – SEXTA – 21h30min – SARAU VIRTUAL VERSARIA https://redesina.com.br/07-08-sexta-21h30min-sarau-virtual-versaria/ https://redesina.com.br/07-08-sexta-21h30min-sarau-virtual-versaria/#respond Fri, 07 Aug 2020 15:14:23 +0000 https://redesina.com.br/?p=10062 07/08 – Sexta-feira – 21h30min Sarau Virtual Versaria Apresentação: Fabrine Anjos de Souza  Participantes: Anderson Alves  (Delalves Costa), Andressa da Costa Farias, André Milioli, Carlinhos Carneiro,  Johnny Bosco e Maria Otíllia Rodrigues. Convidado especial:  João Angelino  Transmissão em: www.facebook.com/redesina   “Poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia …

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07/08 – Sexta-feira – 21h30min

Sarau Virtual Versaria

Apresentação: Fabrine Anjos de Souza 

Participantes: Anderson Alves  (Delalves Costa), Andressa da Costa Farias, André Milioli, Carlinhos Carneiro,  Johnny Bosco e Maria Otíllia Rodrigues.

Convidado especial:  João Angelino 

Transmissão em: www.facebook.com/redesina

 

“Poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.”

É com essa frase de Cora Coralina que a advogada, poetisa e cronista osoriense Fabrine Anjos de Souza, idealizadora do Sarau Virtual Versaria, convida todos aqueles que se sentem ligados de alguma forma à poesia e à escrita, mesmo com a curiosidade de espectador, para participar do evento.

Tendo em vista a pandemia ter trazido não só doença no corpo, mas também na alma, surgiu a ideia de levar às pessoas o melhor antídoto para curar e encher de vida o espírito: a poesia.

Assim foi criado o Versaria, onde os participantes através de poemas, crônicas e músicas itencionam levar o espírito da poesia ao maior número de pessoas através de uma live.

Segundo ela, o Sarau tem o propósito de fazer com que todos percebam a poesia que há no cotidiano. “Não somente quem as escreve, mas todos que sentem a poesia, já que sem ela o olhar do leitor é apenas letra morta. Aquele que consome poesia, seja escrevendo, lendo ou ouvindo, se torna também poeta ao dar vida ao poema.”

O formato digital do sarau  deve-se ao acesso restrito a eventos culturais durante o período da quarentena, mas a intenção é que venha a se tornar também um evento com edições presenciais.

A partir de agora, o Sarau Virtual Versaria ocorrerá na primeira sexta-feira do mês, reunindo um elenco fixo: a santamariense radicada em Florianópolis Andressa da Costa Farias, doutoranda em Literatura, com contribuições mensais para o  jornal Diário de Santa Maria; o catarinense André Milioli, operador do Direito, saxofonista e amante de poesia; o osoriense Delalves Costa, poeta, escritor e Mestre em Educação; Carlinhos Carneiro, escritor, compositor e vocalista da banda Bidê ou Balde; a jovem escritora osoriense Maria Otíllia Rodrigues; Johnny Bosco, músico e compositor paulista radicado em Florianópolis, além da própria Fabrine.

O plano é ter, a cada edição, participações especiais. Dessa vez o convidado será o jornalista, escritor e editor angolano João Angelino.

“A ideia é termos um sarau democrático, popular e sem frescura, no qual todos se sintam em casa e parte de uma roda lítero-musical entre amigos”, afirma Fabrine. “Temos o desejo que o Versaria faça parte da rotina das pessoas, em especial neste período pandêmico, que tolhe o consumo de cultura fora de casa. Cultura é essencial para a saúde da alma.”

Todos são convidados a participar também com o envio de poesias, autorais ou não, para serem lidas na live.

Participe!

As contribuições devem ser destinadas ao e-mail sarauversaria@gmail.com com uma breve descrição sobre o motivo da escolha, nome completo e cidade do remetente.

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“Um pouco do Impossível, senão eu sufoco” Por GUIDO BRASIL https://redesina.com.br/um-pouco-do-impossivel-senao-eu-sufoco-por-guido-brasil/ https://redesina.com.br/um-pouco-do-impossivel-senao-eu-sufoco-por-guido-brasil/#respond Wed, 12 Jul 2017 02:07:23 +0000 http://redesina.com.br/?p=3000 Era uma conversa simples, despretensiosa, sobre o existir. Era uma conversa comum para um fim de tarde de um domingo qualquer entre o fim do outono e o início do inverno. Era um papo banal sobre O Que Se Quer e O Que Se Consegue dentro disso que chamamos de vida. Bem trivial. Era sobre …

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Era uma conversa simples, despretensiosa, sobre o existir. Era uma conversa comum para um fim de tarde de um domingo qualquer entre o fim do outono e o início do inverno. Era um papo banal sobre O Que Se Quer e O Que Se Consegue dentro disso que chamamos de vida. Bem trivial.

Era sobre o impossível. O bom e velho impossível que todos nós, todos os dias, enfrentamos para conseguir sobreviver. Aquela conversa, por exemplo, era impossível, no entanto, estávamos ali tentando. E se tentávamos era tão-somente para nos salvar.

Os seus dias são feitos de quantos impossíveis? Tenho impossíveis terríveis e impossíveis mais brandos. Este texto, por exemplo, é tão impossível que me faz querer desistir dele a cada palavra escrita, entretanto, preciso finalizá-lo para poder respirar. A busca pela música perfeita para ser ouvida no caminho do trabalho para casa é um impossível necessário para amenizar os impossíveis que você teve de fazer para sobreviver ao fim daquele dia. A leitura daquela pilha de textos para o trabalho acadêmico é impossível, mas você precisa. Ou a busca por aquele tal encontro, com a tal pessoa que vai reconhecer você e dizer “sim, eu topo, mesmo você sendo impossível.” E não podemos nos esquecer de um dos atos mais impossíveis da contemporaneidade: a fila do caixa no supermercado no início do mês.

Viver é fazer o impossível. Se não estamos mais nas cavernas e hoje podemos ir a Marte, através de muitos impossíveis, é porque não temos condições de apenas existir. Ninguém inventa de construir pirâmides enormes, com blocos de pedra que pesam toneladas, à toa. Passamos o dia empilhando coisas impossíveis com o único intuito de criar. Criar qualquer coisa. Criar confusão, inclusive. Porque a nossa sobrevivência depende disso.

GUIDO BRASIL

 

 

 

GUIDO BRASIL

Ator, escritor e roteirista.

Autor do romance Bizarros e Solitários, editora Organograma, 2014

Ator e roteirista da web série “As Ideias de Senhor e Senhora Alguém”, 2008-2014.
Diretor e roteirista do curta-metragem“O Namorado”, curta-metragem, 2015.

 

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DEPRÊ por TAVINHO PAES https://redesina.com.br/deprepor-tavinho-paes/ https://redesina.com.br/deprepor-tavinho-paes/#respond Fri, 16 Jun 2017 14:52:40 +0000 http://redesina.com.br/?p=2947 …amigos do peito e do dia a dia: tá duro de segurar a barra (é o noticiário político – alimentando a certeza de que sou um otário, a conta do banco no vermelho – e o banco me dando mais crédito pr’eu me fuder de vez, a gravíssima falta de um celular para, como todo …

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…amigos do peito e do dia a dia: tá duro de segurar a barra (é o noticiário político – alimentando a certeza de que sou um otário, a conta do banco no vermelho – e o banco me dando mais crédito pr’eu me fuder de vez,

a gravíssima falta de um celular para, como todo mundo, receber telefonemas dos amigos – sem celular sou um cidadãos de segunda classe, quase um refugiado e, principalmente, esses meus amores fascinantes que nunca estão por perto quando a paixão toca a campainha lá dentro da cabeça).
… não tem jeito: a depressão me dominou o corpo e apossou-se da minha alma sem que eu possa fazer nada … resta-me um consolo: quem não tem uma dessas de vez em quando? (tem quem a tenha dias seguidos).
… essa que me pegou hoje é melancólica … fica passando um filme horrível de coisas horríveis na minha cabeça e na televisão só tem filme americano com psicopatas e policiais o tempo todo … tudo que não deu certo e tudo que ficou pior reapareceu do nada cobrando pedágio … as pessoas que eu amo estão tão longe quanto uma msg inBox … não há chance de receber um carinho dessas pessoas que eu acho lindas, gostosas, felizes, apaixonantes (e isso de não se fazer mais carinhos está ficando cada vez mais normal que se eu não me acostumar vão me rejeitar e ainda falar muito mal de mim) … nenhuma disposição para reagir, nenhuma vontade de fazer nada (até esse post está sendo escrito com dificuldade) … é tristeza de todo tipo: saudades sem meios de acabar com elas, desilusões amorosas cada vez mais consistentes, nenhum sorriso à vista, tudo me irritando, nada de festa, passeio, poesia … as coisas resolveram me sacanear e parecem paralisadas numa fermata musical de uma canção brega bem triste … o paladar não está ajudando (e olha que eu cozinho bem) e não tenho vontade nem de beliscar o bife coberto por gorgonzola com nozes (tudo bem, deve ser porque não sou vegano) … acho que vou tomar um remédio daqueles que derrubam elefante … Dr. Antonio Pedro Bocayuva Cunha, tem receita aí de algo desse tipo pra ver se apago?

… entretanto, para minha insatisfação ganhar fôlego (a Lei de Murphy é implacável nestas horas), de repente, com a cabeça girando e dando pontadas como quando se está de ressaca e a musculatura acusando pontos de incomodo pelo corpo, espirro uma, duas, tres vezes … desconfio seriamente da minha capacidade suicida e consulto o termômetro: febre leve (38º) … pô, eu bem que queria ser moderninho e ter uma depressão dessas que todo mundo comenta que teve ou conhece alguém que está tendo, mas, tenho que admitir que meu caso é mais vulgar … é gripe, Mário Bortolotto – pode coisa mais escrota me pegar assim sem mais nem menos?: … gripe é muito chato … gripe é ridículo … depressão seria mas chic … os remédios são mais caros … tenho que me satisfazer com a vulgaridade que me cabe e tomar vitamina C e esperar … esperar … esperar … que horror … tô deprê … é gripe … que saco!

TAVINHO PAES (1955- …macro microBiografia semicompleta)
– aquário, ascendente aquário, lua em escorpião – carioca, botafoguense por causa  de Mané Garrincha – 59 anos
– estudou Economia (1972-1976), Filosofia (1977) na PUC-RJ (não se formou em nada – nunca ganhou nem concorreu a prêmio nenhum)
skills: poeta em tempo integral; escritor nas horas vagas; jornalista do contra;, webmaster por circunstâncias (desde 1991 – técnico em BBS, Access e Apache), trabalha com vídeo desde 1980 –  editor produtor, diretor; comediante (ator, não); roteirista enquanto contador de estórias reais); e anarquista (graças a deus)!

Poesia: Para esta edição da FLIP, apresenta + de 120 booklets e panfletos, realizados desde 1976, sempre em produção e distribuição independente título em destaque: O Travesti Bossal (1978); Trilogia da Paixão Inventada, Palanque Punk; Cinemix; A Cinderela Descalça; Lixo de Luxo; Ingênuo Gênio (em lançamento);  …desde 2004 experimenta formatos multimídia para livros: audiobooks (TAWHISKY GUERRA – Ed. NossaCultura – Curitiba 2009), audiocardbooks (Mobile Ping Pong – iMusica – Flip 2010) e audiovisualbooks como MnemoMix (2005), psychoPop (2009)  PoetryFilms apresentados no Zebra Poetry Film Festival de Berlin nas edições de 2008/2010/2012/2014).
Lançando o audiobook MAD MADALENA no 4º ano do evento poeMatrix à La Luna, na.
Fundador do grupo poemaTerror (1976), com Demétrio Gomes e Torquato de Mendonça, responsável por eventos de interferência em circuitos como conferências e palestras e intervenções urbanas;
Fundador adjunto  do Cep 20.000, com Chacal, Carlos Emílio Lima e Guilherme Zarvos (1991;
Diretor e Produtor poemaShow (2003/2005) em parceria com o poeta Ricardo Ruiz de Muniz;
Diretor e produtor do evento Semana Cultural de Santa (2005), Diretor e Produtor do Festival Poesia Voa – Festival Internacional de Poesia do Circo Voador (2005/2006) em parceria com Bruno Cattoni e Maria Juçá; Diretor e produtor do evento cinePoema; em parceria com Marcelo Gibson (2006-2007)
Diretor e produtor do evento SOLOnoSUBSOLO  – Cineclub multimedia (2008), Diretor e produtor do evento AstroLab – Cineclub multimedia (2008), Diretor e produtor do evento KINECLUBB, em parceria com Karla Sabah (2010/2011), Diretor e produtor do evento aFUNDAÇÃO, e do grupo Mobile Ping Pong), em parceria com Arnaldo Brandão e Betina Kopp (2009/2013), Diretor e produtor do evento CineMix – alive webcam mix; em parceria com Arnaldo Brandão e Beatriz Provasi (2010/2012).
Diretor e produtor dos evento KINOCLUBB;  concebido após treinamento em Berlin, no Litteraturwekstatt programm e Gestalten TV (http://www.gestalten.tv), Diretor e Produtor do WOMEN in RIO – Female Emotional Intelligence Fórum; 2006. Curador e Produtor do evento Voz à Vossa – com Marcela Spérandio e Cecília Spyer; 2016/17.
vide: https://www.facebook.com/vozavossa/

Música: + de 250 registros gravados por artistas como: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Marina Lima, Marisa Monte, Rita Lee, Lulu Santos, Lobão, Skank, Ney Matogrosso, >> parceiro/amigo de Arnaldo Brandão desde 1982 –são 32 anos! Como são dois artistas autênticos, nunca brigaram! Sucessos de rádio: Totalmente Demais, Linda Demais,  Radio Blá, Gata Todo Dia, Sexy Yemanjah (abertura da novela Mulheres de Areia), etc… Produziu trilhas musicais para filmes como Navalha na Carne (Prêmio JB-1997) e Luzia Homem, entre outros. Atualmente, é autor junto a Brandão e Mônica Millet do tema de abertura do DOCx BRASIL MÍSTICO,  em cartaz na Globosat, às 22:30h.
Dirigiu Video-Clips para MTV para artistas, direção e montagem do docx H.O.N.Y. (Hélio Oiticica in New York), em parceria cok Marcos Bonisson – Premio Osaka Art Festival (1990) e destaque da amostra H.O – PS1 (New York – 1988); Criou e Dirigiu musicais para a Mutante Night-Club como: O Corôa & A Gatinha e Aquele Beijo que eu te dei. (2001/2002 … Fundador da Gravadora INDIE Records (1996)junto com Liber Gadelha… Jornalismo: Escreveu textos para todos os grandes jornais do eixo Rio-São Paulo e colaborou com vários jornais de outros estados por períodos regulares. Editor de O PASQUIM, entre 1985/86 e da revista cultural RioCapital (1998). Editor do jornal poemaShow (2005/2006) Colaborou com os jornais Él Clarin (Argentina) e O Mundo Português (Portugal) – 1999-2001. Pertenceu ao quadro de articulistas de independentes como OPINIÃO (1977), Bondinho(1975), Jornal de Ipanema (1979), O NACIONAL (1985), entre outros. Colabora com jornais eletrônicos, tendo sido editor dos extintos Cult Link e PasquiNet. Cinema: Participou de filmes como: Rio-Babilônia; A Idade da Terra; Terror & Extase; O Segrêdo da Múmia e Luar sobre Parador. Trabalhou em parceria com Chacal como Roterista para o programa Juba & Lula, TV Globo. Dirigiu e Produziu com Marcos Bonisson o documentário HONY (Hélio Oiticica in New York), docx H.O.N.Y. (Hélio Oiticica in New York), em parceria cok Marcos Bonisson – Premio Osaka Art Festival (1990) e destaque da amostra H.O – PS1 (New York – 1988); Artes Plásticas: exposições individuais:  Presentes Contínuos (1976), Macro-Fanzines (1989), Eletro-Zines (2002), MiniLivros anos 70/80 (Bienal de São Paulo – 1996).
Performances: Rimbauds Efêmeros (1977), VT-JAM-TV (1986), TV DADA Show (1978), web skills

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“Conversa: entre eu e minha vida” por CLARISSA PIPPI https://redesina.com.br/conversa-entre-eu-e-minha-vida-por-clarissa-pippi/ https://redesina.com.br/conversa-entre-eu-e-minha-vida-por-clarissa-pippi/#respond Fri, 16 Jun 2017 14:30:06 +0000 http://redesina.com.br/?p=2943 Entre eu e minha vida existe um grande espaço de tempo e falta de conexão. Minha vida é tudo que construí num pensamento individualista em que alguns personagens são criados, outros idealizados, alguns julgados e outros sentenciados. Entre tudo que existe e coexiste é criada uma ligação que oscila entre a expectativa e a decepção, …

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Entre eu e minha vida existe um grande espaço de tempo e falta de conexão.

Minha vida é tudo que construí num pensamento individualista em que alguns personagens são criados, outros idealizados, alguns julgados e outros sentenciados.

Entre tudo que existe e coexiste é criada uma ligação que oscila entre a expectativa e a decepção, a ilusão e os grandes baldes de água fria. Em tudo tem um pouco do desejo e castração, devoção e paciência. De um lado algo que escorre, do outro uma parte que morre, dia a dia, célula a célula. Na vida a falta de pertencimento, de posse, tudo dentro de uma relatividade incapacitante ou estimuladora.

Fecho os olhos e está la, a falta que não encontro, no lugar onde não fui, com as relações que não existem e o mais incrível, eu não consigo esquecer cada momento.
Vem uma nuvem colorida que me envolve, criando toda essa memória intocável, linda e que me salva de mim mesma. Já que de um lado o desejo pulsa e precisa de acolhimento, do outro lado o pensamento transcende e acalma o coração. Sou eu, quase nada, outra coisa, algumas falhas, outras dobras, sou eu sem forças, dançando e fugindo desse peso concreto de sentimentos nunca expressados.

O que é seu, se esconde, se perde. Se doeu, não vi, se fugiu, nunca esteve ali, mas mesmo assim, minhas lágrimas nunca secam, sento e contemplo esse fino raio de sol se escondendo atrás de tudo que busquei para salvar minha alma.

CLARISSA PIPPI

Jornalista, mãe, diretora de empresa, devoradora de filmes argentinos, amadora na arte de viver, apaixonada por ideias, pessoas e coisas.

Diretora de comunicação da Tríplice Assessoria

 

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