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SINA EM PAUTA | BATE-PAPO COM ALY MURITIBA

Melina Guterres entrevistou, durante o 52º Festival de Cinema de Gramado, Aly Muritiba, diretor do filme Barba Ensopada de Sangue. O filme em questão é uma adaptação do livro homônimo de Daniel Galera.

De início, Melina indagou Aly sobre o seu interesse em escrever e em publicar Literatura, ao que o diretor afirmou que sonha em se tornar um escritor e que está em um processo de escrita de um livro de contos há pelo menos dois anos.

A entrevista seguiu com uma pergunta de Melina sobre a questão do cárcere, uma alusão aos sete anos em que Aly trabalhou como agente penitenciário. Melina questionou-o sobre como isso foi parar em sua vida e posteriormente no Cinema. Muritiba disse que a cadeia, a faculdade de Cinema e os festivais de Cinema formaram o diretor que ele é, sobremaneira porque ao trabalhar tanto tempo na cadeia desenvolveu nele uma capacidade de escuta, uma capacidade diplomática e uma capacidade de liderança que são essenciais para um diretor.

Melina perguntou de que forma esse cidadão que representa e que transmite essa violência através da arte, vê a violência brasileira e se ele enxerga um caminho solucionável para tal. Ao que Muritiba falou que a violência é uma decorrência de todas as desigualdades presentes, no Brasil, e que a solução para tal problemática está na igualdade social, apesar de que construi-la, em um contexto tão conservador como o da atualidade, pelo menos em espaços políticos é algo não muito esperançoso.

Seguindo a entrevista, Melina perguntou sobre o que Muritiba espera do público ao inserir, em seus filmes, os aspectos da violência. Aly, então, respondeu que procura propor reflexões sobre a violência, suas causas, suas consequências e, em especial, pensar sobre formas diferentes de lidar com a violência. Primeiro o espectador deve ser engajado por meio da história fílmica e em segundo plano precisa refletir sobre como essa história retrata a realidade e como cada cidadão pode mudar essa realidade. É um processo de engajamento, afirmou Aly Muritiba.

Melina também perguntou sobre como foi o processo de adaptação de um livro para o Cinema, tendo como resposta de Muritiba que foi um livro difícil de adaptar, em que o roteiro foi pautado na procura de equivalências em imagens e em gestos que transpusessem os pensamentos do personagem narrador que existe do livro de Galera.

Por fim, Muritiba, após ser interpelado por Melina acerca da fragilidade masculina, afirmou que os homens, infelizmente, não foram educados para demonstrar emoções e fraquezas e que isso é um enorme problema. Para Aly Muritiba, agora os homens devem refletir sobre esses homens feridos que são e a partir da arte cinematográfica criar um homem capaz, um homem de fragilidades.

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