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SINA EM PAUTA | BATE-PAPO COM MARTON OLYMPIO

Melina Guterres (Mel Inquieta) conversou com o roteirista e diretor Marton Olimpio. Marton além de dar uma oficina de roteiro durante o 52º Festival de Cinema de Gramado, também foi um dos jurados da categoria de curtas gaúchos.

Inicialmente, Marton destacou a dificuldade em participar do júri, uma vez que a grande maioria dos filmes apresentou uma gama variada de temáticas importantes para o momento atual assim como diferentes técnicas narrativas e de filmagem, salientando, sobretudo, os distintos olhares em termos de apresentação de uma diversidade de culturas sobre a realidade brasileira presentes nos curtas selecionados.

Melina indagou o roteirista sobre a oficina que o mesmo ministrou no Festival, a qual teve como foco o piloto da série sobre Anderson Silva. Marton afirmou que o processo de produção demorou cerca de dois anos, na medida em que esse projeto foi um convite da Paramount, que desejava dar visibilidade a essa história de vida e carreira fantástica do lutador de MMA em questão. Marton falou sobre o processo que ele chama de aderência, o qual foi primordial para iniciar a roteirização da série. A aderência, segundo ele, é tentar encontrar pontos de contato entre a vida do “biografado” e a sua própria vida.

O roteirista destacou que, no momento das pesquisas para a produção da série, chegou à conclusão de que o grande ponto de contato da história de Anderson não estava na carreira de lutador em si, mas no suporte que a sua família deu para que ele realizasse seus sonhos relativos ao MMA. Uma história que ia além das artes marciais, sendo que muitos sujeitos se identificam com a série em razão da representatividade de um jovem negro, de uma família negra, ou seja, que tem suas vidas marcadas pela questão da etnia.

Melina perguntou como a série poderia ser assistida, ao que Marton disse que no momento a Paramount a tirou do ar, mas que em breve voltará para streamings. Infelizmente, agora não há nenhuma plataforma em que ela possa ser assistida. Marton também comentou, interpelado por Melina, sobre a série sobre Marielle Franco, ao que o mesmo afirma que não chegou a concluir o processo de produção da mesma devido a algumas divergências ideológicas, pois de uma forma geral, parte das pessoas queria falar sobre o crime, mas ele queria falar sobre a vida dela.

Sobre trabalhos atuais, ele ressaltou o filme Alemão 3, o qual está em fase de construção do argumento e, em sua produtora, um projeto de longa-metragem chamado Cinco pretos e um pardo.

Por fim, Melina aproveitou para perguntar sobre a narrativa negra e a violência. Marton destacou que se acaba criando uma estrutura imagética das pessoas pretas apenas como pertencentes a esse lugar no Brasil. O lugar da violência, da arma, do tiro, etc. Não que isso não exista na realidade, porém é preciso trazer todas as potencialidades do universo negro: a potencialidade da arte, do humor, do afeto, disse o roteirista. Ele destacou, por exemplo, a telenovela Vai na fé, da Rede Globo, a qual teve altos índices de audiência, sendo que a mesma trouxe uma nova visão sobre os espaços ocupados pelos negros na sociedade (não somente esse espaço já estigmatizado da violência).

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