por Melina Guterres da Rede Sina
“Cantar, amar e ser.” – Paola Matos
“Independente de onde estiver ou situação de vida, minha sina é fazer música. Não existe vida, pra mim, sem música. Em qualquer lugar que eu esteja, a extensão da minha sala sempre será o palco. Quando a luz acende e a cortina se abre, o tempo para e nada além do som importa” – Diogo Matos
Poderia ser o acaso, mas foi o destino que os colocou na mesma família. Os músicos Paola, 22 anos, e Diogo Matos, 31, contam para gente hoje um pouco da sua história de vida, dois talentosos gaúchos que desbravam com sua música novos ares, agora no Rio de Janeiro.
Para quem os conhece sabe que além de talento e profissionalismo, há esse cuidado de irmãos e parceiros que estão caminhando e crescendo juntos. Ela canta, ele toca violão e piano. “Às vezes passamos longas horas trocando idéias e pontos de vista sobre o que devemos tocar, a linha que vamos seguir e outros aspectos do nosso trabalho”, diz Diogo. Paola resume “ele é os outros 50% dos meus 50%. (…) Ele sempre me acompanhou, ele sempre esteve junto comigo em absolutamente tudo, é quem mais acredita em mim, é quem me dá um alicerce forte pra eu poder crescer”.
Paola Matos que começou a cantar aos 10 anos participando de corais, festivais. Ela que se diz inspirar na cantora Elis Regina, em 2013, gravou seu primeiro CD autoral, “Brasileirice”, com direção e produção musical do irmão Diogo Matos, Adriano Sperandir e Cristian Sperandir. Com este álbum, conquistou o Prêmio Açorianos de Música de Porto Alegre como cantora revelação do ano de 2013 do estado do Rio Grande do Sul.
Paola além de interprete também é autora da letra da composição “Moldura do infinito” onde diz “Tudo que o vento me trouxe fiz questão de agarrar. (…) Botei o pé na estrada e medo me algum me tocou. A arte cura e transforma e toda dor vira voz”. (vídeo no final da entrevista da Paola). Ela conta também que se questionou muito sobre decidir fazer da música sua profissão por conta da estabilidade. “Me questionei muito sobre o porquê da arte, na grande maioria das vezes, não ser considerada uma profissão, sendo que exerce um papel tão fundamental na sociedade. A partir de muito questionamento e de muita resistência, vi que esse preconceito deve ser combatido.”
Atualmente a gravadora Fina Flor que está distribuindo nacionalmente o disco Brasileirice. Paola e Diogo ainda tem muitos planos para Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde ficam na ponte área. Um tanto lá, outro cá, conforme projetos e claro também para visitar a família e amigos. Em Santa Maria-RS, ambos pertencem ao coletivo Entre Autores, onde os músicos da cidade se reúnem uma vez por semana para criar novas composições. “Tenho o maior prazer de cantar aquilo que os amigos compõem e que super me representam”, diz Paola. Sobre estar hoje no Rio de Janeiro, onde moram há 4 meses, Diogo diz que “Ainda temos muito pra conhecer, mas estar aqui proporciona o acesso artístico que muitas vezes o interior do Brasil não oferece.”
Ao se definir Paola diz que tem uma natureza questionadora “Jamais conseguirá ter qualquer ideologia que não priorize aquele que menos tem e que mais precisa. Questiona as regras sociais, questiona o sistema, questiona tudo. É feminista e acredita ser capaz de absolutamente tudo que quiser. Não tem medo de sonhar. A gente é do tamanho do nosso sonho.”
Com essa personalidade e essa voz, o que esperar mais? Que venham as influências dos novos ares e novas composições.
PAOLA MATOS
REDE SINA: Você começou muito nova a cantar? Como isso ocorreu? Tem músicos na família? Quando sentiu que cantar era o que você queria fazer na vida?
PAOLA MATOS: Comecei a cantar aos 10 anos, mais ou menos. Cresci vendo meu irmão ser músico, e sempre vivi isso muito de perto, então acredito que foi inevitável o meu envolvimento com a música. Comecei ainda criança, em corais infantis, festivais estudantis, festivais nativistas, eventos desse tipo. Não sei precisar com exatidão o momento que soube que queria fazer isso da minha vida porque a pressão social que existe nos jovens para que eles sempre sigam um caminho mais garantido é enorme, então muitas vezes o próprio jovem, em função disso, começa a se convencer de que aquilo não deve ser encarado como trabalho, que aquilo deve ser secundário. Isso também aconteceu comigo, mas sempre tive uma personalidade muito questionadora. Me questionei muito sobre o porquê da arte, na grande maioria das vezes, não ser considerada uma profissão, sendo que exerce um papel tão fundamental na sociedade. A partir de muito questionamento e de muita resistência, vi que esse preconceito deve ser combatido e assumi aquilo que eu já sabia desde as primeiras vezes que subi num palco: cantar é o que me faz feliz, e é isso que quero fazer.
REDE SINA: Quais suas influências? Como elas de inspiram e influenciam no teu trabalho?
Minhas maiores influências são as cantoras de MPB, em especial a Elis e a Maria Rita. A visceralidade da Elis é o que mais me inspira e foi isso que me ensinou que a verdade no cantar é o que mais importa.
REDE SINA: Você é uma artista premiada no RS em busca de um voo mais alto no Rio de Janeiro. Quando decidiu ir ao Rio e por quê? Quais são teus sonhos e objetivos?
Decidi ir pro Rio ainda no passado, me programei, tracei planos e metas e estou lá para fazer o que estiver ao meu alcance para que tudo isso dê certo. Eu e o Diogo trabalhamos juntos pra isso. Meu sonho é que aquilo que eu canto chegue bem fundo na alma de muita gente.
REDE SINA: Teu irmão Diogo Matos te acompanha no teu trabalho no RS e RJ? Quando começaram a tocar juntos? Como é a relação entre vocês. Ele participa de que maneira no teu trabalho?
Diogo não é exatamente um participante do trabalho, ele é os outros 50% dos meus 50%. Ele sempre me acompanhou, ele sempre esteve junto comigo em absolutamente tudo, é quem mais acredita em mim, é quem me dá um alicerce forte pra eu poder crescer. Trabalha como diretor musical da banda que me acompanha e fazemos juntos absolutamente todo o nosso planejamento de carreira.
REDE SINA: Quais projetos futuros? Novo CD, clipe?
Os projetos futuros ainda são só ideias, sementinhas mesmo, e são vários. Quando eu conseguir decidir (olha a libriana aparecendo) exatamente o que vou fazer, prometo que conto!
REDE SINA: Você participa de um coletivo EntreAutores em Santa Maria-RS, em que músicos se reúnem e compõem novas canções, você compõem também? Interpreta as canções deles? Como se dá para você o processo criativo?
O EntreAutores surgiu dessa nossa necessidade (na época, praticamente generalizada entre os artistas da cidade) de poder apresentar trabalhos autorais e fazer com que eles fossem a base principal das nossas carreiras. Já compus algumas coisas, mas ainda é algo que pretendo aperfeiçoar. Por enquanto, tenho o maior prazer de cantar aquilo que os amigos compõem e que super me representam. Tem muito compositor maravilhoso nesse Brasil.
REDE SINA: O que é ser interprete?
Conseguir transmitir toda emoção de cantar algo a quem está assistindo. Qualquer tipo de emoção. O importante é existir a troca, o toque mútuo.
REDE SINA: Como você se sente realizada?
Cantando, nas mais diversas situações. Entre amigos, principalmente. Ou cantando as canções que mais me tocam. Profundamente mesmo, parece coisa de outra dimensão.
REDE SINA: Quem é a Paola Matos?
A Paola é risonha, brincalhona, verdadeira. Tem fé no que acredita, e defende isso. Não suporta ver situações de injustiça ou desigualdade. Tem uma sensibilidade enorme, e acha bem difícil viver no mundo de hoje exatamente por isso: não é imune ao que vê, não consegue ignorar o olhar sofrido do outro. Sofre com isso, se abala vendo tanta crueldade, e jamais conseguirá ter qualquer ideologia que não priorize aquele que menos tem e que mais precisa. Questiona as regras sociais, questiona o sistema, questiona tudo. É feminista e acredita ser capaz de absolutamente tudo que quiser. Não tem medo de sonhar. A gente é do tamanho do nosso sonho.
REDE SINA: Qual é a sua sina?
Cantar, amar e ser.
“Moldura do Infinito” foi escrita por Paola Matos.
Moldura de infinito
DIOGO MATOS
REDE SINA: Quando a música surgiu na sua vida?
DIOGO MATOS: Desde muito cedo me interessei por música. Com 6 anos ganhei meu primeiro violão, fiz algumas aulas e tentava tirar músicas de ouvido em casa. Aos 10 anos, ganhei um teclado. Daí pra frente sempre estive envolvido com o lance de tocar. Fiz algumas aulas e me apresentava em nome da escola de música que eu frequentava. Com 14 anos comecei a tocar na noite. Participei de alguns grupos e tocava praticamente todos os finais de semana. Isso me ajudou muito no sentido de ver como os outros instrumentos tocam para que seja possível criar arranjos. Em 2004 comecei a participar de festivais nativistas no estado do RS. Foram 12 anos de participação ativa dentro do movimento nativista, onde conquistei várias premiações juntamente com os amigos que frequentemente tocava. Paralelo a isso, também participei de vários projetos na cidade de Santa Maria, onde residi de 2001 até vir pro Rio em 2016. Em 2013 participei da produção do disco da Paola- Brasileirice- que teve duas indicações ao Prêmio Açorianos de Música, promovido pela secretaria de cultura de Porto Alegre, o qual levou os dois prêmios. Agora, o foco é expandir nossa música para o maior público possível, sendo o Rio nossa nova casa.
REDE SINA: Suas influências musicais?
São muitas. Gosto do que me emociona, independente do estilo ou da complexidade da composição. Tom Jobim, Chico Buarque, Ivan Lins, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Os cariocas (e mais uns 100!!) são algumas das referências de trabalho que tenho. Temas do cotidiano, arranjos e execução bem feitos são algumas das características que me chamam a atenção. Tem muita coisa boa pra se ouvir, basta saber procurar. Desde os clássicos até as últimas novidades valem a pena. O Brasil é muito rico nessa arte.
REDE SINA: Você influenciou a sua irmã? De que maneira?
Desde novinha a Paola já ficava por perto quando eu ia tocar. Quando comecei nos festivais (ela já com uns 10 anos) sempre ficava prestando atenção nos nossos ensaios e gravações. Acho que nesse momento ela começou a se interessar. Então disse a ela numa ocasião que a primeira coisa que precisava era aprender a ouvir música. Lembro que chegava em casa e ela me chamava pra mostrar o que ela tinha descoberto através da internet, muitas vezes me surpreendendo. Acho que esse ambiente musical juntamente com o incentivo que sempre dei proporcionou sua formação crítica e seu interesse na arte da música.
REDE SINA: Como é para você essa relação de irmãos e profissionais?
É muito tranquila. Às vezes passamos longas horas trocando idéias e pontos de vista sobre o que devemos tocar, a linha que vamos seguir e outros aspectos do nosso trabalho. Claro que existem algumas divergências nas nossas opiniões, mas sempre achamos o ponto de equilíbrio e então vamos em frente. Apesar da nossa intimidade e informalidade no nosso tratamento, nunca nos desentendemos, o que sem dúvida não é fácil mas também é o que nos trouxe até aqui e nos fortalece pra continuar nossa caminhada.
REDE SINA: O que esperam alcançar juntos?
O máximo que nossa arte pode nos proporcionar. Definição de sucesso é algo muito particular e temos nossas próprias ambições, porém nosso objetivo comum é viver bem da nossa arte, da nossa música, o que basicamente define sucesso pra mim. Queremos chegar no grande público, na grande mídia, mas sobretudo, queremos fazer das nossas vidas uma eterna música, uma grande trilha sonora para deixar de legado ao mundo. Se conseguirmos isso, nosso sucesso é garantido!
REDE SINA: O Rio de Janeiro para você é…
Top! (hehehe) Aqui no Rio, é possível perceber uma grande aceitação a todos os tipos de arte. É a cidade se vê todas as manifestações artísticas e em vários lugares. Ainda temos muito pra conhecer, mas estar aqui proporciona o acesso artístico que muitas vezes o interior do Brasil não oferece.
REDE SINA: Qual sua sina?
Independente de onde estiver ou situação de vida, minha sina é fazer música. Não existe vida, pra mim, sem música. Em qualquer lugar que eu esteja, a extensão da minha sala sempre será o palco. Quando a luz acende e a cortina se abre, o tempo para e nada além do som importa. Acho que é isso.
Paola Matos:
Em 2013, gravou seu primeiro CD autoral, “Brasileirice”, com direção e produção musical de Diogo Matos, Adriano Sperandir e Cristian Sperandir. Com este álbum, Paola conquistou o Prêmio Açorianos de Música de Porto Alegre como cantora revelação do ano de 2013 em todo o estado. Em 8 de fevereiro de 2013, Brasileirice é criticado por Juarez Fonseca no Jornal Zero Hora: “Surge uma bela surpresa no Sul. Nascida há 20 anos em Pelotas, vivendo há 10 em Santa Maria, Paola começou cantando nos festivais nativistas. Em seu primeiro disco, surpreende não só pela voz linda, com aquela textura rouquinha, mas por não ter aderido à receita fácil do regionalismo. Ela optou pela parte mais brasileira do RS: o álbum se divide entre sambas e canções (com letras universais e sotaque gaúcho urbano) de jovens como Caio Martinez, Piero Ereno, Túlio Urach e Diogo Matos, e veteranos como Jaime Vaz Brasil e Vaine Darde. No repertório, equilibrado e bem escolhido, a faixa-síntese talvez seja Brasileirisse (assim mesmo), samba-enredo de Alexandre Missel com letra de crítica social. Cito mais três: Resolvi Não Amar (Martinez, ao estilo Cartola),Sambinha Pra Lua (Ereno) e o samba-canção Separação de Bens (Darde/Ereno).
No estúdio, uma seleção de craques como Samuca do Acordeon, liderada por Adriano e Cristian Sperandir.” Em 2014, lançou o videoclipe da canção “Pra Você Dar o Nome”, de autoria de Tó Brandileone. Colaborou na idealização e fundação do coletivo EntreAutores, do qual é integrante até hoje. Este coletivo tem como objetivo valorizar e difundir a música autoral Santa-mariense. Ainda neste ano, foi premiada como Melhor Intérprete de dois grandes festivais de música no estado do Rio Grande do Sul: Festival de Música da Juventude, realizado pela Secretaria da Juventude de Porto Alegre, e Tertúlia Musical Nativista, realizada pela Secretaria de Cultura de Santa Maria. Encerrou 2015 lançando um audiovisual da música Brasileirisse, seu primeiro videoclipe oficial, que contou com uma produção completamente Santa-mariense, com 5 locações diferentes e com a participação de mais de 150 pessoas.
Contatos para shows:
(21) 99639-5951
Fan page: https://www.facebook.com/Paola
Site: www.paolamatos.com.br
Soundcloud: https://soundcloud
Youtube: youtube.com/PaolaPDM