Pane nas redes sociais, invasões, venda de dados, privacidade existe?
Convidamos um especialista em segurança em tecnologia para falar sobre o tema que cada vez mais fica em evidencia e rodeado de escândalos.
Alexandre Vasconcelos é executivo de Tecnologia com mais de 20 anos de experiência em engenharia, produto e vendas na indústria de TIC, desde pequenos Integradores e Revendas a Multinacionais. Bacharel em Ciência da Computação e com MBA de Governança de TI. Atualmente gerencia as Operações da *Sikur, conduzindo seus recursos e otimizando as habilidades das pessoas, conduz o trabalho da equipe de P&D em projetos existentes e de inovação, alinhando o posicionamento estratégico da empresa com as necessidades de mercado e suas tendências. Confira a entrevista:
REDE SINA – Em março houve uma pane nas redes sociais, facebook, whats, instagram pararam. Há quem diga que foi para que fotos do massacre em Suzano não fossem circuladas. O que pensam a respeito? Quais as possíveis causas da pane?
ALEXANDRE VASCONCELOS – Nos dias de hoje a infraestrutura de rede em nuvem dos vários provedores disponíveis pelo planeta é bem madura e capaz de atender aos mais diferentes níveis de carga de acesso, inclusive com redundância geográfica. Eventos recentes, como esta pane parcial nas redes sociais, certamente foi causada por erro humano. Alguns sites noticiaram erro de configuração de um servidor que acabou causando um pequeno transtorno nestes serviços.
REDE SINA- Em março de 2018, foi noticiado que a empresa Cambridge Analytica teria comprado acesso a informações pessoais de mais de 50 milhões de usuários do Facebook e usado esses dados para criar um sistema que permitiu predizer e influenciar as escolhas dos eleitores nas urnas, segundo a investigação dos jornais The Guardian e The New York Times. Em setembro de 2018, o Facebook sofreu um ataque em sua rede de computadores que afetou 50 milhões de pessoas. A rede social deslogou 90 milhões de usuários, forçando-os a fazer login de novo. O que pensam a respeito destes casos?
A.V – Casos como estes tem motivado países (ou até mesmo blocos inteiros, como a União Europeia) a criarem legislações específicas para proteção de dados dos usuários, com penalidades altíssimas. Na União Europeia já está em vigor a GDPR (General Data Protection Regulation), nos USA o Estado da Califórnia elaborou a CCPA (California Consumer Privacy Act) e o Brasil não ficou atrás e publicou a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Estas leis/regulamentos tendem a incentivar outras nações a seguirem na mesma direção, no sentido de valorizar a privacidade e propriedade dos dados de seus usuários, criando mecanismos para impedir que compra e venda de informações por parte de terceiros mal intencionados.
REDE SINA – O sobre o comércio “legal” e ilegal da venda de dados?
A.V – Estamos sempre em conformidade com legislação vigente, se algo é ilegal deve ser devidamente tratado pelas autoridades competentes. No que diz respeito ao comércio “legal” de informações é fundamental ter clareza do que se compra e do que se vende e que ambas as partes atentem ao que é ou não permitido nas regiões em que atuam.
REDE SINA – Aplicativos como whats app dizem usar um sistema criptografado. É seguro, pode ser invadido? Eles podem vender dados assim mesmo?
A.V – Em linhas gerais, aplicativos como o WhatsApp oferecem um sistema de criptografia bem robusto e bem difíceis de serem quebrados. No entanto, é importante mencionar que nem sempre sistemas gratuitos oferecem a robustez de um sistema corporativo desenhado e preparado para atender demandas específicas e com suporte adequado. Com sistemas gratuitos é importante prestar atenção aos termos de uso, pois geralmente incluem cláusulas que possibilitam o compartilhamento de informações com terceiros ou dentro do mesmo grupo de empresas que detém os direitos sob o App, o que acaba abrindo brechas para perda de privacidade.
REDE SINA – Nas eleições do ano passado do Brasil, houve muita polêmica a respeito do uso dos whats app e redes sociais. Disparos em massa pra milhares de pessoas. Fake news. Perfis fakes. É possível prevenir situações como essa?
A.V – Em sistemas abertos como o WhatsApp esse tipo de controle é bem difícil de ser feito, a não ser que o próprio sistema imponha limitação para o envio de informações em massa. As “Fake News” e perfis falsos também são bem difíceis de serem minimizados, uma vez que os infratores não são devidamente penalizados. O fato de que literalmente todas as pessoas com acesso a Internet têm a possibilidade de criar e compartilhar notícias, apesar da legislação prever proteção de situações como calúnia e difamação, já dificulta o controle; o mesmo acontece com perfis falsos, apesar de existirem meios para se investigar e identificar quem gerou o perfil e notícias falsas. Na medida em que leis específicas para este tipo de situação delituosa sejam implementadas – e efetivamente cumpridas – este tipo de situação tende a diminuir.
REDE SINA- Como pensar uma eleição justa com a tecnologia que há hoje?
A.V – A tecnologia nada mais é do que uma ferramenta para facilitar e otimizar o processo eleitoral, com possibilidades de também conferir maior segurança. Por meio do uso adequado da tecnologia a democracia pode ser exercida em sua plenitude, proporcionando liberdade para que todos façam suas escolhas de maneira independente.
REDE SINA – Nossos aparelhos nos escutam? Por que? Para que? É possível evitar? Como?
A.V – Sempre existe a possibilidade dos aparelhos escutarem seus usuários, seja por meio de aplicativos espiões (instalados voluntariamente ou não pelo usuário), bem como por parte da operadora de telefonia a qual nos conectamos. Por isso é fundamental utilizar Aplicativos e dispositivos – como o SIKURPlatform e SIKURPhone – que garante a integridade das informações, não importando por onde passem ou sejam armazenadas.
REDE SINA – Existe privacidade na internet? É possível ter segurança em e-mail, redes sociais? como? Qual o diferencial da Sikur para demais empresas de segurança? Vocês oferecem um app e um aparelho totalmente criptografado. Já houveram tentativas de invasão? Como aperfeiçoam o sistema? Quais são os projetos da Sikur no Brasil?
A.V – É possível ter privacidade na Internet, seguindo uma série de boas práticas que profissionais de segurança frequentemente recomendam, como o uso de senhas fortes, não repetir senhas entre serviços diferentes e usar um segundo fator de autenticação, quando disponível. Além disso, o uso de produtos que ofereçam suporte especializado e garantia de privacidade sempre serão as melhores escolhas.
No que tange às redes sociais, cada uma delas possui mecanismos que ajudam a melhorar a privacidade, mas o que realmente faz diferença e ser seletivo com o tipo de informação que se publica nestes espaços, muitas pessoas disponibilizam informações confidenciais e revelam suas rotinas e dia a dia, desta forma não há privacidade que resista a qualquer tecnologia.
O diferencial da Sikur está na oferta de uma plataforma completa de comunicação segura, pronta para atender governos e corporações em seus mais diversos níveis. A plataforma, que é totalmente integrada entre dispositivos Android, iOS, Windows e o SIKURPhone, um telefone com um sistema operacional seguro, capaz de proteger as informações do usuário nos mais diversos níveis, com várias camadas de segurança.
Em sendo uma empresa que oferece produtos de segurança da informação sofremos ataques constantes, mas seguimos também desenvolvendo e utilizando as melhores práticas de mercado e implementando mecanismos para nos proteger de situações como estas.
Para o Brasil temos um mercado bem amplo a ser conquistado, nossa estratégia é fazer isso por meio dos nossos Integradores. Com eles estamos presentes em vários Estados brasileiros e buscando e conquistando novos contratos em entidades governamentais e no setor privado.
REDE SINA – Existe alguma maneira de ter o mínimo de segurança gratuitamente? Qual?
A.V – Não é uma tarefa simples, pois existe um custo por trás de qualquer produto e – de alguma forma – alguém ou alguma entidade acaba financiando. O uso de software livre é uma forma de se ter a possibilidade de auditar um produto por si próprio, mas que requer conhecimento técnico especializado e tempo para tal, o que acaba sendo inviável para muitas empresas que precisam ter foco em seu core business, sem falar no risco que o software livre tem de descontinuar um produto que é mantido por comunidades de programadores, muitos com sentimento altruísta de contribuir, mas que em algum ponto tendem a abandonar seus projetos livremente disponíveis em busca de atividades que garantam renda garantida e solidez. Por isso que a escolha de um parceiro confiável como a Sikur para oferecer soluções de segurança acaba sendo a melhor saída para se ter tranquilidade e segurança em se tratando de ativos e informações sensíveis.
REDE SINA – Como estará o mundo em 10 anos?
A.V – Difícil prever, mas acreditamos que daqui a 10 anos teremos muita automatização em vários setores da economia, impulsionados por Inteligência Artificial e Machine Learning, por exemplo, mas que não dispensarão a presença do ser humano como orquestrador destas tecnologias. Com isso, a segurança da informação desempenhará um papel crucial, garantindo o bom funcionamento e a proteção destes ambientes, e estamos muito confiantes que desempenharemos um papel central neste futuro próximo.
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*Sikur é uma empresa de cybersecurity, focada em entregar o New Security Mindset, possui clientes governamentais e corporativos em projetos espalhados em várias partes do mundo, como América Latina, Europa, USA e Oriente Médio. Mais sobre em: https://www.sikur.com/