SINA EM PAUTA | BATE-PAPO COM A CINEASTA ELIANE CAFFÉ
Conversamos brevemente com Eliane Caffé, diretora do filme “Filhos do Mangue”, que levou o Kikito de Melhor Direção, Atriz coadjuvante (Genilda Maria) no 52ª Festival de Cinema de Gramado Eliane é paulista, nascida em 1961, estudou psicologia na PUC, mas não chegou a exercer a profissão. Estudou na Escola de Cinema de San Antonio de Los Baños, em Cuba; depois na Espanha, antes de voltar ao Brasil e realizar três curtas-metragens. Começou adaptando uma pequena fábula de Luis Fernando Veríssimo no curta-metragem O nariz (1988). Em 1998, dirigiu seu primeiro longa, Kenoma, iniciando uma parceria com o ator José Dumont. Em seguida, seus três próximos longas são bem recebidos por crítica e público em festivais nacionais e internacionais. REDE SINA: Pode contar um pouco sobre o processo de filmagem do filme? Eliane Caffe: Fizemos uma imersão em Barra do Cunhaú-RN na fase da pré e ali encontramos o fio da meada na riqueza cultural dos personagens que há na vila de pescadores do Mangue. Aí foi só segui-los de perto e ir fazendo uma grande caldeirada de alquimias e estripulias criativas que derramaram no roteiro, nas oficinas da arte e de atuação até final das filmagens. Já éramos, então, uma família só! REDE SINA: Sobre o roteiro. Como foi essa construção? EC: Partimos de um primeiro argumento de Sergio Prado na adaptação de seu livro, o Capitão. Daí, depois de visitar a comunidade, junto com a mestria do Luís Alberto de Abreu, viramos tudo do avesso, de ponta cabeça e foi emergindo o roteiro que resultou nas filmagens REDE SINA: Quais foram os maiores desafios? EC: Os maiores desafios foram fazer caber em 3 semanas uma porção de cenas e a construção da “traquitana” que o personagem Pedro Chão opera. Também a luta pra fazer o filme caber no baixíssimo orçamento disponível. REDE SINA: Como foi a construção do seu processo de direção? Foi tranquilo trabalhar com não atores? o que você acha que foi seu diferencial? EC: A direção procurou sempre agregar a todos no mesmo sonho coletivo. Não desistirmos na busca de soluções onde todos somam. O trabalho de atores profissionais e nativos foi o que mais fluiu por justamente termos antes criado vínculo afetivo. A cola necessária pra qualquer forma de bem existir!!!! REDE SINA: Como se sente com o resultado da premiação? EC: Fico muito grata pela premiação, embora não acredite no prêmio no campo das artes como modo de avaliação artística. Longe disso. Creio que é um vício do modelo econômico que é competitivo e levamos esse vício pra todos os outros campos da vida. Como comparar e eleger “o” melhor em filmes e processos tão diferentes ? Sobre ser mulher no cinema, pode falar um pouco sobre ? Processos, desafios, preconceitos? EC: Ser mulher no cinema é como ser mulher em todas as outras frentes: sabemos ser fortes, resistir, negociar diante das disparidades do que vem no pacote do patriacalismo. Muito a avançar, mas já foi o gatilho!!!!! FILME: FILHOS DO MANGUE Sinopse: Um homem violento surge ferido e sem memória em uma comunidade ribeirinha. Ele é acusado de roubo. Então, um julgamento popular vem à tona uma trama que envolve violência doméstica, de gênero, tráfico de pessoas e desvio de verba pública. Condenado ao isolamento, ele busca um novo sentido para sua vida. TRAILER: FILMOGRAFIA DA DIRETORA: Filhos do Mangue (2023). Kikito de Melhor Direção e atriz Coadjuvante no Festival de Gramado. Para Onde Voam as Feiticeiras (2018). Era o Hotel Cambridge (2016). Prêmio do público e da crítica no Festival do Rio. O Sol do Meio Dia (2009). Prêmio de melhor filme brasileiro concedido pela crítica na Mostra Internacional de São Paulo. Narradores de Javé (2003). Selecionado para o Festival de Roterdam, na Holanda. Prêmio especial do júri no Festival de Fribourg, na Suíça. Prêmio de melhor filme no Festival de Bruxelas. Kenoma (1998). Prêmio de melhor filme no Festival de Biarritz. Caligrama (1994). Prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Brasília. Melhor filme experimental no Festival de Havana. Arabesco (1990). Curta-metragem. Prêmio do júri oficial e do júri popular do Festival de Gramado. O nariz (1988). Curta-metragem. (por Melina Guterres | Rede Sina) *** Veja também: 6 longas do Festival de Cinema de Gramado que você precisa assistir Please follow and like us: Comente comentários
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