A jornalista Melina Guterres bateu um papo com o produtor Beto Rodrigues, durante o 52º Festival de Cinema de Gramado. Beto é o presidente e diretor da FUNDACINE. No início da conversa, ele destacou que tal instituição é constituída por um conselho curador formado pelas principais instituições de audiovisual do pais e por órgãos governamentais, tendo sido criada em 1999.
Beto afirmou, também, que a FUNDACINE é uma espécie de “mãe” da ANCINE, pois foi ela que organizou, em 2000, em Porto Alegre/RS, o 3º Congresso Brasileiro de Cinema, durante o governo do então presidente Fernando Henrique. A repercussão do 3º Congresso Brasileiro de Cinema culminou, no GEDIC (Grupo Executivo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica), o que envolveu vários ministérios do governo federal e, dessa forma, foi criada uma medida provisória (medida provisória nº 2.228-1) que, em 2001, por sua vez, originou a ANCINE como resultado da mobilização da sociedade e dos trabalhadores do audiovisual, focando na retomada do crescimento do audiovisual brasileiro.
Beto falou sobre alguns dos importantes momentos da FUNDACINE, como, por exemplo, o Roda Cine, que levava cinema itinerante para cidades que não possuíam salas de cinema e a Cinemateca Captiólio, a qual exibe filmes que muitas vezes não “passam” em cinemas.
Posteriormente, Beto ressaltou a questão do audiovisual pós enchentes no RS nesse ano. Nas palavras de Beto, a Netflix procurou o Ministério da Cultura, quando das enchentes de maio no Rio Grande do Sul, sendo que o mesmo indicou a FUNDACINE para realizar uma parceria com a doação de 2 milhões de reais aos profissionais do audiovisual gaúcho em três modalidades: os que perderam totalmente seus bens de trabalho, os que perderam parte dos seus equipamentos, e os que perderam seus empregos. Com a inscrição de mais de 500 profissionais, criteriosamente analisados, a equipe da FUNDACINE, então, realizou uma seleção, sendo que a partir de 8 de julho beneficiou esses profissionais. Segundo Beto, por exemplo, até mesmo videomakers foram beneficiadas, valorizando toda e qualquer tipo de produção audiovisual.
Melina destacou o filme de Beto que estava concorrendo no Festival de Cinema de Gramado através da Pé na estrada filmes, uma de suas produtoras, de maneira que ele disse que o filme Filhos do mangue, dirigido por Eliane Caffé, rodado no sul do Rio Grande do Norte, partiu de um livro chamado Capitão, de Sergio Prado. Também afirmou que o estilo de direção de Liliane Caffé foi o de tralhar com pessoas que não são atores. Assim sendo, tal filme traz um elenco de apoio formado majoritariamente pela população do distrito de Barra do Cunhaú, onde foi filmado. Beto destacou que Filhos do mangue é um filme localista e que estava entusiasmado para ver como o mesmo funcionaria (no sentido de recepção) não somente nas mostras de cinema, mas com o público em geral.
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