8 POEMAS DE FÁTIMA SÁ SARMENTO

ILHADA Não vou falar de amor, não peçam isso a mim. O amor é ora não, ora sim; às vezes se inspira, enfim, o amor entre seres, entre palavras, ou alcovas, tanto faz, amor? Nem sei mais, quero falar de futuro, mas qual? Por ora, sem chance, sem bonança, a vida está ilhada, cercada de pessimismo. Ou seria de pessimistas? Também não sei, outra vez saio para o meio da noite nebulosa, minha mente nunca está clara, a confusão de pensamentos envolve os braços e pernas, me prende num tatame do medo atroz, os nós de minha garganta, suprime o meu grito de pânico, o amor me segura pelos calcâneos, morde e tritura a minha razão, joga sobre mim a emoção que faz meu coração derramar lágrimas de sangue, uma a uma, torturante, chego a sentir cada vaso estourar, espocando, nos ouvidos, como fogos de artifícios, doe, aquela tortuosa espera do amor. “Poesia, o impossível feito possível.” Federico García Lorca A POESIA ACALMA Meu chão vem forrado de palavras, são bem ou mal encaixadas, não importa se arrumadinhas estão. É o meu chão, às vezes caio, a cabeça arrebenta, mas a cola não deixa que ela permaneça sangrando, vou rasgando o meu viver, testemunhando um novo parecer, minha alma está serena, minhas rimas fazem um cafuné em cada alma e acalma. TERAPOÉTICA Em minha vida ela chegou silenciosa, nem sequer sabia que tinha classe Sequer conhecia a sua procedência, Nem sabia que tinha denominação Que tinha começado lá com os clássicos, Que timidamente, às vezes intensamente Séculos a séculos, atravessou, essa que sempre nova nos apresentou, misteriosa como uma borboleta, que como lagarta não se conhece a cor, linda, jovem ou velha, tem sempre o vigor do leitor, depende de momento intensidade e esplendor do timbre de quem a declamar, não é um Deus, mas a muita gente já curou do tédio da vida, às vezes sinistra tem que carregar, ela – a poesia – acredite, é capaz de curar com a poética, lendo ou compondo, vamos formando um centro de Terapoética que se viu, a cura pela poesia no nove Parnaso nacional ou internacional é divinal. EM CADA RIMA Neste momento de solidão de ti, gostaria de ser o vento que entra pelas janelas, pois a ele não se pode deter. Queria ser a brisa que de maneira rasteira toca a tua pele, sentindo os teus nervos, o que para mim, são versos de um poema que não consigo concluir, por isso peço aos versos para me socorrer, eles vão te dizer que preciso inspirar o cheiro teu, aquele aroma de homem bem acariciado, em cada rima do poema, as palavras vão deslizando tua pele, como uma língua que não é a de Camões, mas da poesia nua e crua, que sai em poemas de amor. BELEZA Quando me vem um verso, parece que no Olimpo estou. Sinto-me como uma deusa que de beleza eternizou cada rima que consigo são comparáveis aos elogios que vêm da boca de Zeus, deus grego poderoso, como meus versos são, para cantar no refrão os sentimentos diversos, começando pela alegria, passando por todo um percurso, para se chegar ao cume desse monte, que tem nome, você é o meu complemento, também meus lamentos. Se fico, sofro tormentos, mas se saio, morro por toda a eternidade. POEMA Quero a Lua Quero tua Quero brilho Quero frio Quero bem Quero palavra Quero fala Quero um mundo azul Quero o ar Quero o mar Quero a Terra saudável Cheia de gente admirável Quero um poema que tenha: Lua Mar Céu Com rosas Ou prosa Ou tudo ou nada. ABREVIADAS LETRAS Nas madrugadas, a minha Alma se desintegra de mim, Olhando por sobre a carcaça Que fica na cama, sai, linda, Olhos brilhantes, em letras De um poeta, parece gigante, Um titã que vem devorar meu velho eu, de ilibada vontade, mas agora, nos primeiros raios da Aurora, ressurge de mim, do mais profundo eu, que talvez nem pensasse existir, bom ter um sentimento tão profundo, que vem de um mundo que não conhecia, do meu ser que voa, sai e volta em abreviadas letras, mas tão transcendental então vi, assim com sentimentos reverberantes de luz, que sou de natureza poética, geneticamente transformada em Poesia. SER MULHER É receber a fragilidade da flor E a força de um motor. Ser Mulher é contemplação, ação, Evolução, ebulição, encarnação de sonhos sonhados por um criador, que como poeta: escreveu uma poética com rimas Mulher Que desenvolve outras rimas, às vezes sem a métrica, acerta, Um criador sonhou e como professor léu e escreveu um manual completo, a mulher, Um criador que como médico transformou um ser frágil numa fortaleza de pernas, braços e uma cabeça rápidas e soluções sem embargo, mulher… Como filósofo fez da filosofia, a Sofia, Mulher, Como jardineiro fez um jardim com flores mil, mas uma Rosa rara de encantos mil, Como pintor, convocou tantas cores, que fez um arco-íris se transformar, mulher. Estes poemas fazem parte do livro ROMPENDO A AURORA ENTRE VERSOS, RIMAS E PROSA Maria de Fátima de Sá Sarmento, professora, paraibana, do Sertão. Nasceu em São José da Lagoa Tapada, Reside na capital da Paraíba, João Pessoa. No entanto, segue no Trem azul pelo Sertão! Escreve  compulsoriamente desde tempos remotos. Resolveu através de sua literatura mostrar as dúvidas, reflexões sobre a vida e o fazer poético: “A Cura Pela Poesia ”. Cursou Letras com Especialização em Literatura Brasileira pela – Universidade Federal da Paraíba – UFPB e Serviço Social pela Faculdade Estácio de Sá. Atualmente, participa de diversas coletâneas e possui dois livros no prelo: o “ROMPENDO A AURORA ENTRE VERSOS, RIMAS E PROSA” pela editora Recantos das letras e o “RETALHOS DO TEMPO” pela editora Escritores da Alma. O Primeiro poema – PEGADAS foi publicado na primeira edição da revista digital – PROSA &VERSOS. Participa de como escritora em editoras renomadas e Academias nacionais e internacionais. Seus trabalhos e textos autorais são disponibilizamos através das plataformas digitais Facebook @fatimasa03, Instagram … Continue lendo 8 POEMAS DE FÁTIMA SÁ SARMENTO