13 POEMAS DE GABRIEL SANTOS ARAÚJO

Os poemas que você vai ler fazem parte de um projeto (ainda inicial) sobre os Classificados em Jornais, com o título provisório Classificados de poesia anunciam homem letrado empreendendo a mente. CLASSIFICADOS 1. Em que medida anuncio meus poemas? Na régua tive que apequená-los a fim caberem nas grades dos anunciantes. 2. Entraram nos meus sonhos infinitas cifras quando o Governo sugeriu empalhar novos poetas nas cédulas ao invés da fauna Brasileira.   CONTRATO IMOBILIÁRIO Pintá-la como era não seria mais possível a quem só é miscível ao erro.   CASA BEM LOCALIZADA Tudo que procurava era um pátio com duas árvores em distância adequada para esticar uma rede. Se não tiver casa no terreno, serve? – perguntaram. – Nu ermo nasci.   OPERARIADO Bem localizada, com vista para morros & mosquitos.   DESMATAMENTE Derrubei pés e mais pés, toras e toras estendidas como corpos e corpos em cova rasa.   AGRO Depois de um dia inteiro pastando resolvi olhar para a cara do cara que fica com o dedinho indicador nos contando.   VEG Aquela Araucária daria um bom poema – ele disse, como um fora da lei. Esperou pelos anos da velhice o estrondo da centenária.   INVESTIMENTOS Perdi a mulher para o Eucalipto.   AGRO II Tenho tanta terra que vai me custar muito caminhar até quando eu não tinha nada.   COLONOS Troco morro por meio metro plano.   ESTANCIEIRO Chifre não me falta.   AGRO III As vacas lá de casa não sabem quem é quem quando estou no meio da boiada.   DONO DA AQUARELA Agro na Amazônia: – A onça é pintada senão eu pintava.   GABRIEL SANTOS ARAUJO Nasci em Rio Grande, adolesci em São Francisco de Assis e vim vestibular em Santa Maria no ano de 99. Graduado em Letras/ Português, dei aulas de Literatura na rede pública e privada a partir de 2010. Hoje sou professor de Língua Portuguesa na Escola Cícero Barreto. Atuei em grupos de contadores de história, no coletivo Sala Dobradiça e sou pai do Ravi Rudá e da Yolanda Elisa. Atualmente finalizo o Mestrado em Psicologia (UFSM), onde estudo a obra do Lima Barreto, criando uma autoficção elaborada pelos campos subjetivos da saúde e da doença em torno do autor carioca. É o meu primeiro atrevimento na ficção, fora alguns contos. Papá da Terra, Mamá da Água é o meu primeiro livro de poemas. Ainda inédito, teve alguns poemas vinculados nas redes sociais e em concursos literários.  Parte de seus primeiros poemas (hoje retrabalhados) obtiveram menção honrosa e 1º lugar Nacional no Felippe D’Oliveira, respectivamente em 2016 e 2018, tradicional certame literário de Santa Maria, de projeção Internacional. Com o mesmo livro obtive Menção Honrosa no   Prêmio Maraã, organizado pelas editoras Cousa e Reformatório, com apoio da Revista Cult, a União Brasileira de Escritores e a Revista Lavoura. Please follow and like us: Comente comentários