Arquivos Todas - Rede Sina https://redesina.com.br/category/todas/ Comunicação fora do padrão Thu, 11 Apr 2024 13:35:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos Todas - Rede Sina https://redesina.com.br/category/todas/ 32 32 Sandro Cartier levará sua música autoral para palcos da capital e de Santa Maria https://redesina.com.br/sandro-cartier-suas-musicas-e-shows-na-capital-e-santa-maria/ https://redesina.com.br/sandro-cartier-suas-musicas-e-shows-na-capital-e-santa-maria/#respond Thu, 11 Apr 2024 13:12:13 +0000 https://redesina.com.br/?p=121025 Bacharel em percussão pela Universidade Federal de Santa Maria, Mestre e Doutor em Educação pela Universidade de Passo Fundo, onde ajudou a criar o curso de percussão por lá, ao longo dos anos Sandro Cartier participou de inúmeros encontros por diversas cidades brasileiras, dos Estados Unidos e da Europa. Nessas andanças, participou de conversas, workshops, …

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Foto: Ronald Mendes

Bacharel em percussão pela Universidade Federal de Santa Maria, Mestre e Doutor em Educação pela Universidade de Passo Fundo, onde ajudou a criar o curso de percussão por lá, ao longo dos anos Sandro Cartier participou de inúmeros encontros por diversas cidades brasileiras, dos Estados Unidos e da Europa. Nessas andanças, participou de conversas, workshops, ministrou cursos, disseminou seu ofício e se apresentou em universidades, auditórios, casas de espetáculo e espaços populares, muitas vezes dividindo o palco com músicos de renome internacional. Entre seus feitos, também fez trilhas-sonoras para peças teatrais e para a TV, como o programa Mundo da Leitura (parceria entre o Canal Futura e UPF), laureado em vários prêmios estaduais e nacionais, entre eles, o troféu Açorianos de Literatura e três Galgos de Ouro no Gramado Cine Vídeo. Como percussionista colaborou em trabalhos de bandas e músicos nativistas como César Passarinho, Luiz Carlos Borges, Luiz Marenco, Pirisca Grecco, Joca Martins; além de tantos outros artistas nos mais diversos gêneros, nomes como Zé Caradípia, Estado das Coisas, The Hard Working Band, Ney Rosauro, entre tantos.

Só pela vida acadêmica e pela atuação musical já mereceria nossa atenção, mas Cartier vai além. Ele também lançou três livros infantis, sempre alçando a música e os instrumentos de percussão como mote para instruir jovens e estudantes. Além disso, o músico capitaneou diversas ações sociais gratuitas, utilizando a percussão em suas mais diversas formas, percutindo um despertar para o labor musical na garotada das periferias gaúchas. Nessa seara, o destaque fica por conta de O tambor Vai a Escola, projeto que leva curiosidades sobre o processo de composição de seus livros infantis até instituições públicas de ensino periféricas ou de difícil acesso. Para isso, durante o período pandêmico — com a ajuda do pai —, customizou uma Kombi e transformou-a em motorhome, criando um projeto itinerante que já passou por diversas cidades. Assim, busca conhecer lugares, pessoas, atores fora do círculo do mainstream, forjando uma reconexão com a diversidade das coisas e do mundo ao seu redor.

Foto:  Ronald Mendes

NOVA ETAPA EM SUA CARREIRA

À sombra de uma maturidade artística, aos 56 anos, Sandro Cartier resolveu partir para o autodesafio de abrir uma nova janela nessa trajetória. Apesar da estranheza de muitos em enxergarem o músico como um violonista – o violambau, instrumento híbrido de violão e berimbau, construído por ele –  assim como o próprio violão, sempre estiveram presentes em suas atuações. Ao longo dos últimos anos, compôs canções com espírito pop, soltou a voz e jogou luz no violão. Alguns desses temas contém parcerias com letristas importantes da música feita no Rio Grande do Sul: Tulio Urach, Bianca Bergman, Carlos Omar Villela Gomes, Juca Moraes e Jaime Brum Carlos. O primeiro single, “Rosa Amarela”, previsto para chegar às plataformas de streaming no próximo dia 1º de maio, é uma composição com letra inédita de Luiz Coronel, um nome que dispensa apresentações. Além de cantar, tocar vários instrumentos, arranjar e fazer programações, “Rosa Amarela” traz participações de Guto Wirtti (baixo) e João Vitor Cembranel (piano). No segundo semestre, Sandro Cartier pretende lançar um EP com mais quatro canções, temas que antecipam um futuro álbum a ser lançado em 2025.

Foto: Guto Albuquerque
Contudo, antes de colocarmos a mão nesse conjunto de músicas autorais, teremos chances de ouvi-las ao vivo em uma série de apresentações em Porto Alegre, a começar pelo show Tudo ao seu tempo, que acontece no dia 8 de maio na Sala Álvaro Moreyra (Av. Érico Veríssimo, 307 – Azenha), espaço localizado no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues. Cartier e sua banda também tem shows aprovados em outros dois editais: Teatro de Câmara Túlio Piva (com data a ser definida ainda para o primeiro semestre), além da Casa de Cultura Mario Quintana (em 20 de julho). Em Santa Maria, sua cidade natal, o músico fará apresentação no Auditório da Cesma (em data a ser anunciada). Ao longo das próximas semanas o músico informará o serviço e o calendário completo de shows.
Foto: Guto Albuquerque
Tudo a seu tempo traz no setlist o resultado da maturidade de um artista que há mais de 30 anos é conhecido e reconhecido como percussionista, mas que aqui retorna a matriz de compositor, violonista e cantautor. As composições de Cartier são moldadas em poemas, melodias e parcerias, transpondo para o violão sua bagagem percussiva e rítmica. As relações dos ritmos são sincrônicas com o universo da música pop, que mesmo transitando pelo popular, traz refinamento e uma rara riqueza musical. Além de Sandro Cartier (voz e violão), Arthur Reckelberg (baixo), João Vitor Cembranel (teclados) e Arnildo Pedroso forjam a banda que o acompanha nos palcos.
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30/03: CESMA reestreia seu auditório com show nacional da Hurricanes https://redesina.com.br/30-03-cesma-reestreia-seu-auditorio-com-show-naciona-da-hurricanes/ https://redesina.com.br/30-03-cesma-reestreia-seu-auditorio-com-show-naciona-da-hurricanes/#respond Thu, 21 Mar 2024 16:33:30 +0000 https://redesina.com.br/?p=120994 Arte sobre foto de Adriana Moraes por Diego De Grandi | Por Elmo Köhn | A Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria — Cesma — (Rua Professor Braga, 55), começa o ano com novidades. Os produtores culturais Paulo Teixeira e Márcio Grings serão responsáveis pela produção artística e curadoria do Auditório João Miguel de Souza. As boas novas começam pelo reinício …

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Arte sobre foto de Adriana Moraes por Diego De Grandi

Por Elmo Köhn |

A Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria — Cesma — (Rua Professor Braga, 55), começa o ano com novidades. Os produtores culturais Paulo Teixeira Márcio Grings serão responsáveis pela produção artística e curadoria do Auditório João Miguel de Souza. As boas novas começam pelo reinício dos espetáculos musicais com show agendado para o final de março. Entre as ações de retomada, o destaque está no retorno do Lanterninha Aurélio, um dos cineclubes mais antigos do Brasil. Fundado em 1978, prosseguirá em 2024 no objetivo de popularizar e facilitar o acesso ao cinema, à informação e à cultura em geral. Com reinício previsto para abril, a programação completa será divulgada em breve. Além disso, o auditório também deve receber peças de teatro e continuará fornecendo palco e estrutura para eventos culturais.

Foto: Adriana Moraes
A reestreia do ambiente com apresentações musicais será no dia 30 de março, sábado, às 19h, — na estreia do Concertos para a Juventude —, com show da banda Hurricanes. Promoção Cineclube Lanterninha Aurélio. Oferecimento Casa do Pastel, SM Medical e Viação Centro Oeste. Apoio Beltex e Climaster. Produção Grings Tours e 70. Realização Cesma. Ingressos R$ 30 (Tíquetes físicos na Cesma (somente em dinheiro) ou via PIX pela chava CNPJ 26019724000170 (Grings) – descrição Hurricanes Ingresso.
Leia o review do álbum de estreia da Hurricanes
Surgida em Santa Maria no ano de 2016, dois anos depois Rodrigo Cezimbra (voz) e Leo Mayer (guitarra) se mudaram para São Paulo, onde conheceram Henrique Cezarino (baixo) — e mais tarde Lucas Leão (bateria) veio do Rio de Janeiro. Em 2023 lançaram um autointitulado álbum de estreia (ouça AQUI), relacionado como destaque do ano em vários sites especializados. Nas oitos canções do disco o grupo resgata o espírito do hard rock feito na conjunção nos anos 1960/70, batendo de raspão no blues e outras afluências, isso sem se desconectar de uma sonoridade contemporânea.
Reprodução presskit Hurricanes
Entre suas conquistas recentes pode-se destacar o show de abertura na última passagem da banda norte-americana The Black Crowes pelo Brasil, em São Paulo, o que rendeu a Hurricanes uma série de matérias que propagaram seu trabalho por todo o país. A grupo prepara novo álbum a ser lançado em agosto, e o primeiro single, “Penny in my Pocket“, foi lançado em dezembro do ano passado.
Veja o clipe.
Hurricanes no show de abertura para o Black Crowes em março de 2023. Foto: Camila Cara
A primeira vez que soube da existência da Hurricanes foi quando assisti ao show que fizeram como atração de abertura da apresentação do Black Crowes em São Paulo (14.03.23). Fiquei muito impressionando! Ainda mais quando ouvi o autointitulado álbum de estreia. Southern blues rock de primeira qualidade, a ponto de eu ter incluído o disco na minha lista de ‘Melhores de 2023’. Recomendo muito!“, disse o jornalista Regis Tadeu sobre o grupo.
Antes de Santa Maria a Hurricanes toca em Porto Alegre no Gravador Pub (28) e no Festival Pira Rural em Ibarama (29). Mais informações sobre o show em Santa Maria em breve.
Veja o clipe de “Devil’s Deal”, uma das faixas do álbum de estreia da Hurricanes.
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Graxelos une músicos da cena de Santa Maria e de Porto Alegre https://redesina.com.br/graxelos-une-musicos-da-cena-santa-mariense-com-capital/ https://redesina.com.br/graxelos-une-musicos-da-cena-santa-mariense-com-capital/#respond Thu, 21 Mar 2024 15:55:30 +0000 https://redesina.com.br/?p=120988 | Graxelos: Vítor, Grings, Petracco, Telles, Murilo e Vini. Arte sobre foto de Zé Carlos de Andrade por Diego De Grandi | | Por Elmo Köhn | Ao longo da história, muitas pessoas têm procurado criar, encontrar ou imaginar O PARAÍSO TERRESTRE, um lugar onde haja paz, harmonia e que ofereça alívio para todo o esforço …

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| Graxelos: Vítor, Grings, Petracco, Telles, Murilo e Vini. Arte sobre foto de Zé Carlos de Andrade por Diego De Grandi |

| Por Elmo Köhn |

Ao longo da história, muitas pessoas têm procurado criar, encontrar ou imaginar O PARAÍSO TERRESTRE, um lugar onde haja paz, harmonia e que ofereça alívio para todo o esforço e a dor que atormentam a existência humana. James Hilton fantasiou essa égide no romance “Horizonte Perdido“, lançado originalmente em 1933. O oásis do escritor inglês está nas cadeias montanhosas dos Himalaias, próximo à fronteira com o Tibete, um povoado conhecido como Shangri-la. Aqui no Brasil, a obra até inspirou uma cidade homônima, Xangri-lá (com x), destino turístico localizado no Litoral Norte gaúcho. Ao lado de milenares “cidades perdidas” — como Shambhala, Atlântida e El Dorado — no mesmo sentido da alegoria utópica imaginada por Hilton, Shangri-la passou a fazer parte do léxico popular como sinônimo do paradisíaco. Na música, Aretha Franklin, The Kinks, Mark Knopfler, The Waterboys, ELO e dezenas de outros artistas e bandas, criaram temas onde esse refúgio edênico é mencionado. Nos anos 1960, um grupo feminino formado por irmãs assim se intitulou e, aqui no Brasil, Rita Lee também almejou um retiro semelhante: “Se me der na telha sou capaz de enlouquecer/ E mandar tudo pra aquele lugar/ E fugir com você pra Shangrilá“. E ainda nesse contexto, surge a lembrança de certo local em Malibu (CAL) nos anos 1970, onde The Band fez casa e gravou “Northern Lights” (1975) e “Islands” (1977), estúdio comprado pelo produtor Rick Rubin, ainda hoje utilizado por diversos artistas do nosso tempo.

Somando-se a essa mítica, ao ouvirmos Shangri-lá (com hífem e com acento, de acordo com as regras da língua portuguesa), estreia discográfica dos Graxelos, podemos afirmar que o olimpo musical sonhado pelo grupo gaúcho encontra irmandade e afluências com o folk, country rock, gospel, blues, soul e o som setentista, além de oferecer batidas de raspão na MPB, isso sem deixar de nos entregar uma identidade sul-brasileira. 

NOME DA BANDA 

O nome da banda advém de uma corruptela da palavra graxaim (ou zorro [lê-se sôrro]), canídeo com hábitos crepusculares e noturnos que vive no Sul do Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai. Tolerante à perturbação humana, é comum vê-lo em áreas rurais (e até próximo aos centros urbanos), acusado por muitos de predação aos animais domésticos, sendo perseguido por essa má fama, e que, segundo alguns estudos e observações, não é verídico. De todo o modo, se de fato o animal é adepto a esse modo e vida, entre a ficção e a realidade, o grupo propaga a crença na bem-aventurança do bicho. 

Grings, Petracco, Vítor, Vini, Telles e Murilo. Arte de Diego De Grandi baseada em foto de Zé Carlos de Andrade.

AS CRENÇAS E A VIAGEM LÍRICA 

Como numa fantasia idílica, ungidos pelo espírito indômito de redenção do graxaim como símbolo de sobrevivência, os Graxelos buscam o ideário artístico em algumas das qualidades e características do zorro gris pampeano, nutrindo um desejo profundo de imersão no seu fabulário. Parte das letras do álbum encontra na natureza e na fuga dos grandes centros essa aventura bucólica e escapista. A viagem lírica do personagem — no que se refere ao conteúdo das narrativas de Márcio Grings —, traça uma espécie de jornada do herói, que, mesmo sem ter uma aparente ligação temática, produz um percurso com início, meio e fim, tomando por base a ordem das faixas e o que é narrado. Nessa busca, Shangri-lá surge como templo de reflexão e campo de força contra a ordem das coisas, concepção desenhada em canções como “Nos olhos de quem vê”, “Água límpida”, “Força superior”, “Jornais e açúcar”, “Desde que perdi a minha fé” e na faixa-título. O fracasso como domo de aprendizado para um novo recomeço versa em “Tropica, mas não cai”; a solidão, as privações e as ondulações da existência são exploradas em “Copos de plástico”; assim como o romance desencaixado é tema da valsa caipira “Naipe de metais”. Já em “O viajante”, o personagem central que gira o Sul do mundo por tantos lugares, aparentemente um espírito livre de tudo e de todos, ao final, confessa que não passa de um homem preso aos grilhões de um amor distante ou inatingível. Se fizermos o exercício de separar as letras das canções, boa parte das narrativas funcionam como poemas, denotando um propósito literário nessas criações. Confira as 10 letras de Shangri-lá AQUI

O INÍCIO DE TUDO E A FORMAÇÃO 

Alocados em extremos opostos do mapa rio-grandense, o sexteto que materializa esse trabalho reúne esforços e artistas de três cidades gaúchas: Porto Alegre, Santa Maria e Vacaria, o que demandou um esforço logístico para os encontros e ensaios. A faísca dessa reunião musical se deu inicialmente em janeiro de 2022, quando Gustavo Telles e Márcio Grings começaram a compor um tema pelo WhatsApp (Jornais e açúcar). Sete meses depois, em Porto Alegre, a dupla se juntou para finalizá-lo. De lá, partiram para Vacaria e, durante cinco dias, ora na casa de Telles, no centro da cidade, ora isolados numa propriedade na zona rural, sete novas composições foram forjadas. Depois rumaram para Santa Maria, cidade natal de Grings, onde arrebanharam Vinicius Brum, Vítor César e Felipe Quadros — banda base dos primeiros ensaios no Bairro Chácara das Flores. Em 2023, mais encontros ocorreram em Santa Maria (na casa da família Saurin), e outros dois em Porto Alegre (Estúdio Cegonha), já com a presença de Marcio Petracco e Murilo Moura. A banda também fez sua estreia ao vivo no Rock and Blues Festival, em 15 de julho de 2023, no Espaço Mainz, em Santa Maria. Assim, em cerca de dois anos, com 13 temas na pauta, 10 foram empacotados para essa estreia discográfica. 

 Arte de Diego De Grandi baseada em foto de Zé Carlos de Andrade.

ENSAIOS, GRAVAÇÃO E FICHA TÉCNICA 

Ao raiar de 2024, a formação atual dos Graxelos conta com o ex-Pata de Elefante Gustavo Telles — voz, violão, bateria e voz de apoio, detentor de uma carreira solo expressiva sob a escuderia d’Os Escolhidos, além do ex-TNT e Cowboys Espirituais, atual Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense, Marcio Petracco — pedal steel, violão Weissenborn, guitarra slide, bandolim e voz de apoio, dupla que empresta sua experiência, credibilidade e selo de qualidade ao projeto. Ainda no time está Murilo Moura — piano, teclados e vozes de apoio, requisitado e talentoso instrumentista vacariense residente na capital gaúcha; mais Vinicius Brum — voz, baixo, violão e voz de apoio e Vítor Cesar — voz, guitarra, violão e voz de apoio. Márcio Grings — harmônica — é o letrista e parceiro de composição de Telles em todas as faixas, exceto “Tropica, mas não cai”, também escrita pela dupla, mas baseada em uma demo do guitarrista Vítor Cesar. O trabalho conta com participações especiais do ex-Cascavelletes Luciano Albo (baixo, violão de 6 e 12 cordas, guitarra, percussão e voz de apoio), do integrante da Pata de Elefante Daniel Mossmann (guitarra) e de Eliézer Moreira (trompete). 

A maior parte de Shangri-Lá foi captado por Luciano Albo em apenas 10 dias   entre 25 de setembro e 4 de outubro de 2023  , no Estúdio Cegonha, em Porto Alegre. A exceção está no piano, gravado por Murilo Moura no Estúdio Tabuleiro, de Diego Lopes (Acústico & Valvulados), além da participação de Daniel Mossmann, criadas no seu home studio. A mixagem e a masterização, realizada entre outubro de 2023  e fevereiro de 2024, tem a assinatura de Luciano Albo. A produção musical une forças entre Gustavo Telles, Márcio Grings e Luciano Albo. 

STREAMING, LANÇAMENTO, CD e LP 

Já disponível em streaming, o disco chegará no formato físico — em CD, com show de lançamento no Bar do Alexandre (Rua Saldanha Marinho, 120 – Menino Deus, Porto Alegre), e no Auditório da Cesma (Professor Braga, 55 – Centro, Santa Maria), respectivamente nos dias 5 e 6 de julho. Já o LP estará disponível até o final de 2024. A imagem da capa é baseada em uma foto de Zé Carlos de Andrade, com arte de Diego de Grandi, responsável pelo desenho gráfico do álbum. 

AS MÚSICAS 

A influência do rock feito na conjunção dos anos 1960/70 é um dos signos solares da obra. É o caso de TROPICA, MAS NÃO CAI, tema com a digital de Vítor Cesar, autor da melodia e motor de propulsão com sua guitarra operando em alta octanagem. A voz de apoio de Murilo Moura — na volta do solo — surge como o agitador no fundo da sala. 

Veja o clipe de “O Viajante”.

Primeiro single do trabalho, O VIAJANTE está impregnado de referências comuns ao rock dos anos 1960/ 70, isso sem omitir o DNA gaúcho. Temos aqui o espírito das canções estradeiras, pois são nominados diversos lugares e as visões de um andarilho (ou vários viajantes em um só). A trip percorre cidades como Santa Maria, Vacaria, Uruguaiana, Porto Alegre, Passo Fundo e Bagé, todas no Rio Grande do Sul, além de costear o Rio da Prata até Buenos Aires. Conduzidos pela voz principal de Gustavo Teles — em dado momento Vini Brum e Vítor Cesar assumem estrofes e invertem os papeis. Assim “O Viajante” coloca o ouvinte no volante de um automóvel, avançando por BRs e estradas de chão, apreciando as paisagens, ondulando frente às vicissitudes e deslumbramentos de cada trecho. 

Embalada nos floreios do violão Weissenborn de Marcio Petracco e pelo piano honky-tonk de Murilo Moura, NAIPE DE METAIS apresenta um romance aberto e sem final feliz. Em alguns trechos temos vocais combinados de Gustavo Telles e Vinicius Brum, até ouvirmos a frase derradeira: “Me despeço, e por favor maestro, que venha o naipe de metais“, anúncio da entrada do trompetista Eliézer Moreira, participação que despeja melancolia nos segundos finais do tema. A contemplação da natureza como antídoto frente à confusão urbana está em NOS OLHOS DE QUEM VÊ, faixa mais curta do álbum com 3min18. A espinha dorsal acústica, onde pulsa o talento de Luciano Albo no baixo, rejunta simplicidade e sofisticação. O pedal steel e a harmônica jogam no time do folk rock, assim como os vocalizes do refrão adesivam ares de MPB. 

Arte de Diego De Grandi baseada em foto de Zé Carlos de Andrade.
O violão, muitas vezes na linha de frente, atesta o viés cancioneiro buscado pelo grupo. Inspirado em asilos voluntários e na busca pela natureza intocada — ao feitio de alguns escritos de Matsuo Bashō, Robert Louis Stevenson e Henry David Thoreau —, a escapista ÁGUA LÍMPIDA emerge como uma fuga premeditada do convívio social. Os vocais de Telles, Moura e Vini flertam com o country rock e vislumbram o horizonte perdido dos misantropos: “Por que não poderia rever as belezas e usufruí-las/ (…) Beber da água mais límpida/ E rir na cara dessa vida estúpida“. Cada estrofe condensa um microcosmo, como se fossem haicais interligados. No refrão, a viagem do balde indo e voltando do fundo do poço se assemelha  ao exercício de um ermitão refletindo sobre a vida, sempre satisfeito por usufruir deste manancial. Nessa busca está o desejo do encontro com o Éden: “Até Shangri-lá leva um tempo/ Mas mesmo assim eu vou chegar”. 
E o almejado oásis perdido está desenhado na FAIXA TÍTULO, segundo single da obra, onde a viagem sonora incorpora um provável DNA stoneano, com o riff da guitarra e a batida da bateria ditando a ordem das coisas. Aqui o romance entra em ação: “A lua cheia alumia/ E os grilos a cricrilar/ Uma só sombra chinesa/ Na cabana — nosso Shangri-Lá“. Atente para o solo de guitarra slide de Petracco, trata-se do mais puro rock dos anos 1970, assim como o piano de Murilo Moura oferece um martelar digno dos grandes mestres do gênero. COPOS DE PLÁSTICO coloca na linha de frente a climática dos violões de aço e do bandolim. O tema aperta na moleira e nos fala da urgência em celebrarmos a vida sem nos importarmos com qual taça esse brinde será feito. O contrabalanço do drama solfeja a expectativa frente à realidade, colocando em xeque contradições e dúvidas: “Eu não tenho medo da morte/ Mas a fornalha arde”. Climatizando a ambiência folk rock, Petracco novamente flutua pela música, seja com o bandolim ou com o violão.
Arte de Diego De Grandi baseada em foto de Zé Carlos de Andrade.

Muscle Shoals, Alabama? Não, Estúdio Cegonha, Porto Alegre! Sim, foi lá onde também foi registrada a ecumênica FORÇA SUPERIOR, quando, sem versar sobre o evangelho, o gospel  o soul são invocados. À sombra de uma natureza triunfante, a voz confiante de Gustavo Telles (um dos destaques do álbum) fala do encontro com o divino, : “Lá do céu/ Uma força superior/ Joga estrelas nos homens/ E as bençãos numa flor“. JORNAIS E AÇÚCAR apresenta uma harmonia complexa e curvilínea, reforçando a condição de isolamento do ator principal. O backing de Vini Brum potencializa a mensagem do refrão, assim como Daniel Mossman sobrepõe uma impressionante camada de guitarras na segunda metade da música.

Com seus quase 6 minutos, o álbum termina numa suíte em quatro atos, DESDE QUE PERDI A MINHA FÉ, ideário acústico-elétrico que condensa os mitos e crenças dos Graxelos, como se fosse um recorte zipado do conteúdo geral do álbum. Carregada pelo folk, blues e rock, mas influindo na mítica regionalista do graxaim e do exílio voluntário do personagem, os Graxelos apresentam aqui uma epopeia musical repleta de climas e profundidade. No início, violões (o de 12 cordas é tocado por Luciano Albo), mas logo depois ouvimos as blue notes de uma gaita de boca e o frigir do rock com as guitarras cruzadas de Mossmann e Vítor, além de uma bateria repleta de quebradas. No epílogo, o protagonista conclui que mesmo ao encontrar seu destino, nada está definido dentro dele, pois as mesmas dúvidas ainda valsam: “Será um grito de socorro/ Ou é o lamento desse zorro?/ Não sei se fico ou se corro?/ A lua morre bem atrás no morro”.
A impressão é que o tão almejado Shangri-la imaginado pelo grupo não fixa residência ou morada entre quatro paredes ou até mesmo em algum refúgio, pois talvez essa busca esteja atrelada à condição humana de estar em constante movimento. Em suma, a mesma lua tropega na faixa de abertura segue testemunhando tudo, como uma guardiã desse personagem nômade que afirma da boca pra fora ter perdido a sua fé, mas que na verdade nunca desiste de seguir em frente.
Em seus 43 minutos de duração, Shangri-lá se sustenta pelo conjunto de forças reunidas, corporificado como voz uníssona, mantenedora de um brilho melódico à frente dos arroubos instrumentais. Quase sempre é a canção que rege as ações, mesmo que muitas vezes os instrumentistas naturalmente sobrepujem essa intenção. O fato é que ao final da audição do álbum de estreia do grupo gaúcho, é inevitável não exaltarmos a proficiência artística reunida aqui, um feito que possui todas as credenciais para pular dessas gravações direto para o coração dos ouvintes. 

Longa vida aos Graxelos. 

Graxelos fotografados por ZCA na Rua Edmundo Bastian, Cristo Redentor (Porto Alegre/ RS), quase em frente ao estúdio Cegonha.
OS PERSONAGENS 
GUSTAVO TELLES | Vacaria

 

Compositor, cantor, produtor e multi-instrumentista, Gustavo Telles integrou a Pata de Elefante. Desde 2010 começou uma trajetória solo com a escuderia d’Os Escolhidos, gravando quatro álbuns de estúdio e um registro ao vivo.
 

 

MARCIO PETRACCO | Porto Alegre

 
Integrante do Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense, multi-instrumentista, cantor e compositor, Márcio Petracco fez parte do TNT, com quem gravou uma série de clássicos. Também integrou os Cowboys Espirituais, Locomotores, Trem 27, entre outros grupos e projetos musicais.
 

 

 

MURILO MOURA | Porto Alegre

 

 
Sempre se utilizando da influência do blues, jazz, funk e da música dos anos 1960/70, Murilo Moura é pianista, tecladista e compositor. Já trabalhou com artistas como Alemão Ronaldo, Gustavo Telles, Dingo, Júpiter Maçã, entre outros.
 

 

VINI BRUM | Santa Maria

 
Baixista, violonista, cantor e compositor, Vini Brum gravou álbuns e ainda se apresenta com a Rinoceronte e Poços & Nuvens. Além de protagonizar o projeto itinerante Cantigas do Rock, acaba de lançar “Sereno” (2023), seu primeiro álbum solo.
 

 

VÍTOR CESAR | Santa Maria

 
O guitarrista e compositor Vítor Cesar participou de diversos projetos musicais no Centro do RS. Gravou e fez shows com a banda Inseto Social. É um dos fundadores da Kingsize, grupo de blues que é destaque na cena santa-mariense.
 

 

MÁRCIO GRINGS | Santa Maria

 
Escritor, radialista, jornalista, compositor e produtor cultural, Márcio Grings publicou diversos livros e é criador do selo literário Memorabilia, onde também editou outros autores. Como gaitista, gravou álbuns com a Red House, Gustavo Telles, Gérson Werlang, entre outros.
 
 
Baixe o release AQUI Siga os Graxelos na Redes:

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Ouça uma prévia de Shangri-lá no player abaixo ou a obra completa no LINK.

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ARTEVIVA 09 | MAS AFINAL, COMO É O MERCADO DA ARTE! | por Liana Timm https://redesina.com.br/arteviva-09-mas-afinal-como-e-o-mercado-da-arte-por-liana-timm/ https://redesina.com.br/arteviva-09-mas-afinal-como-e-o-mercado-da-arte-por-liana-timm/#respond Thu, 29 Feb 2024 01:02:05 +0000 https://redesina.com.br/?p=120790 Ontem estava eu numa reunião que prospectava a edição de um livro e fui perguntada sobre, afinal, o que é esse mercado da arte.  E quero aqui contar a vocês um pouco sobre o desenvolvimento da conversa. ………………………………………………………………………… Bem, podemos simplesmente dizer que o mercado em geral, é um lugar onde se comercializam serviços e …

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Ontem estava eu numa reunião que prospectava a edição de um livro e fui perguntada sobre, afinal, o que é esse mercado da arte.  E quero aqui contar a vocês um pouco sobre o desenvolvimento da conversa.

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Bem, podemos simplesmente dizer que o mercado em geral, é um lugar onde se comercializam serviços e produtos. Hoje, este lugar além de físico é também virtual. Podemos produzir, vender ou comprar qualquer coisa e estas transações funcionam segundo leis de oferta e demanda.

Existem vários tipos de mercado. O mercado oficial que segue regulamentos e cotações previamente determinadas; o mercado livre, sem regras fixas e o mercado paralelo ou mercado negro, que comercializa bens clandestinos.

O mercado das artes, por incrível que pareça, também é assim. As obras são produzidas por artistas e vendidas nestes três tipos de mercado. Também são comercializadas diretamente pelo artista aos interessados, ou através de intermediários. Este comércio é praticado tanto por pessoas físicas, jurídicas ou instituições.

Há também no mercado da arte uma prática muito recorrente chamada consignação. A consignação de obras de arte é um contrato comercial de venda, no qual o artista disponibiliza suas produções, como um empréstimo, para ficarem à mostra no espaço de exposição, até que alguém se interesse em adquirí-las. No preço final já está embutido quanto será repassado ao artista e quanto será a porcentagem do vendedor, caso a transação seja realizada.

O comerciante no caso, começa com uma vantagem: sem despender dinheiro recebe obras de vários artistas.  Assim reúne uma diversidade de produtos com potencial para atingir um maior número de compradores.

Esta prática do consignado acontece também no mercado livreiro. Os espaços de vendas de livros funcionam quase somente desta forma, deixando a margem de lucro dos autores e editores, lá embaixo. Claro que os acordos de grandes editoras com livrarias não são bem assim. As negociações, segundo os interesses, se diferenciam.

Obras sendo organizadas para serem expostas no Centro Cultural de Gramado • 2022 • Foto: Liana Timm

A venda de obras de arte tem muitos vieses. O comerciante pode transformar um artista em best-seller ou deixá-lo no limbo. E isso independe da qualidade da obra. O artista, não estando presente no espaço expositivo na hora das visitas de compradores, fica à mercê da boa vontade do vendedor que apresenta esta ou aquela obra, direcionando a compra.

Sendo a tendência da atualidade privilegiar obras neutra e mais decorativa, ou seja, mais digestivas, certamente as que contemplam estas características serão as primeiras a serem comercializadas pois não exigem muitos argumentos para o convencimento do comprador e este, por sua vez, não terá que se relacionar com ela de maneira exigente. Logo, as vendas se alicerçam mais no marketing e na influência de formadores de opinião, hoje chamados de influencers, construídos e disseminados pelas redes sociais como uma praga. E ainda: artistas mortos e portanto com quantidade limitada de obras, tendem a ser os mais caros e desejados desse comércio.

Obras sendo apreciadas pelo público visitante • FILILGRAM 2022 • foto: acervo da artista

O VALOR DAS OBRAS DE ARTE

 O valor atribuído a uma obra de arte, resulta de uma construção social. Esse valor, já que a qualidade de uma obra não é objetiva, depende de vários fatores. Um artista pode adquirir estatuto no mercado pelo tempo que atua na sociedade em que vive. Suas relações sociais, ao longo da vida, vão permitir aos seus contemporâneos, uma ideia da qualidade dos objetos artísticos que produz. Esta avaliação não é baseada nas propriedades intrínsecas das obras mas na posição ocupada pelo artista em seu contexto social. Adquire também valor pelas apreciações que recebe de analistas, historiadores, marchands e especialista na área.

O mercado da arte difere de outros mercados quanto à valores. O preço final de uma obra de arte não é baseado no custo de produção nem de mão de obra, mas em fatores abstratos.

Desenhos em produção no atelier da artista • foto: Liana Timm

Numa sociedade de consumo como a nossa, a legitimação de uma produção artística é processada de acordo com o mercado. Quem trabalha com arte, na ponta de sua comercialização, sabe que vai precisar inventar cada vez mais diversidade e quantidade de ofertas, ficando em segundo plano a qualidade do produto.

Diversidade em quantidade e valor monetário são então os parâmetros assumidos pelo mercado da arte. Diante disso, a necessidade de criar rapidamente a reputação de novos artistas torna-se evidente. Eles serão apresentados aos consumidores, através da coordenação de estratégias, que possibilitem aos potenciais compradores, acreditarem nos novos produtos. Estes, na maioria com precária cultura artística, buscam a opinião dos ditos especialistas, para concretizarem seus investimentos. Pois a aquisição de uma obra é vista como investimento.

Um trabalho conjunto entre negociantes e artistas se estabelece para a produção e comercialização destes produtos. Através destas estratégias, as obras de arte se igualam a qualquer produto de supermercado. O processo de seleção das obras se torna semelhante ao de qualquer produtos onde o que se busca é objetividade e bom preço. Mas também onde o que se busca é status. E é por esta busca que a aquisição de uma obra se distancia de produtos corriqueiros e entra no rol do mercado do luxo.

Série DISPERSOS REUNIDOS • GALART Galeria de Arte • 2022 • foto: Liana Timm

Um local de venda de arte tem seus custos. Aluguel, conta de luz, água, funcionários e assim vai. Criar o interesse do público é fundamente para estimular as aquisições pois sem elas o estabelecimento fechará suas portas.

A producão da arte, sua circulação, sua legitimação e consumo, constituem o sistema das artes. Na ponta está o artista produtor, depois os espaços de amostragem que pode ser o próprio atelier do artista, as galerias, os museus, as instituições culturais, a internet e assemelhados. Em seguida a legitimação, através dos críticos, dos formadores de opinião, dos especialistas em história da arte, dos marchands e da mídia. Fechando o sistema está o mercado consumidor, constituído por pessoas físicas, jurídicas ou instituições governamentais. Tudo isto atua em conjunto na construção do valor das obras.

série DUAS MULHERES DE FINO TRAÇO: Clara Pechansky e Liana Timm • Galeria DUQUE * 2023 * Foto: Luis Ventura

A ARTE ATRAVÉS DA HISTÓRIA

 Vamos entender – muito suscintamente –  como o universo da arte chegou até o século XXI. Para isto teremos que retornar à Florença do século XV quando o mercado cultural surgiu e com ele a palavra artista. Pois foi nesta época que os artistas começaram a se independizar da igreja e da corte, coincidindo com o surgimento dos primeiros museus, das primeiras galerias, dos primeiros teatros e das salas de concertos.

Surgiram os  mecenas,  ricos e poderosos comerciantes, príncipes, condes, bispos e banqueiros que financiavam e investiam na produção de arte como maneira de obter reconhecimento e prestígio na sociedade. Eles foram de extrema importância para o desenvolvimento da escultura, pintura, literatura e arquitetura, durante o período do Renascimento Cultural (séculos XV e XVI).

A burguesia, classe social que enriqueceu muito com o renascimento, viu na prática do mecenato e na compra de títulos de nobreza, uma forma rápida de ascensão social.

MOCO The Contemporary Museum/Amsterdam, Villa Alsberg de 1904 • foto de 2019: Liana Timm

Com o desenvolvimento das grandes navegações, os colonizadores europeus ao conquistarem novas terras, levavam para seus países, objetos dessas cultura e os exibiam nas metrópoles.

Os artistas, até a Idade Média, não buscavam nem originalidade nem criatividade,  trabalhavam coletivamente repetindo códigos e símbolos da  igreja e da corte.

Ao surgir o capitalismo, a burguesia e a aristocracia se aproximaram da intelectualidade fazendo surgir um novo público para as atividades artísticas. Criado então, o mercado específico para os objetos culturais.

A reforma religiosa, acabando com a decoração dos altares e a pintura de afrescos, deixa os artistas sem trabalho, e eles reagem produzindo obras não solicitadas. E quem iria vendê-las?  Surge aí a figura do marchand.

PRAÇA DE SÃO MARCOS/Veneza •1117 • Foto de 2006: Liana Timm

A liberdade conquistada pelos artistas, ao se independizarem do clero e da corte, precisava de uma estabilidade. Surgem os contratos vitalícios firmados com os comerciantes de arte.  Em troca de moradia e comida, os artistas produziam obras com temas encomendados pelos cliente dos marchands. Esta prática se estendeu por toda a Europa e principalmente na França, Holanda e Itália.

Aumenta assim o individualismo, deslocando a atenção da obra para a figura do autor, sendo a assinatura, nas obras, também extremamente valorizada.

Nos séculos XVII e XVIII interpõe-se o mercado entre a produção das obras e seu consumo. A partir daí o artista passa a ignorar quem é seu público e o que é feito com sua obra, dando a ele a impressão que é livre para criar. Isola-se para produzir construindo um mundo à parte. Nesta época, a escultura e a pintura se desvinculam da arquitetura, deixando de ser uma criação coletiva, como na Idade Média, para exercer uma função separada da construção. Surge a pintura de cavalete e a escultura de pedestal povoando as propriedades privadas da época.

A ARTE DEPOIS DO SÉC. XIX

BIBLIOTECA PÚBLICA de New York • fundado em 1895 • Foto de 2015: Liana Timm

Até o séc. XIX a arte parecia ter o poder de realizar o ideal que a vida não conseguia. E a estética deste tempo ainda não havia conseguido aproximar os fatores psicológicos e sensível da produção artística.

A partir do séc XIX, o criador romântico e idealizado, produz sua obra com os pé na terra e revoluciona, liberando a imaginação atrofiada e seu inconsciente.

A ARTE NESTE MUNDO GLOBALIZADO

Casa de Claude Monet em Giverny/França • 2019 • Foto: Liana Timm

Inteligência e entendimento se articulam no ambiente em que vivemos. Nele afetamos e somos afetados. As determinações globais influenciam, senão de maneira direta, de maneira indireta nosso comportamento. A vida artística local, com suas autênticas características, fica sufocada pelas ofertas vindas de um mercado exterior que domina o ciclo de criação, produção, distribuição, promoção e recepção de bens cultural.

O que chega até nós, fica por conta de um sistema manipulatório cujas diretrizes vão ao encontro dos interesses acordados pelas indústrias de consumo.

Para exemplificar, cito o caso da Pantone. Todo ano a Pantone, empresa americana de consultoria de cores, apresenta ao mundo, o que determina ser a cor do ano para o universo da moda, do design e da decoração. E o recado fica dado: quem utilizar a cor do ano em suas criações está dentro da moda, quem não, está literalmente fora.

A indústria cultural, produz bens culturais padronizados para manipular a sociedade de massa. Por influência dela, as pessoas tornam-se dóceis por mais difíceis que sejam suas circunstâncias econômicas.

Esta indústria, cria falsas necessidades psicológicas que só podem ser atendidas pela compra de produtos de consumo. Produtos estes padronizados e homogeneizados para serem consumidos pela maioria das pessoas. Assim o sujeito consumidor passa a ser tratado como objeto. A intenção da industrial cultural não é promover conhecimento, pois este re-sulta em questionamentos, rompimento de paradigmas, busca de novas resposta e o desejo de mudanças. A indústria cultural está voltada para aproximar o sujeito do consumo.

As produções culturais, e particularmente a arte, tornaram-se terrenos fáceis de manipulação. A indústria cultural e a comunicação de massa se aliaram nesta tarefa.

ARTE PARA CONSUMO

Teto de uma das alas do PALÁCIO DE VERSALLES/Paris • 2019 • Foto: Liana Timm

Com o surgimento da nova classe média, cultura e arte se adaptam a um novo público, deixando de lado a sua verdadeira essência. O sistema dominante necessitando de lucro, fomenta a alienação massificada para a sua sobrevivência e transforma a cultura em mais um dos instrumentos do capitalismo.

O termo indústria cultural, designa o fazer artístico sob a lógica da produção industrial capitalista.   Tem como meta o lucro acima de tudo e a idealização de produtos que fabriquem ilusões para as massas.

A Indústria Cultural congela a capacidade de pensar criticamente, e quem se desvia do consumo é tratado como anormal.

A cultura popular e a erudita são apropriadas e simplificadas e transformadas em produtos consumíveis sem originalidade e criatividade. Juntam-se a Indústria Cultural e os meios de comunicação criando a crença na liberdade individual. Cresce o sentimento de satisfação pelo consumo, como se através dele atingíssemos a  felicidade.

Apesar da arte sofrer consequências desastrosas parece que ela tende a uma forma de democratização através dos mecanismos de reprodução que atingem um número maior de pessoas.

Projeto AS QUATRO ESTAÇÕES • Shopping Iguatemi/POA • 2015 • Foto: Liana Timm

QUEM LUCRA COM A ARTE?

A arte está ligada, desde sempre, à sensibilidade e à imaginação. Se antes era motivo de contemplação e interação, hoje é motivo de lucro.

A mudança de característica compromete seu valor crítico e acaba com a capacidade de julgamento do consumidor. Sendo esta arte produzida com o já conhecido e o experimentado, cessa a participação intelectual do público em sua análise. Ele não encontra nela as contradições do meio em que vive pois suas características contestatórias e transgressoras foram abafadas.

O sistema, ao deparar-se com manifestações desestabilizantes, rápidamente se apropria delas, introduzindo-as no mercado para neutralizá-la. Exemplo bem atual foi o que aconteceu com o graffitti.

O grafite surgiu, como um movimento de contra-cultura e resistência, vindo dos guetos norte-americanos e da revolta dos estudantes em 1968, na França. Hoje, absorvido pelo mercado, se transformou em telas e outros produtos vendáveis e está copletamente distante de sua essência transgressora.

Série EU QUERO ESTE PORTO ALEGRE • movimento deflagrado em 2003 para que o Cais do Porto de POA fosse restaurado e colocado às disposição da comunidade • 2003 • Fazem 21 anos. Foto: Liana Timm

Os grandes painéis feitos na rua, agora são financiados por particulares, que limitam sua temática, transformando a linguagem do grafite em mera ornamentação pois, mesmo que delatando algo, essa manifestação de dissolve com a sua apropriação pelo sistema da arte.

ARTE EM TEMPO MAIS ESCUROS

 Em meio à crise da pandemia, espaços culturais foram fechados e todas as atividades canceladas como prevenção à contaminação. Os artistas, que precisam de público para sua sobrevivência, se viram num beco sem saída. O pouco dinheiro ganho com espetáculos, shows, feiras e trabalhos informais neste período inexistentes, fragilizaram ainda mais a sua já precária inserção no mercado de trabalho. Sem carteira assinada nem direitos trabalhistas assegurados, a situação dos artistas escancarou sua cruel realidade. A situação do artista, de extrema informalidade, não é isolada. Nossa população tem cerca de 41,3% de trabalhadores sem nenhum direito garantido. Isso pode ser considerado como uma sociedade justa? Quem lucra com esta exploração incentivada por uma sucessão de governos que defendem o estado mínimo?

Artistas filmando nas ruas de Barcelona • 2006 • Foto: Liana Timm

OS ARTISTAS E A REALIDADE ATUAL

 A classe dos artistas brasileiros precisa de uma política que dê conta desta atividade no dia a dia e não só nos momentos de crise.

Se alguém pensa que a cultura é um luxo se engana. As atividades artísticas fazem parte das nossas vidas cotidianamente. Vivemos aqui, no planeta terra, com muitas fomes. Além das fomes físicas necessitamos de outros alimentos. Nossa alma quer se encantar, se apaixonar, transcender e sonhar. Necessitamos criar redes de relações calcadas em valores que nos levem a outros patamares, por isso urge que nos libertemos deste globalizado capitalismo para a criação de um novo modo de viver, produzir, se relacionar com a natureza e com nosso semelhante.

MUSEU DE ARTE MODERNA de NOVA YORK • MOMA• Andy Warhol • 2015 • Foto: Liana Timm

Explorar sem limites todos os bens naturais, mercantilizar e especular financeiramente todas as coisas, querer o maior lucro dentro do menor tempo possível se apropriando da vida humana, é um fracasso em vez de uma vitória.

Precisamos de um tempo para o prazer. Prazer de conviver com as pessoas e com a natureza, ser alegre pelo simples ato de viver.

Como tudo isto não importa à cultura do capital, ele vende que o caminho para uma vida de satisfações só é alcançada pelo consumo.

Os assuntos aqui abordados são complexo e certamente só levantamos questões que precisam ser aprofundadas mais adiante. Mas pelo menos relembramos algumas etapas importantes da história da arte que contribuíram para que ela chegasse no estágio em que está hoje.

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ESTILOS | por Orlando Fonseca https://redesina.com.br/estilos-por-orlando-fonseca/ https://redesina.com.br/estilos-por-orlando-fonseca/#respond Thu, 29 Feb 2024 01:00:20 +0000 https://redesina.com.br/?p=120915 No início do século 20, o telégrafo e o cinematógrafo influenciaram, na literatura ou no jornalismo, a criação de um estilo que mudou a forma de construção da frase ou da sequência narrativa. As sentenças longas e carregadas de adjetivos, perífrases e circunlóquios, muito comum na criação literária do século anterior, deram lugar à objetividade …

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No início do século 20, o telégrafo e o cinematógrafo influenciaram, na literatura ou no jornalismo, a criação de um estilo que mudou a forma de construção da frase ou da sequência narrativa. As sentenças longas e carregadas de adjetivos, perífrases e circunlóquios, muito comum na criação literária do século anterior, deram lugar à objetividade da ordem direta.

Na ficção, parágrafos curtos, cenas rápidas e poucas digressões; na poesia, versos enigmáticos, coloquialidade e o ritmo psicológico. Mutatis mutandis, o que me leva a considerar a respeito disso, no século 21, com duas décadas de trocas de mensagens por Redes Sociais é: que estilo – se é que teremos algum – pode surgir desse novo modo de comunicação escrita?

Voltando aos modernistas da Semana de 22, podem-se recolher muitos exemplos do uso popular da sintaxe telegráfica. Alguns, oriundos do jornalismo, estavam familiarizados com aquela produção escrita. Tal fenômeno acompanhou a fragmentação do sujeito nas grandes metrópoles. O texto enxuto, da frase curta, sem conetivos, imitava a velocidade das comunicações ou das ruas. Na poesia, a ausência de conetivos e preposições, substituídos pela justaposição, em forma de painel ou mosaico; a representação estética privilegiava a alegoria – o particular figurando o universal, e a metonímia – a parte pelo todo.

No pós-guerra, o novo jornalismo trouxe de volta os recursos literários da narrativa. Esta já havia incorporado, nas obras de ficção, a linguagem do roteiro cinematográfico, com seus planos, cortes e paralelismos para compor a cena. Foi a ascensão de nomes como Tom Wolfe, Truman Capote, Gay Talese, e no Brasil, Loyola Brandão. A seguir, mais uma vez, a pressa exigiu o manual da redação e o texto burocrático. A rede social e os seus 140 caracteres chegavam com tudo, em tuites e zap zaps. 

O que se vê hoje, nos textos de jovens e adolescentes, é uma escrita truncada em vez de telegráfica, cheia de abreviaturas e modismos gráficos dos emojis. O laconismo denuncia a precariedade,  em vez da insinuação ou da síntese; e o pressuposto no lugar do subtexto literário gerado pela polissemia ou pela metáfora. Com certeza, tais ferramentas não têm como criar os pontos de indeterminação, essência do texto literário. Sem contar que, com o corretor automático, não é preciso sequer guardar a forma adequada da palavra escrita. Ou seja, a juventude pode estar escrevendo muito mais, sem a vantagem residual do aprendizado da forma. Além disso, em vista da abundância do processo, a toxicidade de informação não deixa espaço para a associação de conteúdos e a reflexão a respeito de suas verdades.

Pergunta atualizada, em tempos de modernidade líquida e de liquidação da verdade factual: no que virou o sujeito moderno, agora enrolado nesta rede social que virou a vida urbana? Qual seu tamanho na sociedade conectada, ao alcance de todos, à vista de todos? Esta linguagem apressada parece mais o sintoma de uma carência: o sujeito reduzido em seu poder de palavra, rendido ao acervo da Inteligência Artificial, exilado permanente em seu lugar de fala. Tal estilo-sem-estilo, intraduzível fora dos aplicativos, não transborda para outras áreas da produção escrita. A não ser para prejudicar a eficácia da linguagem. Dificilmente teremos na literatura um tal de estilo whatsáppico – que por si só tem cara de frankenstein cibernético, possível monstrengo verbal da cybercultura. No entanto, há esperança no horizonte, com educadores e pedagogos sugerindo o banimento de smartphones das salas de aula. Melhor voltar àquela tecnologia inventada ainda no século II da nossa era: o livro.

 

Orlando Fonseca

Orlando Fonseca nasceu em Santa Maria, em 7 de outubro de 1955. Professor Titular aposentado da UFSM, onde atuou por 31 anos, na área de produção textual nos Cursos de Comunicação Social e Letras. Doutor em Teoria da Literatura, pela PUCRS, 1997, e Mestre em Literatura Brasileira pela UFSM, 1991. Exerceu o cargo de Secretário da Cultura de Santa Maria, no período de 2001-2004; Pró-Reitor de Graduação na UFSM, 2010-2013. Patrono da Feira do Livro de Santa Maria em 2005. Cronista do Jornal Diário de Santa Maria e Site claudemirpereira.com.br. Presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC – 2018-2019); Presidente do Coletivo Memória Ativa (2018-). Autor colaborador no site da Rede Sina.

Veja também o livro dele publicado pela parceria Rede Sina/Bestiário:

 

LIVRO: AQUELES ANOS (SEM DOURADOS) DE ORLANDO FONSECA

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A HORA MORTA – Por Roger Baigorra Machado https://redesina.com.br/a-hora-morta-por-roger-baigorra-machado/ https://redesina.com.br/a-hora-morta-por-roger-baigorra-machado/#respond Thu, 08 Feb 2024 19:11:16 +0000 https://redesina.com.br/?p=120808 Abril de 1923. No campo iluminado pela lua cheia, a sombra do imenso umbu estocava lentamente a ponta da coxilha. Como se fossem lanças, as negras pinturas dos galhos da árvore deslizavam pelo chão, escorrendo incólumes por sobre rosetas e guanxumas, cravando-se na elevação que iniciava trinta metros adiante. Do umbu, facilmente dava para ver …

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Abril de 1923. No campo iluminado pela lua cheia, a sombra do imenso umbu estocava lentamente a ponta da coxilha. Como se fossem lanças, as negras pinturas dos galhos da árvore deslizavam pelo chão, escorrendo incólumes por sobre rosetas e guanxumas, cravando-se na elevação que iniciava trinta metros adiante.

Do umbu, facilmente dava para ver o vilarejo e os seus casebres. Habitações feitas de madeira dos matos e com torrões de barro preto das sangas ao redor. Os ranchos, em sua maioria, eram de apenas um cômodo, divido por um lençol ou couro de boi, de um lado, a cozinha, e de outro, o quarto. Eles ficavam espaçados como bois no pasto, do umbu, via-se também,  o rancho de Eulália e Bernardo. O casal morava na primeira habitação da entrada da vila.

Uma pequena construção feita de pranchões de madeira, recortes de cedro e canjerana, sustentado em paredes sem pintura, onde, pelas frestas das tábuas, via-se de longe o desenho dos riscos iluminados pela luz do candeeiro da cozinha. Sobre o telhado, feito de capim santa fé, partia lento no tempo um rastro da fumaça do fogão a lenha, serpenteado no escuro, deixando a vida, economia interna da família, verticalmente aparente do lado de fora.

A vida dentro da casa eram as sombras nos riscos de luz do vão escuro das madeiras.

Bernardo, o marido de Eulália, retirou do bolso um relógio. Ainda faltavam 15 minutos para as quatro da madrugada. E num ritual involuntário, lavou o rosto numa bacia de louça e depois abriu a porta da cozinha num puxão forte, fazendo um barulho que podia ser ouvido nas casas vizinhas. Era uma porta de madeira de angico, pesada, que raspava no chão de cupim batido toda vez que era aberta. Da entrada do rancho, parado na porta, Bernardo ficou olhando o campo cinza de lua cheia e a silhueta do umbu no horizonte. Ao lado da porta, bem deitado num pedaço de pelego, estava o cusco, um mestiço de ovelheiro com cimarrón.

O cão, que era um companheiro de muitas das andanças de seu dono, dormia quieto, enrolado num fedor de zorrilho.

Dentro do rancho, Eulália se movia numa dança pela casa, remoendo a sua angústia nos barulhos domésticos do início do dia. Tão logo Bernardo retornou para o interior do rancho, sua esposa veio e lhe alcançou a cuia do mate, ele se sentou ao lado do velho fogão. Sem dizer nada, ficou mateando os pensamentos no calor da cuia feita de porongo escuro.

Ao fundo, ouvia-se os cantos de uns quero-queros dando o alarme de que alguém ou algum animal estava cruzando por perto dos seus ninhos. O 3° Distrito de Uruguaiana era um lugar calmo e distante de tudo, no centro da vila, um amontoado de pequenos ranchos e casebres construídos numa parte lisa e levemente elevada de um extenso prado verde.

Chamavam o lugar de Plano Alto. Era uma vila sem linha de trem, sem hospital ou estradas.

A maioria dos moradores eram peões que trabalhavam nas estâncias ao redor, havia também os changadores, homens para todo o serviço, e os mascates, vendedores que abasteciam  a vila e as redondezas com as miudezas produzidas localmente ou buscadas na cidade. Para as bandas do cemitério, apartados, moravam os idosos e os adoentados, homens e mulheres do campo, já sem forças para o trabalho bruto da campanha.

Bernardo era Capitão da Brigada Militar e, há pouco tempo, também o Intendente do 3° Distrito de Uruguaiana. Filho de colonos alemães, nasceu em Viamão e ingressou na Brigada Militar em 1913, na época com 20 anos. Em 1918, foi enviado pelo Coronel Affonso Emílio Massot para a fronteira com a Argentina, veio junto a outros seis brigadianos, tinha o objetivo de dar suporte aos fiscais da alfândega que estavam sofrendo ataques de toda ordem.

Em Uruguaiana, Bernardo perdeu as contas de quantas vezes trocou tiros com os contrabandistas que subiam e desciam o rio Uruguai.

Ficou famoso na cidade pela boa pontaria, especialmente, depois que ele prendeu sete contrabandistas correntinos e os colocou amarrados na Praça Paysandu, bem na frente da Capela do Porto, feito que virou uma manchete de jornal e fez o jovem brigadiano ganhar notoriedade com a população local.

Após  três anos de serviço e de diversas demonstrações de coragem, Bernardo foi indicado por Flores da Cunha, o Intendente de Uruguaiana, para a missão de ser um intendente distrital. Iria morar no interior e guarnecer a vila do Plano Alto, lugar por onde passavam muitos contrabandistas e ladrões de gado, bandoleiros e castelhanos, quase sempre vindos do Alegrete e de Quaraí. Chegou no Plano em janeiro de 1921.

Depois do som do ronco da bomba, a cuia não recebeu novamente a água quente, no entanto, Bernardo permaneceu sentado num mocho à beira do fogão à lenha, ele parecia distante. Eulália veio e num repente retirou do rosto do marido o olhar perdido, com uma indagação que ensaiou a noite inteira.

– O que tu vais fazer? – Perguntou, pegando da mão do homem a cuia do mate e lhe alcançando um prato com pão caseiro e duas tripas de morcilla de sangue.

– Vamos ter que partir.  Não podemos ficar aqui. – Disse Bernardo, dando uma mordida num naco de pão.

– E iremos para onde? Uruguaiana?

– Não. É muito longe, creio que  o melhor seja irmos para o Ibirocaí. Podemos ficar na estância do Epaminondas, tua mãe está lá, assim ela já te ajuda com o piá. Te ajeita cedo que nós vamos antes do almoço, acho que todos irão meio que nesse horário.

– Está bem. Então vou juntar umas roupas e nossas coisas de valor. Levo num baú? Que tu achas?

– Não. Guarda as nossas coisas num saco de farinha, destes de pano, além de ser mais fácil de carregar, também vai chamar menos a atenção.

Eulália pegou um saco de farinha de dentro da tuia e saiu para coletar os pertences que iriam na jornada. Na frente da porta do rancho, o sol já despontava no horizonte e as galinhas já esgravatavam os estercos secos que adornavam toda a vila.

Antes do almoço, dúzias de carroças já se moviam na direção do Ibirocaí e das fazendas vizinhas. Como num cortejo, muitas pessoas iam atrás, à pé, umas andavam de mãos vazias, outras carregando os poucos pertences em lençóis amarrados e sustentados por sobre as cabeças, as crianças, sorrindo, corriam pelo campo e as mulheres, com as peles douradas pelo sol, caminhavam pálidas e em silêncio.

Uma tropilha humana de pessoas humildes, fugindo, amedrontadas e deixando tudo que possuíam para trás.

De longe, Eulália viu seu marido. Ele andava com pressa, revisando todas as casas da vila. Ele ia de casebre em casebre, batia palmas, entrava em umas casas, em alguns ranchos demorava um pouco, noutros ele nem chegava. Foi até o último casebre perto do portão do cemitério. Minutos depois, Bernardo retornou até sua esposa, ele chegou com o semblante fechado.

– Estão prontos? Sim. –  Respondeu Eulália, segurando o filho num dos braços e, no outro, o saco de farinha cheio de roupas.

– Pois subam na carroça do Aymone, ele também vai lá para o Epaminondas.

– Mas e tu?

– Eu não vou.

– O quê? Estás louco? Bernardo! Como assim? Como é que tu não vai? – Questionou Eulália, demonstrando nervosismo com a postura do marido.

– Não, meu amor. Eu não posso ir. Andei pelas casas. Falei com as pessoas. Ainda tem muita gente aqui. Eu contei, há mais de vinte pessoas, todos homens e mulheres adoentados, gente velha, sem parentes e sem ninguém para ajudar. Dona Maria está acamada, o Seu Firmino também, tem muita gente que nem consegue andar direito.

– Mas e eu? E o teu filho?

– Eulália, meu amor, se vocês dois estiverem bem, eu ficarei também. – Respondeu Bernardo, com um leve sorriso nos lábios.

– Bernardo, por favor. Vem! – Suplicou com os olhos cheios de lágrimas.

– Eu não posso ir e deixar estas pessoas aqui. Sou o intendente do Plano Alto, sou capitão da brigada. Eu tenho que proteger essa vila, dei minha palavra ao Doutor Flores da Cunha.

– Mas se tu ficar, vai fazer o quê? Vai lutar? Solito contra uma tropa! Tu vais morrer, homem!

– Chega, já me decidi! Prefiro ficar e morrer peleando, do que viver por ter fugido, deixando pessoas para trás. Não sou homem de fugir, nem de assombro e nem de uma briga, nunca fui! E eu não serei uma vergonha para ti e nosso filho. Farei o que é certo, e o certo nunca é fácil.

– Meu amor, por favor. Tu vais morrer aqui!

– Que seja. Se tantos antes de mim já caíram nesse chão, cairei também, por qual motivo haveria de ser diferente? Mas já te disse, chega dessa conversa. Sobe na carroça e te vai duma vez, não podemos perder tempo aqui, cada hora que passa é uma hora a menos que temos.

Eulália, mesmo contrariada, consentiu em silêncio. Afinal, tinha sido educada assim, para obedecer seu marido. Além disso, ela estava cansada, tinha passado a noite em claro, revirando-se de um lado ao outro do catre, pois não havia lado em que o seu corpo se acomodasse tendo um coração tão apertado.

Foi no dia anterior, no meio da tarde, que a tranquilidade do Plano Alto foi destruída pelas notícias de que uma grande coluna de soldados maragatos, comandados pelo temido Honório Lemes, “O Leão do Caverá”, vinha de Quaraí. Nico Changador, sempre assuntador das notícias, foi quem andava nas bandas dos Olhos D’Àgua tosquiando ovelhas, que afirmou que a coluna de soldados cruzaria bem pela vila do Plano Alto. E os relatos que chegavam de todos os lados eram assustadores. A coluna maragata vinha pilhando as propriedades dos chimangos, deixando para trás incêndios, roubos, degolados e estupros.

Falava-se que eram uns três mil maragatos, cegos de raiva, vindo diretamente na direção da vila do Plano Alto.

“Se for como em 1893”, pensava Eulália, “não pode ser, de novo não!”. Olhou para o filho que dormia sereno numa caixa de pelego, tapado com um acolchoado de lã. –  Ah, meu pequeno filho, o mundo dos adultos não é um lugar para uma alma de criança como a tua – E assim, entristecia-se ainda mais a pobre Eulália. Ela não acreditava que sua família, formada há tão pouco tempo, já estava assim, separando-se.

Lembrou-se que conheceu Bernardo numa quermesse na capela da vila em junho de 1921, apaixonaram-se e se casaram em pouco mais de um ano. Agora, tudo estava se despedaçando. Ela sabia dos horrores de uma guerra, especialmente como aquela de 1893, onde perdeu os dois irmãos e o pai. Quando ela nasceu, naquele mesmo fatídico ano, seis meses depois, sua mãe recebeu a notícia de que os dois filhos e o marido tinham morrido perto de Bagé.

De Júlio de Castilhos ela nunca recebeu os corpos, nem medalhas, tão pouco pêsames ou agradecimentos, ficou apenas com a solidão.

E viúva, com uma filha de colo, sua mãe acabou como cozinheira na estância do Epaminondas, um amigo da família, trabalhando por comida e abrigo. Na estância, Eulália cresceu ouvindo as histórias sobre 1893 e, por isso, ela tinha muito medo do que os maragatos fariam com os opositores que encontrassem no caminho, especialmente, ela temia por seu marido, que além de um Capitão da Brigada era também um chimango convicto.

O bebê chorava sem parar no colo da mãe, sob um céu sem nuvens, num clima de tristeza, a carroça partiu em tranco acelerado.

Bernardo viu sua amada partindo com o filho nos braços e carregando num saco o que lhes restava da vida. Tudo foi rápido, quase não houve tempo para um último beijo, um toque lento nos lábios trêmulos e molhados pelas lágrimas de Eulália. Mais da metade da vila partiu num rastro de carroças e carros de boi. Restaram algumas casas vazias e vários ranchos com homens e mulheres envelhecidos pelo tempo e pela lida. Incapazes de se defender, sem parentes para onde fugir, na triste sina dos velhos em tempos de guerra.

O Capitão foi para casa, vestiu sua melhor farda, juntou as armas que pôde, pediu munição aos que tinham e carregou tudo na direção da entrada da vila. Enquanto caminhava, o som do vento nos galhos do umbu chamou sua atenção, ele viu as enormes raízes da centenária árvore, o grande tronco que parecia uma trincheira e a posição diante da coxilha. Estava decidido, ali seria seu posto de guarda.

Já estava escurecendo e nenhum movimento de maragatos no horizonte. Bernardo estava sentado ao lado do umbu, tinha dois rifles Mausers carregados, um saco com um pouco de munição, uma pistola e uma espada. Ele tinha feito ali uma espécie de forte, as raízes da árvore serviam como uma barricada frontal e o tronco o protegia como um escudo lateral.

Veio a noite e o capitão foi até sua casa, pegou pão e um pedaço de morcilla, comeu, bebeu um pouco de água e retornou para a entrada da vila. Ele iria pernoitar ali, deitado sobre uns pelegos, junto das raízes do umbu, pois se durante a madrugada algum maragato aparecesse, não o pegaria desprevenido dentro de casa. O resto dos moradores da vila, todos trancados em seus casebres, angustiados, aguardavam pelo primeiro tiro.

Bernardo acordou num sobressalto, seu cachorro estava rosnando sem parar, ele rapidamente pegou um dos fuzis e começou a mirar em direção à coxilha. Tinha algo se movendo rente ao chão.

– Olha cusco! Lá vem um maragato de merda! Este bosta vem rastejando como cobra. Vou meter um baletaço neste filho da puta e deixar ele quieto. O cano do Mauser foi acompanhando o andar lento do vulto, mirou dois dedos na frente da direção para onde ele andava, mas para a surpresa do brigadiano, o sombreado não era gente, a lua descortinou um sorro, uma fêmea que cruzava com os filhotes na direção oposta à vila. Alívio. Nisso, o capitão retirou do bolso o relógio e, no reflexo da lua cheia, conseguiu ver os ponteiros dourados indicando três horas da madrugada. Como diria o Padre lá da Igreja Matriz, era o início da “hora morta”. Ao menos, foi assim que Bernardo cresceu ouvindo falar sobre aquele momento da madrugada, a hora que vai das três até às quatro. A hora em que o diabo anda pelo campo e todas as almas e assombros se deixam ver pelos vivos. “Que besteira”, pensou o brigadiano, na “hora morta eu só tenho medo é de quem tá vivo”.

De repente, o cusco começou a rosnar novamente, agora não era na direção da coxilha, o animal mostrava os dentes para outro lado, na direção do rancho em que Bernardo morava. As frestas das paredes de madeira da casa estavam iluminadas, como se dúzias de candeeiros estivessem acesos lá dentro.

– Mas que merda é essa? Quem é que tá lá no rancho? – Falou com o cão em voz baixa. E como se o estivesse compreendendo, o cusco saiu andando na frente, na direção da casa, com o corpo abaixado, pelos eriçados e dentes ainda mais à mostra.

Bernardo, maniático, abriu o ferrolho do rifle, verificou novamente se tinha cartucho, engatilhou o fuzil e se levantou lentamente. Olhou para a coxilha que ficava na entrada da vila, tudo estava calmo. Em seguida, o Capitão também começou a ir na direção do rancho, no mesmo trilho que partira o cusco. – Seria Eulália que tinha voltado? Seriam soldados maragatos que entraram na vila pela lateral ou cruzaram e não o viram nas raízes do umbu? – Quando o Capitão estava a cinco metros da porta, ele ouviu uma voz em sussurro: “Eu estou aqui”. Imóvel, Bernardo viu um vulto andando dentro da casa, como se fosse alguém se movimentando em longos círculos: “Eu estou aqui”. “Aqui”. “Eu vim te buscar”, o sussurro parecia surgir de todos os lados. “Eu vim te buscar”.

– Tu vais buscar é um tiro na cara, filho da puta. Vamos, saia daí! Vamos! Saia, seu bosta! – Gritou com raiva o Capitão.

Imóvel, o brigadiano mirou no vulto que estava caminhando dentro da casa, um tiro seco na madeira, certamente acertaria na pessoa que estava lá dentro. Tão logo começou a fazer a mira, de repente, tudo se escureceu. Restou apenas a luz da lua e o silêncio da vila abandonada. Ele já não ouvia mais o rosnar do cusco e nem a voz sussurrada. Bernardo seguiu andando lentamente em direção ao rancho, parou diante da porta da cozinha, um frio invernal tomou conta de tudo. Sua respiração deixava um rastro de fumaça no ar. Num movimento rápido, o brigadiano deu um violento chute na porta, que mesmo pesada, escancarou-se para trás, trancando-se contra a parede e o chão batido.

Depois de revisar o interior da casa e não encontrar nada, o Capitão parou na porta da cozinha. Ele tentava compreender o que tinha acontecido, foi quando ele olhou para na direção do umbu. E, para seu espanto, Bernardo viu um homem, parado ao lado da árvore, exatamente onde ele estava antes. “Eu vim te buscar”, disse o sussurro veio novamente. “Pois eu duvido tu me levar, demônio de merda!”, pensou Bernardo, enquanto levantava o Mauser. Ele ergueu o cano e enquadrou no escuro a alça de mira com firmeza, mirou na cabeça, pois queria acertar no peito. Em seguida, prendeu a respiração, firmou no ombro a coronha e apertou o gatilho rapidamente.

Foi um disparo de quase setenta metros, o vulto deu um salto para trás e caiu no chão. Num movimento mecânico, o brigadiano puxou o ferrolho, o cartucho vazio saltou longe, caindo sobre o chão batido, depois, pegou outro cartucho que tinha no bolso da calça e carregou novamente o fuzil. Andou em passo acelerado na direção da árvore.

Quando Bernardo chegou no local, o corpo estava imóvel, caído de bruços. O curioso é que ele não usava um lenço vermelho. Ao virar o corpo usando o cano da arma, teve certeza de que não era um maragato, o que estava no chão lhe deixou atônito. O morto usava roupas da brigada militar. Bernardo viu o seu próprio corpo, sem vida, caído sobre as raízes do umbu. “Eu já disse, estou aqui e vim te buscar”, insistiu o sussurro novamente, “não adianta tentar lutar”. O brigadiano não teve tempo de mais nada. Como uma fraqueza, sentiu um peso nas pernas e uma sonolência insuportável, tudo foi se escurecendo. Acordou no dia seguinte. O sol já estava alto. Eram nove horas da manhã. A vila do Plano Alto seguia silenciosa e no campo os quero-queros voavam nervosos.

Bernardo esfregou os olhos e olhou para o lado, não viu o cadáver, nem ouviu mais a voz, olhou para o horizonte, enquanto seus olhos se acostumavam com clarão do sol, foi então que viu cerca de trinta homens armados e montados em cavalos, com lenços vermelhos nos pescoços. Olhavam na direção do Plano Alto, conversavam tranquilos e faziam gestos.

Os cavaleiros começaram a descer a coxilha, andavam sem pressa, como se estivessem num passeio.

Eram eles, os maragatos. Tinham vindo numa vanguarda ligeira. “Honório Lemes mandou um grupo na frente para ver se a vila teria defesa”, pensou Bernardo. E ela tinha. Os soldados de Honório Lemes começaram a andar na direção da vila. Nos três primeiros disparos de Mauser, três corpos de maragatos se estenderam no chão. A vanguarda demorou para perceber de onde vinham os tiros e abriu a formação, cavalgando campo a fora e, desorganizados, fugiram centenas de metros. Na vila, os moradores, nas portas dos ranchos, assistiam aquela cena insólita, um homem apenas, enfrentando um exército em defesa de toda uma vila. Os tiros se multiplicaram rapidamente, nuvens de fumaça na coxilha antecederam o cheiro de pólvora queimada que entrou na vila. Bernardo não deixou os maragatos entrarem no Plano, escondendo-se nas raízes do umbu, ele manteve a posição por mais de uma hora. Os maragatos tentavam cercar o Capitão, mas eram seguidamente atingidos. Até que o Mauser bateu seco, o ferrolho jogou longe o cartucho, mas, infelizmente, não havia mais nada. Bernardo viu os maragatos rondando cada vez mais perto da árvore. Até que, de repente, ele sentiu uma queimação no peito, uma ardência, e a sensação de roupa molhada grudando na pele, caiu contra o tronco do umbu.  Ferido pelos maragatos, o brigadiano não teve forças para levantar a espada. Viu três homens apeando dos cavalos, em seguida, sentiu dois dedos sendo enfiados no seu nariz, sua cabeça foi puxada para trás, ele viu o céu azul do Plano Alto. Foi degolado e abandonado ali mesmo, por sobre as raízes da árvore.

Naquele dia, a vanguarda ligeira de Honório Lemes não invadiu o Plano Alto. O maragato que estava no comando, Coronel Padão, reconheceu a coragem do chimango e deu ordem para que os demais soldados recolhessem os corpos caídos no campo. Ao todo, foram treze homens mortos pelos tiros do fuzil Mauser de Bernardo. Os homens e mulheres que restaram no Plano Alto foram até a entrada da vila com facões e pedaços de madeiras, estavam prontos para defender suas casas. Não temiam a vida, tão pouco a morte. No entanto, não houve luta. O que viram foi a imagem fosca dos cavaleiros vermelhos indo embora, partindo ao encontro da coluna de Honório Lemes para invadir Uruguaiana. Do alto da coxilha o Coronel Padão ficou alguns minutos olhando para o velho umbu e para o brigadiano morto. Talvez, tentando compreender o que tinha acontecido ali. Depois, em silêncio respeitoso, desapareceu no horizonte da pampa verde.

Em 03 de abril de 1923, a vanguarda ligeira do Coronel Padão, junto com as tropas de Honório Lemes, cercou a cidade de Uruguaiana. Por dias tentaram invadir, mas foram repelidas constantemente por Flores da Cunha e seus homens. Vendo ser impossível entrar na cidade, quando de sua retirada para as coxilhas do Caverá, os maragatos e os chimangos de Uruguaiana deram início à uma das maiores perseguições que já se viu no Rio Grande do Sul. Flores da Cunha e seus soldados cruzaram o Estado, por meses sem trégua, atrás de Honório Lemes e sua coluna.

Em suas memórias, Flores da Cunha, ao falar sobre o cerco de Uruguaiana, agradeceu ao honrado capitão da Brigada que, sozinho, fez frente ao Leão do Caverá.

No Plano Alto, tão logo os maragatos se foram, os velhos moradores recolheram o corpo do Capitão Bernardo. Colocaram-no na mesa da cozinha do rancho onde morava, trouxeram velas, rezas e ramos de alecrim, esperaram um dia, e numa manhã chuvosa o enterraram ao lado do umbu. Eulália e seu filho, que de nada sabiam, voltaram para a vila uns dias após a morte do marido. Seguiram morando no rancho por mais alguns anos. Não havia para onde ir. Até que em 1930 se mudaram para Uruguaiana, Eulália vinha todos os anos no dia dos finados, trazia flores e um saco de fumo. Ficava por horas sentada nas raízes do umbu. Conversava com o vento, contava as notícias da cidade, da alegria de quando o filho lhe deu um neto, das mazelas de ser uma mulher pobre e viúva, contava da vida sem o marido.

Com o tempo e o vento, Eulália se foi, enterraram-na na cidade. A cruz de madeira do túmulo de Bernardo se desmanchou e desapareceu.

No Plano Alto, durante muitos anos, moradores e andarilhos que cruzavam pela entrada da vila, nas madrugadas frias de lua cheia, relatavam sempre uma mesma história. Diziam que quando chegavam perto da grande árvore, enxergavam a figura de um homem uniformizado, parado ao lado do umbu. Ele ficava lá, de guarda e com o olhar  longe.

A figura do homem era imponente,  com um rifle em punho e alheio aos moradores que o observavam de longe. E o curioso é que o vulto do homem ao lado do umbu aparecia sempre depois das três da madrugada. Sempre em noite de lua cheia. Nunca ninguém teve coragem ou quis chegar perto daquele ser, apenas lhe rezavam um Pai Nosso e faziam o sinal da cruz. Todos sabiam, e também sentiam, que aquele vulto de ser humano não faria mal,  pois era o Capitão, cuja alma resistia ali, guarnecendo a vila e protegendo as almas daqueles que andavam pela hora morta do Plano Alto.

 

Roger Baigorra Machado é formado em História e tem Mestrado em Integração Latino-Americana pela UFSM. Foi Coordenador Administrativo da Unipampa por dois mandatos, de 2010 a 2017. Atualmente trabalha com Ações Afirmativas e políticas de inclusão e acessibilidade no Campus da Unipampa em Uruguaiana. É membro do Conselho Municipal de Educação e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico do Município de Uruguaiana, também é conselheiro da Fundação Maurício Grabois. No resto do tempo é pai do Gabo, da Alice e feliz ao lado de sua esposa Andreia

 

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14ª Sina Poética anuncia Prêmio de Poesia em Santa Maria-RS https://redesina.com.br/14a-sina-poetica-anuncia-premio-de-poesia-em-santa-maria-rs/ https://redesina.com.br/14a-sina-poetica-anuncia-premio-de-poesia-em-santa-maria-rs/#respond Wed, 07 Feb 2024 14:47:48 +0000 https://redesina.com.br/?p=120828 No cenário cultural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a Sina Poética desponta mais uma vez como uma expressão vibrante da arte literária. Além de celebrar Iemanjá, a 14ª edição do sarau, que ocorreu na sexta-feira, 2 de fevereiro, também foi marcada pelo anúncio do 1º Prêmio de Poesia, no qual autores e …

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No cenário cultural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a Sina Poética desponta mais uma vez como uma expressão vibrante da arte literária. Além de celebrar Iemanjá, a 14ª edição do sarau, que ocorreu na sexta-feira, 2 de fevereiro, também foi marcada pelo anúncio do 1º Prêmio de Poesia, no qual autores e autoras nascidos ou residentes do município poderão se inscrever. A iniciativa faz parte dos projetos contemplados na Lei Paulo Gustavo.

A expectativa é que a premiação contribua para o enriquecimento cultural da cidade, incentivando a produção literária e promovendo a valorização da expressão artística. Os detalhes sobre as inscrições, critérios e premiações serão divulgados no mês de março.

Odoyá Senhora das Águas. Com este tema, a Sina Poética promoveu mais um evento para celebrar a poesia e Iemanjá, no Boteco da Maré. A primeira parte da noite contou com microfone aberto para manifestações literárias e artísticas. Na sequência, teve show com Eveliny, em ritmo de pré-Carnaval.

O sarau Sina Poética, idealizado pela Rede Sina, tornou-se uma tradição cultural na região, oferecendo um espaço acolhedor para a celebração da poesia em suas diversas formas.

A fundadora da Rede Sina, Melina Guterres que também atua como jornalista, editora e escritora, também é autora de uma das poesias que foi apresentada durante o sarau e está publicada no livro Engasgos. 

Confira como foi a 14ª Sina Poética:

 
 
 
 
 
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Show com Eveliny: 

 
 
 
 
 
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Mais informações:

Sarau Sina Poética
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História: Drive Sina Poética

Playlist no YouTube


Mostra de arte e poema a Iemanjá
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Mais sobre Melina
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Engasgos
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Sereno, álbum de estreia de Vini Brum, ganha lançamento nesta quinta-feira (18) https://redesina.com.br/120515-2/ https://redesina.com.br/120515-2/#respond Wed, 17 Jan 2024 22:46:38 +0000 https://redesina.com.br/?p=120515 Um dos talentos da música autoral em Santa Maria, Vini Brum, lança álbum de inéditas, “Sereno“, que conta com recursos captados via Lei Aldir Blanc. O show ocorre no próximo dia  18 de janeiro, uma quinta-feira, às 20h, no Espaço Cultural Victorio Faccin (TUI), Rua Duque de Caxias, 380, no Bairro do Rosário. Os ingressos …

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Foto: Pablito Diego

Um dos talentos da música autoral em Santa Maria, Vini Brum, lança álbum de inéditas, “Sereno“, que conta com recursos captados via Lei Aldir Blanc. O show ocorre no próximo dia  18 de janeiro, uma quinta-feira, às 20h, no Espaço Cultural Victorio Faccin (TUI), Rua Duque de Caxias, 380, no Bairro do Rosário. Os ingressos antecipados podem ser adquiridos pela chave PIX 26.019.724/0001-70 (Grings) — R$ 20 (R$ 10 meia-entrada).

Ouça “Sereno”

 

Afora Vini Brum (violões em diferentes afinações e harmônica), a banda base que acompanha o músico no première de “Sereno” conta com o arranjador e produtor do CD, Luis Bitencourt (percussões, programações e voz de apoio) e Mauricio Brum (baixo). Além disso, o show terá convidados especiais — Paulo Noronha (lap steel), Zuli (piano e voz de apoio) e o integrante do grupo instrumental Quarto Ácido, Pedro Paulo (violão).

Leia o review de “Sereno”

O lançamento do álbum Sereno é um oferecimento: Saurin Carrocerias, Pastelão, Pubi Handte, Mainz Cervejas Especiais, Luiz Coelho Imóveis e Del Fuego Carniceria. Apoio: Old School Pub, Caixa de Sons e Ardais Odontologia.

Vini Brum fala sobre Sereno

O show terá captação em áudio (Anderson Bitencourt) e vídeo (TV OVOFinish) com direção de Paulo Teixeira. O registro fotográfico é de Rafael Rappke e a luz conta com a assinatura de Vanessa Giovanella. A produção executiva e a realização é da Grings Tours.

Compre o CD

Vini acaba de lançar o videoclipe de “Lanhado”, primeiro single do álbum. O audiovisual foi gravado na Ruta 5, no Mercado Tacuarembó (Tacuarembó) e Festival Música, Fierro y Artes (Rivera), nos dias 25 e 26 de março de 2023 (Uruguai). As imagens são de Vítor César Borgias Vareiro e Gabriel ‘Piojo’ Teixeira (Doble A Films). A edição é de Fabiano Fogiatto Godinho.

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LIVROS E AUTORES VENCEDORES DO PRÊMIO AGES 2023 https://redesina.com.br/livros-e-autores-vencedores-do-premio-ages-2023/ https://redesina.com.br/livros-e-autores-vencedores-do-premio-ages-2023/#respond Wed, 29 Nov 2023 17:49:24 +0000 https://redesina.com.br/?p=120390 Os vencedores do Prêmio AGES Livro do Ano 2023 foram anunciados em cerimônia que aconteceu na noite dessa terça-feira, 28/11, no auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural Força e Luz (Andradas, 1223, Porto Alegre, RS). Pela primeira vez, dois livros receberam o Prêmio AGES Livro do Ano. “Júpiter Marte Saturno”, de Irka Barrios, e “Lápis …

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Os vencedores do Prêmio AGES Livro do Ano 2023 foram anunciados em cerimônia que aconteceu na noite dessa terça-feira, 28/11, no auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural Força e Luz (Andradas, 1223, Porto Alegre, RS).
Pela primeira vez, dois livros receberam o Prêmio AGES Livro do Ano. “Júpiter Marte Saturno”, de Irka Barrios, e “Lápis preto na linha d’água”, de Adriana Maschmann, empataram, sendo os livros mais votados pelas autoras e autores integrantes da Associação Gaúcha de Escritores (AGES). As obras são, respectivamente, as vencedoras das categorias Narrativa Curta e Infantojuvenil.
O Prêmio AGES Livro do Ano 2023 foi conferido às melhores obras publicadas em 2022, em primeira edição por escritoras e escritores naturais ou residentes no Rio Grande do Sul. É uma premiação decidida democraticamente, em votação secreta, pelas associadas e associados da entidade a partir de uma seleção de finalistas por um júri especializado.
Do primeiro júri, responsável pela seleção das obras finalistas, participaram: Jorge Rein e Janaina Pellizzon (texto dramático); Dione Detanico Busetti, Daniela Langer e Taiasmin Ohnmacht (narrativa longa e narrativa curta); Vera Ione Molina e Nóia Kern (literatura infantil e infantojuvenil); e Vitor Diel, Divanize Carbonieri e Ronald Augusto (crônica, poesia e não-ficção). Janaina Pellizzon e Nóia Kern também selecionaram as obras finalistas da categoria Especial.
A presidenta da AGES, Liana Timm, conduziu a premiação, ao lado da vice-presidenta cultural da entidade, Cátia Castilhos Simon.
Nesta edição do Prêmio AGES Livro do Ano, a AGES – Associação Gaúcha de Escritores celebrou a literatura com dois prêmios especiais, entregues a poetas que têm se destacado no cenário da literatura no Rio Grande do Sul. Receberam o Prêmio AGES Especial em 2023 a poeta Maria Carpi e o poeta Armindo Trevisan. Confira os livros escolhidos como vencedores do Prêmio AGES:

NARRATIVA CURTA
“Júpiter Marte Saturno”, Irka Barrios, Uboro Lopes

NARRATIVA LONGA
“Ela se chama Rodolfo”, Júlia Dantas, DBA

POESIA
“Sal”, Mar Becker, Assírio & Alvim

CRÔNICA
“Crônica de um mundo ausente”, Cristiano Fretta, Bestiário

NÃO-FICÇÃO
“O incendiário”, Rafael Guimaraens, Libretos

INFANTIL
“Azul Real”, de Christian David,
Casa do Lobo

JUVENIL
“Lápis preto na linha d’água”, Adriana Maschmann, Boaventura

ESPECIAL
“Caderno de desdenho”, Santiago, Libretos

DRAMATURGIA
“Liberdade”, organizado por Patrícia Silveira, Concha Editora

LIVRO DO ANO

 

Veja todas fotos em: https://www.facebook.com/associacaogauchadeescritores

(release Maria Alice Bragança | Diretora de Comunicação Ages) 
CONHEÇA A DIRETORIA DA AGES:
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Leituras Dramáticas em foco na Rede Sina https://redesina.com.br/leituras-dramaticas-em-foco-na-rede-sina/ https://redesina.com.br/leituras-dramaticas-em-foco-na-rede-sina/#respond Mon, 25 Sep 2023 07:16:32 +0000 https://redesina.com.br/?p=120036 Ainda experimental, em processo de fornação, dirigido por Melina Guterres (Mel Inquieta), a Rede Sina começa o movimento para criação de um núcleo de dramaturgia. Na sexta, 22, foi realizada a leitura dramática de um trecho do livro “A Última Praia do Brasil” (Bestiário/Rede Sina) do cineasta, escritor e colunista da Rede Sina, Boca Migotto, …

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Ainda experimental, em processo de fornação, dirigido por Melina Guterres (Mel Inquieta), a Rede Sina começa o movimento para criação de um núcleo de dramaturgia. Na sexta, 22, foi realizada a leitura dramática de um trecho do livro “A Última Praia do Brasil” (Bestiário/Rede Sina) do cineasta, escritor e colunista da Rede Sina, Boca Migotto, que esteve no Festival de Cinema e Vídeo de Santa Maria lançando seu romance e exibindo seu longa/documentário “Um certo cinema gaúcho de Porto Alegre”,  resultado de sua tese de doutorado e também livro publicado.

A primeira apresesentação foi no Hall do Theatro Treze de Maio, após a exibição do documentário. Estiveram em cena as artistas Cler Garcia, Cristine Nunes, Edinara Leão. O segundo momento da leitura dramática foi no Bar e restaurante Mojju e contou também com a participação de Joel Cambraia. A próxima será com leitura de poemas na 12ª Sina Poética que deve ocorrer dia 05 de outubro, quinta, a partir das 19h30 no Old School Pub.

Segundo a diretora, Melina Guterres, o objetivo por enquanto é seguir o processo de formação tendo como primeiro foco a leitura dramática. As apresentação foram propostas em oficina ministrada pela diretora.

Oficina “Ódio Criativo”

O desenvolvimento do Núcleo ocorre através da “Oficina Ódio Criativo”, ministrada pela diretora, onde traz técnicas de interpretação, especialmente para cinema.  Melina Guterres, conhecida por Mel Inquieta é multipla. É jornalista de formação, roteirista, diretora, produtora, escritora, artista e empreendedora.

Na área de interpretação fez a escola e workshop da preparadora de elenco Fátima Toledo (São Paulo 2017-2018), Oficina da preparadora de elenco Estrela Strauss (São Paulo 2018), Escola Wolf Maia (Porto Alegre,2001), Oficina com diretor Miguel Rodrigues (2002), diversas oficinas com a atriz Eliane Carpes (1998-1995 / Santa Maria-RS).  Oficina com ator e diretor Alberto Rodrigues (1997). Oficina com atriz e diretora Olga Reverbel (Porto Alegre. 1996).  Também oficinas e workops de clown em Santa Maria (2005) e Salvador-BA (2004). Em 2019, em Santa Maria, produziu e fez a oficina com a atriz carioca Natasha Corbelino.

Como roteirista e diretora, assina os curtas “Assédio”, “Sempre Às Quartas”, “Case uma reabiliação é possível?”, “Resquícios”. Como roteirista teve argumento de longa contemplado no Programa Ibermedia por “Clandestinos – Brasil Sombrio”. Mais sobre em: https://redesina.com.br/melinaguterres/ 

A oficina “Ódio Criativo” trabalha com práticas do método Fátima Toledo, também do “Yo Afectado” de Augusto Fernandes, ambas que tem como base a memória emotiva Stanislavski. Também são utilizadas práticas do Método Feldenkrais e Bionergética.

Segundo Melina, a proposta é ir seguir com a oficina até o final do ano.

As aulas no momento estão sendo ofertadas apenas para convidados. Ainda não há previsão de data para oficina aberta ao público, mas nteressados podem entrar em contato pelo whats da Sina (5530295661) ou e-mail sinarede@gmail.com para mais informações.

 

Leitura no Theatro Treze de Maio

 

Leitura no Mojju Gastro Pub

 

Leia também sobre o livro:

22/09 – SEX – 17H | LANÇAMENTO DO LIVRO “A ÚLTIMA PRAIA DO BRASIL” DE BOCA MIGOTTO EM SANTA MARIA

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