Arquivos MARCELO VALLE - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/marcelo-valle/ Comunicação fora do padrão Fri, 16 Jun 2017 13:35:56 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos MARCELO VALLE - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/marcelo-valle/ 32 32 Vergonha Alheia por MARCELO VALLE https://redesina.com.br/vergonha-alheia-por-marcelovalle/ https://redesina.com.br/vergonha-alheia-por-marcelovalle/#respond Fri, 16 Jun 2017 13:29:43 +0000 http://redesina.com.br/?p=2940 VERGONHA ALHEIA 2: De cara com o “bom” e velho racismo. São Paulo, Fran’s Bar, esquina da Caramuru com Pageú , Saúde, sexta feira à noite. Eu e meu filho procurávamos um lugar para assistir à final da NBA e, por sorte ( ou azar), encontramos. Um bar confortável, chopp gelado , som agradável e …

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VERGONHA ALHEIA 2: De cara com o “bom” e velho racismo. São Paulo, Fran’s Bar, esquina da Caramuru com Pageú , Saúde, sexta feira à noite. Eu e meu filho procurávamos um lugar para assistir à final da NBA e, por sorte ( ou azar), encontramos. Um bar confortável, chopp gelado , som agradável e o que mais queríamos , um telão com transmissão do jogo. Sentamos logo abaixo do telão , ao nosso lado 04 jovens, três homens e uma mulher, com não mais que 16 anos, todos eufóricos torcendo para o Cavaliers. Praticamente um jogo de negros contra negros valendo alguns milhões de dólares para enriquecer sobretudo os brancos. Ídolos negros, platéia branca . Fim do primeiro quarto, os jovens se reúnem em torno de um celular e lêem em voz alta uma série de piadas sobre judeus, risadas e contentamento de todos. Em seguida, um deles saca o celular e fala: _ei! Eu tenho umas piadas de negros aqui…e começa a série com coisas do tipo ” Qual a diferença entre um negro e …”. Risadas! Escárnio! E sobre suas cabeças jogavam seus ídolos negros. Imediatamente eu e meu filho nos entre olhamos, eu não conseguia parar de olhar para o grupinho racista. Um olhar fixo carregado de fúria, peguei um celular e fiz várias fotos, minha vontade era a de socar literalmente a cara deles! Não fiz, fiquei na vontade e nas fotos. Carrego essa culpa. Poderia ter levantado e falado com eles, meu filho não deixou. Meu olhar fixo e as fotos fizeram com que se calassem . Dois deles se levantaram e saíram do bar, muitas pessoas os cumprimentaram no caminho. Eram de casa. Me levantei e fui atrás pra “policiar ” mesmo, continuei com meu olhar fixo. Eles me olhavam com medo. Ficaram fora do bar até o final do jogo… O Cavaliers ganhou, nós perdemos! A impotência amarga em meu peito!

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É fotógrafo, comunicador e deseducador. Mestre em Comunicação, na linha de pesquisa em Mídia, Cultura e Produção de sentido. Desde 2000 trabalha em diferentes projetos sociais em comunidades de baixa renda, tanto na área rural quanto urbana. Participou de diferentes projetos centrados nas possibilidades e usos de diversas mídias (vídeos, cinema, fotografia, jornais e rádio) nos processos de aprendizado, unindo comunicação e educação, incluindo uma interação e troca de conhecimentos com profissionais de diferentes áreas, psicólogos, antropólogos, cientistas sociais, educadores, cineastas, para elaboração de conteúdo, metodologias e formas de avaliação. Atualmente coordena o Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde do Instituto Nise da Silveira no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

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A Torre por MARCELO VALLE https://redesina.com.br/a-torre-por-marcelo-valle/ https://redesina.com.br/a-torre-por-marcelo-valle/#respond Fri, 09 Sep 2016 03:51:58 +0000 http://redesina.com.br/?p=2080 Me lembro daqueles homens sem nome, de cabeça raspada a caminhar com suas roupas rotas na beira da estrada. Pra quem não sabe, Barbacena é minha terra natal, lugar em que vivi até completar 12 anos. Lugar que vive em mim, inventado e reinventado entre loucos e rosas. Ali, as rosas voavam e os loucos …

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Me lembro daqueles homens sem nome, de cabeça raspada a caminhar com suas roupas rotas na beira da estrada.

Pra quem não sabe, Barbacena é minha terra natal, lugar em que vivi até completar 12 anos. Lugar que vive em mim, inventado e reinventado entre loucos e rosas. Ali, as rosas voavam e os loucos criavam raízes. Explico: as rosas eram pra exportação e os loucos eram importados, vindos de todo canto, vindos dos Gerais. A princípio vinham de trem, trem de doido. O Hospital é enorme, sempre foi, existia há tempos antes de eu existir, praticamente uma pequena cidade cravada na cidade, ocupando duas áreas relativamente distantes uma da outra. O manicômio é tão grande que até hoje ocupa parte de meu imaginário. Todos os domingos a caminho da casa de minha vó, em São João Del Rey, costumávamos passar na frente do velho hospital,  que  a gente  simplesmente chamava de “colônia”.
Me lembro daqueles homens sem nome, de cabeça raspada a caminhar com suas roupas rotas na beira da estrada. Erabarbacena13 comum. Não me lembro se eram homens de fato ou se eram mulheres. Me lembro das cabeças raspadas, da beira da estrada, dos uniformes rotos. Me lembro dos rostos rotos na estrada uniforme. Sempre à beira, os loucos. Eram loucos? Não me lembro.

De um ponto da estrada dava pra ver a torre distante.

Frio. Frio de maio, frio de julho, uniformes rotos. Na minha cabeça de criança aqueles homens viviam escondidos na torre em frente ao Parque de Exposição.   Manicômio, enorme manicômio que vive na cabeça da gente.  Torre pequena,  quanta gente cabia ali?

 

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É fotógrafo, comunicador e deseducador. Mestre em Comunicação, na linha de pesquisa em Mídia, Cultura e Produção de sentido. Desde 2000 trabalha em diferentes projetos sociais em comunidades de baixa renda, tanto na área rural quanto urbana. Participou de diferentes projetos centrados nas possibilidades e usos de diversas mídias (vídeos, cinema, fotografia, jornais e rádio) nos processos de aprendizado, unindo comunicação e educação, incluindo uma interação e troca de conhecimentos com profissionais de diferentes áreas, psicólogos, antropólogos, cientistas sociais, educadores, cineastas, para elaboração de conteúdo, metodologias e formas de avaliação. Atualmente coordena o Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde do Instituto Nise da Silveira no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

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