Arquivos MANO MELLO - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/mano-mello/ Comunicação fora do padrão Thu, 01 Apr 2021 01:53:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://redesina.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-LOGO-SINA-V4-01-32x32.jpg Arquivos MANO MELLO - Rede Sina https://redesina.com.br/category/portal/convidados/mano-mello/ 32 32 10 poemas de Mano Mello https://redesina.com.br/10-poemas-de-mano-mello/ https://redesina.com.br/10-poemas-de-mano-mello/#respond Wed, 24 Feb 2021 01:46:28 +0000 https://redesina.com.br/?p=13141 ANFITRITE Anfitrite, mãe de Tritão E esposa do deus Netuno, Só estava com Netuno Por mania de querer Ser deusa. Jamais conseguirá. Se conseguir, Coitado do deus Netuno, Vai levar uma bruta queda E quebrar seus tridentes. Quando a ficha caiu, E ela percebeu que jamais seria Uma deusa, Entediou com o Senhor dos Mares, …

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ANFITRITE

Anfitrite, mãe de Tritão
E esposa do deus Netuno,
Só estava com Netuno
Por mania de querer
Ser deusa.
Jamais conseguirá.
Se conseguir,
Coitado do deus Netuno,
Vai levar uma bruta queda
E quebrar seus tridentes.
Quando a ficha caiu,
E ela percebeu que jamais seria
Uma deusa,
Entediou com o Senhor dos Mares,
Que era um velhote resmungão.
Fugiu do Olimpo
E assumiu sua essência humana.
Hoje vende pencas de banana
E sexo com mel e agrião
Nas esquinas decadentes
De Copacabana

CUS

O Juiz da CUra gay,
(Diz-que o nome é Moro,
Mas não faço coro),
Cortou os CUs de CUritiba,
CUiabá
E Cubatão.
Exportou tudo pra CUraçau…
CUritiba ficou Ritiba,
Que em tupi quer dizer do mundo.
CUiabá ficou Iabá,
Que em iorubá
Quer dizer da mãe.
Cubatão ficou Batão,
Que em paulistês
Quer dizer da tia.
CUraçau ficou com quatro
CUs.
Em CUraçalês:
CUCUCUCUraçau.
CUCUruCUCU, Paloma,
Que fartura de CUs!
Uau!!!!

BRINCANDO DE SER

Na Biblioteca de Alexandria,
achei a Pedra Filosofal,
que os alquimistas procuram
e nunca acharão.
Com ela,
desvendei o segredo da juventude eterna
e a fonte da sabedoria.
Testemunha viva da história humana,
de vez em quando mudo de personagem.
Fui Pessoa, Hesse, Shakespeare, Dante e Lima Barreto,
por amar a literatura.
Quando me cansa a vida eterna,
me escondo,
hiberno por séculos.
Ou me transformo em água e fico fluindo.
Já fui o Rio Nilo, o Jaguaribe,
o São Francisco e o Amazonas.
Hoje brinco de ser Mano Melo.

CALAMIDADE JONES

A bela Calamidade Jones
Me escolheu para amante,
Me declarou a bola da vez
De entrar na sua caçapa.
Ela não é nenhuma Giselle Bundchen,
Mas é do mesmo jaez.
E além de bela é dotada de rara sensatez.
Também não sou nenhum Mick Jagger
E há muito passei da fase
De dar dez sem tirar de dentro.
( Agora só dou nove).

Ela faz parte da APA –
Associação de Proteção aos animais,
Cujo logotipo é um jumento
Coroado como o Rei dos Irracionais
Vertebrados e invertebrados.
Escutei a voz de Deus num poço tapado,
E trepado num pé de manga,
O brado retumbante da tribo Xavante
Ás margens plácidas do Ipiranga.
Um pajé Jesus de maracá e tanga
Montou numa anta
E trilou o apito
Que mulher de branco lhe deu no carnaval.
Querendo exorcisar o fogo do mal,
Sufocou na garganta
O horror do grito,
Ao ver os bichos e as árvores morrerem queimadas
Nas fogueiras do Thomás de Torquemada.
E desse inferno de Dante
Não escapou nem grilo falante.
E porque que a Calamidade Jones
Pulou assim do nada para a aquarela
Dessa história que não é dela?
Foi por ser protetora dos insetos e bichos de pena,
Do direito ao cio das gatas e das cadelas,
E dos direitos civis dos cavalos e éguas aladas?
Não foi assim nem nada.
É que se arrependeu da palavra dada
E desistiu de ser minha namorada
Que eu amava tanto.
Chorei lágrimas de crocodilo
E afoguei em meu pranto
Pirâmides e esfinges do rio Nilo.
E fi-lo porque qui-lo.

ALTERNATIVAS PARA UMA ARTE NATIVA

Nativifique-se,
Ou perca sua identidade,
Ou esqueça de você.
Nativifique-se.
Sem xenofobias e sem paranóias,
Mas nativifique-se.
Arte nasce das origens.
Criação começa nos gens.
Não se batize na pia
Da mesmice geral,
A cópia será sempre uma cópia,
E original será sempre original.
Chega de gurus.
Todos os gurus
Viraram cuscus.
As divindades ruíram,
Não se mostraram mais que simplesmente humanos.
Como nós.
A UNE não uniu a nossa voz.
As influencias são afluentes de um rio maior,
Nossa própria criação.
E viva a diversidade,
Viva o rap e o rock,
Viva o samba e a canção!

Nós é que somos a síntese
Que vai parir outras teses e antíteses.

Não nos deixemos seduzir pelos monopólios
E pela monocultura artística
Que só tem espaço para o óbvio.
Reforma agrária cultural já!
Todas as formas e todas as manifestações
Fazem por merecer seu lote.
Beba sua sede sem quebrar o pote.
O mundo é vasto,
Habitado por muitos rostos
Com muitas várzeas e muitos pastos.
Lima Barreto é grande.
Machado de Assis também.

Poesia não é tédio,
Dança não é chilique,
Música não é ruído,
Teatro não é boutique,
Cinema não é bordel,
Merda não é tinta,
Dedo não é pincel.
Pense sobre isso:
Você é seu principal compromisso.
Ou então,
Pegue seu violão
E vá viver sua vida com outro bem,
Que já cansei de pra você não ser vintém.

O CÍRCULO SE FECHA

Foi dado um novo passo
Em direção ao abismo.
Cada qual cuide bem de si mesmo,
Que tá foda.
E isso não é cantiga de roda,
Nem disputa de queda de braço.
Tenho medo
Da destruição da Terra.
Tenho medo
Do naufrágio do barco a vela
E que inventem uma guerra
Contra a Venezuela.
Tenho medo
Que decretem que todo cavalo
É mula.
Tenho medo
Eles prenderam o Lula
E a favela invadiu o asfalto.
Tenho medo dos que serão esmagados
Pelas botas de salto.
Tenho medo que pisem no meu calo,
Tenho medo
Do bote da cobra naja
Tenho medo
Da fúria dos exaltados
E de intervenções
Em outros Estados.
Tenho medo de que isto
Seja só o começo.
Tenho medo
Da beata que reza o terço,
Do miserável evangélico
Que sonha em ficar rico,
Dos bandos formando bonde,
Do monstro adormecido que desperta
E se ergue.
Cada qual sabe onde o sapato lhe aperta.
Tenho medo do que se esconde
Detrás da ponta do iceberg.
Tenho medo.
Tenho medo.
Quem tem cu tem.
Eu tenho.
Tenho medo

RILKEANA

A vida tem razão em todos os casos.
A vida tem razão em todos os acasos.
A vida tem razão em todos os ocasos.
A vida tem razão.

PESCARIA

Eu vou fazer iscas
Das minhocas em sua cabeça
Pra pescar peixes de açúcar
No teu lago de lágrimas

Também, meu bem,
Meu jasmim
Fazer a mim pergunta tão complicada
Que nem na ciência aplicada
Se encontra resposta?
Mas que pergunta mais bosta.
Sobre a existência
De sã consciência,
Não sei responder.
Acho que existir
É viver.
Ou vice versa,
Quem pode saber?

Pra que pergunta ao Tempo
Sem tempo de responder,
O que só será tempo
No tempo de acontecer?
O profeta falou que não se importa
Nem com a razão torta,
Quanto mais se ela é pura ou prática.
Ou seja:
É mais fácil um camelo
Passar pelo fundo de uma agulha
Que um caga-regras
Sair do reino dos pulhas.

ORAÇÃO

Amem.
Amém.

 

     EM BREVE NA REDE SINA SHOW DE POESIA ONLINE COM MANO MELLO.

AGUARDE!

 

mano1

MANO MELO
Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades. Foi narrador do Rock Sinfonico, a História do Rock and Roll, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, no Teatro Riachuelo, RJ. Em novembro estará na Mostra Cultural do Cariri, fazendo shows em Juazeiro do Norte e Crato.
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AMAZONÍADAS por Mano Mello https://redesina.com.br/amazoniadas-por-mano-mello/ https://redesina.com.br/amazoniadas-por-mano-mello/#respond Thu, 29 Aug 2019 02:31:48 +0000 https://redesina.com.br/?p=7512 Jiboia purus sapo-cururu cajá caju surucucu pirarucu jaboti jararaca  maracujá maracajá tucupi jurupari sucuri tacacá  arara aranha ariranha peixe-boi de piranha cauim surubim tracajá. A tribo tá na taba e somos eu e tu e todos nós por aqui. Porque Tupi é Pitu.  Porque Pitu é Tupi. Tocaram fogo nas ribanceiras e Saci-Perereira quer tapar …

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Jiboia purus sapo-cururu
cajá caju surucucu pirarucu jaboti jararaca 
maracujá maracajá tucupi jurupari sucuri tacacá 
arara aranha ariranha
peixe-boi de piranha
cauim surubim tracajá.
A tribo tá na taba
e somos eu e tu
e todos nós por aqui.
Porque Tupi é Pitu. 
Porque Pitu é Tupi.
Tocaram fogo nas ribanceiras
e Saci-Perereira quer tapar o sol com uma chaleira. 
A floresta vira pasto de gado nelore.
Curupira doesn’t live here anymore.
O Teatrão de Manaus descerrou as cortinas de pelancas para o poema-épico Amazoníadas.
As armas e os Barões do pó assinalados
das ocidentais praias amazônidas,
por rios nunca de antes navegados.
Tucuxi, o Boto, saiu de dentro do esgoto, 
virou moço muito escroto,
estuprou mulheres guerreiras
e crianças impúberes
em espeluncas de orgias públicas. 
Doenças venéreas da Venezuela,
cancros moles peruvianos invadindo palafitas,
casas de pernas tortas, 
Josefinas enfeitadas de chitas.
Chiquita Bacana lá das bauxitas
se veste de pepitas de ouro maciças.
Não usa vestido nem pra ir à missa.
A vida pra ela é pura cobiça.
E se você perguntar se, 
no final da novela,
a mocinha Nazaré da Silva 
se casa com o moço Zé Brasil, 
a resposta é N-A-O-TIL.
Porque no próximo capítulo,
Seu Rambo – disfarçado de cobra fêmea,
a Cobra Norata,
destila seus venenos nos cílios da Nazaré
e com sua frota de tanques,
hasteia a bandeira ianque
a tremular sobre a mata.
Tamanduá-bandeira enrolou-se no mastro 
e desapareceu sem deixar rastro.
Zé Brasil?
Disfarçou-se em listras alvinegras 
e abreviou-se a si próprio
no codinome de Zé Bra.
Entrou numa perna de pinto, 
saiu numa pata de pato. 
O que sobrou, virou mato.
O que era sal, azedou-se.
O azedo ficou doce.
E o que era doce, acabou-se…

 

     
mano1

MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades. Foi narrador do Rock Sinfonico, a História do Rock and Roll, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, no Teatro Riachuelo, RJ. Em novembro estará na Mostra Cultural do Cariri, fazendo shows em Juazeiro do Norte e Crato.

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ATORES POR MANO MELLO https://redesina.com.br/atores-por-mano-mello/ https://redesina.com.br/atores-por-mano-mello/#respond Fri, 17 Aug 2018 23:50:10 +0000 http://redesina.com.br/?p=4897 A essência do ator vem do Teatro. Para o ator, Teatro se escreve com o T grande de tesão. No palco ele é também dramaturgo, Cenógrafo, diretor E pesquisador de si mesmo. Se reinventa, Experimenta. Em seu ofício e mercê Joga nas onze, Expõe sua alma nua. Todo ator Faz por merecer Uma estátua, Mesmo …

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A essência do ator vem do Teatro.
Para o ator,
Teatro se escreve com o T grande
de tesão.
No palco ele é também dramaturgo,
Cenógrafo, diretor
E pesquisador de si mesmo.
Se reinventa,
Experimenta.
Em seu ofício e mercê
Joga nas onze,
Expõe sua alma nua.
Todo ator
Faz por merecer
Uma estátua,
Mesmo que seja
De bronze.

       
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MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades.

 

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ZEUS ENTREGA A DIONYSOS O TEATRO DO MUNDO – MANO MELO https://redesina.com.br/zeus-entrega-a-dionysos-o-teatro-do-mundo-mano-melo/ https://redesina.com.br/zeus-entrega-a-dionysos-o-teatro-do-mundo-mano-melo/#respond Fri, 27 Apr 2018 13:47:40 +0000 http://redesina.com.br/?p=4035 Eu sou Zeus. Sou o Deus Maior, o mais Poderoso de Todos,  o Deus dos deuses! Eu sou Zeus e governo o mundo. Minha amada é Hera, a deusa-terra, a quem fecundo com a bênção da chuva. Seus frutos embriagam – como a uva. Eu sou Zeus. Sou o Deus Maior. Mas como medir a dimensão dos deuses? Sou …

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Eu sou Zeus.
Sou o Deus Maior,
o mais Poderoso de Todos, 
o Deus dos deuses!
Eu sou Zeus e governo o mundo.

Minha amada é Hera, a deusa-terra,
a quem fecundo com a bênção da chuva.
Seus frutos embriagam – como a uva.
Eu sou Zeus.
Sou o Deus Maior.
Mas como medir a dimensão dos deuses?

Sou um ser imortal
que morre uma vez por ano,
depois da fecundação,
como a abelha e o zangão.
Nasço com a primavera, frutifico no verão,
e morro no outono –
porque o inverno é o sono
dos deuses.
Assada ou crua,
minha carne é devorada
por divindades nuas,
em festins à luz da Lua.

De todos os meus filhos,
o filho de Perséfone
é o meu preferido.
Dionysos é o seu nome,
esta criança que trago aqui em meu colo.
Para escondê-lo dos ciúmes de Hera,
entreguei-o aos cuidados de Apolo,
até o raiar da manhã.
Mas Hera descobriu e o entregou
pra ser devorado pelos Titãs.
Em minha perna, plantei suas cinzas,
até que brotassem e renascessem.
Esta criança me desperta amor.
Assim como dois mais dois são quatro,
ele será meu sucessor
na régia do mundo,
e fará do mundo um vasto Teatro.

      
mano1

MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades.

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#Rio de Janeiro-RJ: TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA E TODA DELAÇÃO SERÁ PREMIADA por MANO MELLO https://redesina.com.br/toda-nudez-sera-castigada-e-toda-delacao-sera-premiada-por-mano-mello/ https://redesina.com.br/toda-nudez-sera-castigada-e-toda-delacao-sera-premiada-por-mano-mello/#respond Tue, 15 Nov 2016 18:37:29 +0000 http://redesina.com.br/?p=2500 O poeta e ator Mano Mello do Rio de Janeiro, já conhecido por sua irreverência, palavra sincera e sem pudor hoje faz uma crítica satirizando o momento atual brasileiro. Era uma vez uma bela mocinha indígena Que atendia pelo nome de Gina. Pediu á mãe pra ir no rio se banhar. A mãe deixou: vá, …

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O poeta e ator Mano Mello do Rio de Janeiro, já conhecido por sua irreverência, palavra sincera e sem pudor hoje faz uma crítica satirizando o momento atual brasileiro.

manoo

Era uma vez uma bela mocinha indígena
Que atendia pelo nome de Gina.
Pediu á mãe pra ir no rio se banhar.
A mãe deixou: vá, Gina, vá Gina.
A linda virgem Gina estava a nadar
No igarapé Tietê,
Quando numa pedra ela vê
Um sapo barbudo com a língua presa num trapo,
Que devorava sua nudez com cupidez no olhar:
– Eu sou um príncipe encantado,
Me dá um beijo – pediu o sapo
– Nunca! Jamais beijarei tão horrenda criatura.
E fim de papo.
Fique com sua feiura.

Taí. Não beijou,
Não piscou nem deu psiu!
O sapo virou presidente do Brasil:
Luiz Inácio Lula da Silva,
O novo morubixaba dessa selva.
O enviado de Deus para nos salvar.
Entre uma cópula e uma Cúpula de Davos,
Obama encontrou Lula num lavabo
E falou pra ele: você é O Cara.
Lula olhou no espelho e se reconheceu:
Esse cara sou eu.

Então,
Da costela fez-se Adão,
E Deus criou a mulher,
E a mulher criou a celulite.
Entre dois tapinhas e um rega bofe,
Elegemos nossa Brigitte:
O nome da nova chefe?
Dilma Roscoff!

Aí fechou o tempo.
Quebra quebra, black bloc
Tropas de choque,
O facebook virou campo das batalhas
Entre coxinhas e petralhas,
Enquanto o dragão da inflação,
Vai ressuscitando,
Gordo que nem um Marlon Brando,
Corrompido que nem o Poderoso Chefão.
Gorgeta pra prefeito,
Cala a boca pra deputado,
Bolsa família pra senador:
Coitadinhos, tão tudo na pió.
Enquanto o debate ferve no facebuque:
– Sua coxinha!
– Seu petralha!
– Petralha é a tua avó
Seu coxinha cheirador de pó.
– Cheirador é a tua mãe, seu canalha.
– Vai pra Miami, seu porco capitalista babaca.
– Vai pra Cuba, seu viado comunista panaca.

É, os ânimos estão exaltados.
Já pedem até a volta dos fardados.

A praga da vez é politicamente correta.
Isso aqui virou um país careta,
Sem mágicas,
Sem contato com suas raízes,
O reino das patrulhas ideológicas
De todos os matizes,
A nação dos slogans vazios:
“País rico é país sem miséria”.
E o marqueteiro ganha rios de dinheiro
Pra inventar essa pilhéria.
Fala sério.
Vai tomar no Cunha!

E assim chegamos ao segundo impeachment,
Viramos o único país do mundo a ter
Dois presidentes.
Isto é,
Um presidento e uma presidenta
E nenhum deles manda.
Demos um golpe nas leis da matemática:
Um mais um é igual a zero.
E veio a votação do alto e do baixo cler:
– Pelo amor de meus filhinhos,
Minha amantíssima mulher e minha sogra
Por meu pai minha mãe e minha avó,
Por meu cachorrinho Totó,
Por minha égua pocotó
E pelo meu cavalim,
Eu voto sim,Excelencia,
Eu voto sim!

Dizem que o Collor caiu por causa dos cinco PCs:
O Partido Comunista, o PC Farias, o Pedro Collor,
As Pernas da Cunhadinha e a Porra da Cocaína.
E que a Dilma caiu por causa dos cinco PPs:
A Propina da Petrobrás, a Panelinha do Palocci, a Presepada de Pasadena
A Promotoria Pública e a Puta que Pariu!

Ontem tive um pesadelo:
Sonhei que estava fazendo sexo
Com o Michel Temer.
Coisa mais sem nexo!
Eu estava nos lados do Lago Paranoá
E fui atacado por um jaburu de palácio,
Desses jaburus que estão sempre no cio.
E este jaburu era o Michel Temer,
Que me disse: crise? Que crise?
Não pense em crise, trabalhe!
Isto aqui é o país da próclise
Da ênclise e da mesóclise:
Aposentá-lo-ei aos 90 anos de contribuição.
Pra não falir a Previdencia
E consertar a economia da nação.
Tentei tergiversar:
Mas Excelencia, a le nã é igual para todos?
Se um senador se aposenta com oito anos
De mandato,
Porque sou eu que tenho que pagar o pato?

Então entraram uns juízes tocados
Com umas ridículas capas pretas
Que nem essa que usava o Tenório Cavalcante
No carnaval do inferno de Dante,
Entoando o Hino nacional
Em ritmo de marchinha nupcial,
Em coro:
Todos tinham a cara do Sérgio Moro,
E o jaburu tentando me enrabar.
Logo a mim,
Tá bom, sou belo,
Mas sou recatado e do lar!
Ele me disse seus planos pra educação,
Pensei: agora fudeu de vez.
Na Pátria Educadora,
Nada de História Filosofia Literatura
E educação física
Na Escola Pública.
Pobre vai aprender a cheirar cola
Desde o pré-maternal.
Invés de escola
Cadeia e maioridade penal.
É. A coisa tá mesmo feia,
E todos acham que é normal,
Céu de brigadeiro, tudo azul.
Ei, professor,
Vai aí uma mordidinha de pitbull?

A praga da vez é politicamente correta.
Isso aqui virou um país careta,
Sem mágicas,
Sem contato com suas raízes,
O reino das patrulhas ideológicas
De todos os matizes,
A nação dos slogans vazios:
“País rico é país sem miséria”.
E o marqueteiro ganha rios de dinheiro
Pra inventar essa pilhéria.
Brincadeira!
E agora deram pra inventar uma tal de Terceirização
E flexibilização das leis do trabalho.
Mas que ideia do caralho!
Ei, Gleisi, me trás aí um doce
Pra acalmar minha larica?
Não tem mais, amor meu!
O doce que tinha o meu marido comeu!

Na Pátria Educadora,
Nada de História Filosofia Literatura
E educação física
Na Escola Pública.
Gente pobre vai aprender a cheirar cola
Desde o pré-maternal.
Invés de escola
Cadeia e maioridade penal.
É. A coisa tá mesmo feia,
E todos acham que é normal,
Céu de brigadeiro, tudo azul.
Ei, professor,
Vai aí uma mordidinha de pitbull?
E agora inventaram uma tal de Terceirização
E flexibilização das leis do trabalho.
Mas que ideia do caralho!
Gente mais sem noção!
E o fundo partidário
Virou um fundo sem poço.
Se bobear não deixam nem o osso.
Fala sério,
Aqui, ó!
Vai tomar no Cunha!

Ei, Gleisy, me trás aí um doce
Pra acalmar minha larica?
Não tem mais, amor meu!
O doce que tinha o gato comeu!

       
mano1

MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades.

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ALTER Mano Melo NATIVAS https://redesina.com.br/alter-mano-melo-nativas-2/ https://redesina.com.br/alter-mano-melo-nativas-2/#respond Mon, 05 Sep 2016 03:07:40 +0000 http://redesina.com.br/?p=1929 A gente tem de vez em quando de apagar todas as certezas e questionar de novo. Nenhuma resposta é definitiva. Quer dizer, pode existir algumas que serão, mas nenhuma certeza, em verdade, resiste à marcha da História. Daí a falência das ideologias. *** Na verdade, não falamos mais português, falamos o brasileiro, derivado do português. …

O post ALTER Mano Melo NATIVAS apareceu primeiro em Rede Sina.

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A gente tem de vez em quando de apagar todas as certezas e questionar de novo. Nenhuma resposta é definitiva. Quer dizer, pode existir algumas que serão, mas nenhuma certeza, em verdade, resiste à marcha da História. Daí a falência das ideologias.

***

Na verdade, não falamos mais português, falamos o brasileiro, derivado do português. Onde dizemos pão, eles dizem carcaça, bife com pão é prego, camisa pra eles é camisola, nós dizemos mouse, eles dizem rato, baseado eles chamam de pica, seda eles chamam de mortalha, maconha eles chamam de boi, fumar eles chamam de chupar. Cada expressão que siga seu destino. O idioma é vivo, e como tudo que é vivo, se transforma. Vocês queriam que o italiano inda falasse latim? Na verdade, essa tal de reforma ortográfica é invenção de meia dúzia de filólogos esclerosados e pedantes, que descolaram uma verba dos governos para fazerem turismo, se reunir pra discutir abobrinhas e chover no molhado. Tudo pago pelos nossos lusófonos impostos.

***

Na Biblioteca de Alexandria, achei a Pedra Filosofal, que os alquimistas procuram e nunca acharão. Com ela, desvendei o segredo da juventude eterna e a fonte da sabedoria. Testemunha viva da história da humanidade, de vez em quando mudo de personagem. Fui Marco Antonio, Shakespeare, Dante e Lima Barreto, por amar a literatura. Quando me cansa a vida eterna, me escondo, hiberno por séculos. Ou me transformo em àgua e fico fluindo. Já fui o Rio Nilo e o Amazonas. Hoje brinco de ser Mano Melo.

   
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MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades.

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ALTER Mano Melo NATIVAS https://redesina.com.br/alter-mano-melo-nativas/ https://redesina.com.br/alter-mano-melo-nativas/#respond Mon, 11 Jul 2016 08:26:50 +0000 http://redesina.com.br/?p=1688 Hoje na estreia do nosso colunista Mano Melo, já lembramos que nesta terça, 12/07, às 21h, na Casa da Gávea no Rio de Janeiro, tem show de poesia com o autor. Confira o evento no face também. Sou fácil de iludir, otário mesmo às vezes, espero muito e acredito nas pessoas, embora  me desiluda. Prometo que …

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Hoje na estreia do nosso colunista Mano Melo, já lembramos que nesta terça, 12/07, às 21h, na Casa da Gávea no Rio de Janeiro, tem show de poesia com o autor. Confira o evento no face também.

Foto de arquivo pessoal
Foto de arquivo pessoal

Sou fácil de iludir, otário mesmo às vezes, espero muito e acredito nas pessoas, embora  me desiluda. Prometo que não caio mais nessas, mas sempre caio, reincidente de carteirinha. Adoro dois beijinhos, aperto de mão, calor. Tumulto não gosto. Gente burra também não gosto, mas tolero, porque de vez em quando faço  minhas burradas. E burradas homéricas! Ás vezes vejo a mentira como uma verdade que não aconteceu ainda, por isso de vez em quando extrapolo minhas fantasias e invento histórias, mesmo que só pra fazer rir e contar vantagem. Puxar saco, não puxo não, mas ás vezes fico sensibilizado com um elogio, sinto que não é de todo verdadeiro, mas fico. Já ri de coisas sem graça nenhuma, já fiz amizades por conveniências, atendo tudo que é telefonema, mesmo sem vontade de conversar.

Eles sempre põem a culpa em alguém, esperando explodir no lado do mais fraco. Mas esta estratégia, por vezes, é tão  obviamente mentira que eles se dão mal. Se dão, vírgula, porque fica sempre esta sensação de impunidade. A burocracia, além de desonesta, está  acomodada à sua própria mediocridade. Não sei se trocar de político mude alguma coisa, a impressão que dá é de trocar seis por meia dúzia.  Esta mudança teria que vir através da conscientização do povo, que precisa se organizar e mostrar sua indignação. As eleições estão aí mesmo pra isso. Não é um sistema perfeito, mas é o, por enquanto, único possível. A fé de progredir, melhorar, mesmo que lentamente. Pelo menos pra chutar a bola pra cima, pois enquanto a bola está lá em cima a gente não leva gol.

POVO QUE VOTA NAS COXAS ACABA TOMANDO NA BUNDA!!!!!

Não sei se vamos sucumbir. Talvez emigração espacial, sei lá. Pode ser também que estes papos apocalípticos sejam a consciência de nossa finitude como indivíduos, então fazemos a fantasia de acabar tudo, de raiva porque vamos acabar. É tudo muito rápido, o ser humano, estamos num processo de transformação e evolução ( ou involução) tão grande, que a diferença do homem do futuro para o sapiens, é mais ou menos a mesma distancia do sapiens para o macaco.

Pode ser que esteja tudo uma merda, e está mesmo, mas estamos melhor que na idade media, com suas guerras e suas pestes. Já pensou viver num mundo sem anestesia? Ui!Pior que isso só dor de dente. Então, está mais pra evolução que pra involução. Mas eu sou meio pra Anne Frank, prisioneira  num porão e acreditando apesar de tudo na bondade humana.

E pra terminar, por hoje: Cavalo é sinônimo de beleza e elegância. Mesmo os pangarés.

         
mano1

MANO MELO

Poeta e ator, roteirista para cinema e vídeo. Desde 1979, quando retornou ao Brasil após viajar por dez anos através do mundo (América Latina, Europa, Ásia e África), tem interpretado seus poemas em teatros, bares, centros culturais, universidades, escolas, eventos e congressos literários, até mesmo praças e praias, no Rio de Janeiro e muitas outras cidades.

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